Esta equipa tem ganho quase tudo o que há para ganhar mas faltava-lhe um grande resultado numa noite europeia em casa.
O jogo de ontem [anteontem] foi como aquelas pomadas excepcionais. Degustam-se, apreciam-se, recordam-se, sem necessidade de muitas palavras.
Permita-me realçar dois pontos: os adeptos e a organização da equipa.
Desde a inauguração do estádio tenho Lugar de Leão, cativo durante 20 anos, e não me recordo de um apoio tão sustentado e sonoro durante todo o jogo. E não foi apenas ontem [anteontem]. Alvalade, com excepção das curvas, nunca foi particularmente ruidoso em matéria de decibéis, mas este ano vejo companheiros de sector, que durante anos e anos eram recatados e parcimoniosos na demonstração do seu apoio, a entoar cânticos.
Provavelmente um dos momentos mais marcantes deste jogo [Sporting-Besiktas] aconteceu logo aos 8 minutos quando Paulinho rematou ao poste. Em vez dos habituais ohhhhh e impropérios, ouviu-se um altíssimo e longo aplauso que galvanizou os jogadores e todo o estádio, e estendeu-se até ao apito final.
O segundo aspecto é a forma inteligente como Amorim gere o trabalho da equipa técnica, um pouco à semelhança do que acontece no futebol americano, salvo as devidas distâncias.
Em vez de “adjuntos” temos três treinadores, cada um responsável por todos os aspectos do jogo ofensivo, defensivo e situações especiais, supervisionados e coordenados por um treinador principal.
Os frutos deste modelo estão à vista: em movimentações cada vez mais criativas e interligadas, nas bolas paradas, corridas e na sincronização defensiva.
Dá gosto ver, por exemplo, o alinhamento a régua e esquadro da linha defensiva a 5, que joga de olhos fechados, e invariavelmente coloca os atacantes adversários em fora de jogo. Ou jogadas estudadas, como a do golo anulado a Pote no último jogo contra o Guimarães, das mais espectaculares que Alvalade já viu em muito tempo, entre Matheus Reis, Sarabia, Paulinho e Pote.
Os mestres da táctica (plural) moram em Alvalade.
Texto do leitor Rui Silva, publicado originalmente aqui.
No início desta campanha na Champions, eu questionava se o 3-4-3 de Amorim ia impor-se na Europa ou implodir. E depois da derrocada com o Ajax parecia-me que o Sporting tinha mesmo de encontrar um sistema alternativo, os dois médios eram impotentes para travar os ataques adversários e a defesa apanhava adversários embalados de frente. Era mesmo necessário mudar, se calhar um 4-3-3, se calhar um 3-5-2, assim não íamos a lado nenhum.
E Amorim... nada mudou. Fomos a Dortmund, e a jogar da mesma forma que jogamos nas competições caseiras equilibrámos o jogo e podíamos mesmo ter saído com um empate. Fomos a Istambul e conseguimos uma vitória rotunda. E ontem, em casa, com o mesmo campeão da Turquia conseguimos a maior goleada de sempre do Sporting na Champions.
Nada mudando, mudou muita coisa. A equipa melhorou muito, colectiva e individualmente. A coluna vertebral Adán-Coates-Palhinha-Paulinho estrutura cada vez melhor toda a manobra ofensiva e defensiva da equipa, e cria as condições para os criativos Sarabia, Pedro Gonçalves e Matheus Nunes poderem demonstrar toda a sua qualidade. A linha defensiva de 3+2 está tremendamente sólida, ficando muito difícil aos adversários conseguir ocasiões de golo e assim tranquilizando a equipa para os marcar.
Ontem, o jogo começou, o Besiktas tentou discutir o jogo mas a manta era curta, deixava espaço nas alas por onde os alas aceleravam e os interiores se desmarcavam a belo prazer. Paulinho ainda tentou insistir no desperdício, acertando nos ferros primeiro e permitindo uma boa defesa do guarda-redes noutro (aqui pareceu-me que quis assistir Pedro Gonçalves para o golo em vez de rematar), mas veio o penalti e com ele a equipa melhor ficou, e até ao intervalo foi um regalo ver o Sporting jogar e marcar. E Paulinho lá marcou mais um golão, depois dum lance todo ele da sua lavra, é mesmo incrível como acerta no mais difícil e falha no mais fácil. Se calhar porque... não nasceu com aquele instinto de ponta de lança. Mas que é um leão indomável em campo, um belíssimo avançado e é fundamental nesta forma de jogar do Sporting, isso só um cego é que não vê.
