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És a nossa Fé!

Duas UEFA's?

 

Reproduzo aqui a capa dos desportivos espanhóis "AS", "Marca", "Sport", "Mundo Deportivo" de hoje, com os de Madrid mais incisivos e os de Barcelona mais focados na defesa do "seu" clube.

O que é certo é que em todos o presidente da UEFA é claro, para o organismo que manda na bola na Europa, não há prescrições.

Que conste, não foi feita qualquer queixa à UEFA por parte de nenhum clube espanhol adversário do Barcelona.

Não pode Ceferin dar um pulo aqui ao rectangulozinho, ou fica muito fora de mão? A malta agradecia encarecidamente.

Uma exibição espectacular

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Futebol à inglesa, grande espectáculo, um fantástico jogo com seis golos, duas equipas em busca da vitória, blá, blá, blá; blá, blá, blá.

O parágrafo anterior era a propósito do Braga vs. Sporting, ninguém diz o óbvio, uma equipa procurou ganhar e os outros empataram-nos.

O Sporting era o carro que ia 110 km/h na faixa da direita, a procurar ultrapassar e o Braga ia, pachorrentamente, na mesma faixa, nem se desviava, nem se deixava ultrapassar.

Basta ver quem foi a equipa que procurou sempre a vantagem, que procurou sempre vencer, para percebermos quem foi a melhor equipa, ontem.

- Então, afinal não gostas de jogos com seis golos?

- Gosto. Quando são todos marcados pelo Sporting, tipo o Barcelona, ontem.

Pesadelo cor-de-grená


Um tipo que viajasse no tempo e me tivesse vindo dizer aqui há uns 10 anos (ou 8, ou 5) que, em 2021/22, a equipa de futebol do Barcelona seria uma anedota, eliminada na fase de grupos da Champions e estaria a 150 pontos do primeiro na Liga espanhola antes do final da primeira volta, seria das últimas coisas em que acreditaria. Acreditaria mais depressa que um vírus tipo gripe, mas pior, fecharia o mundo durante (pelo menos) dois anos ou que o Sporting seria campeão com uma derrota no penúltimo jogo, já depois de ter garantido o título. Ou que já teríamos pisado Marte.

Esta tragédia no Barcelona (apesar de ter Busquets, Ansu Fati, Pedri, Ter Stegen, Demeblé, Coutinho, Pique, dois De Jongs, etc etc etc) é a prova que o futebol é um jogo de equipa onde, tirando ou metendo uma pecinha, tudo pode correr bem ou tudo pode correr muito, muito mal. 

Andreu e André

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Saber perder.

O homem da imagem é um senhor.

A imagem foi obtida no intervalo, a equipa de Andreu vencia por dois a zero, o treinador do Barcelona não escondia a ansiedade, tão perto de ser bi-campeão europeu, mas roendo as unhas, pensando no destino, que destino?

Todos sabemos o que aconteceu, qual o resultado do jogo.

Poucos de nós terão reparado no lance entre Rocha e André Coelho, Rocha tem a bola controlada, roda, num movimento à Rocha e André cai, uma queda encenada como o republicano de Robert Capa, tal como o outro, André Coelho cai morto por uma bala fingida, à Benfica.

Rocha fica de cabeça perdida pela injustiça, leva cartão amarelo e Nuno Dias tira-o do jogo, Andreu faz o mesmo ao fingidor, o Barcelona não é o Benfica, na Catalunha vence-se ou perde-se com honra, com dignidade.

Tiro o meu chapéu a Andreu, Andreu Plaza Álvarez, um treinador honrado e digno, apesar de ansioso, temeroso do destino como a imagem ilustra.

Robalo à Bulhão Pato

 

Passe a publicidade, o Terra Mar é um local em Ribamar onde se come divinamente. E até dá para ver a bola.

O jantarinho, escolhido depois das entradas, estava marcado para pouco depois das oito e eu disse ao meu amigo António que queria ver o Barça e a mesa lá estava, à nossa espera.

Quando marquei a hora, pensei que ia ver o jogo Barcelona vs Bayern Munchen nas calmas, mas quando me sentei e olhei para a pantalha a coisa estava muito negra para os "condais", conforme mostra o retrato tirado com o telefone.

