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És a nossa Fé!

A festa do golo e o sonho do campeonato

Sporting, 6 - Boavista, 1

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Gyökeres e Paulinho marcaram cinco dos nossos seis golos: foi a quinta goleada leonina nesta Liga

Foto: José Sena Goulão / EPA

 

Alguns diziam que esta seria uma das nossas partidas mais difíceis. Em primeiro lugar porque o Boavista tem bons jogadores - impuseram empate ao FC Porto no Bessa. Em segundo lugar, o Sporting trazia de Bérgamo uma desmoralizante derrota, embora tangencial (1-2), contra a Atalanta que nos pôs fora da Liga Europa. Além disso não chegámos a cumprir o descanso mínimo de 72 horas recomendado entre duas partidas do calendário oficial de futebol. Como se tudo isto não bastasse, o melhor jogador português do plantel leonino, Pedro Gonçalves, lesionou-se no embate em Itália.

Motivos de preocupação. Mas afinal não havia razão para isso. O Sporting exibiu classe, categoria, inegável superioridade perante a segunda melhor equipa da cidade do Porto. Ao ponto de termos arrancado a nossa segunda maior goleada da Liga 2023/2024 - apenas superada pelos oito golos sem resposta que impusemos ao Casa Pia. E assim chegámos aos 75 já marcados nesta prova. Completando uma média sem casas decimais: três golos por cada um dos 25 desafios que até agora disputámos.

O que desmente a teoria, propalada pelos do costume, de que o futebol de Rúben Amorim é cauteloso e defensivo, pouco vocacionado para a dinâmica ofensiva. Coitados desses tais: continuam a ser desmentidos pelos factos.

 

E no entanto este jogo ocorrido anteontem, domingo, até nem começou da melhor maneira para nós. Quando ainda vários adeptos nem estavam sentados nos seus lugares, já o Boavista se adiantava no marcador com uma bomba disparada sem preparação por Makouta. Grande golo, que gelou o estádio em noite quase primaveril.

Pior foi ter decorrido um longo período sem conseguirmos o empate - dos 3' aos 45', quando o suspeito habitual desatou o nó: Gyökeres, numa espécie de carrinho que quase o fez entrar na baliza, deu a melhor sequência ao centro que Paulinho desenhou com nitidez geométrica. Muito antes, aos 6', Trincão vira anulado um vistoso disparo muito bem colocado: Paulinho estava 26 cm deslocado nesse lance.

Assim se chegou ao intervalo: 1-1.

 

No segundo tempo só deu Sporting. Pressão intensa, ataque vertiginoso, impecável trabalho dos nossos jogadores com bola e sem ela, todas as alas a executar movimentos de ruptura de olhos fitos na baliza à guarda de João Gonçalves.

Queriam ainda mais golos no Sporting? Tiveram meia-dúzia. Para que a tal média acima mencionada resultasse perfeita, sem necessidade de baralhar aqueles que percebem pouco de aritmética.

O segundo surgiu aos 54'. Marcado por Paulinho, com Geny a dar espectáculo na assistência a partir da meia-direita.

O terceiro, aos 68', resultou de outra primorosa acção do craque sueco, lançado por Nuno Santos num passe vertical que queimou linhas.

Era o sexto bis de Gyökeres na Liga, mas a conta dele ainda não estava fechada. Viria a marcar outro, aos 79' - de penálti, a castigar falta cometida sobre Gonçalo Inácio. E foi ele a assistir Nuno Santos no quinto golo, aos 88'.

A conta só encerrou no último minuto do tempo extra, aos 90'+5, quando de um canto apontado por Nuno para a cabeça de Paulinho resultou o sexto. Mais de 38 mil espectadores abandonaram Alvalade de barriga cheia.

As claques ovacionavam a equipa. Mantínhamos o comando do campeonato. Isolados. O Benfica segue um ponto abaixo, o FC Porto vai sete pontos atrás. Tendo nós um jogo a menos.

 

Desta vez houve apenas assobios a António Nobre. Mas é irrelevante falar do árbitro num jogo em que goleámos por 6-1. Não nos foi anulado qualquer golo limpo, não foi validado qualquer golo irregular da equipa adversária, beneficiámos de um grande penalidade indiscutível, nenhum jogador nosso foi expulso.

Portanto, jogo sem história em matéria de arbitragem. Como deviam ser todos. Claro que nenhum árbitro é perfeito, tal como nenhum treinador é perfeito e nenhum jogador é perfeito. Nem sequer o Cristiano Ronaldo.

Deixemos os recorrentes protestos sobre arbitragem para aqueles embates muito específicos em que realmente temos queixas sérias de quem apita - não para a nossa segunda maior goleada da Liga 2023/2024.

 

Breve análise dos jogadores:

Israel - Podia ter feito melhor no lance do golo sofrido: socou a bola para o espaço à sua frente, entregando-a a Makouta. Mas não voltou a cometer erros. Aliás, não necessitou de fazer qualquer defesa.

Diomande - Faltou-lhe acorrer com eficácia à dobra, após Geny ter sido ultrapassado pelo extremo adversário no lance do golo. Arriscou algumas incursões ofensivas. Numa delas, aos 49', falhou recarga fácil.

Coates - É bom ver o capitão de regresso ao onze. Desta vez para durar o jogo inteiro. Único deslize: perda comprometedora de bola aos 71'. Aos 74', meteu-a lá dentro, mas o jogo já estava interrompido.

Matheus Reis - Missão cumprida, com a segurança habitual, na noite em que foi distinguido com galardão especial por ter cumprido 150 jogos de leão ao peito. Teve intervenção preciosa no nosso primeiro golo.

Geny - Confirma-se: tem mais vocação para atacar do que para defender. Primeira parte titubeante, ultrapassado aos 3' no lance do golo deles. Redimiu-se ao assistir no golo 2: cruzamento a rasgar, com nota artística.

Morten - Mostrou algum desgaste anímico pela derrota em Bérgamo. Entregou a bola aos 16', algo inabitual nele. Corte in extremis logo a seguir. Amarelado aos 32', já não regressou após o intervalo.

Morita - Recuperado da indisposição que o impediu de ir a Itália, esteve envolvido no 1-1. Aos 43' fez brilhante passe para um quase-golo de Trincão. Sempre em jogo, revelando qualidade técnica superior. Imprescindivel.

Nuno Santos - Novamente titular. A paragem fez-lhe bem: regressou com energia e arte futebolística. Magnífico passe de letra aos 38'. Assistiu Viktor no golo 3. Marcou o golo 5. E bateu o canto que originou o último.

Trincão - Meteu-a lá dentro aos 6', mas não valeu: Paulinho estava deslocado. Só o guarda-redes o impediu de marcar um excelente golo (43'). Foi dele a pré-assistência no golo 2. Saiu com queixas físicas. 

Paulinho - Como segundo avançado, fez parceria perfeita com Gyökeres. Matador por duas vezes: aos 54', com o pé, e aos 90'+5, de cabeça. Também num cabeceamento, esteve prestes a marcar também aos 73'.

Gyökeres - Inútil esbanjar mais adjectivos com ele: poupemos nas palavras e observemos a sua acção em campo. Mais três golos para a sua conta. Tem já 36 na temporada, mais 14 assistências. Um espectáculo.

Daniel Bragança - Fez toda a segunda parte, subtituindo Morten. Com brilhantismo. Venceu quase todos os duelos, posicionou-se de modo exemplar entre linhas. Excelentes recuperações aos 62' e 72'.

Gonçalo Inácio - Entrou aos 55', permitindo assim poupar Matheus Reis a maior desgaste físico. Pareceu longe da melhor forma nas suas primeiras acções em campo. Mas sacou um penálti aos 74'.