Depois do 3-0 e da excelente exibição da 1.ª parte, a 2.ª teria de ser de gestão física e psíquica, deixar o Besiktas fazer pela vida e aproveitar os espaços abertos para contra-atacar com rapidez e aumentar a vantagem. E foi assim que aconteceu, o quarto golo surgiu naturalmente numa incursão veloz de Matheus Reis, e com ele vieram as substituições. Sairam dois dos mais cansados, Paulinho e Matheus Nunes (este falhou nalgumas saídas de bola, mas esteve em passes fundamentais para alguns dos golos), para entrarem Bragança e Nuno Santos. Daí até ao fim já foi outro jogo, sem a mesma qualidade. Mesmo assim, os dois ainda tiveram uma oportunidade cada para aumentar a vantagem.
E agora como vai ser? É simples, ganhar ao Dortmund e depois ir ganhar ao Ajax, comigo na bancada num caso e noutro. Tem mesmo de ser assim. E se não for? Se não for lá teremos de ir para a eliminatória de acesso à Liga Europa, mas os 5,6M€, os 8-1 ao Besiktas e a subida no ranking da UEFA isso já ninguém nos tira.
E será fácil ganhar ao Dortmund, mesmo sem o (injustamente expulso) Hummels? Nada fácil mesmo, são a melhor equipa alemã logo a seguir ao Bayern, muito bem orientada, e com excelentes jogadores, a começar por Haaland. Mas quem vier a Alvalade por estes dias e com o apoio incansável de todos nós arrisca-se mesmo... a perder.
Gostei muitoda espectacular noite europeia do Sporting ontem em Alvalade. Goleámos o Besiktas, desta vez por 4-0 - no desafio de Istambul tínhamos vencido por 4-1. A primeira parte, que terminou com 3-0, foi uma das melhores da nossa equipa de que me recordo em muitos anos de competições da UEFA. Vencemos também no plano financeiro: estes dois triunfos asseguram 5,6 milhões de euros aos cofres leoninos. Garantimos desde já presença na Liga Europa. Mas continuamos com expectativas intactas em transitar para os oitavos da Liga dos Campeões: basta derrotarmos o Borussia Dortmund quando recebermos a turma alemã no próximo dia 24, aproveitando o facto de ter sido derrotada (1-3) pelo Ajax. Certamente o Sporting-Borussia contará com tanto público como desta vez, em que mais de 40 mil adeptos acorreram às bancadas incentivando a equipa do princípio ao fim.
Gostei do profissionalismo da nossa equipa: este era um jogo decisivo, em que só a vitória interessava. E entrámos em campo com essa atitude, decididos a marcar tão cedo quanto possível. Os golos foram aparecendo: aos 31', de penálti, por Pedro Gonçalves; aos 38', também marcado por ele, num remate muito bem colocado precedido de simulação; aos 41', por Paulinho; num disparo de meia-distância que fez levantar o estádio; e aos 56', por Sarabia, de pé direito, aproveitando da melhor maneira um ressalto em posição frontal. Pedro Gonçalves, que se estreou a marcar na Champions, regressa aos golos após um jejum de quase três meses: foi ele a sofrer o penálti e a construir excelentes jogadas que podiam ter inaugurado o marcador aos 8' e aos 10'. Merece, sem favor, o título de melhor em campo. Quando saiu, aos 72', escutou uma justíssima ovação - aliás à semelhança de Paulinho.
Gostei poucoque tivéssemos posto o pé no travão na meia-hora final, desperdiçando uma oportunidade soberana de ampliarmos o resultado, como o público ia pedindo e o próprio treinador também. Mesmo assim registámos a segunda goleada consecutiva na Champions e cumprimos uma série de 30 jogos sempre a marcar no nosso estádio para todas as competições - algo que não nos sucedia há 27 anos. Com este, já são sete desafios seguidos a vencer na temporada 2021/2022. E temos melhor quociente de golos (9-7) na comparação com o Borussia (4-8), o que pode ser fundamental como critério de desempate para prosseguirmos na Liga dos Campeões.
Não gostei de ver vários golos desperdiçados. Foram pelo menos três. Por Paulinho, que atirou ao poste aos 8' após excelente centro de Sarabia; por Daniel Bragança, que fez a bola rasar o poste aos 77'; e por Nuno Santos, ao rematar para fora quando estava isolado, aos 85'. Em qualquer dos casos, fizeram o mais difícil. Quase-golo aconteceu também, aos 48', quando Sarabia (outra exibição superlativa) fez a bola embater na barra. Também não gostei de ver sair Porro logo aos 17, por lesão: felizmente foi bem substituído por Esgaio.