E terminou com precisamente o dobro dos números.

Não me lembro de ter "ouvisto" o Braça ter uma derrota por tais números, seja qual for a competição e o presidente Bartomeu já diz que vai haver consequências. Mal fora...

Bom, lado positivo disto? Não é grande coisa, mas quando se falar no maior score dos de Munique na Champions, já não somos nós que aperecemos em primeiro, é um clube que rivaliza connosco em títulos, mas que nas últimas décadas está a anos-luz da nossa realidade. Para melhor, claro.

É chato, como diria o outro.

 

Ah! O título... foi o que nos aconchegou o estômago. Vão lá e experimentem.

O exemplo do Barcelona

Tudo bem que o Barcelona tem argumentos que o Sporting não tem - dificilmente algum treinador recusaria um convite do Barcelona (consta que só o Pochettino recusou). É mais fácil arranjar um treinador para o Barcelona que para o Sporting. Mesmo assim, a substituição de Ernesto Valverde foi exemplar de como deve ser feita uma substiuição de treinador a meio da época (vulgo uma "chicotada"). Foi anunciada a sua saída, e imediatamente a seguir foi anunciado o treinador substituto. Um treinador que é uma primeira e efetiva aposta, e não uma solução experimental interna "a ver se funciona". O Barcelona é um clube com ambições e que não tem tempo (e dinheiro, e pontos) a perder com Oceanos, Leonéis Pontes e Tiagos Fernandes (a propósito: alguém sabe o que é feito deste rapaz que, nas suas próprias palavras, percebia tanto de futebol?).

As substituições de treinador a meio da época são sempre de evitar. Se a situação está mesmo insustentável, mais vale mesmo assim ir aguentando o treinador enquanto se procura uma alternativa a sério do que estar a mandá-lo embora, devido a um estado de alma, para entregar a equipa a alguém sem capacidade.

Olhar para Espanha

Alguns - muito poucos - receiam que o corte entre a Direcção leonina e duas claques possa reduzir drasticamente a afluência de público ao estádio José Alvalade.

São receios sem fundamento. Basta olhar para o que sucedeu em Espanha. Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, baniu os Ultra Sur do Santiago Bernabéu e o ex-presidente do Barcelona Joan Laporta baniu os Boixos Nois de Camp Neu. Decisões que se revelaram extremamente positivas para ambos os clubes.

Aí estão eles, com os estádios cada vez mais cheios. O fim da insegurança provocada pelas claques atraiu ainda mais gente aos recintos desportivos.

Haja equipas com qualidade e pratiquem-se horários decentes - e o público acorre às bancadas, em família, sem receio de distúrbios, agressões físicas e verbais, fumos tóxicos e tochas incendiárias. Não podem é afastar pequenos e grandes ídolos leoninos como Nani, Matheus Pereira, Domingos Duarte e Bas Dost da maneira como afastaram. Para trazerem coxos e inválidos.

Jogo jogado

Fascinante o poderio do futebol da premier league (não é sinónimo de futebol inglês).
Um futebol “positivo”, de táticas fluídas, desde que seja sempre com os olhos na baliza. Acredito que por teima e exigência do público e da própria cultura desportiva e de espetáculo do país. Impressionante a disponibilidade física e a ditadura do “jogo de equipa” a que os craques se submetem. Ficou bem visível que dez jogadores do Barça, enjoados com a velocidade dos de Liverpool, estavam à espera que Messi tirasse um coelho da cartola.
Destaque para a ausência de jogadores portugueses nas finais. E dos nossos treinadores.
Na Champions, que acompanhei mais de perto, foram jogos sem momentos mortos, simulações de lesões, controle do meio campo, manobras de diversão ou teatros, com faltas e livres a serem marcados depressa e com poucas ou nenhumas reclamações das decisões da arbitragem.
Falando por mim, tendo a gostar de treinadores e jogadores mais estratégicos e menos dados a correrias, mas devo admitir que há anos que não me empolgava tanto com bola como nesta  “jornada europeia”.
Indo ao nosso Sporting e ao futebol português, não parece assim tão impossível aspirar a um futebol deste tipo. Jogos intensos, sem claques arruaceiras, com equipas olhos nos olhos, sem tipos a refilar com o árbitro, misturados com jovens da formação em quem tem de se apostar e a quem se pagam milhões, somados a aquisições de refugo, pequenas agendas, adversários de amigos, tipos que deviam ser atores em vez e jogadores e árbitros com medo de serem competentes.  
Deixo uma palavra para Silas, que foi vítima da extrema incompetência de vários dos seus jogadores ao mesmo tempo naquela segunda parte. E deixo uma palavra, porque me parece que ele é um homem deste futebol de jogo jogado que tanto nos impressionou nesta jornada europeia. E, claro, uma palavra mais forte ao Sporting que (além desse fenómeno que é Bruno Fernandes) também me parece estar a mecanizar um espírito práfrentex que me agrada.