Eduardo Quaresma - Entrou aos 73', rendendo Diomande. Assegurou a circulação tranquila da bola, sem sobressaltos.

Esgaio - Refrescou a equipa aos 84' ao substituir Trincão, que saiu a coxear. Quando a partida estava ganha, já com 4-1 no marcador.

Koba - Entrou aos 84', rendendo Morita, só para cumprir mais uns minutos de leão ao peito. Poucas vezes tocou na bola. Nem era necessário.

O dia seguinte

Grande dia de Sporting. Pela tarde a equipa B ganhou mais uma vez, agora em casa do Oliveira do Hospital e com um golo da nova paixão de Rúben Amorim, o Giovani Quenda, e logo depois as senhoras do voleibol feminino conseguiram o acesso à final four do campeonato à custa do Benfica.

À noite foi tempo de rumar a Alvalade. Cerca de 40 mil nas bancadas, pelos motivos conhecidos dificilmente se chega a mais, uma das melhores exibições da época. Mais uma goleada, agora a uma equipa que ainda recentemente tinha feito o Porto perder dois pontos no Bessa.

O Boavista entrou a todo o gás, com a lição bem estudada. Duma má intervenção de Israel conseguiu, com um remate acrobático, colocar-se em vantagem. Foi uma faca de dois gumes. Por um lado ganhou confiança para o que ali vinha, por outro foi abdicando de atacar e deixando o Sporting fazer o seu jogo e causar estragos.

Demorou demasiado a concretização desses estragos, quase todos criados por Paulinho, que deambulando entre a zona central e o lado esquerdo, sempre disponível para tabelinhas com Morita, muito baralhava a organização defensiva adversária, um 5-4-1 estacionado atrás. Da primeira vez, o golo a que assistiu foi anulado por 26 cms, mas pela segunda já não foi: cruzamento de luxo para o golo do sueco. Entretanto a lesão dum defesa central tinha fragilizado a defesa boavisteira.

 

Com o jogo empatado ao intervalo, Amorim puxou da cabeça, interrogou-se como é que o Sporting podia perder pontos num jogo destes e logo descobriu a solução. Só mesmo o medíocre apitador conseguir amarelar Hjulmand. E o treinador fez aquilo que tinha de ser feito com esta "nobreza" da APAF. Trocar o melhor de Bérgamo por Bragança.

O Sporting voltou a não entrar bem na segunda parte. O jogo tornou-se confuso até que dum grande centro tenso de Catamo com "o pé trocado", Paulinho marcou um grande golo, mesmo "à ponta de lança". Ouviu-se em Alvalade mais uma vez e bem forte o cântico do Paulinho, acho que desta vez até o ressabiado tasqueiro mais surdo terá ouvido.

Aproveitou Amorim para dar descanso a Matheus Reis metendo Inácio. Estava a ganhar, estabilizou a defesa, o Boavista tinha de fazer pela vida. O espaço atrás começou a existir e então foi o festival Gyökeres. Bem servido, com um super-Bragança de cadeirinha 10 a comandar as operações, com espaço e já com a defesa adversária desgastada, o sueco foi como um tubarão atacar um cardume de sardinha. Morcona, de preferência. Um festim.

Foram 6-1, podiam até ter sido mais. O sueco fez "hat trick", Paulinho marcou o último. O estádio todo cantou o cântico dum e doutro no final do jogo.

 

Melhor em campo ? Gyökeres obviamente, mas Paulinho foi o "abre-latas" do jogo. Não admira que o sueco já tenha dito que é com ele que se entende bem. Visto do outro lado, é como segundo ponta de lança que Paulinho se sente melho: foi assim com Slimani e é assim com o sueco. Bragança também esteve excelente na segunda parte.

Arbitragem? Manhosa, para dizer o mínimo, a fazer recordar "padres" e "missas". Valeu o VAR no lance do penálti para o impedir de inventar uma regra nova. Não interessa ver? Repete.

No final mais uma óptima conferência de imprensa de Amorim, a explicar muito bem as suas opções em termos de jogo e de banco. Ou ele é realmente duma inteligência extraordinária ou então muita gente que se diz Sportinguista de futebol não percebe porra nenhuma. Algures no meio estará a verdade.

 

Assim fechou com chave de ouro o ciclo infernal. Foram 12 jogos em 40 dias, 8V3E1D, 32-10 em golos.

07/02 - U.Leiria 0 - Sporting 3 (TP)

11/02 - Sporting 5 - Sp. Braga 0

15/02 - Young Boys 1 - Sporting 3

19/02 - Moreirense 0 - Sporting 2

22/02 - Sporting 1 - Young Boys 1

25/02 - Rio Ave 2 - Sporting 2

29/02 - Sporting 2 - Benfica 1 (TP)

03/03 - Sporting 3 - Farense 2

06/03 - Sporting 1 - Atalanta 1 (LE) 

10/03 - Arouca 0 - Sporting 3

14/03 - Atalanta 2 - Sporting 1 (LE)

17/03 - Sporting 6 - Boavista 1

 

E agora? Descansar, recuperar o Pedro Gonçalves, treinar sem a dezena que vai às selecções e logo se verá. Morita regressará mais uma vez de rastos, Diomande vai fazer férias em pleno Ramadão, Trincão se calhar vai dar mais cabo do pé na selecção.

Muita coisa pode acontecer. Depois virá um ciclo menos intenso mas quase definitivo em termos de objectivos da época.

SL

Rescaldo do jogo de ontem

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Apoio inequívoco das claques em Alvalade após derrota em Bérgamo: assim é que é

 

Gostei

 

Da goleada ao Boavista. Cilindrámos a equipa portuense em Alvalade. Foi o segundo resultado mais volumoso do Sporting até agora no campeonato em curso: 6-1. Valeu não apenas pela avalanche de golos, cinco dos quais no segundo tempo, mas por toda a exibição da equipa tão bem orientada por Rúben Amorim. Demonstrando a reacção mais adequada após o nosso recente afastamento da Liga Europa.

 

De Gyökeres. O melhor em campo, para não variar. Verdadeiro motor da equipa: joga e faz jogar, sempre de pé no acelerador. Reforçou o comando da lista dos artilheiros do campeonato com mais três golos. Aos 45' (o golo da reviravolta, que já tardava), aos 68' e aos 79', este de penálti - convertido de modo exemplar. Quarto jogo consecutivo da Liga a marcar: já a meteu lá dentro 36 vezes no conjunto da temporada, 22 no campeonato. E também já protagonizou 14 assistências - ontem mais uma, com inegável classe, para o golo de Nuno Santos. Números extraordinários: o nosso jogador mais caro de sempre vale cada cêntimo que custou ao Sporting.

 

De Paulinho. Uma das suas melhores exibições de verde e branco. Desta vez bisou. Aos 54', marcando o segundo golo - correspondendo de forma exemplar a um cruzamento perfeito de Geny. E a poucos segundos do apito final, aos 90'+5, num cabeceamento sem mácula após a conversão de um canto. E ainda é dele, num centro muito bem medido, a assistência para o golo inicial.

 

De Nuno Santos. Ressurgiu após um período de relativo apagamento. Em boa hora Amorim apostou nele como titular na recepção ao Boavista. Sai deste embate que alguns consideravam difícil com saldo muito positivo: um golo, apontado aos 88', e duas assistências. Notável o passe vertical aos 68' a que Gyökeres deu a melhor sequência. E foi ele a bater o canto que proporcionou o golo final de Paulinho, selando o resultado.

 

De Daniel Bragança. Cumpre, sem dúvida, a sua melhor época ao serviço do Sporting. Ontem actuou durante toda a segunda parte - por troca com Morten, talvez o único que pareceu ressentir-se da derrota contra a Atalanta - e mostrou-se em excelente forma. Oportuníssimas recuperações aos 62' e aos 72' que logo originaram ataques perigosos. Exímio tecnicista, muito eficaz a movimentar-se entre linhas.

