Para falar do jogo de ontem no mítico estádio do Restelo, onde pude voltar para desfrutar dum ambiente incrível, sinceramente fiquei siderado pela pujança dum clube cuja equipa de futebol anda pela 4.ª divisão nacional, tenho obrigatoriamente que começar pelo comentário que acho brilhante dum dia destes do nosso leitor Francisco Gonçalves. Disse ele e eu cito:
"Para Rúben Amorim, o sistema 3-4-3 é a base de todo o seu entendimento sobre como uma equipa deve abordar um adversário, em qualquer momento, em qualquer Estádio. Não quer dizer que seja o único que conheça, ou que seja capaz de trabalhar, mas é aquele em que, atualmente, aposta todas as fichas.
Naturalmente, enquanto correr bem – e está a correr muito bem! -, Rúben Amorim não encontra motivos para alterar a sua linha de pensamento e de atuação. A inteligência e a perspicácia do jovem treinador hão de ajudá-lo a perceber que, se a eficácia do seu 3-4-3 estiver esgotada, é tempo de mudar. É como naquelas relações em que pensamos que serão para o resto da vida e, às vezes, afinal, não foram.
Num exercício de pura especulação, eu acho que a base que sustenta o trabalho de Rúben Amorim é o manual de 11 capítulos que ele transporta sempre consigo: o capítulo 1 revela o que o treinador espera do seu guarda-redes; o capítulo 2 revela o que o treinador espera do seu lateral-direito, até ao capítulo 11 que revela o que o treinador espera do seu extremo-esquerdo.
O sistema tático 3-4-3, como todos os outros, permite criar dinâmicas que se ajustem ao espaço temporal do próprio jogo e às circunstâncias que ele vai revelando.
Um jogo de futebol contém, reconhecidamente, vários momentos, que passam, inevitavelmente, pela organização ofensiva e defensiva, pelas transições (ofensivas e defensivas), pelos lances de bola parada e pelo talento individual que, não raras vezes, de uma forma supra a qualquer momento do jogo, resolve um desafio.
No manual de Rúben Amorim, em cada um dos capítulos, está tudo muito bem escalpelizado e cada um dos jogadores só tem que estudar o seu capítulo. Imagino que Rúben Amorim recomende a cada jogador do seu plantel o estudo apurado do respetivo capítulo e de mais um ou dois que serão os correspondentes à necessidade de atribuir uma polivalência, planeada ou inopinada, a este ou àquele jogador.
Rúben Amorim não ajusta a equipa às característica de um jogador, seja ele qual for. Ao invés, os jogadores estudam o capítulo que lhes compete e sabem, com um rigor infalível, o que o treinador espera de cada um deles. Esse é o seu inestimável contributo para o sucesso da equipa.
O sistema tático é aquele. Através da aquisição dos conhecimentos que derivam da leitura do manual, acrescida da disponibilidade física e mental para interpretar, com eficácia, aquela leitura, o jogador sabe o que fazer, quando a equipa tem bola, quando não tem, quando defende quando ataca, de forma organizada, ou em transições rápidas e, também, conhecem o seu papel, nos lances de bola parada.
Esse imaginário manual é aplicado em todos os treinos. Os jogadores que parecem saber colocar em prática o seu respetivo capítulo, são aqueles que, por norma, integram o onze inicial.
Este forma de Rúben Amorim trabalhar representa 90% do contributo para que o Sporting Clube de Portugal possa vencer os seus jogos.
Os restantes 10% têm origem no talento individual que, consoante a inspiração do momento, podem ser decisivos para resolver aquilo que o manual de Rúben Amorim não foi capaz de resolver.
Como exemplo, os “passes” à baliza de Pedro Gonçalves. Até parece fácil, mas aquilo é, de facto, talento e inspiração, em doses ajustadas ao momento."
Simplesmente brilhante. Parabéns, caro Francisco.
Pois ontem o que vimos no Restelo foi isso mesmo. Virgínia fazia de Adán, Esgaio de Inácio, Inácio de Coates, Feddal dele mesmo, Vinagre também, e Pedro Gonçalves idem idem. Ugarte fazia de Palhinha, Bragança daquele Bragança quando entra para o lugar do Matheus Nunes, Gonçalo fazia de Porro até lhe tentando imitar as incursões e remates, TT fazia de Sarabia e Jovane de Paulinho. E o futebol era o mesmo, apenas mudavam os intérpretes, que conheciam a pauta de cor e salteado.
Começa o jogo. Vinagre faz aquilo que devia sempre fazer, entrar em velocidade e centrar na passada, o Paulinho (Jovane) falha, e o Sarabia (TT) põe lá dentro. Depois começou a fazer outras coisas menos positivas, mas levou um refreshment à moda de Amorim na pausa técnica provocada pelo dói-dói dum adversário. Depois disso melhorou em muito na definição dos lances.
Naquela primeira parte foram mais quatro ou cinco oportunidades assim. Dum Coates (Inácio) ou dum Inácio (Esgaio) lançar em profundidade, o Palhinha (Ugarte) distribuir, o Bragança colocar, e alguém falhar frente à baliza, com grande mérito do guarda-redes adversário pelo meio.
Fomos para o intervalo com a vantagem mínima, mas a poder estar a ganhar por 4 ou 5.
Obviamente sofremos um pouco na segunda parte. O adversário sentiu que tinha uma oportunidade, veio com o peso da história do grande Belenenses e o apoio tremendo dos adeptos a dar-lhe asas, e a coisa podia-se ter complicado. Felizmente veio um canto e um segundo golo dum TT que parece ter ganho entretanto uns bons quilos de músculo. Isso matou o jogo.