Não gostei nada de continuar a ver uma parte da bancada sul despovoada. Ninguém frequenta aquela espécie de reserva de índios destinada àquilo a que o Governo atribuiu o nome de "cartão de adepto". Iniciativa totalmente fracassada, sem qualquer adesão. Aguardo que o secretário de Estado do Desporto, antes de cessar funções, anuncie o fim desta medida inútil que nunca devia ter sido tomada.
A foto até saiu engraçada, logo à primeira tentativa, mas não é isso que interessa agora.
Ganhámos por quatro outra vez e com a baliza inviolada, mas para a análise aqui virão os "experts".
A foto foi obtida às 19.45 horas. As bancadas estavam despidas.
Do que eu quero falar é da vergonha de a quinze minutos do início do jogo estarem na rua, amontoados, diria enjaulados, milhares de sportinguistas que, alguns deles, se sentaram já o jogo ia longo de mais de vinte minutos.
A organização do jogo, seja lá quem ela for mas terá a mão da UEFA, do Sporting e da polícia têm que ser responsabilizadas pelo desprezo com que foram tratadas milhares de pessoas que queriam apenas assistir a um jogo de futebol. E até chegaram a horas. Eu estive 45 minutos à espera que a polícia metesse dentro do estádio meia dúzia de turcos e mesmo assim, com tanto aparato de segurança, lá estavam os artefactos pirotécnicos... Esperei como algumas centenas que chegámos pela rua que desce do hospital Pulido Valente e tivemos sorte, pois quando nos deixaram passar lá estava uma mole imensa do lado da Padre Cruz, aqueles que acedem ao estádio pela porta 1.
Essa gente viria a entrar tarde, já o disse e parece não ser caso virgem, ao meu lado estava um consócio que diz que não viu o golo do último Sábado porque entrou mais de vinte minutos depois do jogo ter começado.
Parece-me que o Sporting tem que fazer-se ouvir e respeitar, concretamente no que a revistas diz respeito, que parece que noutros palcos é tudo ao molho.
Eu fui revistado, numa operação que demorou longos segundos, de tal forma que disse ao senhor que aquilo que encontrasse no meio das pernas seriam os tomates. Assim mesmo, que a irritação já era muita. Felizmente o resultado e a exibição da equipa excomungaram-na, mas que diabo...
Porra, até parece que nos querem fazer ficar em casa.
Voltamos amanhã a Alvalade para mais um encontro da Champions com o Besiktas, onde seguimos na terceira posição do grupo, ainda com hipóteses de passarmos à fase seguinte.
O jogo de Istambul mostrou um Sporting muito superior ao adversário, mas cada jogo é um jogo, e mesmo aparentemente desfalcado de alguns dos seus melhores jogadores, o Besiktas vai causar problemas e pedir o melhor do Sporting.
Com o regresso dos lesionados Gonçalo Inácio e Pedro Gonçalves o Sporting ganhou atrevimento e imprevisibilidade, atravessa agora uma fase em que melhora de jogo para jogo, mas o trio ofensivo ainda está aquém do que pode e deve fazer. Aquele golo no jogo de sábado de Pedro Gonçalves anulado por fora de jogo anterior de Sarabia já deu um "cheirinho" do que nos pode esperar.
Com Tiago Tomás se calhar ainda lesionado, imagino então que Amorim convoque os seguintes elementos:
Guarda-redes: Adán e Virgínia.
Defesas: Neto, Coates, Inácio e Feddal.
Alas: Esgaio, Vinagre, Porro e Matheus Reis.
Médios: Palhinha, Bragança, Matheus Nunes e Ugarte.
Avançados: Sarabia, Jovane, Pedro Gonçalves, Nuno Santos, Tabata e Paulinho.
O meu onze é o de sábado. Matheus Reis convenceu-me finalmente a ala esquerdo, até rematou à baliza e tudo, infelizmente acertou no braço do defensor.
Adán; Inácio, Coates e Feddal; Porro, Palhinha, Matheus Nunes e Matheus Reis; Sarabia, Paulinho e Pedro Gonçalves.
Concluindo,
Amanhã o Sporting entra em campo em Alvalade para ultrapassar o Besiktas e conquistar mais três pontos no nosso grupo da Champions.
Considerando o sistema táctico de Rúben Amorim, qual seria o vosso onze?
PS: Relativamente ao jogo de sábado, quem é que acertou (à primeira Pedro, à primeira ...) e prevendo inclusivamente o raciocínio do Amorim? O João Gil. Parabéns!