 

Do regresso de Morita. Ausente em Bérgamo, devido a uma indisposição que o reteve em Lisboa, voltou ao onze. E foi pedra fundamental deste dilatado triunfo leonino. Na visão de jogo, na capacidade de recuperar bolas, no perfeito domínio técnico demonstrado em cada lance. Consegue estar em acção em diversas zonas do terreno. É dos jogadores que mais procuram e mais merecem o título de campeão em Portugal.

 

Da nossa reviravolta. Tendo sofrido um golo a frio, logo aos 3', soubemos reagir com firmeza e determinação: quase não voltámos a deixar o Boavista aproximar-se da nossa baliza, Israel não chegou a fazer uma defesa digna desse nome e eles só conseguiram um canto aos 90'+3. Protagonizámos uma reacção quase asfixiante à turma boavisteira, que só pecou pela conversão tardia do nosso primeiro golo. Na segunda parte, sobretudo, chegámos a ser brilhantes. Com uma entrada fortíssima, sempre a carregar no acelerador. Deu gosto ver este Sporting imparável, nada fragilizado pelo desfecho da partida anterior, em solo italiano. 

 

Do apoio inequívoco das claques. Com aplausos, cânticos, incentivos de todo o género. E dísticos que não deixam lugar a dúvidas: estão cem por cento com os jogadores, estão cem por cento com a equipa técnica. É para isto que servem as claques. Assim merecem também elas o nosso aplauso.

 

De ver o Sporting marcar há 34 jornadas seguidas. Sempre a fazer golos, desde o campeonato anterior. Reforçamos a nossa posição no topo das equipas goleadoras. Basta comparar: temos mais 15 marcados do que o Benfica e mais 25 do que o FC Porto.

 

Do nosso desempenho global em casa para a Liga 2023/2024. Treze jogos, treze vitórias. Invictos em Alvalade.

 

De mantermos a liderança isolada. Agora com 65 pontos. Mesmo com um jogo em atraso - que, caso seja vencido, deixará o principal rival quatro pontos abaixo de nós. Prossegue a contagem decrescente para a conquista do troféu máximo do futebol português. Vamos lá chegar.

 

 

Não gostei

 

De sofrer tão cedo. Foi um banho de água fria em Alvalade, aquele disparo indefensável de Makouta. Desde 2015 que o Boavista não marcava no nosso estádio.

 

De outro golo na nossa baliza. Temos agora mais sete sofridos do que o FCP, mais quatro do que o SLB. Nada de grave, mas é um aspecto a melhorar.

 

De termos esperado 42 minutos para empatar. Só aconteceu aos 45': tardou em excesso. O 1-1 registado ao intervalo era muito lisonjeiro para o Boavista, que já merecia então estar a perder, até por mais de uma bola de diferença. Acabaríamos por acertar contas na segunda parte.

 

Da ausência de Pedro Gonçalves. Os colegas cumpriram bem a missão em campo, mas o melhor jogador português do Sporting faz sempre falta. Infelizmente ainda não sabemos quando poderá estar de volta: continua afastado devido à lesão muscular contraída em Itália.

 

Do horário do jogo. Voltamos ao mesmo: partida iniciada às 20.30, numa noite de domingo. Só dá jeito a quem não precisa de trabalhar e a quem nunca vai ao estádio - alguns nem sequer se dão ao incómodo de assistir às partidas pela televisão, espreitam os resumos mais tarde e já lhes basta. Para esses pode ser em qualquer dia e a qualquer hora.

Amanhã à noite em Alvalade

Depois da eliminação merecida mas que até esteve perto de ter sido evitada na Liga Europa, é tempo de "mudar o chip" e voltar às competições internas para defrontar o Boavista e encerrar o "ciclo infernal".

Com Adán, Pedro Gonçalves e Edwards caídos em combate (Edwards não merece de todo o que muitos dizem dele, basta olhar para a "ordem de mérito" que habitualmente publico), Trincão a contas com uma lesão que o limita, Diomande com o Ramadão, não há muitos jogadores para escolher para o onze inicial, mas há várias formas de o montar.

Na conferência de imprensa de hoje Rúben Amorim deixou algumas pistas, falou em Nuno Santos mais avançado no campo e Paulinho na ajuda a Gyökeres. Imagino que sejam essas as ideias dele. Nesse caso o onze podia ser:

Israel; Diomande, Coates e Inácio; Catamo, Hjulmand, Bragança e Matheus Reis; Paulinho, Gyökeres e Nuno Santos.

Com Quaresma, St. Juste, Morita e Trincão no banco.

Outra ideia seria colocar Quaresma a fazer a ala direita e adiantar Catamo, nesse caso com Nuno Santos a fazer a ala esquerda para manter a ideia de dois alas com características diferentes.

Também pode acontecer que ele resolva tirar "um coelho da cartola" e lançar Fresneda ou Koindredi.

É então uma boa oportunidade para vos voltar a fazer a pergunta:

Qual pensam que vai ser o onze inicial do Sporting amanhã em Alvalade?

SL

Prognósticos antes do jogo

Um jogo terminou há tão pouco tempo e já vem outro a caminho. Amanhã, a partir das 20.30, recebemos o Boavista. Outro embate determinante nesta caminhada que vamos fazendo a caminho do título. 

Na primeira volta fomos ao Bessa vencer por 2-0. Com golos de Geny e Pedro Gonçalves. Mais robusto foi o nosso triunfo em casa na época passada: três golos sem resposta

Agora como será? Aguardo os vossos prognósticos.

Os melhores prognósticos

Já se sabe que a vitória por 2-0 é o resultado que reúne, de longe, o maior número de prognósticos. Seja qual for o jogo. Voltou a acontecer nesta nossa bem-sucedida visita ao Estádio do Bessa, onde vencemos sem polémica nem discussão a turma axadrezada.

E por aqui, quem foram os vencedores?

Desta vez, um quinteto. Que passo a anunciar: Bruno MatiasCarlos Estanislau Alves, Jorge Luís, Maximilien Robespierre e Vítor Hugo Vieira.

Todos anteciparam o triunfo leonino no reduto boavisteiro (onde o Benfica tinha perdido), mencionando um dos marcadores. Geny, no caso do Bruno. Pedro Gonçalves, os restantes.

Houve ainda algumas menções honrosas. Para quem anteviu o resultado sem mencionar quem seriam os marcadores. Merecem ser enumerados também: David de CarvalhoJosé da XãLeão até morrerLeão do Xangai, Madalena Dine e Paulo Batista.

Faltam poucos dias para a próxima ronda.

Cantámos vitória onde o Benfica perdeu

Boavista, 0 - Sporting, 2

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Pedro Gonçalves, melhor em campo no Bessa: golo de calcanhar valeu-lhe nota artísrica

Foto: José Coelho / Lusa

 

Contraste enorme entre esta época e a anterior, bem reflectida na nossa posição à nona jornada: vamos agora no comando do campeonato, com mais nove pontos do que há um ano na mesma fase da prova. Na comparação, ganhamos um ponto por jornada. É obra. 

Talvez a nossa mais saborosa vitória até ao momento, na Liga 2023/2024, tenha sido este Boavista-Sporting, disputado anteontem num relvado muito maltratado em estádio sempre difícil. Há poucas semanas a equipa comandada por Petit derrotou ali o Benfica, por 3-2. 

Rúben Amorim surpreendeu o técnico rival, apresentando o seu onze titular disposto de maneira inabitual no terreno, numa espécie de 4-3-3 em que o lateral esquerdo formava muitas vezes linha defensiva enquanto Diomande encostava ao lado oposto, compensando o adiantamento de Geny, muito mais extremo do que ala, sobretudo na primeira parte.