Depois entrou-se na gestão física. Porro entrou para rodar para a Turquia, mas logo fez uma entrada um pouco estúpida e sofreu logo a seguir uma retaliação para matar, felizmente parece que não foi nada demais, o árbitro ficou tão baralhado da cabeça por não ter mostrado o obrigatório vermelho que logo compensou com um penálti e logo a seguir teve a oportunidade que não desperdiçou para expulsar aquele filho... que parece que é osteopata.
O que fica deste jogo? A passagem à eliminatória seguinte, um resultado mais que positivo no teste à profundidade do plantel, uma demonstração duma lição bem estudada que resiste à troca de Manuéis por Joaquins. Está de parabéns mais uma vez este grande treinador que temos e que se chama Rúben Amorim.
Gostei imenso de voltar ao Restelo, penso que 48 anos depois de lá ter ido pela primeira vez pela mão dum vizinho sócio dos Belenenses, ver o Sporting perder por 1-0, uma das poucas derrotas no ano glorioso da dobradinha de 73/74. Obrigado, Rúben Amorim.
De quem mais gostei? De Ugarte. Aquilo é como o algodão, não engana. Classe pura.
Gostei muitoda nossa primeira goleada da época. Num dos mais belos estádios da Europa - o do Restelo, infelizmente há muito arredado de grandes confrontos futebolísticos. Casa do Belenenses verdadeiro, não dessa contrafacção que anda aí a tentar usurpar-lhe o nome. Bom relvado, bancadas com mais de 12 mil adeptos dos dois clubes, atmosfera entusiástica, verdadeira festa do futebol. Com um onze composto por seis suplentes, o Sporting impôs hoje a sua superioridade desde o minuto 2, quando Tiago Tomás inaugurou o marcador, e controlou sempre a partida. Resultado: triunfo por quatro golos sem resposta. As nossas redes voltaram a ficar invictas. Os três outros golos foram marcados por TT, bisando aos 68', Jovane (77') e Nuno Santos (80'), os dois últimos na conversão de grandes penalidades.
Gosteide algumas exibições. Começando pela de Rúben Vinagre, que regressou ao onze titular após a malograda actuação frente ao Ajax em Alvalade. Esta é uma das melhores notícias da noite: temos o jogador recuperado. Foi, para mim, o melhor Leão em campo. Assistiu TT no golo inicial e serviu-lhe a bola de bandeja aos 79' no lance que originou o segundo penálti a nosso favor - e o quarto golo do Sporting. Excelentes cruzamentos de Vinagre também aos 14', 53' e 62' - infelizmente desperdiçados pelos colegas. Tiago Tomás também merece destaque, naturalmente, pelos dois golos que marcou: concorre cada vez mais com Paulinho para ponta-de-lança titular. Também gostei dos regressos de Pedro Gonçalves (substituído aos 63' por Nuno Santos) e Gonçalo Inácio (que fez de Coates e esteve em campo até aos 83'), ambos recuperados de lesões. Destaque ainda para as boas estreias de Gonçalo Esteves (como ala direito titular: aos 17 anos, promete ser craque), João Virgínia (substituindo Adán na baliza, sem muito trabalho) e João Goulart (central, capitão da nossa equipa B, entrando aos 83' para render Gonçalo Inácio).
Gostei pouco de termos chegado ao intervalo a vencer só por 1-0 no Restelo. E do festival de golos desperdiçados (quase todos devido à excelente intervenção do guarda-redes azul Marcelo Valverde, o melhor em campo). Anotei estes: Jovane aos 14', Feddal aos 24', Pedro Gonçalves aos 36', Gonçalo Inácio aos 44', Nuno Santos aos 89', Tiago Tomás aos 43', 86' e 90'+3. Apesar da goleada, frente a uma equipa do quarto escalão do futebol português, continuamos a pecar no capítulo da finalização.
Não gostei de continuar a ver um defeito que venho notando neste Sporting 2021/2022: escassa presença na área em momentos decisivos. Excepto em lances de bola parada, muitas vezes mantínhamos apenas Tiago Tomás naquela zona. Não faltaram centros bem medidos que acabaram por não ter desfecho positivo devido à ausência de um elemento que pressionasse junto ao segundo poste. Demasiada contenção ofensiva, que o resultado de algum modo disfarça por termos beneficiado de dois penáltis - o primeiro, quanto a mim, algo forçado. Se há coisa de que não podemos queixar-nos, em tempos recentes, é de falta de grandes penalidades a nosso favor.
Não gostei nada da entrada assassina de um jogador do Belenenses chamado Frias. Aplicou uma tesoura na tibiotársica de Pedro Porro, que entrara minutos antes em campo e saiu de maca, contorcendo-se com dores, ao minuto 75. Provável lesão grave do internacional espanhol que poderá afastá-lo dos relvados durante algumas semanas. Começando já no desafio de terça-feira, frente ao Besiktas, para a Liga dos Campeões. O tal sujeito, espantosamente, nem levou vermelho directo nesse lance - como se impunha. Viu-o pouco depois, ao fazer falta sobre Tiago Tomás, na jogada que nos rendeu o segundo penálti. Mancha vergonhosa numa noite que devia ser apenas de celebração e festa.
Depois de mais uma pausa das competições de clubes pelos compromissos das Selecções, voltamos amanhã ao Restelo para defrontar os "verdadeiros" Belenenses numa eliminatória da corrida para o Jamor, ou seja, da sempre importante Taça de Portugal. O caricato da questão é que o Jamor tem sido a casa dos "bastardos" Belenenses, a B-SAD.