Barça pouco Messiânico

Nunca gostei de Messi. E a culpa, assumo, nem é dele, mas unicamente daquele entidade chamada UEFA que tem um asco de morte a CR7 e que vibra com as derrotas do novo campeão italiano.

Mais… ainda antes do jogo contra o Liverpool li algures que o avançado argentino preparava-se para ganhar a sexta bola de ouro. O marketing no seu... pior!

Mas Messi é muito certinho… falha sempre. Foi o ano passado contra a Roma e este ano contra a equipa da cidade dos “The Beatles”.

Nem imagino como se sentirão alguns dirigentes “uefeiros” com esta eliminação. Da euforia para a depressão em 45 minutos.

Não vi o jogo. Não tenho o canal subscrito, pois não alimento gulosos, e também não vejo na televisão pirata, por uma questão de princípio.

Portanto ontem à noite distraí-me a ler e já era perto da meia-noite quando na aplicação que tenho no telemóvel percebi que o Barça… já era!

Vi entretanto hoje nas redes sociais os golos ingleses. E deixem-me que vos diga… aquela defesa do Barcelona parecia a do Belenenses no passado domingo.

Conheço bem a cidade condal. Visitei-a amiúde e sei como os catalães vibram com o futebol e com os clubes de região, seja o Barça, seja o Espanhol. Recordo mesmo há uns anos no dia da Catalunha, que é a 11 de Setembro, a forma como a cidade estava engalanada. Depois à noite e coincidentemente havia dérbi. Uma verdadeira festa.

Deste modo calculo a depressão que rondará perto do “Nou Camp” ou as discussões acesas nas casas de "tapas" no bairro gótico.

Pois é… a equipa de Barcelona com o seu capitão Messi devem reflectir na forma e na postura que colocam em campo, pois só quando o árbitro apita para o final do jogo é que o resultado está feito… Até lá tudo pode acontecer!

Siga a marinha

O mestre da táctica esteve ontem quase perfeito, não fora o facto de ter contado mal o número de efectivos a colocar em campo e ter mandado "lá p'ra dentro" apenas dez valorosos rapazes de verde e branco (a propósito, a opção pelo calção branco porquê?).

Mais uma vez muito bem armada a equipa e bem estudada a equipa adversária. Não saímos do nosso meio-campo na primeira parte, é verdade, mas se com onze era complicado, com dez era difícil. Que falta fez o pinheiro pedido pelo Pal Serge, ontem. Bom, pensando melhor, se fosse um pinheiro não se moveria, logo arrisco dizer que o Alan Ruiz é um pinheiro... Pronto, não se molestem, pau-de-sebo, serve?

Esteve bem quando efectuou as substituições e se viu que tentou ganhar o jogo. É preferível perder tentando do que perder com as calças na mão e Jesus assumiu o risco, que só não lhe sorriu por manifesta falta de competência de um Bas que ontem se esqueceu do Dost. Tivesse o nosso PL sido eficaz e talvez estivéssemos aqui hoje a registar a primeira vitória em Espanha. Mas pronto, marque ele muitos para a Liga, que a gente perdoa-lhe. Ah, mas os es...catalães também tiveram duas oportunidades falhadas, dizem alguns que costumam vir aqui, mas que hoje provavelmente estarão a tentar perceber quantos são 0x6. Pois tiveram, mas também tiveram o nosso terceiro jogador mais utilizado de sempre a negar-lhes o golo, enquanto os falhanços do holandês não passaram de incompetência pura. Já disse que a gente lhe perdoa, se ele marcar muitos na Liga? Já? Pronto, ok, é do frio...