A bela vitória de ontem na Turquia é muito importante, em termos desportivos e morais - para além dos financeiros e dos sempre necessários pontos para o "ranking" europeu, os quais necessários serão para futuros sorteios -, potenciando o ambiente de maturação da equipa e de vários dos seus jogadores, e sendo decerto factor de sua galvanização. Tudo isto é crucial, mas o impulso moral - e até acalmia após o rombo Ajax - é precioso. Pois mostra algo: a época está a correr bem. E isso é fundamental num clube que não ganha um bicampeonato há 70 anos, longuíssimo período durante o qual os raros títulos nacionais têm sido sucedidos por épocas deslustrantes. Ou seja, onde a continuidade no sucesso (relativo, que seja) é um bem raríssimo, esquecido.
Nada do que se tem passado nesta época é gravoso: a equipa joga melhor do que o ano passado - quando foi campeã com justiça, mas também é justo dizer que tudo o que podia ter corrido bem correu... bem. Até agora (e longe vá o agoiro) nada piorou em termos de resultados: no campeonato tudo igual ao que se passou na época transacta, e a um ponto do líder. Na Europa um mau jogo inicial - tal como o ano transacto -, com alguma nervoseira e algum azar (que faz parte do jogo), contra um poderoso adversário, recente semi-finalista da Liga dos Campeões. E com esta vitória o percurso europeu associa-se, quantitivamente falando, às duas últimas participações nesta Liga (16/17, 17/18) - as quais foram muito boas, pois jogou-se contra colossos (Juventus, Barcelona [o verdadeiro], Real Madrid, Dortmund) e jogou-se muitíssimo bem, memória que aliás poderia servir para reduzir o actual e anacrónico afã crítico sobre o antigo treinador Jesus, que então comandou grandes campanhas futebolísticas tendo sossobrado pois diante de clubes extraordinariamente poderosos. E é isso a Liga dos Campeões. Insisto, ainda que seja algo lateral ao tema do postal: continuar a criticar Jesus é fazer por esquecer o excelente futebol com que o Sporting então se apresentou no grande palco europeu. É apoucar o recente historial do clube.
Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Besiktas-Sporting, para a Liga dos Campeões, pelos três diários desportivos:
Coates: 22
Palhinha: 20
Paulinho: 20
Sarabia: 18
Matheus Nunes: 17
Pedro Gonçalves: 17
Adán: 17
Gonçalo Inácio: 17
Porro: 17
Feddal: 16
Esgaio: 14
Matheus Reis: 14
Tiago Tomás: 13
Nuno Santos: 11
Daniel Bragança: 1
Neto: 1
Os três jornais elegeram Coates como melhor em campo.
Não é Ajax quem quer, é quem pode. O Ajax entrou em Alvalade em modo tracção à frente, destruiu a defesa do Sporting colocando muitos jogadores em zonas avançadas, jogando em velocidade e dando uma lição do que é o "passing game" de que falava Keizer. E foram 5-1, mesmo com um golo anulado ao Paulinho que poderia ter mudado muita coisa. Hoje o Dortmund provou do mesmo veneno. E foram 4-0.
O Besiktas entrou em campo com a mesma ideia do Ajax. Frenesim ofensivo, jogar no limite do fora de jogo, destruir a construção de jogo do Sporting, usar a velocidade. E nos primeiros minutos o Sporting passou mal, muito desconfortável na saída a jogar com a pressão imediata do adversário, e por vezes querendo jogar bem quando não havia espaço para isso.
Mas a verdade é que a todo aquele frenesim ofensivo do Besiktas faltava a qualidade individual e colectiva do Ajax e desta vez não havia dia santo na loja, "El Patron" estava lá, e com ele uma muralha defensiva central de elevada qualidade. E quando o Sporting conseguia ultrapassar o "pack ofensivo" do Besiktas, deparava-se com um mar de facilidades que foi desaproveitando.
Estávamos nesta corda bamba entre a derrota e a vitória por goleada, quando dum canto "El Patron" marcou o primeiro, sofremos um golo dum canto também daqueles que parecem que as leis do futebol tem variantes geográficas como o código da estrada, logo a seguir doutro canto marcou o segundo, e doutro canto ainda marcaria o terceiro, mas o defesa adversário estragou-lhe o "hat trick" com um belo gesto de andebol. E ainda evitou um golo adversário, gerindo com mestria a linha defensiva.
Na segunda parte o Besiktas tentou muito mas conseguiu muito pouco, Palhinha e Matheus Nunes melhoraram muito de rendimento, e os três avançados foram cada vez mais tendo situações de contra-ataque em igualdade ou até superioridade numérica que foram desperdiçando, por falta de articulação entre eles (se calhar foi a primeira vez que alinharam os três pelas razões conhecidas), por egoísmo de algum deles, ou por azar puro naquelas duas bolas nos ferros do Paulinho.