Não sei quantas vezes já fui ao Restelo, a primeira penso que foi na época gloriosa de 73/74 ver o Sporting sofrer uma das poucas derrotas da temporada, outras derrotas aconteceram depois, mas também muitas vitórias do Sporting, a mais fácil na época de 2015/2016, um 5-2 sendo Julio Velásquez o treinador "moderno" do já então BelenensesSAD que baralhou completamente a cabeça aos seus jogadores.
Mas, voltando ao jogo de amanhã, imagino que Amorim esteja a fazer um balanço entre a gestão física dos mais utilizados, a necessidade de dar minutos e protagonismo aos menos utilizados, e a preparação também ela necessária da jornada na Turquia. Tendo no banco quem poderá entrar e resolver alguma situação complicada.
Coates está na selecção Uruguaia, Neto está a contas com uma lesão muscular. Imagino então que Amorim convoque os seguintes elementos, dando descanso a Sarabia:
Guarda-redes: Adán e Virgínia.
Defesas: Inácio, Feddal e Matheus Reis.
Alas: Esgaio, Vinagre, Porro e Gonçalo Esteves.
Médios: Palhinha, Tabata, Bragança, Matheus Nunes e Ugarte.
Interiores: Pedro Gonçalves, Jovane e Nuno Santos;
Avançados : Paulinho e TT.
Pelo que atrás referi, o meu onze no 3-4-3 habitual seria assim:
Virgínia; Esgaio, Feddal e Matheus Reis; Porro, Ugarte, Bragança e Vinagre; Pedro Gonçalves, Jovane e Tabata.
Concluindo,
Amanhã o Sporting entra em campo no Restelo (não faltem a ida a um estádio pleno de recordações) para prosseguir na corrida ao Jamor.
Considerando o sistema táctico de Rúben Amorim, qual seria o vosso onze?
Hoje, dia 1 de Maio, celebra-se o dia do trabalhador.
Há um sinónimo de trabalhador que me interessa, especialmente, operário (do latim operor; trabalhar, ser eficaz, produzir).
A imagem que ilustra este texto foi obtida hoje perto do Largo da Princesa, Belém, um espaço geográfico que os pés descalços de José conheceriam.
Um operário vestido de azul ganga durante a semana e vestido de azul com a cruz de Cristo no domingo.
Estreou-se na equipa principal do Belenenses num jogo contra o Benfica com apenas 16 anos recentemente completados. A quinze minutos do final o Belenenses perdia por 4-1, mas, a equipa deu a volta ao resultado e venceu por 5-4. José Manuel Soares tornou-se de um dia para o outro um ídolo popular.
Entre 1926 e 1931, transformou-se na maior estrela do futebol português do seu tempo. Avançado felino, tem o recorde de golos num só jogo - 10 ao Bom Sucesso - e quando se estreou pela selecção portuguesa com dois golos à França, com meros 18 anos, "foi o delírio" nas "ruas mais pobres de Belém", como lemos em A História do Futebol em Lisboa: "representava a alma do Bairro, o seu orgulho e a sua vaidade." O momento de maior glória chegaria com a participação portuguesa nos Jogos Olímpicos de 1928.
No dia do primeiro jogo, com o Chile, uma multidão encheu as ruas no centro de Lisboa, lendo as edições especiais dos jornais, ou observando o painel no Rossio onde a partida foi acompanhada num directo pré-televisão, com um homem, em contacto com Amesterdão, assinalando com um íman e com a precisão possível os avanços e recuos da bola no campo.
Portugal vence 4-2, ele marca e é decisivo nessa e na vitória seguinte, frente à Jugoslávia. A contestada derrota com o Egipto no terceiro jogo [um golo invalidado a Portugal] não maculou em nada o seu prestígio, estrela maior do futebol de então; nos campos era um ídolo, fora dele, um simples operário no Centro de Aviação Naval do Bom Sucesso.
Como depreendemos pelo título foi a mãe que o matou, num dia de infelicidade, a solidariedade da bairro operário em que viviam (é interessante pensarmos em Belém como um bairro operário) funcionou e a pobre senhora que, apenas, trocara o sal por soda caústica* para fazer uma sopa, nunca foi acusada de nada embora os vizinhos soubessem o que acontecera.
Chamava-se José, passou para a posteridade como Pepe, um operário que morreu por comer sopa.
*a soda caústica era utilizada em conjunto com areia para "arear" tachos e panelas, é muito semelhante ao sal e a sua ingestão é mortal.
Desta vez (por responsabilidade minha) houve menos prognósticos. Mas nem por isso deixou de haver vencedores na habitual ronda de vaticínios organizada pelo És a Nossa Fé.
Concretamente, destacaram-se dois dos nossos estimados leitores: JHC e Luís Ferreira. Ambos anteciparam o 2-1 final do dérbi de ontem. Parabéns.