 

Esta alteração táctica funcionou. O Sporting teve quase sempre superioridade nas diversas fases do encontro. Fomos para o intervalo a vencer 1-0 e podíamos ter marcado mais dois ou três, enquanto Adán não fez uma defesa digna desse nome nos primeiros 45'. 

Não fomos apenas eficazes: também soubemos dar espectáculo. Como comprovou precisamente esse lance do nosso golo inaugural, primor de futebol colectivo construído com 46 segundos ininterruptos de posse de bola: 17 passes que envolveram oito jogadores. Culminando num magnífico centro de Matheus Reis que Geny aproveitou da melhor maneira estreando-se como artilheiro leonino em desafios do campeonato.

 

No segundo tempo agigantou-se Pedro Gonçalves, que já estivera envolvido no primeiro golo. Foi ele a fixar o resultado aos 85', em lance de insistência iniciado numa oportuna recuperação de Morten que levou o n.º 8 a rematar ao poste, sentado no relvado. No ressalto retomámos a posse de bola e aí destacou-se Esgaio a assistir. Pedro Gonçalves estava no sítio certo, embora de costas para a baliza. Num toque de génio, à Madjer, marcou de calcanhar.

Valeu-lhe nota artística. E justa menção como melhor em campo.

 

Não nos limitámos a vencer: também convencemos.

Pela primeira vez, neste campeonato, não sofremos golos fora de casa. Impusemos ao Boavista a primeira derrota no Bessa. Reforçámos a liderança da prova, ainda mais isolados - com mais três pontos do que Benfica e FC Porto, também com mais três pontos do que na nossa inesquecível campanha de 2020/2021 que culminou no título. 

Motivos mais do que suficientes para a equipa estar de parabéns.

 

A verdade é que o Sporting não perde um jogo em provas nacionais desde Abril - facto relevante. 

Entretanto, com este triunfo no Bessa, Rúben Amorim tornou-se o treinador português com mais vitórias em toda a história do nosso clube: já são 118. Acabou de ultrapassar Paulo Bento, precisando de menos jogos para esse efeito.

Agora, acima dele, apenas se destaca o húngaro Joseph Szabo, treinador que passou onze épocas no Sporting - a última das quais em 1954/1955, ainda jogavam alguns dos Cinco Violinos. 

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Só aos 83' fez uma defesa apertada. Exibiu segurança neste regresso à titularidade após duas partidas em que viu Israel assumir protagonismo entre os postes.

Diomande - Impecável nas dobras a Geny, que tinha ordens para actuar como extremo, sem recuar. Pilar na organização defensiva. Passou a central ao meio com a saída de Coates.

Coates - Exibição um pouco mais apagada do que o habitual do capitão uruguaio. Cedeu a braçadeira a Adán ao sair (69'), por precaução, queixando-se de uma dor na perna.

Gonçalo Inácio - Iniciou construção do primeiro golo com um passe de ruptura que originou soberba jogada colectiva. Sabe usar cada vez melhor o seu pé esquerdo para queimar linhas.

Geny - Titular por mérito neste jogo que lhe correu muito bem. Aos 8' ameaçou marcar num forte disparo à malha lateral. Aos 37' passou da ameaça ao acto: foi o seu golo de estreia na Liga.

Morten - Exibição segura do internacional dinamarquês, que protagonizou sete recuperações. Vital no lance do segundo golo, que ajudou a construir com boa visão de jogo e precisão de passe.

Morita - Organizador do meio-campo, esteve em nível muito elevado até as forças lhe começarem a faltar, por volta dos 70'. De uma tabelinha entre ele e Matheus Reis nasceu o primeiro golo.

Matheus Reis - Primou pela disciplina táctica, compensando em consistência defensiva o adiantamento de Geny na ala oposta. Mas brilhou na frente ao assistir o moçambicano no golo.

Edwards - Criou desequilíbrios no reduto adversário. Soberba execução técnica ao picar a bola aos 31', fazendo-a sobrevoar a defesa. Mas desperdiçou um golo cantado aos 53'. Intermitente.

Pedro Gonçalves - Metade dos nossos quatro remates enquadrados foram dele. Aos 31', isolado, chutou para a bancada. Redimiu-se num excepcional golo de calcanhar que fixou o resultado.

Gyökeres - A partida menos conseguida do craque sueco desde que chegou ao Sporting. Muito marcado, desperdiçou duas ocasiões de golo (11' e 61'). Mas foi lutando sempre.

St. Juste - Substituiu Coates aos 69', tomando conta do lado direito da defesa. Desta vez sem brilhantismo. Após longa lesão, parece estar ainda algo preso de movimentos.

Esgaio - Rendeu Edwards (74'). Não falhou um passe e brilhou ao assistir Pedro Gonçalves no golo. Já fez mais assistências nesta Liga do que os laterais do SLB e do FCP somados.

Nuno Santos - Entrou aos 75', substituindo Matheus Reis. Teve logo um lapso defensivo que nos poderia ter saído caro. Mas redimiu-se com um par de centros bem medidos.

Paulinho - Substituiu Gyökeres aos 86'. Pressionou, movimentou-se bem na área, rematou com convicção aos 87'. Mas, servido por Nuno Santos, falhou emenda aos 90'+2: bastaria encostar.

Trincão - Entrou ao minuto 86', ocupando o lugar de Geny.  Protagonizou dois lances que nada renderam pelo seu defeito do costume: perde-se em fintas e acaba por ficar sem bola.

O dia seguinte

Foi claramente uma vitória magnífica do Sporting no Bessa, dias depois de defrontar na Polónia o campeão local num batatal lá do sítio com menos um quase todo o jogo, num dos estádios de piores recordações para os Sportinguistas (só mesmo o do Benfica e o do FC Porto o superam), perante uma boa equipa da Liga que tinha derrotado o Benfica nesse estádio, com um relvado também muito castigado pelas chuvas, se não era um batatal não faltava assim tanto.

 

Uma vitória apenas explicada pelo momento duma equipa do Sporting a crescer de jogo para jogo, com um Catamo a ala direito de pé esquerdo, aposta com que poucos ou nenhuns a( começar por mim) concordariam, mas a dar laivos do Porro na saída de bola a partir de zonas recuadas, com um Hjulmand a ser 90 e tal minutos o patrão do meio-campo, e com o Messi do Sporting a demonstrar mais uma vez (e só quem não vai ao estádio é que não percebe o que ele corre em campo) que é o "Pote de Ouro" da equipa. Claro que depois disso o trio defensivo esteve impecável, com Coates primeiro e St. Juste depois, e todos os outros estiveram em bom plano.

Apenas explicada porque do outro lado esteve um Boavista que fez um grande jogo, sempre procurando circular a bola depressa e com critério, e dessa forma cair em cima da nossa defesa. Tem um ponta de lança muito interessante e que por alguns centímetros não pôde festejar um grande golo. Felizmente a estrelinha da sorte esteve do lado do Sporting.

Pontos negativos apenas vi alguma falta de articulação entre o tridente ofensivo Edwards-Gyökeres-Pedro Gonçalves, que entre eles podiam ter resolvido o jogo bem cedo, e a forma como o Nuno Santos "oxigenado" entrou em campo e lá continuou. Talvez voltar à cor natural seja a melhor opção. O prémio já lá vai, a selecção também, e há muito para ganhar no Sporting. 

 

Quem dizia que para ganhar no Bessa era preciso atitude, comer a relva, etc, etc, pois ganhámos sabendo fazer exactamente o contrário: temporizar na defesa e acelerar no ataque, evitar entrar à queima e fazer faltas. Ou seja, soubemos ser competentes e não entrar no tipo de jogo que apenas iria favorecer o adversário, ainda mais com um árbitro manhoso e na pré-reforma, que vê o que quer e apita o que lhe apetece.

