Matthäus acertou em cheio: a entrega da Bola de Ouro a Messi, pela oitava vez, só pode ser classificada desta forma. Foi uma farsa. De mau gosto.
O vencedor, obviamente, devia ser Haaland, este ano em destaque máximo no Manchester City, conquistador da Liga dos Campeões. Mas este prémio tem razões que a razão desconhece: em 2010, o argentino suplantou inexplicavelmente Iniesta sem marcar um golo no Mundial nem ter jogado a final da Champions; em 2021, venceu de novo o troféu, que devia ter sido entregue a Lewandowski, Bota de Ouro pelo Bayern de Munique.
Percebo muito bem que Cristiano Ronaldo tenha reagido como reagiu: limitou-se a pôr quatro bonequinhos à gargalhada. Confirmando, sem necessitar de palavras, que se tratou mesmo de uma farsa.
Os jornais têm como missão informar mesmo quando as notícias não são agradáveis.
Os jornais desportivos portugueses deviam fazer o mesmo, informar, infelizmente, não o fazem.
Já tinha feito referência à forma como foi noticiada a conquista da "Libertadores" por Jorge Jesus e a dupla conquista da "Libertadores" por Abel Ferreira.
Hoje olhamos para a capa dos três desportivos e parece que ontem não foi dia de Bola de Ouro.
Destaco (tal como o Sport) o "triplete" atribuído à formação do Barcelona, Pedri com 19 anos, feitos no dia 25 de Novembro, ganhou o prémio Kopa, atribuído ao melhor futebolista sub-21 (o nosso Nuno Mendes foi quarto), Alexia conquistou a Bola de Ouro atribuída às senhoras e Messi venceu a Bola de Ouro atribuída aos senhores, graças ao triunfo na Copa América frente ao Brasil em pleno Maracanã. Para além desse triunfo o capitão da Argentina e do Barcelona foi o melhor marcador do campeonato espanhol e conquistou mais uma Taça do Rei, a sétima.
Sete Taças do Rei, sete Bolas de ouro, podemos escrever com alguma ironia, LM7.
Adenda: Após um comentário do leitor Francisco Gonçalves à cobertura de jornais estrangeiros em relação à quinta Bola de Ouro de Cristiano Ronaldo, coloco aqui a primeira página de um jornal espanhol nessa ocasião.
Não quero entrar na discussão de quem é melhor, citarei (de memória) o meu colega/camarada de escrita jpt: "quem não gosta de Messi não gosta de futebol".
«Com esta conquista de Cristiano Ronaldo, já são sete as Bolas de Ouro conquistadas por jogadores formados no Sporting: Eusébio 1, Figo 1 e Cristiano Ronaldo 5. E com este prémio igualamos a Holanda, com sete Bolas de Ouro.
Hoje a seguir a mais um dia de trabalho árduo, tive um daqueles momentos que sabem bem, que fazem bem.
Momentos de conversa, mangas arregaçadas, colarinhos desapertados.
Tempo quente.
Cerveja fresca.
Cristiano Ronaldo.
Lionel Messi.
A quinta bola de ouro.
A sexta bola de ouro.
Parecia-me óbvio, a quinta bola de ouro para Cristiano Ronaldo.
"Compara aquilo que é comparável", disseram-me.
"Vê os jogos entre Real Madrid e Barcelona, resultados, golos e marcadores."
"Quem foi o melhor marcador de golos da Europa?"
"Quem tem a melhor relação entre golos e minutos jogados na Liga dos Campeões?"
"Quem venceu a Taça do Rei?"
Pois...
A quinta bola de ouro não é tão certa como poderia parecer à primeira vista.
Vamo-nos a eles que nem uns leões.
Vencer a Letónia.
Vencer a Taça das Confederações.
Deixarmos as choraminguices para os "ruis costas" desta vida, os cansadinhos que nem têm energia para sair do campo, graças a Rui Costa, não participámos no Euro 1998 (ano da Expo e do Nobel da Literatura), olhando à distância de, quase, 20 anos podemos dizer que o dirigente do Benfica preferiu ser expulso, a deixar que o treinador do Porto entrasse em campo, mesmo que para isso Portugal fosse prejudicado.
A moral deste "post" é que Cristiano Ronaldo se quer vencer não pode ser um "Rui Costa" a pastelar para sair do campo, tem de ser um verdadeiro capitão lá dentro.
Vem aí a quinta Bola de Ouro para o sócio n.º 94.592 do Sporting Clube de Portugal. Conquistador da Liga espanhola e da Liga dos Campeões, melhor marcador de sempre da Champions e goleador máximo desta prova pela quinta edição consecutiva.
Eis o palmarés de Cristiano Ronaldo: 12 golos nesta edição da Liga dos Campeões, 105 em todas as competições europeias e 600 desde que iniciou a carreira como jogador profissional. Recordes que continua a pulverizar, uns atrás dos outros.
