Não se se muitos notaram, mas Amorim disse coisas interessantes e de certo modo preocupantes no final do jogo.
No meio dos elogios aos nórdicos que os jornalistas queriam ouvir da boca do treinador, este mostrou-se preocupado com uma certa falta de intensidade no final e uma certa displicência (a palavra é minha), dizendo que se os jogos da Liga portuguesa são assim - com o SCP a atacar 95% do tempo - os jogos da Champions não são.
Nesses jogos é preciso ir lá à frente e vir a correr cá para trás.
Este ano, o Sporting tem demonstrado uma superioridade tal face às (chamadas) equipas pequenas, que quase parece que viajámos a um tempo pré-sistema (... eu ainda me lembro....) em que as condições de treino, preparação e plantéis das equipas pequenas eram muitíssimo inferiores às dos três grandes. Os jogos têm parecido espetáculos de Las Vegas.
Excepto com o Porto e com o Lille.
Com o Porto, tivemos de esperar que o central cometesse aquele penalti de principiante e com o Lille tivemos a fortuna de jogar contra dez durante uma hora. Em nenhum dos casos brilhámos, fomos imensamente superiores e avassaladores. Merecemos ganhar, mas não foi Las Vegas. Lembro que nos dois casos o segundo golo chegou tarde e caído do céu, de fora da área. Geny primeiro e Debast depois.
É bom que os jogadores se mentalizem que nada (mas mesmo nada) está ganho. Como por exemplo a Supertaça...
Felizmente, e como tem acontecido, Amorim está dois passos à frente.
Faz-me grande confusão o incómodo de alguns Sportinguistas, e não falo dos ressabiados da tasca, sobre o modelo de jogo que o Sporting continua a praticar com Rúben Amorim, mais ou menos igual ao que sempre praticou sob o seu comando desde que chegou a Alvalade há quase quatro anos.
Esses mesmos falam em vontade, em atitude, em exigência, em muita coisa que bem esprimida não é garantia de coisa nenhuma em termos de capacidade de ganhar jogos e garantir títulos.
Por exemplo Gyökeres entrou na Polónia com toda a vontade, atitude e exigência competitiva ao adversário a abrir o jogo, foi expulso, o Sporting jogou com 10 o resto do tempo e empatou o jogo. Já Pedro Gonçalves, um dos mais criticados por falta disso tudo, um dos "..." do plantel, mesmo a mancar com uma unha do pé partida fez um passe teleguiado, parecia um "pitch" de basebol, que Gyökeres aproveitou para pôr o Sporting à frente do marcador em Portimão. E muitos mais exemplos poderia dar neste sentido, mesmo sem falar do Pepe.
Em Alvalade, um sócio mais velho com lugar cativo mesmo na minha frente, sempre à beira do colapso nervoso, farta-se de berrar de cada vez que a equipa passa para trás e para o lado, outro na central vociferava quando Nuno Santos mais uma vez passava para trás, queria a bola atirada lá para a frente e depressa, foi preciso isso acontecer e a equipa perder a bola para o sócio do lado lhe perguntar se assim já estava satisfeito.
Realmente não percebo que raio de futebol andam a ver. Nos velhos matraquilhos é que era sempre para a frente.
O modelo de jogo de Amorim consiste em sair a jogar pausadamente desde Adán, para levar a equipa toda junta para perto da área adversária, rodar a bola de um lado para outro do campo para confundir as marcações e desposicionar os defensores, criando situações de perigo para o adversário e tentando cortar pela raiz as saídas em contra-ataque. Contra o Portimonense, pelo "estacionar do autocarro" de Paulo Sérgio, ainda mais isso foi evidente. Na 1.ª parte a equipa parecia estar a jogar andebol de 11 com os pés. A verdade é que mesmo o adversário defendendo muito bem, e faltando aqui e ali as entradas dos médios em velocidade na estrutura defensiva adversária, o Sporting teve na 1.ª parte uma grande oportunidade de golo para nenhuma do adversário.