Melhor em campo? Hjulmand, o patrão do meio-campo, fundamental para a vitória.

E agora? Ganhar ao Farense, quinta-feira em Alvalade. E depois ao Arouca, e depois aos polacos, e depois ao Benfica, e depois...

 

PS: Vi o jogo no topo norte no meio das duas claque não legalizadas e demais Sportinguistas, umas filas atrás dos encapuzados das tochas que se empoleiraram nos painéis à vista de todos, macacos brancos e capuz verde e branco, e dos polícias spotters e responsáveis do corpo de intervenção ali ao lado. Alguém dali veio falar com o "capo" da Juveleo de serviço ao intervalo, e a segunda parte decorreu sem problemas. Mas afinal existe alguma lei e a polícia tem de intervir na defesa da lei (mas existe lei sobre a pirotecnia ???) e captura dos infractores ou é tudo para inglês ver e a polícia ignorar? Francamente, não entendo. Ou se calhar sim... quantos polícias foram mobilizados para o Bessa e pagos para o efeito? Para quê estragar o negócio?

SL

Rescaldo do jogo de ontem

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Geny muito cumprimentado pelos colegas após marcar o seu primeiro golo no campeonato

Foto: José Coelho / Lusa

 

Gostei

 

Do nosso triunfo num dos estádios mais difíceis. Fomos ao Bessa derrotar a turma axadrezada por 2-0 (um golo em cada parte do desafio). Vitória sem discussão numa partida emotiva, quase sem tempos mortos, com futebol de qualidade. Perante um adversário que já venceu o Benfica nesta Liga 2023/2024 e no mesmo estádio onde há um ano fomos derrotados (1-2). Comprovando assim, para quem ainda tivesse dúvidas, que estamos francamente melhor do que na época anterior. Cada vez mais embalados para o título.

 

De Pedro Gonçalves. Respondeu da melhor maneira, em campo, à infeliz e deselegante frase do seleccionador Roberto Martínez, que o acusou numa entrevista de ser um jogador «com azar». Rúben Amorim esteve bem, na conferência de imprensa de domingo, ao não alimentar lamúrias: limitou-se a incentivar o jogador a «melhorar, marcar golos, assistir e correr muito». Pedro assim fez: exibição de qualidade frente ao Boavista, culminando no nosso segundo golo, marcado com nota artística, de calcanhar, com assistência de Esgaio (85'). Imediatamente antes, no chão, tinha rematado ao poste. E logo aos 6' quase marcou, de livre directo - proporcionando grande defesa ao guarda-redes João Gonçalves. Demonstrou a atitude certa. E mantém uma contabilidade elevada: 61 golos em 106 jogos de verde e branco. Melhor em campo.

 

De Geny. Lançado como titular, correspondeu à confiança que nele depositou o treinador. Amorim facilitou-lhe a tarefa, mantendo-o com extremo direito, só com missão ofensiva, num desenho mais próximo do 4-3-3 (com Matheus Reis mais recuado) do que do habitual 3-4-3 - o que parece ter confundido Petit, treinador do Boavista. O jovem moçambicano pressionou e fixou os defensores adversários, baralhando marcações e abrindo espaços lá na frente. Sai deste jogo com boa nota, sobretudo pelo belo golo que marcou, aos 37', aproveitando um excelente cruzamento de Matheus a quase toda a largura do terreno. Foi a sua estreia como artilheiro no campeonato. Não custa vaticinar que terá sido o primeiro de muitos.

 

De Morten. Talvez a sua melhor exibição desde que chegou ao Sporting. Está mais solto, mais seguro, com maior precisão de passe, sempre de frente para o jogo. Fez boa parceria com Morita: completam-se bem no centro do relvado. Com o japonês tendo como missão central a distribuição de jogo e o internacional dinamarquês actuando sobretudo como médio de contenção. Ganhou a maioria dos duelos contra uma das equipas mais combativas do nosso campeonato. O segundo golo nasce de uma recuperação dele. Só foi pena aquele cartão amarelo tão desnecessário, por falta cometida aos 90'+7, no penúltimo minuto da partida.

 

Da nossa organização defensiva. Teve dois elencos, ambos resultaram. Primeiro com o habitual trio Diomande-Coates-Gonçalo Inácio: inabalável. Depois, com a saída de Coates aos 69', o jovem marfinense passou a central ao meio e St. Juste colocou-se à direita. Desempenho recompensado: a nossa baliza ficou incólume (Adán só fez uma defesa difícil, aos 83') no primeiro jogo desta Liga em que o Boavista permaneceu em branco. Temos de momento a segunda defesa menos batida do campeonato - sete golos, só mais um do que o FCP.

 

Da homenagem a Bas Dost ao minuto 28. Os adeptos leoninos, que compareceram em força no Bessa, prestaram um comovente tributo ao craque holandês neste momento da partida, em alusão ao número que ele usava no Sporting. Bas caiu, inanimado, num jogo da Liga holandesa disputado no domingo. Ainda hospitalizado, aguardando veredicto médico, já agradeceu os justos aplausos e o familiar cântico que lhe foram dedicados.

 

Da arbitragem de Nuno Almeida. Sereno e competente. Não atrapalhou, deixou jogar. Oxalá todos fossem assim.

 

De termos conquistado 25 pontos em 27 possíveis. Mais nove do que na mesma fase do campeonato anterior. Eficácia sem margem para dúvida. Marcámos até agora em todos os jogos. Aliás estamos há 17 jornadas seguidas a marcar.

 

De termos cumprido outro jogo sem perder na Liga. Se somarmos as 14 rondas finais do campeonato anterior às nove decorridas deste, são já 23 desafios seguidos sem conhecermos o amargo sabor da derrota na prova máxima do futebol português. Venham mais assim.

 

De ver o Sporting cada vez mais líder. Comandamos o campeonato. Mantemo-nos no topo há quatro rondas consecutivas. Somos a única equipa que ainda não sofreu qualquer derrota. Ampliámos a vantagem, estando agora ainda mais isolados no posto de comando. Beneficiando do empate do Benfica com o Casa Pia na Luz. Seguimos com mais três pontos do que os encarnados e a turma portuense, mais seis do que o V. Guimarães e já com mais oito do que o Braga. Para desgosto de uma minúscula falange de adeptos que anseia por desaires da equipa e tem como lema "quanto pior, melhor". Não acertam uma - nem sequer nisto.

 

 

Não gostei

 

De alguns golos desperdiçados. Desta vez a "fava" calhou a quatro: Gyökeres, estranhamente muito apagado, falhando emenda à boca da baliza (11'); Pedro Gonçalves, isolado por Edwards com um passe picado de excelente execução técnica (31'); Edwards, também só com o guarda-redes pela frente (53'); e Paulinho, incapaz de a meter lá dentro com Nuno Santos a servi-lo de bandeja (90'+2).

 

Do calafrio aos 77'. Quando o Boavista conseguiu introduzir a bola nas nossas redes. Os adeptos da casa festejaram, mas em vão. O golo acabou anulado pelo VAR: havia deslocação de 27 cm. 

 

De Trincão. Foi o último a entrar - só aos 86', substituindo Geny. Já com o Boavista acusando evidente desgaste fisico. Mesmo assim, falhou o drible nas duas vezes em que teve a bola nos pés. Atravessa um período de baixo rendimento já excessivamente prolongado.

 

Do péssimo estado do terreno. Chamar àquilo "relvado" é um insulto a qualquer relvado. Cada vez que alguém dava um pontapé na bola, saltava um tufo de ervas do lamaçal do Bessa.