Só tenho um pequeno (literalmente) reparo a fazer: Se Jesus sabia que eles não iam jogar com o baixinho, porque não trocar-lhes as voltas e ele utilizar o nosso? É que podia dar-se o caso de os gajos confundirem e passarem a bola ao miúdo e... 'tão a ver?

E pronto, agora é encarar a Liga Europa com a importância que ela tem, ou seja, como o terceiro objectivo da época, a seguir ao campeonato e à taça de Portugal, tendo o cuidado de deixar a boa impressão que ficou nestes jogos dum grupo muito complicado.

E perceber, de uma vez por todas, que há rapazes que não dão, é escusado.

Tudo ao molho e FÉ em Deus - Apocalypse Nou

Ao contrário do que muitos poderão pensar, apocalipse não significa o "fim do mundo", mas sim a revelação de coisas que permaneciam desconhecidas. Nesse sentido, Jesus exibiu hoje ao mundo, em Camp Nou, a "táctica dos 3 defesas", a qual mantivera no segredo dos deuses desde o início da época.

Estando Patrício entre os postes, Piccini, Coates e Mathieu formaram o trio defensivo, com Ristovski a fazer toda a ala direita (em teoria, está claro) e Acuña a ala esquerda, sendo que o argentino jogou sempre a partir de uma posição mais recuada que o macedónio. William, Battaglia e Bruno César completaram o quinteto do meio-campo e Bruno Fernandes e Alan Ruiz ocuparam as posições mais adiantadas no terreno. Um 3x5x2 com boa vontade, dadas as características dos "atacantes".

A equipa culé pareceu baralhada e, na verdade, durante a primeira parte apenas por uma vez incomodou a baliza de São Patrício, quando Luis Suárez iludiu a marcação do seu compatriota Coates e surgiu na cara de Rui, o qual executou a "mancha" com maestria. É certo que no ataque fomos uns gatinhos, os nossos jogadores não causando mais do que uns arranhões nos blaugrana (dois remates de Bruno Fernandes e uma arrancada voluntariosa de Battaglia aos 21 minutos), exceptuando o amorfo Alan Ruiz, subitamente despertado de uma prolongada letargia para, irresponsavelmente, marcar violentamente o tornozelo de um jogador da cidade condal, num lance em que o árbitro foi bondoso ao apenas o punir com o cartão amarelo, em vez de lhe conceder um prematuro duche escocês.

Para a segunda parte, JJ tentou arriscar mais um pouco, retirando o inoperante Alan - um jogador "sem cabeça" nunca poderia ganhar bolas pelo ar - e o arrítmico Ristovski e colocando Bas Dost e Gelson Martins, alterando posteriormente o seu sistema para o habitual 4x3x3, pós troca de Bruno César (só dura 60 minutos) por Fábio Coentrão . O treinador leonino acabaria traído pela desatenção fatal de marcação, de Gelson, no canto que deu origem ao primeiro golo do Barça (57 minutos) e pelo falhanço de Dost na cara do golo, após centro excepcionalmente executado por Bruno Fernandes (61 minutos).

Tempo ainda para uma grande parada de Rui Patrício, a remate de Messi, para nova perdida de Dost (desta vez assistido por Coentrão) e para mais um momento de infelicidade (Mathieu) que resultou em novo auto-golo (Coates já havia "marcado" em Alvalade).

Destaques pela positiva para Coates, Bruno Fernandes, Patrício e Piccini, exactamente por esta ordem (decrescente) e pela negativa para Ruiz, William e Dost (um ponta-de-lança não pode deixar de marcar pelo menos uma daquelas oportunidades).

O árbitro, proveniente da Escócia, esteve globalmente bem, mas ficaram dúvidas sobre a legalidade do desvio de Digne na área do Barcelona, durante a primeira parte, naquilo que pareceu um "vintage penalty", conservado e maturado em cascos de carvalho e tudo.