Eu devo estar maluco na medida em que ontem vi um belo jogo de futebol pela televisão, a partir de Alvalade. Pelo que assisti, em especial na primeira parte, Belenenses e Sporting jogaram uma partida intensa, com oportunidades criadas (e aproveitando erros do oponente), sem cacetada, autocarros, perdas de tempo ou arbitragens protagonistas. Se o SCP não espetou quatro foi porque não se pode sempre espetar quatro e sobretudo porque a equipa de Silas defendeu bem, pressionou e se tornou venenosa no contragolpe. Também vi um onze do SCP com dois jogadores em posições nucleares vindos de lesões (e do Natal e do Ano novo), um risco que o treinador quis assumir e que, obviamente, se notou a espaço, embora tanto Wendel como Nani tenham estado bastante bem. E sem o nosso melhor jogador, óbvio. No segundo tempo, vi boas combinações no jogo interior, que acabaram por dar dois golos. Vi uma equipa solidária nos últimos minutos (já sem Wendel e sem Nani), a defender contra uma bela equipa orientada por um Silas que merece todo o aplauso. Viemos de um jogo recente – em Santa Maria da Feira – e se o Belenenses também, é verdade que a equipa de Silas poupou quase todos, apostando as fichas neste jogo de ontem. Perdeu e ganhamos nós. É assim, ganhando estes jogos complicados e disputados, que se vai longe. E cá para mim, e felizmente, foi uma bela e intensa partida de futebol em 60 a 70% do tempo.
Eu ainda sou do tempo de mestres da tática, de gelo nos jogos e teimosias em jogadores em posições que não lembram ao careca, com desenho tático imutável. E você?
Foi um daqueles jogos que tinha tudo para correr mal, depois da descompressão das Festas, sem Bruno Fernandes, com um Belenenses bem preparado física e tacticamente e com um Capela apostado em desestabilizar, começando logo por deixar um amarelo por mostrar aos 2 minutos de jogo.
O estado de graça de Keizer acabou. O modelo de jogo é conhecido, os pontos fracos explorados, o onze tem deficit de envergadura física, perde ou faz falta nas divididas, as equipas entram em campo preparadas para manietar o meio-campo e pôr a defesa em dificuldades.
Começámos mais uma vez por entrar muito mal no jogo, e podíamos facilmente estar a perder por 1 ou 2 no final do primeiro quarto de hora. Bobby Robson tinha o princípio que o primeiro remate ao golo e o primeiro canto da partida tinham de ser conquistados a todo o custo. Faz todo o sentido. Dar de avanço não faz sentido nenhum.
Por outro lado, parecia que tínhamos voltado ao tempo do Jesus, muito envolvimento, muita tentativa de entrar na área, e Bas Dost a passar o tempo sem qualquer oportunidade de finalizar. O único que parecia saber que estava lá o ponta de lança era Acuña. Do outro lado, Diaby e Bruno Gaspar conseguiam tornar aquele flanco uma nulidade ofensiva e defensiva. Até finalmente encontrarem uma boa combinação e o golo. Quantas vezes não podia o B. Gaspar ter solicitado de primeira Bas Dost em centros tensos na diagonal a partir de zonas recuadas como Acuña tentou uma ou outra vez fazer ?
Depois o segundo golo, o duplo trinco a voltar e mesmo assim o golo sofrido ao cair do pano.
Coisas boas, além da vitória importantíssima na jornada em que o Benfica escorrega e Rui Vitória viu a luz ao fundo do túnel, o passaporte para os milhões árabes, foram o regresso às opções de Wendel e Raphinha (este na sequência de Guimarães e V. Feira), Renan a continuar a não comprometer e a ausência de lesões.
Outra coisa boa que está a acontecer é a reestruturação do plantel, libertando entulho da era Bruno/Jesus (Viviano, Marcelo, Bruno César, Jotobá) e trazendo gente nova, com potencial de evolução, como os dois emprestados pelos clubes ingleses, o Francisco Geraldes e o Luiz Phellipe. Espero que Acuña fique, mas tenho o pressentimento que estará de saída, em função de acordos que possam ter sido feitos post Alcochete. A verdade é que o rapaz está uma pilha de nervos.
Importante libertar mais alguns (Castaignos, Misic, Lumor) e encontrar dois ou três reforços efectivos para a equipa. O que seria esta equipa com três reforços tipo Telles, Danilo e Marega ?
De qualquer forma, quem diria que depois do "tsunami" brunista e dos prejuízos de milhões, estaríamos neste início de ano em 2º lugar na Liga, à frente de Braga, Benfica e Guimarães, e ainda os indo receber em Alvalade na 2ª volta ?
Seguindo o conselho de Pedro Correia, adiantei alguma coisa na hora de almoço e seguindo o conselho do Pedro Azevedo Oliveira, de que o trabalho não azeda, consegui chegar mesmo em cima do apito do C(h)apela e acabei por ver o jogo no estádio.
Começo por afirmar que o melhor daquilo tudo, fomos os 30 mil e poucos que conseguimos dizer presente num horário manhoso e com um friozinho do camândrio. Depois, a muito longa distância, os jogadores e lá muito ao fundo, o C(a)apela(da).
Na primeira parte não jogámos nada. Eu vinha com ideia de fazer a crónica deste jogo usando as reacções dos meus vizinhos de bancada, mas achei preferível mudar de ideia. Talvez acreditem, se "escutarem" um pouco do que se foi passando na primeira parte: "fpiiiiiiiii... aquele Gudelj não joga um cpiiiiiiii, fpiiiiiiiiiii". "O filho da ppiiiiiiiii do C(h)apela só mostra amarelos aos nossos, grande ppiiiiiiiiiii!!!" "Nani, larga a bola, cpiiiiiiiiiiii!!!". "O Coates é uma libelinha do cpiiiiiiiiiiii, está a precisar de banco". "ó C(h)apela isto não é vólei, fpiiiiiiii (esta fui eu, depois do gajo ter marcado uma falta a um dos nossos que só encostou o bafo ao pescoço dum do Jamor). "Ó Gaspar, vai p'ó presépio, meu filho da ppiiiiiii, não jogas um cpiiiiiiiiiiii" "olha aquela ppiiiiiiii do Diaby, que só joga para trás, cpiiiiiiiiii da mãe, cpiiiiiiiiiii". Bom, estão a ver não estão, como os nossos estavam a agradar, cpiiiiiiii?