E finalmente, em mais um lance desperdiçado por Pedro Gonçalves, a bola sobra para Paulinho e... golaço! De nível Cristiano Ronaldo, se calhar o melhor desta jornada da Champions. Aquele que ele devia aos Sportinguistas pelo outro que falhou em Dortmund quando quis fazer a mesma coisa.
Se calhar foi o melhor jogo de sempre de Coates com a camisola do Sporting, pelo comando brilhante da linha defensiva, pelos dois golos marcados, e um penálti provocado e pela excepcional capacidade de liderança em campo demonstrada.
Depois um Palhinha que foi melhorando com os minutos e que na segunda parte esteve ao nível que nos habituou, essencial para quebrar o ânimo atacante do Besiktas.
E a seguir obviamente aquele que marcou um belo golo, enviou duas bolas aos ferros, fez uma assistência para golo, o sempre esforçado, dedicado e devoto, mesmo que nem sempre glorioso Paulinho.
Sinal menos apenas para Matheus Reis, que desaproveitou completamente a oportunidade de se afirmar na ala esquerda, e um Pedro Gonçalves naturalmente fora de forma.
E agora como vai ser neste grupo da Champions? Bom, agora é ganhar ao Besiktas em Alvalade, depois ganhar ao Dortmund em Alvalade e depois ganhar ao Ajax em Amsterdão. É simples. Se não conseguirmos logo se vê. Não faltarei em nenhum dos jogos, acredito neste treinador, acredito nesta equipa, alguma coisa de bom vai acontecer.
PS: Lembrar ao Besiktas que temos um defesa lateral direito disponível de enormíssima qualidade, muito melhor ainda que o Rosier, com grande experiência internacional multicontinental e que se chama Bruno Gaspar. Vendemos barato.
Gostei muitoda goleada do Sporting em Istambul. Vencemos o Besiktas por 4-1: foi o primeiro triunfo leonino desde sempre na Turquia e a primeira vez que espetamos quatro golos em baliza alheia na Liga dos Campeões. Jornada grande para o nosso emblema. Com exibições superlativas de três jogadores. Desde logo o grande Coates - melhor em campo, um dos nossos melhores centrais de todos os tempos, autor dos dois primeiros golos (16' e 27') e com eficácia máxima no capítulo do passe: não falhou um. Depois, Palhinha: encheu o campo todo em sucessivas recuperações e sete desarmes, sem jamais desistir de um lance. Destaque ainda para Porro, felizmente sem sequelas da entrada sofrida contra o Belenenses na Taça de Portugal. Foi ele a marcar o canto de que nasce o nosso primeiro golo. Foi ele também a dominar por completo o seu corredor, vulgarizando a equipa adversária e ajudando a encostá-la às cordas.
Gosteique Paulinho tivesse regressado aos golos. E da maneira como voltou, marcando um golaço em Istambul - o nosso quarto, aos 89', que selou o triunfo sobre o Besiktas. Num jogo em que fez assistência para o segundo golo e mandou duas bolas aos ferros (67' e 72'). Gostei também de Sarabia, que se estreou a marcar pelo Sporting apontando um penálti aos 44', e da forma eficaz como o nosso bloco defensivo colocou nove vezes (!) em fora de jogo os atacantes da equipa turca: regular como um pêndulo, poupando muito trabalho a Adán, que voltou a mostrar-se em excelente nível.
Gostei pouco de termos falhado vários golos cantados: se tivessem sido convertidos, facilmente venceríamos por sete ou oito. Além das bolas aos ferros, Pedro Gonçalves, Matheus Reis, Tiago Tomás (no último lance do jogo) e o próprio Porro foram perdulários. Há correcções a fazer no domínio da pontaria, sem retirar brilho a este saborosíssimo triunfo que enche de orgulho todos os verdadeiros sportinguistas.
Não gostei de rever Rosier, agora titular do Besiktas. Deu algum trabalho, sobretudo a Matheus Reis, no quarto de hora inicial da partida, mas é jogador vulgar, que não deslumbra. A sua contratação - como várias vezes aqui se disse - foi um erro felizmente rectificado quase sem prejuízo financeiro para o Sporting. Em Alvalade, não deixou saudades. Que seja feliz na Turquia: está à distância certa.
Não gostei nada do golo turco, validado pela equipa de arbitragem com a concordância do VAR. Aconteceu aos 25'. As imagens não enganam: Larin apoia-se em Matheus Reis, carregando-o nos ombros e impedindo-o de saltar com ambas as mãos. Falta evidente que passou impune. Só assim, à margem das regras, eles conseguiram não ficar em branco.