 

Barcelona-Sporting.jpg

 

 

Quente & frio

Gostei muito das exibições de Coates e Rui Patrício em Barcelona. O internacional uruguaio - o melhor jogador leonino no Camp Nou - esteve próximo da perfeição, defendendo tudo quanto havia para defender no espaço que lhe estava confiado no eixo da defesa e ainda teve oportunidade de impulsionar os seus colegas com precisão de passe dianteiro e boas arrancadas individuais, revelando inegável domínio técnico da bola. O nosso guarda-redes, sem culpa nos golos, fez duas excelentes defesas: a primeira (24') saindo com êxito para travar Luis Suárez, a segunda (82') impedindo Messi de marcar. O Sporting, com esta derrota por 0-2, transita para a Liga Europa. Mas Coates e Patrício mereciam rumar aos oitavos da Liga dos Campeões.

 

Gostei do nulo ao intervalo, reflexo da boa organização defensiva leonina durante todo o primeiro tempo. E que tivéssemos aguentado o empate até aos 59', o que até levou o técnico do Barça, Ernesto Valverde, a fazer entrar Lionel Messi, ausente do onze inicial. Também gostei de algumas exibições individuais, além das já mencionadas. Sobretudo as de Piccini, muito competente na manobra defensiva, e Gelson Martins, que só actuou na segunda parte mas foi crucial para acelerar o ritmo e a acutilância ofensiva da equipa.

 

Gostei pouco das mexidas de Jorge Jesus no nosso onze nuclear. Se a colocação de Acuña na lateral esquerda, habitualmente confiada a Fábio Coentrão, até se compreende pelo facto de o médio-ala argentino estar habituado a essa posição na selecção do seu país, já a troca de Gelson por Ristovski deixou-me perplexo. E a inclusão do inútil Alan Ruiz como elemento mais avançado, enquanto Bas Dost ficou no banco durante todo o primeiro tempo, foi para mim incompreensível. O argentino revelou-se aquilo que já seria de esperar: uma nulidade. Sem surpresa, acabou por ir tomar duche ao intervalo.

 

Não gostei do início titubeante do Sporting, incapaz de cruzar a linha do meio-campo e acusando excesso de temor reverencial perante a equipa anfitriã nos primeiros 20 minutos, em parte devido à falta de rotinas do onze que Jesus colocou em jogo. Também não gostei do já habitual golo sofrido mesmo ao cair do pano - desta vez um autogolo, provocado já no tempo extra por Mathieu, que joga em Alvalade oriundo do Barcelona e parece ter acusado excesso de pressão psicológica neste regresso esporádico ao Camp Nou.

 

Não gostei nada da falta de capacidade concretizadora do Sporting. Fomos incapazes de marcar de uma forma ou de outra - nem com incursões na área nem com remates de meia-distância. Bruno Fernandes, que é bom nisso, limitou-se a dois tiros frouxos que mais pareceram passes ao guarda-redes, aos 16' e aos 36'. Bruno César, que tem a alcunha de "Chuta-Chuta", desta vez esqueceu-se de chutar. Alan Ruiz não existiu em campo, o que não surpreendeu ninguém. Mas quem mais me irritou foi Bas Dost: teve duas oportunidades soberanas de marcar, desperdiçando ambas. Na primeira (62'), servido por um centro milimétrico de Bruno Fernandes, tinha toda a baliza à sua mercê e acabou por atirar à figura do guardião. Na segunda (83'), após um grande cruzamento de Fábio Coentrão, fez voar a bola acima da barra. A história do jogo teria sido muito diferente sem estes exasperantes falhanços do ponta-de-lança holandês. 

Abril de 2016

Para seguir em frente na Liga dos Campeões o Sporting só tem vencer em Camp Nou e esperar que a Juventus não ganhe em Atenas. Para a primeira parte ser verdade, basta imitar Real Madrid (Ronaldo marcou o golo da vitória) e Valência que, em abril de 2016, foram as últimas equipas a derrotar o Barça na sua casa, ambas por 1-2. Estaremos em boa companhia. Podemos ainda lembra o 0-3 com o Bayern (maio de 2013); outro 1-2 com o Real (abril de 2012) e até um 0-2 com...o Hércules (setembro de 2010). 

