Era mais do que esperado que uma equipa de um campeonato periférico fosse goleada em casa, ontem. O poderoso PSG ia juntar, pela primeira vez, Messi, Neymar e Mbappé e o campeão belga pouco poderia fazer. Mas, na realidade o jogo deu um a um e nenhum dos mega craques marcou. Afinal, a equipa goleada seriamos nós por outra equipa de uma liga periférica ainda que com muita história.
O jogo de ontem contra o segundo classificado da Liga Belga, que colaborou num jogo corrido e interessante, foi o primeiro que consegui ver do princípio ao fim desta pré-temporada.
Ficam então aqui as minhas primeiras impressões sobre este Sporting 2019/2020:
1. Fica Bruno, senão estamos fodidos (Ristovski)
Um filósofo, este nosso defesa direito que falha muito com os pés e com a cabeça quando uma bola de futebol está presente, mas pensa muito bem. Nem imagino o que seja o Sporting esta temporada se o Bruno sair. Não consigo mesmo. Tudo passa pelo Bruno na equipa do Sporting.
2. Aposta na formação
Com menos de 23 anos, ontem jogaram Max, Conté, Thierry Correia, João Silva, Nuno Mendes, Miguel Luís, Quaresma, Bragança, Jovane, Doumbia, Raphinha, Wendel e Plata. 13 jogadores em 22 utilizados, dos quais 9 passaram pela Academia. Obviamente a qualidade é a que existe hoje e não há uns anos atrás: uns jogaram bem e outros nem por isso, um marcou um belo golo e logo cometeu um penálti infantil, outro é defesa mas não sabe defender, outro marca um penálti como um ensaio de rugby, mas isso faz parte. Se isto não é apostar na formação, e se alguém se lembrar de alguma época passada onde isso tenha acontecido numa digressão de pré-época, faça favor de me recordar.
3. Dá Deus nozes a quem não tem dentes
Ter um ponta de lança como Bas Dost, ainda por cima o jogador mais caro do plantel, e ter um futebol afunilado com extremos de pés trocados e/ou falsos extremos, e centrais ou trincos a jogar como laterais, é realmente um grande desperdício. Criticar o nosso artilheiro por aquilo que fez ou deixou de fazer quando não teve um centro em condições, nem da linha de fundo, nem de mais atrás, nem dum sítio qualquer, acho que é descabido. Venda-se ou aproveite-se.
4. PMFs (Pequenos e médios flops)
Por muita paciência que se tenha com quem chega, a exibição de Vietto roçou o "abaixo de cão": incapacidade de ajudar a defesa, perdas de bola, dribles falhados, passes para ninguém, remates frontais para longe da baliza. 90% do jogo que lhe chega morre ali. Uma actuação ao nível do Bruno Gaspar da época passada e de diferentes Pongolles doutras épocas. Nem fiquei a perceber se é 7, 11, 9, 9,5, 10, ou outra coisa qualquer. Tiago Ilori continua também sem convencer. Um jogador que se dizia rápido e afinal marca com os olhos. E Diaby ainda não voltou.
Enfim, acorda Vietto e faz-me engolir o que aqui disse, o que farei com muito gosto. Senão, e argentino por argentino mesmo assim preferia um tal Alan Ruiz.
5. Depois do Rui Patrício
Com certeza com muito e bom trabalho de Nelson, neste momento dispomos de dois belos guarda-redes: um Renan mais confiante e assertivo que na época passada e um Max com muito talento, pronto para lhe ganhar o lugar na primeira oportunidade. Aquele sector onde se previa que iríamos ter mais dificuldades é aquele que está mais assegurado.
5. Atitudes
Diz Jovane: "Já cá estava, conheço os jogadores e agora há que trabalhar para entrar na equipa. Vou trabalhar, cabe ao mister decidir quem deve jogar."
Diz Plata: "Há muitos jogadores, mas é uma luta entre amigos. Estamos todos com o mesmo objectivo, a tentar jogar com a equipa e fazer o melhor possível... Isso é o bom desta equipa técnica, que dá sempre oportunidade aos jovens. Agora é continuar a dar o melhor."
Diz Matheus Pereira que... Não disse nada, parece que foi perguntar ao Keizer se contava com ele ou não para titular. Pai e empresário nem devem dormir a pensar nos tlims-tlims dos possíveis empréstimos ou transferências.
Quarto jogo da pré-temporada: continuamos sem vencer. Derrota e empate no estágio suíço; derrota (0-1) contra o Estoril em Alcochete, há quatro dias. Desta vez (ontem à noite) o adversário foi o Club Brugge, no estádio desta equipa belga. O desafio chegou aos 90 minutos empatado.