Realmente os do Jamor teceram uma bela teia à volta dos nossos construtores de jogo, e manietaram-nos de tal forma que quase foram eles a marcar, inda o jogo quase não tinha começado. Os treinadores adversários já começam a ter antídoto para o jogo ofensivo de Keiser e a "malta" já começa a ficar ansiosa, depois irritada, com a inépcia dos da frente e com as tremideiras e fífias do Coates e do Gaspar e do Gudelj e tão farta que até já aplaude o Petrovic.
O que vale é que (salvo aquela coisa à la Braga na Luz, mas em Guimarães) as coisas se compõem, a melhor valia dos nossos vem ao de cima e acabamos por ir vencendo, a maior parte das vezes de goleada.
Hoje valeu pelo resultado, por números que me parecem justos, mas para ser justo, se eles conseguissem levar um ponto não seria injusto. Uf...
Temos claramente um plantel curto, já todos percebemos isso, direcção incluida, que já fez regressar Geraldes, que não jogou mas já faz publicidade (oxalá venda GB ao mesmo nível que joga, quer dizer, ao nível do seu futebol, não me interpretem mal) e contratou, certamente depois de ter consultado Futre, um chinês que jogava na quarta divisão de Espanha e um black Ronaldo, Rafael Camacho de seu nome, que eu confesso nunca ter ouvido pronunciar em lado nenhum. Mas pronto, Janeiro ainda vai no início, e espero que apareça aí um Coentrão para a esquerda e outro para a direita da defesa e já agora um outro para o centro, para sentar o Coates e o Mathieu à vez, que eles precisam ambos os dois, mais o sul-americano que o francês, de descanso e com o Xico e tendo fé que não haverá lesões, talvez seja suficiente para chegar a Maio à frente da equipa do Conceição e da do Abel (não sei qual delas, se a de Braga se a de Lisboa).
Como diz um amigo lá de Tomar, "ganhimos, porra!" E isso é que verdadeiramente interessa.
Nota1- Desculpem o "porra", mas é... "dialecto";
Nota2 - O Porto suou as estopinhas com o Aves, o que quer dizer que afinal o jogo que fizeram aqui em Alvalade revela que são efectivamente uma boa equipa. Com um treinador que só se irrita com as derrotas com o Sporting, mas isso também o Abel, portanto...
Que o Sporting tivesse vencido o difícil dérbi desta noite em nossa casa.Derrotámos por 2-1 o Belenenses SAD que, muito bem orientado por Jorge Silas, nos deu boa réplica. Mas o nosso triunfo é incontestável: os três pontos moram com justiça em Alvalade. Já somamos 34 nesta Liga 2018/2019. Este resultado tem mérito acrescido pois o Belenenses era até hoje uma equipa sem derrotas fora de casa e a segunda menos batida no campeonato.
De Miguel Luís. Foi, para mim, o melhor em campo. Assegurou a ligação entre sectores, no miolo do terreno, e cumpriu com zelo a missão. Recuperou bolas, fez passes bem medidos, foi sempre muito combativo - e sobretudo marcou um grande golo, aos 80'. O golo do 2-1, que nos valeu os três pontos, com um disparo fortíssimo à entrada da área, sem hipóteses para o guarda-redes Muriel. O primeiro golo que este jovem da nossa formação marca para o campeonato.
De Bruno Gaspar. Outra estreia a marcar pela equipa principal do Sporting. Aos 57', com um remate bem colocado após exímia assistência de Diaby, que temporizou o lance à espera de que o colega que subia pela ala direita lhe abrisse uma linha de passe. Um golo que recompensa a acção esforçada do lateral que o Sporting foi buscar à Fiorentina.
De Acuña. A acutilância de sempre: nunca vira a cara à luta. O argentino foi um dos sportinguistas mais em destaque nesta partida, tanto no plano ofensivo, onde esteve quase a marcar com um grande remate logo aos 8', como no plano defensivo, protagonizando cortes cirúrgicos, em momentos de grande perigo, aos 31' e 44'.
Dos regressos de Wendel e Nani. É bom vê-los recuperados, após um período de afastamento por lesão. Ambos cumpriram, embora ainda longe do fulgor físico revelado noutras circunstâncias. Wendel foi o médio criativo de serviço, procurando compensar a ausência de Bruno Fernandes. Nani usou, como de costume, a sua experiência em benefício da equipa, sobretudo em dois lances cruciais: aos 35', levou a bola a embater no poste; aos 57', é ele quem inicia a jogada do nosso primeiro golo.
De Petrovic. Marcel Keizer deu-lhe ordem para entrar aos 73', rendendo Wendel. O sérvio mostrou-se em bom plano, revelando até pormenores técnicos que foram sublinhados com aplausos das bancadas. Essencial para dar estabilidade à organização defensiva do Sporting num momento em que o Belenenses SAD acentuava a pressão no meio-campo.
Da assistência em número razoável. Hoje havia 30.054 espectadores em Alvalade. Nada mau atendendo ao facto de haver muita gente ainda de férias e de o jogo ter começado às 18 horas, em dia de trabalho.