Entusiasmos

Acho que tenho de discordar do grande entusiasmo da nação sportinguista com a exibição frente ao Barcelona. Não que não tenha sido uma bela exibição, mas esse é o problema dos jogos contra o Barcelona ou o Real Madrid ou outra equipa do género: a exibição das nossas vidas quase nunca basta diante delas; elas têm recursos que nós não temos e, quase invariavelmente, conseguem arranjar maneira de ganhar (se não é pelos jogadores, que são melhores, é pelo complexo de inferioridade, que aparece sempre num ou noutro momento, ou então é pelos árbitros, que gostam de lhes estender o tapete). O jogo do Barcelona está dentro de um ciclo, que começou de maneira horrorosa contra o Moreirense e só termina no domingo, contra o Porto. Ora, por ter "batido o pé" ao Barcelona, por ter jogado "olhos nos olhos", a equipa vai chegar a domingo mais cansada (porque o jogo do Porto com o Mónaco não foi tão cansativo) e com menos um dia de descanso. Esse jogo é que era para tentar ganhar com todas as nossas forças, e não as vamos ter. Assim como era para ganhar mesmo contra o Moreirense. Até agora, isto está muito parecido com o ano passado, quando"batemos o pé" ao Real, jogámos "olhos nos olhos", e depois fomos perder escandalosamente com o Rio Ave por 3-1. A redenção deste ciclo está, portanto, no jogo com o Porto. Lembro-me bem quando, há três anos, "batemos o pé" ao Wolfsburgo (então uma das melhores equipas da Europa) e, no jogo imediatamente a seguir, fomos perder 3-0 às Antas, visivelmente por exaustão da equipa. Só espero que desta vez sobrem as forças. Felizmente para o meu coração, não vou poder ir ao estádio, por ter sido convocado para uma mesa de voto: durante o tempo em que decorre o jogo, devo estar a contar votos. Acho que vou ter uma boa surpresa no fim.

História

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O Futbol Club Barcelona foi fundado em 1899 por um grupo de suíços, ingleses e catalães liderados por Joan Gamper. Seis anos antes tinha nascido o Fussball Club Basel, do qual Gamper foi futebolista e capitão. Quando chegou a altura de criar um clube na Catalunha, Gamper escolheu para o Barcelona as cores do seu anterior clube. 

 

Tudo ao molho e FÉ em Deus - BATman e SuperMAT

O "poeta" romeno Ovídio (Hategan), apitou com metamorfoses, sensível ao mito de "més que un club", lema do clube catalão. 

Com uma profusão de cartolinas amarelas distribuidas apenas à equipa leonina (6 até aos 58 minutos), O(v)ídio condicionou a possibilidade de o futebol do Sporting vingar, na medida em que, quebrando ramos importantes, retirou vigor à árvore germinada por Jorge Jesus.

Perdemos, é certo, mas em Alvalade apareceu um vigilante (a Messi), um agressivo e intenso argentino com ritmo de tango que num compasso binário, sempre acima e abaixo no relvado, criou a ilusão de que tudo ainda era possível, sempre sem cometer faltas (à atenção da cartilha), de forma a não se sujeitar ao apertado (para nós) critério do médico (é verdade!!!) romeno, evitando que este lhe "tratasse da saúde" . Chamam-lhe Batman, mas a sua verdadeira identidade é Battaglia. Rodrigo Battaglia. A seu lado não estava Robin, mas sim Supermat, ou melhor Mathieu, Jeremy Mathieu, um gaulês também habituado às danças de salão - não tivessem elas sido criadas na corte do rei Luis XIV, em França - que nas ausências de Battaglia soube dançar a par com Messi. Os nossos super-heróis dinamitaram o passe-repasse do Barça, o célebre tiki-taka, com uns últimos 15 minutos de vertigem que quase conduziram a equipa à igualdade. 

