Da Suécia, veio o Farnerud. Ligado ao Manchester City, esteve o Bojinov.
Confesso que não faço puto de ideia das credenciais deste Guidetti com apelido de massa italiana. A confirmar-se a sua vinda para reforçar o ataque do leão 2015/2016, tomara que seja um verdadeiro reforço. Tomara que deixe em campo gratas recordações para, daqui a uns anos, quando se falar de outro jogador sueco ou ligado ao Manchester City a caminho do Sporting, podermos encarar essa possibilidade com optimismo e não com um enorme ponto de interrogação como, confesso, é o meu caso agora.
É cá uma mania minha, mas todos os anos elejo um jogador com quem hei de embirrar sumamente. Isto vem desde o tempo em que Lourenço, muito manhoso, passou um ano a queimar Yazalde passando-lhe bolas impossíveis e correndo em passinhos de donzela, a fingir que querer queria, mas não chegava lá. Assim de cabeça, sucederam-lhe: Bastos, Barão (“lá vai Barão!” gritava-se na bancada cada vez que entrava às canelas dum pobre adversário), Freire, Paulinho Cascavel, Bozinovski, Juskowiak (o “juskofiasco”), Amunike, Paulo Alves, Hadji, Saber, Tello, César Prates, Polga (durante o consulado de Paulo Bento não tinha suplente, era um descanso) e Pereirinha (vou-não-vou-não-vou…)
Nos dois últimos anos a minha irritação teve a vida facilitada; pude embirrar com meia equipa à vontade.
Preparava-me eu este ano para aliviar as teimas, quando comecei a reparar melhor em Elias. Repararam nele no jogo contra os cónegos de Moreira? Que bem se escondia atrás dos defesas, que inteligência em furtar-se da bola, que ardilosa 2ª parte em que deve ter tocado na pelota não mais do que 3 vezes. O moço foi requisitado como patrão do meio campo mas decerto por efeito da crise, entregou a empresa à autogestão. Está prometido, embora eu não seja fadista, pelo que não percebo nada de futebol, se em Olhão Elias jogar porta sim porta não, vai ficar tomado de ponta até ao fim da época.
E Bojinov? Ora, é tradição do Sporting ter sempre um cretino na equipa para desviar as atenções, ou já não se lembram daquele rapaz montenegrino de mioleira mais dura que diamante, que de vez em quando acudia ao nome de Vukcevic?
Digamos que Bojinov vai mesmo embora. De preferência num negócio que permita recuperar parte do capital investido - não peçamos a Lua quando podemos ter as estrelas... -, embora a forma como já se contabiliza os salários que não seria necessário pagar graças à rescisão seja um claro prenúncio de 2,6 milhões de euros defenestrados em dia de ventania. É improvável que se consiga arranjar substituto minimamente válido no mercado e a linha avançada ficaria entregue ao lesionado Wolfswinkel, ao enigmático Seba e ao inconstante Diego Rubio. Se assim for, que tal apostar na prata da casa? Nos juniores orientados por Sá Pinto evolui Gael Etock, vindo este ano do Barcelona, mas também Betinho, nome de guerra do internacional português Alberto Coelho, um jovem que tem faro e olhão para o golo. Às vezes precisamos de um salto de fé.
Como me disse o meu amigo Gonçalo lá do alto da Juve Leo, "Bojinov, no Sporting, não calça mais". Gosto desta expressão: não calça mais. Não calça mais porque, de facto, Bojinov como suplente é apenas suficiente menos e como titular é medíocre. Como se viu contra o Moreirense: desautorizou o treinador, mostrou falta de espírito de equipa e enterrou a moral do grupo inteiro. Pelo meio, já agora, falhou um penalty nos descontos e, pior ainda!, roubou o golo que seria marcado pelo Marcelo. Marcelo: o guarda-redes. Este gajo conseguiu roubar o golo que o guarda-redes da nossa equipa ia marcar por ele, mas ele, Bojinov, não deixou. Se tudo é mau em Bojinov? Não, claro que não. Bojinov, como todos os homens, tem um lado bom. O lado bom dele chama-se Nikoleta Lozanova. Ele vai embora. Deus queira que ela fique.
Ao vigésimo dia, este blogue dispara em audiência graças ao destaque feito pelo Sapo: 7963 visitantes registados nas últimas 24 horas. Merecíamos que o Bojinov não nos tivesse estragado a festa.
...de ter assistido esta noite ao suicídio público de um tal de Bojinov. Precisão: o suicídio dividiu-se, em partes iguais, no empurrão a Matías e no penalti falhado; quanto ao falhanço imediatamente seguinte - que até podia ter limpado o anterior - é mais do que compreensível, for his mind was elsewhere: a essa hora já estava o búlgaro a pensar que tinha falhado (irremediavelmente) mais um clube, e a ver a sua carreira (ainda mais) por um cano. Acontece: numa equipa nova, há sempre, por definição, uma maçã podre. Mas adiante: o Bojinov passa e o Sporting fica, e eu sou sportinguista, não sou bojinovista (nem sei o que isso é).
Esperava muito mais de Bojinov. Este 'caso' do penálti falhado que daria a primeira vitória de 2012 ao Sporting, com Elias e Schaars a terem que separar o búlgaro do Matías Fernández, é o prego no caixão do avançado. "Eu vi. O resto é cá connosco", sentenciou Domingos Paciência. Quanto à Taça Cervejola, onde é preciso ganhar ao Gil Vicente por muitos golos para seguir em frente, confesso que pouco me importa...
Quando um jogador falha demasiadas vezes naquilo que é a essência da sua posição existe um medicamento genérico chamado banco de suplentes. Por vezes compensa estarmos de fora para melhor percebermos o que estamos a fazer errado e é isso que anda a faltar ao valioso Wolfswinkel. Por isso mesmo o importante (mas não decisivo) jogo desta quarta-feira seria uma excelente ocasião para Domingos apostar em Bojinov para a posição nove. O avançado búlgaro contratado esta temporada ainda não mostrou muito, mas não deve ser descartado, pois força e vontade não lhe faltam. Fazê-lo sair da bulgaridade não só estimulará Wolfswinkel a fazer melhor como permitirá manter a boa tradição de Kostov (para a malta mais nova digo apenas que é o pai da Sara Kostov, o que permite alcançar a dimensão do seu talento), Iordanov e Balakov. Pode ser que então a minha estagiária búlgara, que vive em Portugal há mais de uma década, tenha uma epifania e perceba que deve abandonar a helvética neutralidade e torcer pelo Sporting.
{ Blogue fundado em 2012. }
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