Sentimentos derrotistas e lições da História
Nos últimos dias tenho falado muito sobre o Sporting e lido o muito que se tem escrito. Não estamos a viver os nossos melhores dias, mas chateia-me sobremaneira o sentimento derrotista que se está a instalar entre as hostes sportinguistas. A equipa é nova, o treinador também, a direcção também. So what?
Por acaso alguém tem dúvidas que o Sporting deverá jogar sempre para ganhar, mesmo quando tudo parece estar contra nós? Irrita-me voltarmos ao discurso dos coitadinhos, do ao-menos-estamos-nas-competições-europeias, do vamos-ganhar-ao-Benfica, e do quarto-lugar-até-não-é-mau-para-a-época-que-fizemos.
O discurso não é este e a ousadia e coragem saem sempre perdoadas. No outro dia contaram-me uma história que partilho agora convosco.
Portugal ocupava em África um forte, chamado de São João Baptista de Ajudá, no actual Benim. O destacamento luso era composto por dois homens e respectivas famílias e era uma herança do Império Ultramarino Português, que o usou como entreposto estratégico e comercial. Foi ocupado nos anos 60 por este país africano mas, durante a II Guerra Mundial, os ingleses quiseram tomar o forte por motivos estratégicos. E mandaram todo um destacamento, com centenas de homens, para cumprir a ordem. O que fez o comandante Português do forte? Disse que iriam resistir até ao fim, ameaçou o comandante britânico, afirmou que estavam preparados para causar muitas baixas. Porque estavam a defender Portugal.
Instado pela bravura do Português, o Comandante inglês retirou e contou o sucedido às autoridades londrinas. (Londres falou com Lisboa e durante a II GM, tropas inglesas estiveram no forte de São João Baptista de Ajudá, mas por “convite” de Portugal e não por ocupação britânica). Este militar Português foi duplamente condecorado: por Portugal e pelo Reino Unido por, em condições de manifesta inferioridade, não ter vacilado.
Moral da história: o Sporting até pode perder tudo o que há para perder até ao fim deste Campeonato. Mas, ao menos, que os jogadores lutem em campo com bravura e mostrem que não tememos. Nada nem ninguém.