E foi quase, porque o nosso homem-golo da época passada, o holandês Bas Dost, é agora um homem dado às causas humanitárias: assiste aqui, assiste acoli, e acaba por não concluir a missão para a qual foi contratado. Espera-se que não acabe no "crescente" Vermelho. Lagarto, lagarto!!!

Além destes, aqui e ali emergiu o talento de Bruno Fernandes. Que grande jogador! E Ruuuuuuuui, Rui Patricio, que manteve inviolável a sua baliza às investidas culés, apenas traído por um desvio infeliz e imerecido de um companheiro, no caso Sebastián Coates.

 

Os nossos jogadores:

 

Rui Patricio - E quando todos falham, eis que aparece Rui Patricio. Foi assim já na parte final do jogo quando Paulinho lhe apareceu isolado pela frente e Rui o convidou a "arrumar as botas", característica que não espanta num Paulinho e que, aliás, é sobejamente conhecida, apreciada e estimada no nosso balneário e pelos adeptos.

Nota: Sol

 

Piccini - Os quadrinhos da Marvel são muitas vezes "dark" e preenchidos com motivos dramáticos. O italiano é o relâmpago que ilumina a noite escura e incrementa a tensão e o suspense. De facto, por vezes, tem lampejos de grande jogador. Ontem à noite, durante a primeira parte, teve mais um desses momentos quando irrompeu pela direita e, à falta de oposição à altura, flectiu para o centro e fez saír do seu pé esquerdo um trovão sob a forma de um remate que assustou Ter Stegen.

Nota: Sol

 

Coates - Ao melhor estilo de um outro sul-americano, Anderson Polga, teve a infelicidade de ser a carambola final de uma brilhante tacada bilharistica (versão snooker) que envolveu dois outros jogadores até atingir a rede. Mais tarde, iniciou um conjunto de fintas à saída da sua área que acabariam por isolar um jogador catalão, felizmente sem consequências. No restante tempo, assistiu com deleite à exibição do seu colega do centro de defesa e resolveu bem o (pouco) que sobrou.

Nota:

 

Mathieu - Um tirano, na maneira como "tirou o pão da boca" do franzino Messi. Não se faz! A verdade é que o francês tem aquela qualidade extra(sensorial) que lhe permite adivinhar o momento ideal para o "tackle", o timing certo de entrada na bola. Além disso, é um metrólogo, um cientista da medida do comprimento ou não tivesse  o sistema internacional de medidas sido criado em França, na época da Revolução Francesa. Ele bem avisou antes do jogo: dar 1 metro a Messi. E não lhe concedeu nem mais um centímetro.

Nota: Si

 

Fábio Coentrão - Começou nervoso, desperdiçando com uma ingenuidade juvenil algumas jogadas promissoras de ataque do Sporting. Assim continuaria pelo tempo fora, exceptuando o minuto que perdeu, com o jogo a decorrer, a apertar os atacadores, missão que cumpriria com uma calma olí­mpica e, lá está, mais uma vez com a eficiência de uma criança de 2 anos de idade. Salvou a sua prestação com um corte providencial a evitar um golo certo. Pareceu aliviado quando o árbitro o avisou de que para a próxima iria para a rua. Jesus antecipou-se e fez-lhe a vontade e ficámos a jogar com 10, melhor, com 9 porque simultaneamente saiu Acuña (outro amarelado). Entraram 2 placebos, figurantes de uma peça encenada para outros actores, que pelo menos criaram a ilusão no adversário de que a equipa estava completa em campo.

Nota:

 

William - Como sempre, muito agradável à vista, pormenores de grande técnica, mas roubar bolas aos catalães, "bola". Pareceu jogar ligeiramente adiantado em relação a Battaglia, ao estilo de Adrien, mas sem a intensidade do ex-capitão. Este, aliás, foi sempre o problema do jogo do Sporting: equipa bloqueada pelo medo, pelo mito culé, a jogar mais na expectativa, com pouca iniciativa. Na parte final do desafio ou trocou de posição com o argentino, ou este, dotado de uma mudança a mais na caixa de velocidades em relação aos restantes companheiros, o ultrapassou vertiginosamente nos movimentos atacantes. Ainda assim, apareceria a receber uma assistência de Bas Dost (quem mais...), concluida com um "drop" ao melhor estilo do rugby do País de Gales.