Do registo muito positivo de Marcel Keizer. Desde que chegou ao Sporting, há menos de dois meses, o técnico holandês conduziu a nossa equipa em dez jogos oficiais, com este balanço muito favorável: nove vitórias, sete goleadas, 36 golos marcados. Números que reflectem um futebol ofensivo muito do agrado dos adeptos leoninos.
De termos recuperado o segundo lugar no campeonato. Ultrapassámos o Benfica, que ontem perdeu 0-2 em Portimão e hoje rescindiu contrato com o treinador Rui Vitória, e continuamos acima do Braga. A depender só de nós, à espera do confronto que teremos em breve com o FC Porto, líder da Liga portuguesa.
Não gostei
Que tivéssemos sofrido um golo mesmo ao cair do pano. Começa a tornar-se tradição com Keizer ao leme da equipa: até agora só por uma vez chegámos ao fim de uma partida com as nossas redes intactas. Hoje deixámos o Belenenses marcar aos 90'. O 2-1 até é um resultado que corresponde de modo mais fiel ao que se desenrolou em campo, mas parece-me inegável que devemos melhorar a organização defensiva.
Do resultado ao intervalo. Permanecia o empate a zero inicial, premiando o dispositivo táctico da equipa representativa da SAD de Belém. Que até nos mandou uma bola ao poste, iam decorridos 31'. Nesse aspecto também se registava empate, pois quatro minutos depois foi a nossa vez de levar uma bola a embater no ferro da baliza.
Da ausência de Bruno Fernandes. Enfim, o nosso médio ofensivo titular ficou de fora - devido à acumulação de cartões amarelos. A equipa ressentiu-se desta ausência: faltou alguma criatividade no nosso meio-campo, não inteiramente compensada pelas exibições positivas de Miguel Luís e Wendel.
De ver Bas Dost tão desperdiçado. O internacional holandês passou o jogo inteiro sem dispor de uma só oportunidade de golo: os colegas não puderam ou não souberam municiá-lo como ele tanto gosta. Este foi, assim, um dos raros desafios em que o nosso ponta-de-lança ficou em branco.
Recebi agora mesmo um e-mail, gentilmente endereçado pelo clube na pessoa de Mathieu, a lembrar-me (não era preciso, mas o gesto é importante) do jogo de amanhã.
E só quando quis confirmar a hora do jogo (que julgava que era às oito) é que vi que o mesmo começa às seis horas da tarde. Às seis horas da tarde? Mas quem, trabalhando como eu, consegue estar em Alvalade às seis da tarde num dia de semana? E eu até estou perto, até poderia eventualmente "pirar-me" mais cedo do trabalho, mas até nem posso. E aqueles que vivem, não digo muuuuuuito longe, mas a 50/60/100 km de distância, quantos deles, mesmo querendo vir, terão possibilidade de o fazer?
E depois querem os estádios cheios. Senhores da federação e das televisões, a malta que paga os bilhetes trabalha, pá!
Começo por dizer que não vi futebol este fim-de-semana, senão uns poucos minutos ao longe do Sporting vs Setubal, os golos do Boavista vs Benfica, e a repetição do penalti a favor do Porto no jogo com os Belenenses, que foi no mínimo polémico. A minha análise a este lance, tem que ser precedida por uma declaração de interesse: se fosse um jogador do Setúbal a protagonizar aquele lance, para mim seria penalti claro, ponto final parágrafo. Assim, não posso ter uma segunda opinião em relação a este lance e tenho que considerar que o VAR esteve bem.
O que está mal e tem que ser rapidamente alterado é a regra da "mão". Não se pretende contrariar Paulo Bento ("andebol, mão; futebol, pé), mas há que de uma vez por todas definir critérios (a estória da intenção ou intensidade também não pega). Na jogada de ontem, por exemplo, o jogador de Belém estava em impulsão, de costas para a bola e efectivamente cortou a bola com o braço. Já o afirmei, à luz das actuais regras, parece-me penalti. Eu sou do tempo em que um não era apenas um não, mas também de que uma "mão" era apenas "A" mão, era apenas penalizada a acção intencional de cortar a bola com a mão. a "MÃO", não o pedaço de osso, músculo e tendões e veias e artérias e o diabo a sete que a prendem ao ombro. Ao penalizar o corte com o braço, principalmente quando o jogador está em impulsão (experimentem lá saltar com os braços encostados ao corpo para ver o que vos acontece), o International Board prejudicou o espectáculo e prestou o futebol a interpretações casuísticas e nalguns casos a la carte, com cada árbitro a interpretar a coisa conforme o seu sentimento em relação à regra.
Se a FIFA vai alterando as regras em função da obtenção do golo, o sal do jogo, deve ser apoiada; Mas terá que haver algum cuidado nessa alteração, porque corre-se o risco de no futuro, assim como que arremedando a teoria evolucionista de Darwin, os filhos dos jogadores de futebol, que hoje já têm mão até ao ombro tornando-lhes o uso do braço desnecessário, corre-se o risco, dizia, de os filhos dos jogadores irem progressivamente aparentando-se com pinguins e eu acho que o futebol não teria tanta piada. Lembram-se dum jogo de tabuleiro, chamado salvo erro Subbuteo? Seria um pouco pior, basta imaginar.
Desta vez ninguém acertou. O que não admira: foi a primeira vez, em 30 jornadas, que o Sporting marcou quatro golos numa partida desde campeonato.
A boa réplica desenvolvida pelo Belenenses, que marcou três, também não ajudou. Mas mesmo com os prognósticos a passarem ao lado dos nossos leitores e dos meus colegas de blogue, o mais importante foi conseguido.
Refiro-me aos três pontos correspondentes à vitória em campo.