Marcel Keizer fez alinhar um onze titular só com dois portugueses e um par de jogadores claramente fora de posição: Ilori, que é central de raiz, actuou como lateral direito (havendo Thierry no banco), e Vietto voltou a ser encostado à linha, como hipotético ala esquerdo (que nunca foi enquanto esteve em campo, durante toda a primeira parte), posto em que o técnico belga insiste em colocá-lo apesar de o argentino já ter declarado que prefere alinhar como segundo avançado.
Com uma defesa improvisada (na lateral esquerda estava Conté, face às ausências de Borja e Acuña, enquanto o reforço Luís Neto rendia Coates, ainda em férias), sucederam-se os lapsos no sector mais recuado. De um deles resultou o golo inaugural dos belgas, logo aos 16'. Culpa dobrada de Conté: primeiro perde o confronto individual com o extremo, depois coloca-o em jogo quando os colegas avançam em bloco.
À frente as coisas não corriam melhor, com a equipa a depender do talento e do esforço de Raphinha e sobretudo de Bruno Fernandes. Num lance de articulação entre ambos resultou o golo do empate, após carga sobre o brasileiro que mereceu o castigo máximo. O capitão, chamado a converter já no período extra do primeiro tempo, meteu-a lá dentro. É o terceiro golo que aponta nesta pré-época.
Keizer soube detectar os pontos fracos da equipa. Ao intervalo, retirou os piores elementos em campo, o atarantado Vietto e um inútil Bas Dost, e mandou avançar Jovane e Luiz Phellype. A diferença notou-se de imediato: um ataque mais móvel, maior pressão sobre a construção ofensiva do Brugge e sobretudo preenchimento da ala esquerda, que permanecera desaguarnecida durante todo o primeiro tempo, o que sobrecarregou a tarefa de Conté (Vietto, está visto, detesta participar no processo defensivo).
Bastaram oito minutos: servido pelo inevitável Bruno Fernandes, Jovane marcou o nosso segundo. Um belo golo, misto de técnica e força, em que fez sentar um defesa adversário antes de desferir um potente remate com o seu pé direito.
Infelizmente foi também o jovem caboverdiano a cometer o penálti de que resultaria o golo do empate do Brugge, aos 62'. Renan, ainda em campo, foi incapaz de travar a bola. Mas fez três enormes defesas: duas consecutivas aos 65', outra aos 71', pouco antes de ceder o lugar a Maximiano e Keizer ordenar uma catadupa de substituições. Sem o guarda-redes brasileiro, teríamos perdido 2-4 em vez de empatarmos 2-2. Voto nele como melhor em campo.
Para efeitos de atribuição de um troféu, houve marcação de grandes penalidades após o apito final. Aqui perdemos: só conseguimos converter três em seis - por Luiz Phellype, Plata e Jovane (que assim bisou). Falhanços consecutivos de Miguel Luís, Eduardo e Daniel Bragança (em estreia absoluta pela equipa principal).
Há que rever prioridades e processos, evitando a repetição dos mesmos erros - algo que analisarei noutro texto: este já vai demasiado longo. E há que começar a testar sem demora o onze titular para a mais que previsível ausência de Bruno Fernandes. Esta equipa leonina está tão dependente dele que sofrerá uma crise de orfandade no dia em que o nosso capitão rumar a outras paragens. Quanto mais cedo se perceber isto, melhor.
Mais: três enormes defesas, duas das quais ao nível do solo - costumam ser as mais difíceis.
Menos: fez falta no final, para defender os penáltis da equipa belga.
Nota: 8
Ilori (26 anos).
Mais: impediu in extremis a bola de entrar, aos 65'.
Menos: foi lateral adaptado: torna-se evidente o seu desconforto nesta posição.
Nota: 5
Neto (31 anos).
Mais: com Coates ausente, transmite segurança no eixo da defesa: desarme impecável aos 39', travando investida adversária.
Menos: aliviou para zona de alto risco no lance do primeiro golo belga.
Nota: 6
Mathieu (35 anos).
Mais: acorreu a inúmeras dobras do desastrado Conté.
Menos: começa a enturmar-se com Neto, mas ainda não faz esquecer a excelente parceria com Coates.
Nota: 7
Conté (21 anos).
Mais: muito voluntarioso e esforçado, embora sem esconder a ansiedade.
Menos: revelou défice técnico e posicional: o golo inicial dos belgas nasce de uma perda de bola no seu flanco e abriu uma avenida aos 40', que culminou numa bola ao poste.
