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Li em tempos que Mourinho Félix II, o Grande, em determinado jogo (com o modesto Ponferradina, na altura na segunda B espanhola, num jogo da Taça do Rei, creio) forrou as paredes do balneário com folhas de papel com os mais diversos cenários possíveis impressos; A táctica, as possíveis variantes, as previsíveis estratégias do "inimigo", as várias hipóteses de marcações de cantos e de livres, etc. Uma coisa do mais alto nível, apesar do adversário ser modesto, demonstrando pelo menos duas coisas: Que não brinca em serviço e que respeita qualquer adversário. Só lhe fica bem, depois de ter rasgado a camisola de Rui Jorge num célebre jogo em Alvalade, mas isso são "outros campeonatos".
Ora consta que veio uma equipa jogar a Alvalade e terá feito o mesmo. Consta que deixou as paredes do balneário forradas a papel. Consta que quem terá encontrado o cenário afirmou que as folhas coladas nas paredes estavam imaculadas, isto é, completamente em branco. Ao contrário de Mourinho, esta "táctica" demonstra que esta equipa preserva a sua intimidade, não revelando como terá preparado o jogo, o que é um direito que lhe assiste. Mas que também receia ser espiada (o que se compreende, já que ao que consta fará o mesmo aos seus adversários, nas suas instalações, veio agora a saber-se pela boca de um enorme e robusto peso pesado, passem todas as redundâncias).
Há uma dúvida que me assalta, entretanto: Esta marosca, a das escutas e das câmaras, também estava no DVD?
O episódio Adelino Caldeira, no final da Taça de Andebol (que ganhámos com brilho!), foi feio e desrespeitoso para com o presidente do SCP. Bruno reagiu, no local, com dignidade e maturidade. Depois de termos falado em «fruta» - que é o que mais poderia irritar e ofender os celtas, toda a gente o sabe e não vale a pena fazermos de ingénuos - a reação do PC seria uma questão de tempo e de oportunidade. Veio por interposta pessoa. Mas o seguimento da história já me parece um «aproveita», para não apenas (e bem) fazer voz grossa - mas tambem para dar sinais de inversão de alianças táticas. Aproximarmo-nos do SLB, afastarmo-nos do FCP. Contra o que eu estarei, como sócio, porque sou partidário da equidistância.
O FCP é o que é, no bom e sobretudo no mau, no que respeita ao domínio das estruturas do futebol nos últimos 30 anos. Na última década - fruto da sua estabilidade - o SLB tem tentado e conseguido, de alguma forma, fazer valer progressivamente o seu poderio. Os resultados estão à vista, se abrirmos as cortinas: na direção da FPF, no Conselho de Disciplina e no Conselho de Arbitragem, eles dividem e influenciam já as decisões (salomónicas, por vezes: vais à Taça da Liga e um jogador nosso apanha o mínimo da pena prevista). Ora o nosso primeiro adversário é e continua a ser o SLB, cujo objetivo é ser o ÚNICO real grande de Lisboa e do sul, salamizando o Sporting, e ser a única potência rival do FCP.
A nossa política, a meu ver, será jogar com os diversos interesses, fazendo alianças táticas com quem nos convier no momento. Até que, com o TEMPO, possamos nos ir fortalecendo. Porque foi o tempo e foram os resultados que fortaleceram os outros dois adversários. A nossa 'política externa' não pode ser definida pelo jornal A Bola - o porta-voz e o órgão oficioso do SLB, que está a transformar-se, desde Outubro de 2012, em porta-voz de interesses ditos do Sporting. Num já bem claro apelo unionista. A nossa 'politica externa' tem de ser definida e ir sendo contruída a partir dos nossos próprios interesses, a curto, a médio e a longo prazo. O episódio Capela é mais importante do que o episódio Adelino. Quando for para defender os seus interesses, o clube de Carnide não terá contemplações. Na direção da FPF, no CD ou no CA, há sempre um penalti que (não) espera por nós.
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