 

Das tochas lançadas pelas claques. A Juve Leo e o Directivo XXI não têm emenda: obrigam o Sporting a pagar multas atrás de multas em todas as jornadas. Ontem forçaram a interrupção do Boavista-Sporting por vários minutos após arremessarem vários engenhos pirotécnicos... contra a nossa própria baliza, perturbando Adán. E contribuindo para lesar o nosso clube. São mesmo letais ao Sporting.

Prognósticos antes do jogo

Jogo difícil em perspectiva: Boavista-Sporting, logo à noite, a partir das 20.15.

Há um ano fomos lá perder, com Edwards a marcar o nosso solitário golo. Num desafio disputado ainda no início do campeonato, em 17 de Setembro, mas que me levou a escrever: «Assim, com franqueza, não vamos lá.» Acertei, infelizmente.

O Boavista, nesta época, parece ainda mais forte. Até já venceu o Benfica no Bessa.

Quais são os vossos prognósticos para esta noite?

Os melhores prognósticos

Não faltaram bons prognósticos nesta ronda com quatro vencedores. Cumprimento os leitores Jorge Luís e Leão do Xangai, que anteviram o resultado do Sporting-Boavista, acertando no golo de Nuno Santos, e os leitores Fernando e José Vieira, que anteciparam o golo de Paulinho. Muito mais difícil seria prever o autogolo de Salvador Agra, que fechou a conta em Alvalade.

Menção honrosa para os leitores Allfacinha e Armando Santos: ambos previram o 3-0, embora sem acertarem em quem marcou.

Domínio indiscutível do princípio ao fim

Sporting, 3 - Boavista, 0

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Nuno Santos, herói do jogo: possível golo do ano para mais tarde recordar

Foto: Manuel de Almeida / Lusa

 

Quem pensava que o Sporting estava sem energia física ou anímica, após o embate em casa contra o Arsenal, três dias antes, enganou-se redondamente: esta foi uma das nossas melhores exibições no campeonato 2022/2023. Na recepção à equipa que costuma jogar de xadrez mas que anteontem envergou de amarelo, dominámos do primeiro ao último minuto. 

E logo no primeiro minuto, precisamente, poderíamos ter marcado. Chermiti, bem servido por Morita, atirou a bola lá para o ninho da coruja, mas o matulão Bracalli, guarda-redes veterano da equipa tripeira, defendeu por instinto, desviando-a para a barra.

Estava dado o mote: era carregar até marcar. Podia ter sido novamente por Chermiti, que aos 13' rematou rasteiro, a rasar o poste. Ou por Esgaio, que teve a baliza à sua mercê, ao segundo poste, com trivela assinada por Nuno Santos em jeito de assistência - permitindo, também ele, a intervenção do guardião brasileiro do Boavista.

Aos 17', porém, não houve salvação possível para a turma forasteira. Nuno Santos, servido por Edwards em posição frontal, marcou um belíssimo golo de letra, fazendo-a anichar lá no fundo das redes. Um daqueles golos dignos de levantar qualquer estádio. O mais belo golo da carreira do campeão leonino. Um dos mais belos golos que já vi alguém marcar no nosso estádio. Já candidato, ainda em Março, a golo do ano.

 

A partir daí, talvez alguém esperasse uma reacção - mesmo tímida - do Boavista. Nada disso. Continuaram acantonados lá no reduto deles, sem ousarem uma só acção ofensiva. Fiéis à imagem de marca do treinador Petit, que apenas sabe jogar com ferrolho.

Nós cumpríamos o nosso papel: queríamos ampliar a vantagem. Insistimos, insistimos - e marcámos o segundo. Novamente com intervenção de Nuno Santos a centrar da esquerda para o meio. Pretendia fazê-la chegar a Pedro Gonçalves, que andava errante na linha dianteira, mas o boavisteiro Salvador Agra intrometeu-se e resolveu o assunto - a nosso favor, com um vistoso autogolo.

 

Assim se foi para o intervalo. Sem um remate da equipa adversária, já antevendo um resultado vitorioso neste embate, quatro dias antes da nossa difícil deslocação a Londres, onde defrontaremos o líder da Premier League. O Arsenal estará lá, à nossa espera, para tentar vingar o 2-2 da primeira mão, nos oitavos da Liga Europa.

Fomos retirando o pé do acelerador. Mas sem nunca afrouxar demasiado, nem consentir veleidades ofensivas aos forasteiros. Israel, estreia absoluta na nossa baliza no campeonato, nunca chegou a ser verdadeiramente incomodado. Ugarte e Morita, no meio-campo, iam limpando tudo. Edwards colocava em sentido os defesas contrários. E Nuno Santos tentou repetir a graça, aos 48', 63' e 68'. Não conseguiu, nem era necessário: já tinha garantido um dos mais espectaculares golos do ano na Europa.

 

Seguiram-se as substituições. Matheus Reis e Pedro Gonçalves deram lugar a Gonçalo Inácio e Trincão. Depois Edwards saiu para entrar Arthur enquanto Paulinho rendia o buliçoso Chermiti. Finalmente, mesmo à beira do fim, foi a vez de entrar Tanlongo para que Ugarte descansasse alguns minutos.

Nesta fase, o árbitro João Pinheiro voltou a mostrar toda a sua incompetência - reiterada em cada jogo que temos o azar de o encontrar de apito na boca. Desta vez, aos 59', fez vista grossa a um claro derrube em falta de Trincão, dentro da grande área boavisteira. Ficou por marcar um penálti a nosso favor e a exibição de um cartão vermelho ao infractor, Pedro Malheiro. Mais do mesmo: já ninguém se surpreende.

Antes de o jogo terminar, ainda houve tempo para marcarmos o terceiro. Fabuloso passe longo de Tanlongo, desenhando uma diagonal perfeita para Esgaio apanhar lá na ponta direita, com uma recepção que não está ao alcance de qualquer um, e centrar com precisão milimétrica para Paulinho encostar, Bracalli já batido. 

Caía o pano com 3-0 a nosso favor. Quarto jogo a ganhar, terceiro sem sofrer golos, mais oito pontos nesta segunda volta do que nos embates com as mesmas equipas nossas antagonistas na metade inicial do campeonato.

Será um sinal de que as coisas andam a mudar para melhor? É evidente que sim.

 

Breve análise dos jogadores:

Israel - Estreia absoluta entre os postes leoninos num jogo do campeonato nacional de futebol, colmatando a ausência de Adán. Não pareceu nada intimidado com este súbito encargo.

Diomande - Ninguém diria que só tem 19 anos e é um recém-chegado à nossa equipa. Assumiu sem complexos a posição de central à direita, libertando Esgaio no corredor. Muito seguro.

Coates - Igual a si próprio, comandou o trio defensivo com a tranquilidade do costume. Sem exuberância, sem dar muito nas vistas, mas assegurando o essencial. Grande corte aos 78'.

Matheus Reis - Regresso ao onze para outra exibição em que confirmou ser extremamente útil. Nuno Santos só se atreveu tanto à frente porque tinha o brasileiro a vigiar muito bem a ala.

Esgaio - Uma das suas melhores exibições desde que voltou ao Sporting. Mandou um petardo à barra (52'), falhando o golo por centímetros. Assistiu no terceiro, de modo impecável.

Ugarte - Domínio perfeito do espaço, domínio perfeito do tempo de intervenção. Duas características do internacional uruguaio, que funcionou como tampão no nosso meio-campo.

Morita - Cada vez mais robusto do ponto de vista físico, aguentou sem mácula os 90', compondo uma parceria muito sólida com Ugarte. Fundamental na ligação ao ataque.

Nuno Santos - Golo de antologia: é quase imperdoável não ser convocado para a selecção nacional. Ainda foi ele a assistir no autogolo de Salvador Agra (43'). Pulmão inesgotável.