Nota: 3
Idrissa Doumbia (21 anos).
Mais: boa disciplina táctica, ocupando a zona que lhe está destinada sem inventar nem improvisar.
Menos: algum receio de progredir com a bola dominada.
Nota: 6
Wendel (21 anos).
Mais: tentou pôr a boa técnica individual ao serviço da equipa, como se viu num bom passe para Bruno aos 74'.
Menos: demora a soltar a bola, ainda não recuperou a boa forma do final da época anterior.
Nota: 5
Bruno Fernandes (24 anos).
Mais: marcou o primeiro golo, aos 45'+2, de grande penalidade, e foi dele a assistência para o golo de Jovane. Um grande livre apontado aos 27'.
Menos: falhou mais passes do que nos tem habituado.
Nota: 7
Raphinha (22 anos).
Mais: carregado em falta após receber a bola de Bruno Fernandes, é deste lance que nasce a grande penalidade - e o nosso primeiro golo. Também participou na construção do segundo.
Menos: eclipsou-se na segunda parte, provavelmente por fadiga.
Nota: 6
Vietto (26 anos).
Mais: alguns apontamentos, demasiado esparsos, que denotam capacidade técnica do argentino que é apresentado como reforço do Sporting.
Menos: ainda não demonstrou capacidade de remate bem colocado. Nulo nas tarefas defensivas, o que dificultou a missão de Conté na ala esquerda.
Nota: 4
Bas Dost (30 anos).
Mais: fez duas tabelinhas.
Menos: praticamente não se deu por ele, andou sempre escondido, parece desligado da equipa.
Nota: 2
Jovane (21 anos).
Mais: jogou a segunda parte, rendendo Vietto. Marcou um grande golo, aos 53', neutralizando as marcações. Nos penáltis finais, também não vacilou.
Menos: cometeu a falta que originou o penálti belga por estar pouco rotinado na manobra defensiva.
Nota: 7
Luiz Phellype (25 anos).
Mais: melhorou o nosso jogo de área em comparação com Bas Dost, que rendeu na segunda parte.
Menos: continua sem marcar, embora pudesse tê-lo feito aos 47' e aos 59'.
Nota: 5
Thierry (20 anos).
Mais: em campo desde o minuto 66', mostrou mais aptidão atacante do que Ilori.
Menos: demasiado retraído a defender, com deficiente abordagem em vários lances, o campeão europeu sub-19 tarda em mostrar na primeira equipa os dotes que o projectaram enquanto júnior.
Nota: 4
Miguel Luís (20 anos).
Mais: substituiu Idrissa aos 67', terminando o jogo com braçadeira de capitão: foi tacticamente disciplinado enquanto médio de contenção.
Menos: abordagem negligente do penálti, que falhou para efeitos de desempate após o apito final.
Nota: 4
Eduardo Quaresma (17 anos).
Mais: rendeu Matheu aos 76', revelando personalidade e confiança no eixo da defesa.
Menos: ficou a sensação de que merecia ter jogado mais tempo.
Nota: 5
Eduardo (24 anos).
Mais: substituiu Wendel aos 76', com a missão de reforçar o sector intermédio, tendo procurado cumprir este objectivo com desequilíbrios pontuais.
Menos: falhou penálti no fim.
Nota: 4
Maximiano (20 anos).
Mais: em campo desde os 79', transmitiu confiança à equipa e defendeu um penálti na roleta que deu o troféu ao Brugge.
Menos: continua a revelar deficiências na reposição de bola.
Nota: 6
Daniel Bragança (20 anos).
Mais: coube-lhe a responsabilidade de substituir Bruno Fernandes, aos 79', nesta estreia na equipa principal em que teve boas movimentações no centro do terreno.
Menos: chamado a converter um dos penáltis finais, mandou a bola ao poste.
Nota: 5
Plata (18 anos).
Mais: mexeu com o jogo ao substituir um extenuado Raphinha, aos 79'. Merece jogar mais.
Menos: demasiado individualista em certos lances.
Nota: 5
Nuno Mendes (17 anos).
Mais: substituiu Conté aos 80', mostrando-se mais concentrado e acutilante do que Thierry do outro lado.
Menos: teve poucos minutos de jogo: merecia mais.
Nota: 5
João Silva (20 anos).
Mais: outra estreia: aparição fugaz, ao render Neto aos 80', merecendo nota positiva.
Menos: falhou um passe, mas sem comprometer a avaliação global.
Nota: 5
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