Nota:

 

Battaglia - A quem estava à espera de ver a Ópera de Barcelona, Battaglia respondeu com solos de Bombo Leguero, instrumento de percussão argentino de longo alcance (até 5 km) - produzido a partir de um tronco de árvore oco, a tal que o O(v)í­dio corroeu - que certamente foi ouvido do outro lado da 2ª Circular (pelo menos umas 5 vezes). A sua segunda parte tornou o jogo culé mais confuso e desordenado. A mess(i), como diriam os britânicos. É a alma, o coração e o pulmão da equipa, o que nunca se rende, nem se ajoelha, esta última talvez a única razão plausível para Jesus não o ter posto de início no sábado, no jogo disputado numa vila de cónegos.

Nota: Si

 

Bruno Fernandes - A variar flanco, a rematar de primeira, a rendilhar e pôr filigrana no jogo leonino, Bruno mostrou que esta é a sua casa. Refiro-me não só a Alvalade, mas também à Champions, pois claro. Um jogador de eleição! Parece muito fatigado, a viver mais da garra e da genica do que do pulmão. Pode ser que Battaglia lhe possa emprestar um dos vários que tem a mais...

Nota: Sol

 

Gelson - A sua velocidade de execução peca por ser maior do que a velocidade do seu pensamento. Isso gera alguma anarquia nos seus movimentos, por vezes precipitados, erráticos e inconsequentes. Mas, quando tudo se equilibra, vemos o melhor de Gelson: o desequilibrio, a esquiva, o estilo enganador, tudo qualidades que deixam dúvidas nos adversários. Está longe do seu melhor - ainda que a sua condição actual esteja anos luz acima da de qualquer pretendente ao lugar -, aparentando muito nervosismo, com menos poder de finta, pelo que se recomenda que passe a entrar em campo com dois Lexotan no "bucho", panaceia que certamente lhe retirará tanta sofreguidão.

Nota:

 

Doumbia - Durante a primeira parte foi a carraça nas pernas dos competentes defesas catalães, sempre seguros a passar a bola à saída da sua área. Aos 40 minutos, confundiu Umtiti com dois Titi e acertou num deles. Recebeu um amarelo. De seguida, sugestionado pela saga dos companheiros super-heróis, ensaiou um vôo que terminaria numa saída pela porta pequena, de maca, que isto de heroísmos não é para quem quer, é para quem pode.

Nota:

 

Acuña - Não se percebe, mas a existência de Coentrão talvez o explique, porque teve tão pouca bola na primeira parte, visto que quando a teve mostrou ser o único lá da frente a conseguir segurá-la e tirar centros. O Muro impôs a sua robustez física e bateu-se de igual para igual com qualquer defesa catalão. Saiu exausto, desgastado por muitas desmarcações vãs, pois a bola raramente lhe chegava.

Nota: Sol

 

Bas Dost - Perante tanta bondade, beneficiência, humanidade, magnanimidade, compaixão e altruísmo da sua parte, assiste-me dizer que ou começa a "dostar" ou vai provar da malvadez, ruindade, maldade, malevolência, maledicência e egoí­smo das bancadas de Alvalade. Anda uma pessoa a criar um verbo para isto...

Nota: Mi

 

Jonathan Silva - Jesus decidiu simultaneamente trocar todo o flanco esquerdo e a coisa não teve o efeito desejado: ofensivamente, nada a registar; defensivamente, deixou buracos sabiamente compensados pela destreza da dupla Bat&Mat.

Nota: Mi

 

Bruno César - Ao brasileiro aplica-se o mesmo que foi dito acima em relação a Jonathan, exceptuando ter dado a sensação de já ter entrado cansado e, por isso, ter passado mais tempo deitado na relva. Numa dessas "investidas" para o chão ainda ganhou um livre nas imediações da área, o que constituiu a última réstia de esperança dos adeptos leoninos.

Nota: Mi

 

Tenor "Tudo ao molho..." (melhor em campo): Rodrigo Battaglia, a.k.a, Batman.

 

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