Com duas consequências imediatas: o aumento exponencial do número dos seus admiradores à escala planetária e o aumento residual do número de lampiões ressabidos, que gritam "Messi" quando se cruzam com ele. Cospem contra o vento na esperança de lhe mudar a rota.
Pela quinta vez, um jogador formado pelo Sporting recebe a Bola de Ouro, troféu que premeia o melhor jogador internacional do ano. Uma distinção mais que justa para Cristiano Ronaldo, cinco meses após se ter sagrado campeão da Europa ao serviço da selecção nacional e seis meses depois de ter contribuído para a vitória do Real Madrid na Liga dos Campeões.
Ronaldo vence pela quarta vez a Bola de Ouro (2008, 2013, 2014, 2016), também atribuída a Luís Figo (em 2000). Motivos de sobra para todos os sportinguistas sentirem orgulho. Motivos de sobra para todos os desportistas sentirem o mesmo, independentemente da sua cor clubística. Motivos de sobra para cada português perceber até que ponto devemos todos ao Sporting grande parte do prestígio de que goza o futebol nacional a nível planetário.
Muitos parabéns, Cristiano. Mereces um forte, sincero e vibrante aplauso de todos nós.
ADENDA: Nesta votação, destaque também para Rui Patrício, que ficou em 12.º, entre os 30 jogadores pré-seleccionados. O guarda-redes do Sporting, igualmente bastião da selecção nacional, só foi ultrapassado por outro jogador na sua posição: o italiano Buffon, que ficou em 9.º lugar. E ficou à frente de craques como Iniesta, Higuaín, Agüero, Koke, Godín, Kroos, Neuer, Lloris, Payet e Modric.
Alguma alminha por aí capaz de explicar-me em que medida exactamente é que esta notícia do Record é relevante? porque é que no dia em que Rui Patrício é nomeado para a Bola de Ouro há um site de um jornal português que considera de absoluta pertinência e essencial essa informação de que "indianos dizem que Rui Patrício não merece estar nos nomeados"?
A sério? Isto é um site muito lido lá India, já percebi, e cá também? é daqueles sites que toooda a gente vai ler a correr quando quer saber notícias do futebol e ninguém me avisou?
É que se for isso prometo penitenciar-me e passar a ler o Sportskeeda ou lá o que é, com todo o afinco, todos os dias ao pequeno-almoço. Mas expliquem-me. De preferência em português, obrigada.
Rui Patrício integra a lista dos 30 nomeados para a Bola de Ouro 2016, ontem divulgada pela revista France Football. Mais: é o único jogador do campeonato português alvo desta distinção, que abrange também Cristiano Ronaldo e Pepe, seus parceiros na selecção nacional que se sagrou campeã da Europa.
Outro marco relevante na carreira do nosso n.º 1, que já foi considerado o melhor do Euro-2016 na sua posição. Rui Patrício - um grande profissional do futebol, formado na Academia de Alcochete - bem merece ser reconhecido além-fronteiras após ter granjeado a justa reputação de melhor guardião português da sua geração.
Daqui lhe envio um abraço de parabéns, convicto de que o faço em nome de todo o plantel do És a Nossa Fé.
Eu despedi-me de Luís Figo no dia 10 de junho de 95, sei porque foi na final da Taça com o Marítimo. Despedi-me no Jamor e ainda em Alvalade quando fomos ao estádio, mais tarde, no mesmo dia. Também me despedi de Balakov, mas foram despedidas diferentes. Sempre vi no Figo pressa no salto lá para fora, mas não só isso, havia um voltar de costas iminente que veio a confirmar-se com atitudes e comentários ao longo dos anos. Ele saiu e todos sabemos o que foi depois disso. E eu quis continuar a gostar do Figo do pós-Sporting, na selecção onde toda a gente gostava de o ver, e que belo capitão, ai que low profile tão espectacular (eu própria achava isto) e era cada vez menos fácil. Do jogador, da corcunda pré-finta, do sobrolho franzido antes de decidir um jogo, gostei sempre muito, não havia como não. Do homem, talvez não tenha acompanhado de perto o suficiente, é mais que provável que tenha muitas qualidades e feito muitas coisas bem feitas, mas cada declaração que chega é mais um desapontamento. Também sei que já tem torcido pelo primeiro lugar do Sporting, mas já não me convence. Mau feitio meu, talvez. O Figo não tem de ser do Sporting, pode até celebrar golos marcados ao Sporting, já se sabe que todos somos Charlie e cada um é livre de celebrar os golos de quem quer. O que o Figo não pode esperar (e não espera certamente) é que essas coisas nos sejam indiferentes. Eu percebo o que Figo diz ao falar de ter jogado com os melhores. Percebo que ache - não que ele o tenha dito - um histerismo o que se vive em torno de Ronaldo e Messi. Meço por amigas, por exemplo: poucas sabiam quem eram Rivaldo, Matthaus, Nedved (todos bola de ouro) e todas sabem quem é Messi. Todos quantos não acordámos só agora para o futebol sabemos como o nível de pop star dos jogadores tem aumentado, como se não se está com um parece que tem de se estar com o outro e que todos os outros estão muito longe. Não estão assim tanto, todos sabemos.