Edwards - Cada vez mais influente, cada vez com maior resistência física. Participou na construção do primeiro golo, servindo Nuno Santos. E ofereceu-lhe outro, desperdiçado, aos 63'.

Pedro Gonçalves - Voltou a actuar no trio da frente. Foi o nosso jogador com maior precisão de passe (91%), algo que só no estádio se viu bem. Acusou algum cansaço, acabou por sair cedo.

Chermiti - Deu sempre trabalho à defesa adversária, com as suas constantes movimentações na área. Quase marcava logo no minuto 1: Bracalli fez a defesa da noite, desviando para a barra.

Gonçalo Inácio - Substituiu Matheus Reis aos 57'. Quatro minutos depois, por aparente desconcentração, perdeu a bola em zona proibida, o que esteve quase a custar-nos um golo.

Trincão - Rendeu Pedro Gonçalves aos 57'. Entrou com maior consistência e dinamismo do que nos tem habituado. Aos 59', sofreu penálti nítido que o árbitro Pinheiro decidiu não sancionar.

Arthur - Entrou aos 57', substituindo Edwards. Alinhou, tal como ele, encostado à linha direita. Mas foi muito mais frágil e bastante menos eficaz. Agarrado demasiado à bola, inconsequente.

Paulinho - Substituiu Chermiti aos 72', quando o Sporting já se preocupava mais em fazer gestão do tempo com domínio de bola. Mas ainda foi capaz de marcar o terceiro, aos 90'+3.

Tanlongo - Em campo desde o minuto 84', quando substituiu Ugarte, destacou-se por um magistral passe longo de 40 metros que deu início ao nosso terceiro golo. Promete.

Rescaldo do jogo de ontem

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Nuno Santos, figura do jogo, marcou aos 17' um belíssimo golo que fez levantar o estádio

Foto: Manuel de Almeida / Lusa

 

Gostei

 

Da nossa quarta vitória consecutiva. Triunfo claro, categórico, indiscutível, do Sporting em casa frente ao Boavista: 3-0. Com golos aos 17', 43' (autogolo de Salvador Agra) e 90'+3. Foi também o terceiro desafio seguido na Liga sem sofrermos golos. E não perdemos há cinco jogos em mais do que uma competição. Merece registo: estamos na melhor fase da época.

 

De Nuno Santos. O homem do jogo. Marcou um golaço, daqueles de levantar um estádio. Golo de letra, a merecer nota artística e a ovação da noite. Um dos melhores golos que tenho visto em Alvalade desde sempre. Foi ele a iniciar a vitória, valendo-nos os três pontos. É ele a "assistir" Agra no autogolo que ampliou a nossa vantagem mesmo à beira do intervalo. Aos 10', já tinha dado o aviso com um belo passe de trivela a isolar Esgaio, que permitiu a intervenção do guarda-redes Bracalli. Infatigável, ainda fez um excelente centro aos 90'. 

 

De Ugarte. Regressou ao onze após um jogo de castigo e fez uma partida quase perfeita, recuperando tudo quanto havia para recuperar (26', 38', 54'). Corte providencial aos 61', quando a bola se dirigia para a baliza após perda de Gonçalo Inácio. Tem uma intuição rara na ocupação do espaço do nosso meio-campo defensivo. Dá a impressão de crescer de jogo para jogo.

 

De Morita. O japonês teve fôlego para o desafio inteiro: grande capacidade física do princípio ao fim, como médio de transição em parceria exemplar com Ugarte. Aos 89' ainda tentou o golo num remate rasteiro a sair bem perto do poste. Muito forte também nas recuperações (20', 24', 54'). As dúvidas de alguns adeptos já foram dissipadas: é um dos nossos grandes reforços desta época.

 

De Esgaio. Fez um dos melhores jogos desde que regressou ao Sporting. Muito activo no corredor direito, com propensão atacante enquanto Diomande lhe garantia as dobras defensivas, teve a baliza à sua mercê aos 10' quando surgiu com perigo no segundo poste. Aos 52', culminou um excelente lance individual com forte remate que fez a bola embater na barra. É dele a assistência para o nosso terceiro, marcado por Paulinho no penúltimo minuto do tempo extra.

 

De Diomande. Voltou ao onze inicial, actuando como central à direita na ausência de St. Juste. Missão cumprida. Transmite a sensação de já jogar há muito no Sporting: nem parece ter chegado só neste mercado de Inverno nem ser tão jovem: apenas 19 anos. Transmite segurança e confiança à equipa.

 

De Paulinho. Entrou apenas aos 72', substituindo Chermiti, e voltou a fazer o gosto ao pé encostando após centro milimétrico de Esgaio para fixar o resultado. Apenas o seu quarto golo no campeonato 2022/2023, mas a verdade é que marca há três jogos seguidos. Teremos goleador enfim?

 

Da nossa capacidade física. Nem parecia que tínhamos jogado três dias antes, também em casa, contra o Arsenal. Primeira parte muito intensa, em velocidade acelerada, transições muito rápidas, quase todo esse período disputado no meio-campo do Boavista. Nos 15 minutos iniciais já havíamos registado três oportunidades claras (duas por Chermiti, uma por Esgaio). Atitude forte, níveis de movimentação elevados. A merecer aplauso dos adeptos.

 

De termos mais oito pontos do que na primeira volta em jogos com as mesmas equipas. É caso para dar razão ao Pedro Boucherie Mendes: desta vez fomos, em boa parte, vítimas dos caprichos do calendário.

 

 

Não gostei

 

Da ausência de Adán. Pela primeira vez num desafio deste campeonato, o nosso guarda-redes titular esteve ausente. Poupado por queixas musculares. Resta ver se recupera a tempo do Arsenal-Sporting. Mas Franco Israel - na sua estreia como titular da nossa baliza em desafios do campeonato - pareceu sempre bem entre os postes, embora com pouco trabalho: raras vezes a equipa adversária o incomodou. 

 

Do árbitro João Pinheiro. Nunca desilude: é sempre muito mau. Desta vez, aos 59', fez vista grossa a um claro derrube de Trincão em falta para penálti, dentro da área, poupando Malheiro, do Boavista, ao correspondente cartão vermelho nessa jogada promissora para golo quando o nosso avançado só tinha o guarda-redes pela frente.

 

Do Boavista. Nenhuma oportunidade de golo, nem um remate digno desse nome: a turma treinada por Petit parece ter pedido emprestado o "nome de guerra" do técnico. Há oito épocas consecutivas que não nos marca um só golo para o campeonato em Alvalade. Só custa perceber como perdemos com esta equipa na primeira volta, no estádio do Bessa.

 

De só haver 27.353 espectadores em Alvalade. Os horários, associados aos preços dos bilhetes, continuam a afugentar público do nosso estádio - mesmo havendo qualidade do espectáculo garantida, como sucedeu nestes dois mais recentes desafios. Temos sido claramente penalizados na marcação dos jogos no confronto com os nossos maiores rivais. Não faz sentido isto continuar assim.

 

De não termos encurtado distâncias. Como as equipas situadas à nossa frente também venceram, continuamos 15 pontos abaixo do Benfica, sete pontos abaixo do FC Porto e cinco pontos abaixo do Braga à 24.ª jornada.

Ganhar é sempre bom!

Mas ganhar às equipas treinadas por Petit ainda mais.

Não consigo ver que qualidade tem este antigo jogador de futebol nascido em França como treinador de futebol. As equipas por onde passa usam e abusam da força e do choque. Geralmente com o beneplácito dos homens do apito.
Talvez por isso não passe deste marasmo de ser um treinador de equipas de terceira linha. Sei que ganhou no Bessa ao Sporting, mas se fosse hoje provavelmente já não o conseguria.

Petit é daqueles agentes do futebol apologista que a canela do jogador adversário se inicia logo abaixo do pescoço!