De vencer o Belenenses esta noite no Restelo.Triunfo nada fácil, por 4-3, num estádio onde o FC Porto foi derrotado esta época (0-2) e o Benfica empatou ao cair do pano (1-1). Missão cumprida, portanto. Terceira vitória consecutiva no campeonato: seguimos em terceiro, com menos cinco pontos que o FCP e menos três que o SLB.
Da reviravolta. Começámos o jogo praticamente a perder, com um golo de penálti sofrido aos 7', mas fomos capazes de remar contra a maré. Dois golos de Bas Dost (12') e Gelson Martins (16') operaram a mudança, consolidada aos 41', quando Acuña marcou o terceiro. Fomos para o intervalo a ganhar 3-1. Tentámos gerir a vantagem no início do segundo tempo, poupando a condição física dos jogadores atendendo à decisiva meia-final de quarta-feira frente ao FC Porto. Mas a boa réplica do Belenenses obrigou-nos novamente a carregar no acelerador.
De Bruno Fernandes. Partida quase perfeita do nosso médio criativo, que dinamizou a equipa e lhe deu consistência colectiva. Esteve em todos os golos. Assistiu Dost para o primeiro com um soberbo passe de 40 metros, voltou a assistir no segundo, iniciou o lance que originou o terceiro e foi ele a marcar a grande penalidade, aos 80', que selou o resultado. Melhor em campo, sem discussão.
De Bas Dost. Mais um golo para o seu pecúlio: leva já 25 nesta Liga 2017/18 e acumula 59 no total das 57 partidas nestes dois campeonatos em que actuou de verde e branco. Números excepcionais que o creditam como um dos melhores pontas-de-lança de sempre ao serviço do Sporting.
De Gelson Martins. A qualidade de movimentação habitual, esticando o jogo e baralhando as marcações, contribuindo para arrastar a defesa contrária e abrindo terreno para os colegas da frente atacante. Culminou mais uma boa exibição com um grande golo, o seu oitavo neste campeonato: nunca marcou tantos numa época. Também neste domínio está cada vez consistente.
De Wendel. Jorge Jesus parece estar enfim a apostar nele. O jovem brasileiro corresponde em campo, com intensidade e confiança. Hoje fez todo o segundo tempo, assumindo a posição 8 após a saída de Coentrão (e o consequente recuo de Acuña para lateral e o desvio de Bryan Ruiz para a ala esquerda). Correspondeu à aposta numa exibição sempre em crescendo. É uma promessa que está a tornar-se bem real.
Do golo de Acuña. Foi o melhor, dos quatro do Sporting. Ristovski cruza da ala direita e o argentino recebe muito bem a bola, roda sobre si mesmo e dispara com o pé direito, o seu pior. Forte e bem colocado. Não admira que esteja já pré-seleccionado para o Mundial da Rússia.
De termos marcado três golos em lances de bola corrida. Não tem sido frequente nesta época, o que basta para ser hoje sublinhado com muito agrado. Eis o futebol do Sporting honrando as suas melhores tradições.
Do apoio incessante dos adeptos. Boa presença leonina nas bancadas do Restelo, puxando pela equipa do princípio ao fim. O 12.º jogador, como uma vez mais se comprova, também ajuda a ganhar jogos.
De sabermos agora que só dependemos de nós para um lugar de acesso à Liga dos Campeões. A derrota do Benfica frente ao FC Porto no estádio da Luz coloca-nos em boa posição para o ataque ao segundo posto do campeonato a quatro jornadas do fim. Isto porque o SLB, embora com mais três pontos, desloca-se a Alvalade na penúltima jornada. Poderemos concretizar aí esse nosso objectivo prioritário, a par da conquista da Taça de Portugal.
Não gostei
Das ausências de alguns jogadores nucleares por lesão. William Carvalho, Mathieu e Piccini ficaram de fora. O desgaste físico acumula-se nesta fase, sabendo-se já que o Sporting baterá o seu recorde de partidas disputadas numa só temporada. Esperemos que aquele trio recupere a tempo de disputar a meia-final da Taça de Portugal com o FC Porto. Faltam apenas três dias.
Da saída de Coentrão. Foi o elemento mais apagado na primeira parte, tendo até responsabilidades no lance de que resultou o primeiro golo da equipa da casa. E não tardou a perceber-se porquê: estava com limitações físicas, que levaram o treinador a substituí-lo ao intervalo. Fazemos votos para que recupere depressa e bem.
Do atraso no início da partida. Era para começar às 20.15 e só arrancou às 20.28. Por responsabilidade da equipa visitada - uma descortesia no mínimo surpreendente.
De termos sofrido três golos. Mas superámos os nossos rivais directos no difícil embate no Restelo. E dois destes golos foram de penálti - o primeiro dos quais me suscitou dúvidas.
Da embirração do árbitro com Bas Dost. Bruno Paixão impediu-o de marcar o penálti da vitória enquanto brindava o holandês com um cartão amarelo por aparente entrada sem autorização em campo após ter sido assistido fora das quatro linhas. Não faz qualquer sentido exibir-lhe o cartão e vedar-lhe em simultâneo o regresso ao relvado. Felizmente Bruno Fernandes estava lá para marcar a grande penalidade. E dar-nos os três pontos.
O jogo começou com quase um quarto de hora de atraso e o Sporting ainda entrou mais tarde. Logo aos 2 minutos, Bruno Paixão caiu ... na tentação de marcar uma grande penalidade após antecipação de Yazalde a Rui Patrício, na sequência de uma primeira defesa de Rui a remate de Licá. Já depois do cabeceamento do avançado, o guardião leonino deu um toque involuntário na cara do avançado e o árbitro marcou "penalty". Yebda converteu, pondo a equipa do Restelo na frente.