... naquele que terá sido um dos melhores livros que porventura terei lido, O museu da inocência do Nobel da Literatura Orhan Pamuk. Este livro conta, não só aquilo que é mais antigo na humanidade, uma história de amor entre um homem e uma mulher (neste sentido, pois o narrador é masculino), como conta igualmente - de uma forma brilhante - uma história de amor por uma cidade: Istambul.
Recomendo a leitura.
Hoje, que o Sporting jogou em Beşiktaş, um bairro de Istambul, extraí este pequeno trecho deste livro:
«De súbito, uma expressão estranha e embaraçada assomou-lhe ao rosto, e ele começou a falar com impaciência, como se algo o tivesse irritado. - Lembras-te daquela rapariga muito bela?... Sabes, aquela que vimos os dois quando fomos a Beşiktaş? Quando a viste, o que pensaste?
- Qual rapariga?
O meu pai ficou ainda mais impaciente.
- Oh, pára com isso, estou a falar daquela rapariga muito bonita que vimos os dois no Parque de Barbaros, há dez anos, quando fomos a Beşiktaş.
- Pai, não tenho qualquer lembrança disso.
- Filho, como podes não te recordar? Eu e tu olhámo-nos nos olhos. Ao meu lado estava sentada uma rapariga muito bonita.
- O que aconteceu depois?
- Não quiseste embaraçar o teu pai, e por isso desviaste educadamente o olhar. Já te lembras?
- Não, não me lembro.
- Mentira, tu viste-nos!
Sinceramente não me recordava daquele episódio, mas não havia forma de convencer o meu pai. Depois de uma demorada e desajeitada discussão, concordámos que provavelmente eu quisera esquecer o sucedido, e conseguira. Ou talvez ele e a rapariga tivessem simplesmente entrado em pânico, julgando que eu os vira. E foi assim que chegámos ao verdadeiro assunto.
- Aquela rapariga foi minha amante durante onze anos, e era muito bela - revelou o meu pai, combinando orgulhosamente os dois factos mais importantes numa única frase.
Era óbvio que o meu pai sonhava há muito falar-me a respeito da beleza daquela mulher, e a ideia de eu poder não ter visto tal coisa com os meus próprios olhos - ou, pior ainda, que eu pudesse tê-la visto e esquecido quão bela era - desanimou-o um pouco. Tirou uma pequena fotografia a preto e branco do bolso. Mostrava uma rapariga - muito jovem - de tez escura e ar desolado, apoiada no convés traseiro de um dos ferry-boats do Bósforo, em Karaköy.
- Esta é ela - esclareceu o meu pai. - Esta fotografia foi tirada no ano em que nos conhecemos. E uma pena que ela aqui esteja tão triste; não dá para ver como era bela. E linda, não é? Já te lembras?
Não respondi. Incomodava-me ouvir o meu pai falar sobre uma relação amorosa, ainda que esta tivesse terminado há muito tempo. Mas naquele momento não percebi exactamente o que me estava a incomodar.
- Ouve-me com atenção, não quero que repitas nada do que aqui te vou dizer ao teu irmão - avisou o meu pai, tornando a guardar a fotografia na carteira. - Ele é demasiado austero, não iria entender. Tu estiveste na América, e nada do que eu contar te vai chocar. De acordo?
- Claro, pai querido.
- Então ouve - disse ele, começando a contar a sua história ao mesmo tempo que beberricava o rakı.
Fora há «dezassete anos e meio, num nevoso dia de Janeiro de 1958», que ele conhecera aquela rapariga, ficando imediatamente enamorado da sua beleza pura e inocente. A rapariga trabalhava na Satsat, que o meu pai acabara de fundar. A princípio era apenas uma relação profissional, mas, apesar da diferença de vinte e sete anos entre os dois, acabara por se tornar algo mais «sério e emocional». Um ano depois de a rapariga ter iniciado uma relação amorosa com o seu bem-parecido patrão (o meu pai, calculei rapidamente, teria quarenta e sete anos na altura), ele forçou-a a deixar a Satsat. Por ordem do meu pai, ela não procurou outro emprego; em vez disso, passou a levar uma vida discreta num apartamento em Beşiktaş, que o meu pai lhe arranjara, sonhando que um dia se casariam.
- Ela era muito bondosa, muito sensível e inteligente; uma pessoa muito especial - contou o meu pai. - Não era de forma nenhuma igual às outras mulheres. Tive algumas escapadelas na minha vida, mas nunca me apaixonei por ninguém como me apaixonei por ela. Pensei muito em casar com ela, meu filho... Mas, o que teria sido da tua mãe? O que teria sido de ti e do teu irmão?
Ficámos em silêncio por algum tempo.