Mas ontem levou três, mas poderiam ter sido muuuuuuuuuuuuuuitos mais!

Prognósticos antes do jogo

Isto agora é assim: jogos de três em três dias. Amanhã a nossa equipa regressa à competição, desta vez a nível nacional: recebemos o Boavista, novamente a hora imprópria - 20.30, noite de domingo, véspera de mais uma semana de trabalho. 

Atenção a este adversário: no desafio da primeira volta, no Bessa, perdemos 1-2. Tendo feito apenas cinco faltas - e só uma na segunda parte, números que não se praticam no futebol de alta competição. O que me levou a escrever no fim do jogo: «Ao contrário de alguns adeptos, que passam o tempo a disparar contra árbitros e a conceber teorias da conspiração, eu prefiro sempre analisar o nosso desempenho. E neste caso não há lugar a dúvidas: foi inaceitável. Espero que Rúben Amorim retire as devidas consequências e actue em conformidade. Isto é para levar a sério. Não podemos continuar a brincar aos futebóis.»

No campeonato anterior, o Sporting-Boavista saldou-se por uma vitória leonina: 2-0. Com golos de Sarabia e Nuno Santos.

Agora como será? Aguardo com expectativa os vossos prognósticos. Depois de ninguém ter sido capaz de antever o 0-1 da jornada anterior.

Isto é para levar a sério

Consultando as estatísticas do jogo, verifico que no Boavista-Sporting do passado sábado, de péssima memória para nós, os jogadores do Sporting cometeram apenas cinco faltas. Repito: cinco faltas. No segundo tempo, apenas uma.

Há sete anos que não havia números tão baixos da nossa parte.

Foi, claramente, o jogo deste campeonato em que permitimos que a equipa adversária se movimentasse em campo mais à-vontade, sem a perturbarmos na sua manobra ofensiva. O que certamente ajuda a explicar por que motivo saímos derrotados do Bessa - algo que não acontecia desde 2008.

Ao contrário de alguns adeptos, que passam o tempo a disparar contra árbitros e a conceber teorias da conspiração, eu prefiro sempre analisar o nosso desempenho. E neste caso não há lugar a dúvidas: foi inaceitável.

Espero que Rúben Amorim retire as devidas consequências e actue em conformidade. Isto é para levar a sério. Não podemos continuar a brincar aos futebóis.

Assim, com franqueza, não vamos lá

Boavista, 2 - Sporting, 1

 

Terceira derrota em sete jogos da Liga 2022/2023. Desta vez foi no Bessa, anteontem, frente a um Boavista mais objectivo e eficaz, que soube anular o nosso processo de jogo, demasiado previsível, e ensanduichar o chamado "trio dinâmico" leonino entre as duas linhas mais recuadas.

Perdemos 2-1 - algo que não acontecia neste estádio desde o campeonato 2007/2008.

Nas bolas aos ferros, empatámos. Mas do nosso lado, após 20 minutos prometedores, imperou o cansaço. Potenciado pelo facto de Rúben Amorim ter entrado em campo com o onze inicial que enfrentara o Tottenham quatro dias antes. As primeiras alterações por imperativos tácticos ocorreram só ao minuto 75. 

No nosso melhor lance, construído por Nuno Santos com um magnífico passe de letra para o golo de cabeça de Edwards, à ponta-de-lança, parece ter-se esgotado o fôlego da equipa. Estavam decorridos 55 minutos. A partir daí impunha-se um refrescamento que não aconteceu enquanto o Boavista criava perigo pelo nosso sector mais vulnerável, o corredor direito, onde Porro se adiantava em excesso e Gonçalo Inácio, novamente central à direita, era lento ao acorrer às dobras. 

 

Voltámos a sofrer dois golos.

O primeiro na pior altura possível, aos 45'+2: assim se foi para o intervalo, O segundo de penálti, aos 83'. Nessa altura já estavam em campo Paulinho e Arthur, certamente por fezada do treinador, que procurava reeditar os golos em rajada que nos deram a vitória contra o Tottenham para a Liga dos Campeões na terça-feira da semana passada.

Mas a receita desta vez não resultou. E algumas opções do técnico foram incompreensíveis. Deixar em campo um apagadíssimo Pedro Gonçalves, por exemplo, enquanto fazia sair Nuno Santos, visivelmente contrariado, até porque estava a ser o melhor dos nossos. E teimar na opção por Esgaio, que é extremo de formação, tem rodagem como lateral mas foi chamado para central à direita, com Gonçalo a deslocar-se para o meio tentando compensar a saída de Coates, por lesão.

 

Tudo muito difícil de entender. A verdade é que à sétima jornada o panorama não é nada animador. Já perdemos onze pontos em 21 disputados, seguimos em oitavo lugar no campeonato (atrás de Portimonense, Boavista, Casa Pia e Estoril), temos a quinta pior defesa da Liga (pior, só Marítimo, Paços de Ferreira, Arouca e Rio Ave) e apresentamos agora a terceira pior classificação do século à sétima jornada. Já com tantas derrotas como no total dos 34 jogos disputados em 2021/2022.

Assim, com franqueza, não vamos lá.

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Encaixou dois golos (um deles de penálti) sem ter culpa em qualquer dos lances. O primeiro, de Bruno Lourenço, era totalmente indefensável.

Gonçalo Inácio - Regresso à posição de central do lado direito. Deixou-se ultrapassar duas vezes no lance do primeiro golo axadrezado. Atravessa crise de confiança.

Coates - Errou mais passes do que é habitual, mostrando-se longe do fulgor físico. As suspeitas confirmaram-se: saiu aos 70', agarrado à coxa.

Matheus Reis - Central à esquerda, foi um dos jogadores que acusaram maior cansaço e menor discernimento neste embate no Bessa. Longe do brilho contra o Tottenham.

Porro - Voluntarioso, num contínuo vaivém, preocupou-se sobretudo em municiar o ataque. Foi descurando missões defensivas, desguarnecendo o flanco.

Ugarte - Jogador-operário. Eficaz nas recuperações e no apoio ao processo defensivo, mostrou-se sempre muito dificíl de ultrapassar. Cada vez mais útil.

Morita - Combinou bem com Ugarte, completando-o na ligação com o ataque. Serviu Pedro Gonçalves num golo que viria a ser anulado por deslocação de Edwards.

Nuno Santos - O nosso melhor em campo. Veloz, acutilante, intenso, combativo. Assistência para o golo de Edwards, com magnífico passe de letra. Um espectáculo.

Trincão - Apagado, talvez por cansaço. Revela uma tendência irritante para fazer reviengas em vez de jogar simples. Mandou uma bola à trave de pé direito (39').

Pedro Gonçalves - Melhor momento: o golo que marcou aos 23'. Mas não valeu. Isso parece tê-lo desanimado. Esteve muito longe do seu melhor. 

Edwards - Terceiro golo do inglês, naquele seu jeito de quem parece jogar de pantufas. Marcou de cabeça, aos 55'. Mas também ele revelou cansaço.

Esgaio - Entrou aos 71' para render Coates, actuando como central à direita. Quase nada lhe saiu bem. Aos 81' cometeu um penálti escusado. Custou-nos a derrota.

Arthur - O reforço ex-Estoril substituiu Nuno Santos aos 75'. Sem qualquer vantagem para a dinâmica ofensiva da equipa quando precisávamos de marcar.

Paulinho - Rendeu Trincão aos 75'. Amorim deve ter sonhado que o avançado iria reeditar aquele precioso golo ao Tottenham. O sonho não se tornou realidade.

Rochinha - Substituiu Morita aos 86'. Quase sem tempo para mostrar o que vale, quando a equipa já jogava muito com o coração e pouco ou nada com a cabeça.

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