Eis senão quando aparece no jogo outro Bruno, o Fernandes. Do lado esquerdo, e ainda dentro do seu meio campo, com a precisão de um relojoeiro suiço, o maiato colocou a bola a tempo e horas, direitinha no pé direito de Bas Dost que não perdoou. Pouco tempo depois, outra vez Bruno ... Fernandes. Com o diabo no corpo, penetrou pelo centro do ataque e assistiu Gelson na meia direita para o segundo dos leões. Estavam decorridos 16 minutos de jogo. O jogo ficou mais dividido, mas o Sporting parecia sempre mais incisivo. Assim, após um canto, Bruno Fernandes (who else?) visou Battaglia que desviou de cabeça rente ao poste. Logo no minuto seguinte, o nosso número 8 serviu Dost entre 2 defesas. O holandês, sem velocidade para sprints, preferiu contemporizar e servir Ristovski na direita. Centro do macedónio, bola deflectida e surgiu Acuña, de pé direito (!) a rematar com êxito.
O segundo tempo iniciou-se com um remate muito perigoso, outra vez de Bruno Fernandes, a poucos centímetros do alvo. O médio leonino começava a acusar o desgaste do jogo e da eliminatória europeia e, como ele, também Ruiz parecia dar alguns sinais de cansaço. A verdade é que o Sporting começou a perder o meio-campo e em 3 minutos (entre os 61 e os 64) o Belenenses empatou. Primeiro, num remate de Licá, depois num "penalty" cometido por Acuña sobre (outra vez) Licá e convertido por Fredy.
Confesso que temi o costumeiro fadinho leonino, mas, após um canto, Yebda acertou uma cotovelada na cara de Bas Dost na área e Bruno Paixão, após consulta do VAR e visionamento das imagens, assinalou a grande penalidade e expulsou o argelino. Sururu, muitos protestos belenenses e o árbitro a não permitir a reentrada em campo de Dost (antes assistido). Não houve Bas, mas Bruno Fernandes chamado a converter o castigo máximo marcou com categoria o 4-3 para os leões. JJ mexeu na equipa, tirando os dois criativos, Bruno e Ruiz, completamente esgotados, e colocando Petrovic e Lumor em campo, restabelecendo a táctica dos 3 centrais com Coates, Petrovic e André Pinto. O jogo não acabaria sem um remate ao poste de Florent, com São Patrício ainda a dar um pequeno desvio que impediu o golo do empate, numa altura em que parecia que o Belenenses é que tinha um homem a mais.
No Sporting, os melhores foram Bruno Fernandes (um golo e duas assistências), Acuña (um golo), Bryan Ruiz (muito bem a gerir os momentos do jogo) e Battaglia (grande pulmão). A defesa esteve muito irregular e Gelson (muito voluntarioso) e Dost complicaram situações fáceis de golo.
Numa noite em que houve um Bruno (Carvalho) ausente - mas ainda omnipresente na mente de apoiantes e opositores - e um Bruno (Paixão) que marcou 3 grandes penalidades e iniciou o jogo com grande atraso, valeu o terceiro Bruno, que, com uma exibição espectacular, principalmente no primeiro tempo, ajudou a resolver o jogo para o Leão Rampante, algo que o igualmente endiabrado Licá tentou ao máximo evitar. Uma vitória do Sporting contra os Velhos do Restelo e o segundo lugar já ali à vista. Uma palavra para o excelente futebol implementado em Belém por Silas. Chapeau !
Quanto à arbitragem, há argumentos que podem justificar a marcação de cada uma das grandes penalidades. Eu só estranho duas coisas: não me recordo de um "penalty" marcado contra Benfica ou Porto aos 2 minutos de jogo; nem na RTP Memória consigo encontrar dois castigos máximos, marcados no mesmo jogo, contra Benfica ou Porto. Alguém acredita que venhamos a assistir a algo do género, envolvendo os nossos adversários, até final do campeonato? Se virem, avisem, que eu vou estar embrenhado na Torre do Tombo à procura de evidências históricas...
Tenor "Tudo ao molho...": Bruno Fernandes (inevitável)
Faltam cinco jornadas para o fim do campeonato 2017/18. Cada partida, a partir de agora, será para nós uma verdadeira final: está em jogo ainda o nosso possível acesso à Liga dos Campeões da próxima época.
Vamos defrontar o Belenenses, no Restelo, a partir das 20.15 de domingo.
Vejo o tempo de compensação concedido no jogo Belenenses - Benfica e lembro-me dos jogos de rua da nossa infância: o jogo termina quando a equipa do “menino Luisinho" (a dos mais fracos) marcar.
O Benfica desperdiçou a oportunidade de ficar em primeiro lugar à condição;
A equipa encarnada não conseguiu vencer o seu primeiro jogo após a vitória leonina na Taça da Liga;
O Benfica não ganhou o primeiro jogo que efectuou desde a lesão de Krovinovic;
O Belenenses, treinado agora por Jorge Silas, conseguiu finalmente obter um resultado positivo contra o Benfica, algo que não acontecia desde 29 de Setembro de 2013;
Na última vez que o Belenenses tinha conseguido marcar contra o Benfica, empatou (1-1), em 29 de Setembro de 2013, na Luz;
Desde essa data e até ontem, tinha havido 8 derbies com 8 vitórias do Benfica e um "goal-average" de 28-0.
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