- Não me interpretes mal, filho; não estou a dizer que me sacrifiquei para que vocês pudessem ser felizes. Na verdade era ela que queria mesmo casar-se, claro. Mantive-a na expectativa durante anos. Simplesmente não podia imaginar a minha vida sem ela, e quando era impedido de a ver sofria muito. Mas não tinha ninguém com quem partilhar a minha dor. E então um dia ela disse-me: «Resolve-te!» Ou eu deixava a tua mãe e me casava com ela, ou ela deixava-me. Serve-te de rakı.
Fez-se silêncio.
- Quando recusei abandonar a minha mulher e os meus dois filhos, ela deixou-me - contou o meu pai. Admitir tudo aquilo deixou-o exausto, mas também descontraído. Quando olhou para mim e viu que podia continuar a desabafar comigo, descontraiu-se mais ainda.
«Eu estava em sofrimento, num enorme sofrimento. O teu irmão tinha-se casado e tu estavas na América. Mas claro que tentei ocultar a minha angústia à tua mãe. Esconder-me pelos cantos como um ladrão e sofrer em segredo era outra agonia. A tua mãe apercebera-se da existência desta amante, tal como acontecera com as anteriores; ao compreender que algo sério se passava, guardou silêncio. A tua mãe, a Bekri e a Fatma Hanım; vivíamos os quatro juntos como personagens a imitar uma família feliz num quarto de hotel. Eu bem via que não conseguiria encontrar alívio, que se as coisas continuassem como estavam eu enlouqueceria, mas não era capaz de fazer o que era preciso. Ao mesmo tempo, ela - (o meu pai nunca mencionou o seu nome) - estava a sofrer tanto quanto eu. Anunciou-me que um engenheiro a pedira em casamento e que, se eu não me resolvesse depressa, ela aceitaria o pedido. Mas eu não a levei a sério... Fui o primeiro homem com quem ela esteve. Achava que era impossível ela desejar outro, que aquilo só podia ser bluff. Mesmo quando duvidei do meu raciocínio e comecei a entrar em pânico, continuei paralisado. E então tentei não pensar no assunto. Lembras-te do Verão em que o Çetin nos levou a todos à feira de Izmir? Quando regressámos ouvi dizer que ela se tinha casado, mas não consegui acreditar. Estava convencido que ela apenas anunciara aquilo para chamar a minha atenção e fazer-me sofrer. Recusou todas as minhas tentativas para a ver, ou sequer para falar com ela; não atendia o telefone. Chegou mesmo a vender a casa que eu lhe comprara e mudou-se para um lugar onde eu não a pudesse encontrar. Teria ela realmente casado? Quem era o seu marido engenheiro? Teria tido filhos? O que andaria a fazer?»
Goleada leonina em Istambul: acabamos de vencer lá 4-1. Golos de Coates (2), Sarabia e Paulinho. Salvo erro, nunca tínhamos marcado quatro fora na Liga dos Campeões.
Início complicado, com sonoro "inferno" nas bancadas, onde quase todos puxavam pela equipa deles. Mas o domínio foi inteiro do Sporting a partir do minuto 15: silenciámos os adeptos visitados nesta nossa primeira vitória desde sempre na Turquia.
Escrevo ainda em estado de euforia, por motivos compreensíveis: foi a melhor exibição europeia do Sporting de há vários anos para cá. Garante-nos três pontos na Liga dos Campeões - e o prémio monetário correspondente: 2,8 milhões de euros.
O Sporting tem amanhã em Istambul (uma cidade que gostaria de visitar noutra oportunidade mais sossegada) uma partida de crucial importância para o que vai ser o resto desta época. Uma vitória coloca o Sporting com uma Liga Europa quase alcançada e ainda com uma possibilidade algo remota é certo de algo mais, uma derrota pode conduzir o Sporting à situação da época passada, fora das competições europeias.
Apesar das duas derrotas até agora consentidas na Champions, não há dúvida que o Sporting melhorou muito de Alvalade para Dortmund, a tremideira inicial terá sido ultrapassada e estamos em condições de ir a Istambul conquistar os 3 pontos em disputa. Mas temos que nos lembrar também do que aconteceu há 2 anos na mesma cidade mas frente a outro clube, num jogo em que tivemos todas as condições para ser felizes mas conseguimos "entregar o ouro ao bandido".
O jogo do Restelo ajudou a dar minutos a alguns menos utilizados, e vamos na máxima força para Istambul:
Guarda-redes: Adán e João Virgínia.
Defesas: Neto, Coates, Gonçalo Inácio e Feddal.
Alas: Porro, Esgaio, Matheus Reis e Vinagre.
Médios: Palhinha, Bragança, Matheus Nunes e Ugarte.