Que o Figo não tenha paciência para histeria e pense "grande coisa, eu joguei com o Zidane e o Ronaldo", eu percebo, esteve numa esfera superior e não tem de ver como um comum mortal estas coisas. Mas cai-me mal na mesma, já não é a primeira vez que se manifesta assim directa ou indirectamente com Ronaldo. Em anos em que Messi ganha a Bola de Ouro não vejo tanta indignação, mas posso ser eu que preciso de óculos. Tem direito à sua opinião, como eu tenho à minha sobre ele. E com pena, não é a melhor já há algum tempo.
O Paulo Gorjão já fez aqui referência, e muito bem, à incompreensível votação de Jorge Costa, que na qualidade de seleccionador do Gabão preferiu Messi a Cristiano Ronaldo na votação da Bola de Ouro 2014. Ao contrário do que fizeram Rui Águas (seleccionador de Cabo Verde), Carlos Queiroz (seleccionador do Irão), Mariano Barreto (seleccionador da Etiópia) e naturalmente Fernando Santos (seleccionador nacional).
Mas também ao contrário do que fizeram Vicente del Bosque (seleccionador de Espanha), Antonio Conte (seleccionador de Itália), Alain Giresse (seleccionador do Senegal), Miguel Herrera (seleccionador do México), Marcel Koller (seleccionador da Áustria) e Oscar Tabarez (seleccionador do Uruguai), entre muitos outros. Todos optaram por Cristiano Ronaldo em vez de Messi.
Jorge Costa está no seu direito, dirão alguns. Tal como nós estamos no pleno direito de criticá-lo. E de afirmar que este voto é bem revelador do preconceito anti-Cristiano Ronaldo alimentado pela ala mais fanática de adeptos do Porto. Só porque o melhor jogador de futebol do mundo foi formado no Sporting.
Na votação para Bola de Ouro, em cada ano, participam os seleccionadores e os capitães dos países ou territórios membros da FIFA, podendo cada um votar em três jogadores.
Por curiosidade, fica o registo das votações de Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, na qualidade de capitães das selecções de Portugal e da Argentina:
Cristiano Ronaldo - Sergio Ramos, Gareth Bale, Karim Benzema
Lionel Messi - Angel Di Maria, Andres Iniesta, Javier Mascherano
E ainda há quem queira menosprezar a melhor escola de formação de futebol do mundo...
Parabéns ao nosso 28. Parabéns aos que tão bem trabalharam e trabalham na academia Sporting.
E para os resultadistas, Cristiano nunca ganhou nenhum título no Sporting (nem sequer na formação), demonstrando que o que defendo, a formação de homens e de futebolistas, é prioritária à conquista de títulos a qualquer custo.
Queria colar aqui o vídeo, mas não consigo. Sigam este link e vejam como os nossos atletas da Escola Academia Sporting Corroios viveram a atribuição da Bola de Ouro a Cristiano Ronaldo. Isto é o Sporting!
Messi, mais uma vez e, quanto a mim, com toda a justiça, foi considerado o melhor do mundo. Trata-se de um jogador único. Lembro-me de os ver jogar e de os considerar de outro planeta Beckenbauer, Cruyff, Van Basten, Platini, Zidane, Raul, Maradona e mais alguns, não apenas criadores ou marcadores de golos, mas, igualmente, defesas e guarda-redes como Franco Baresi e o também nosso Peter Schmeichel. Mas Lionel Messi causa-me uma impressão única, tenho a sensação, quando o vejo jogar, de que estou a assistir a algo de irrepetível, ao génio de um criador sem paralelo na história do futebol. Quase tudo o que faz se aproxima da perfeição. Tem uma qualidade técnica inigualável, faz passes que desafiam a imaginação, uma certeza no remate, de variadíssimas posições, que é raríssimo ver e, sobretudo, uma capacidade ímpar de fazer a equipa organizar-se e jogar. Quando a bola lhe chega aos pés, tudo é possível, nunca sabemos se dali vai sair um passe letal para algum sítio que só ele não tinha considerado inesperado, seguindo uma trajectória que mais ninguém imaginara. Os seus pontapés parecem teleguiados e este ano até de cabeça conseguiu dar um ar da sua graça.
No futebol, em minha opinião, é, repito-o, único e, pensando nas grandes estrelas de outros desportos, pelo menos daqueles que eu ao longo dos anos tenho acompanhado com mais interesse, dificilmente consigo encontrar na minha memória, tanto quanto este tipo de comparações for legítimo, nomes que, a meu ver, possam rivalizar com ele. Eddy Merckx, Michael Johnson, Carl Lewis, Michael Jordan, Michael Phelps? É, de facto, preciso ser quase perfeito.
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