Interiores: Pedro Gonçalves, Jovane, Nuno Santos e Sarabia;
Avançados : Paulinho e TT.
Imagino que as grandes questões do Amorim, situação do Porro à parte, será escolher os dois que acompanharão Coates, entre Neto, Feddal e Inácio, e os dois também que acompanharão Paulinho, entre Sarabia, Pedro Gonçalves e Tiago Tomás. Eu cá apostaria no onze que tão boa conta deu em Dortmund, esperando que desta vez o Sarabia esteja bem melhor e o Paulinho não falhe no passe de morte ao Tiago Tomás:
Adán; Neto, Coates e Feddal; Porro, Palhinha, Matheus Nunes e Matheus Reis; Sarabia, Paulinho e Tiago Tomás.
Concluindo,
Amanhã o Sporting entra em campo em Istambul para prosseguir na Europa da melhor forma possível.
Considerando o sistema táctico de Rúben Amorim, qual seria o vosso onze?
Rúben Amorim convocou os seguintes jogadores para o Besiktas-Sporting de terça-feira:
Guarda-redes: Adán, João Virgínia e André Paulo.
Defesas: Porro, Esgaio, Neto, Coates, Gonçalo Inácio, Feddal, Matheus Reis e Vinagre.
Médios: Palhinha, Matheus Nunes, Ugarte e Daniel Bragança.
Avançados: Pedro Gonçalves, Sarabia, Nuno Santos, Jovane, Tiago Tomás e Paulinho.
De assinalar a inclusão de Porro, confirmando que a lesão sofrida no jogo para a Taça de Portugal, frente ao Belenenses verdadeiro, não teve a gravidade que supúnhamos.
Jogador X afirmou ontem que, à data de 15 de Agosto, dia em que a sua filha comemorou 6 dias de vida, o clube A já tinha pago o salário a todos os seus colegas, sem, no entanto, este ter recebido o seu vencimento.
Sensivelmente uma semana depois desta data, o clube A oficializou o empréstimo do jogador X ao clube B.
Em resposta às declarações do jogador X, o clube A revolta-se e afirma, quanto à questão do salário que não foi pago, que os contratos são feitos a partir de Julho, portanto a partir desse mês, quaisquer encargos com o jogador ficam a cargo do clube B.
O que eu gostava de perceber é o seguinte:
Como pode o negócio entre os clubes A e B ser oficializado depois de 20 de Agosto e ser o clube B o responsável pelo pagamento do vencimento de Julho ao jogador X?
É que até compreendo que seja o clube B a assumir os encargos referentes ao mês de Agosto. Agora qual é a lógica de ter de pagar também o vencimento de Julho se, à data em que foi consumada a transferência, o jogador já o devia ter recebido, por ter trabalhado no outro clube?
No dia 1 de Outubro de 2015, o Sporting Clube de Portugal deslocou-se à Turquia para defrontar o Besiktas, tendo-se feito representar pelo seguinte onze: Rui Patrício, Jonathan Silva, Naldo, Tobias, João Pereira, William Carvalho, Alberto Aquilani, Carlos Mané, Matheus Pereira, Bryan Ruiz e Teo Gutiérrez.
O onze de ontem era um “pouco” diferente e contava apenas com seis alterações…
Com isto não quero dizer que o onze anterior tinha menos qualidade, apenas posso concluir que era um pouco diferente. Ontem alinharam Paulo Oliveira, Jefferson, João Mário, Adrien Silva, Slimani e Fredy Montero nos lugares de Jonathan Silva, Tobias, Alberto Aquilani, Carlos Mané, Matheus Pereira e Teo Gutiérrez.
Na minha perspectiva, estas alterações acrescentaram maturidade, objectividade e criatividade.
Paulo Oliveira e Jefferson trazem maturidade à linha defensiva. As rotinas de jogo que Adrien Silva e João Mário apresentam, acompanhados por William Carvalho, acrescentam maturidade e criatividade ao nosso futebol. Por fim, Slimani é o jogador que qualquer treinador queria ter no seu plantel. Ele nunca desiste… É o primeiro jogador a defender e não dá um lance por perdido.
Mas será que foram estas alterações que fizeram toda a diferença? Sinceramente… Acho que não.
Estamos diferentes porque finalmente estamos rendidos ao nosso lema. Só com esforço, dedicação e devoção é que chegamos à glória. Parece que finalmente encontrámos a nossa identidade.
Uma vez mais, valeu o Sporting para salvar a imagem do futebol português nas competições internacionais. Três-a-um esta noite em Alvalade, frente ao Besiktas. Seguimos em frente na Liga Europa.
Venha o próximo.
{ Blogue fundado em 2012. }
Subscrever por e-mail
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.