A 2.ª parte, pelo cansaço acumulado do adversário, naquela defesa reforçada, já foi bem diferente com as oportunidades a sucederem-se infelizmente desaproveitadas, tendo o adversário apenas três oportunidades de golo, o livre directo (continuo a dizer que a falta não existiu, como não existiu causa para o amarelo a Diomande mesmo antes) e as duas situações de contra-ataque rápido. Ou seja, mais uma vez o Sporting ganhou um jogo difícil por 2-1, mas pelas oportunidades para cada lado o resultado podia ser 6-3 ou algo assim.
Vamos agora supor que desfalcados de três titulares fulcrais no centro do terreno, Coates, Inácio e Hjulmand, e com cinco levezinhos no onze como Edwards, Catamo, Nuno Santos, Morita e Pedro Gonçalves, Bragança no banco, o Sporting entrasse em Portimão de peito aberto, meia bola e força, ora ataco eu, ora atacas tu, corro agora para lá, logo a seguir para cá.
Isso era garantia de alguma coisa? Paulo Sérgio chamava-lhe um figo, e se calhar teriamos um resultado como tempo do Peseiro em que perdemos por 4-2...
Se depois de tantas vitórias conseguidas desta forma pela mão de Amorim alguns ainda não gostam e não querem, parece que têm vergonha de ganharem assim, querem o quê exactamente? Jogar como nunca e perder como sempre?
Sabem quantos jogos é que o Sporting perdeu em 2023 e como os perdeu? Não chega? Querem mesmo o Jesus de volta? Ou então quem ?
Francamente não vejo qualquer vantagem no Cartão de Adepto, que me parece apenas vir mascarar a inacção das polícias, dos tribunais e dos próprios clubes face à delinquência no interior dos estádios. Quantas vezes em Alvalade, onde existem câmaras de vigilância, spotters da PSP a vigiar de frente as claques, polícia de intervenção para actuar, não vimos petardos a explodir e tochas a voar sem que ninguém fosse logo detido?
Este problema não se resolve com mais um cartão, resolve-se com penas pesadas para os infractores em processos sumários, que incluam a inibição de frequentarem estádios e da parte dos clubes a imediata expulsão de sócio dos condenados. Se calhar foi apenas uma forma deste governo ultrapassar a incompetência dos responsáveis políticos do sector, do ministro da Administração Interna (vide comemorações do título) e do secretário de Estado do Desporto.
Dito isto, vamos ao tema deste post.
Muitas vezes critiquei aqui a utilização da expressão "falta de atitude" para justificar algum resultado desfavorável da equipa do Sporting. Num jogador ou numa equipa de futebol, o fundamental é a competência, não é a atitude. Muitas vezes o excesso de atitude apenas destrói a competência. Ou por uma entrada mais destemida dum defensor que conduz à expulsão, como o caso de Diogo Gonçalves em Moreira de Cónegos, ou por um penálti marcado com ganas que vai à barra, que o diga Jovane. O valor dum jogador não se mede pela sujidade dos calções. O fundamental é mesmo a competência, quer a defender quer a atacar, como a de Pedro Gonçalves que anda por ali sem ninguém dar por ele, até que resolve o jogo com dois golos com a melhor competência do mundo.
Mas quando falamos duma claque ou GOA, cuja razão de ser é apoiar incondicionalmente as equipas do clube, então a atitude é fundamental para desempenharem cabalmente o seu papel, numa bancada dum estádio ou dum pavilhão, obviamente temperada com o amor ao clube, com os valores do esforço, dedicação, devoção, e também da irmandade, do companheirismo e do espírito de corpo.
Enquanto a nossa equipa de futebol começou a época de forma magnífica, conquistando a Supertaça e a liderança da Liga, as claques do Sporting começaram a época como meninos amuados. Tudo começou pela Torcida Verde a justificar a ausência de Aveiro com um estranho comunicado onde dizia:
"Para nós, ultras, estar numa curva com uma máscara, com distanciamento social, confinado a uma cadeira, qual cliente de um teatro, é contrário à nossa identidade ... Neste contexto torna-se impensável a nossa presença no jogo de Aveiro. Estaríamos a contribuir para a 'normalização' de um jogo de futebol disputado num ambiente 'anómalo', onde aos 'adeptos escolhidos' está destinado um papel meramente decorativo".
E baldaram-se...
Agora na recepção ao Vizela parece que o sector reservado para as claques do Sporting, de acordo com os novos regulamentos do Cartão de Adepto a que o clube está obrigado, ficou vazio, mas não deixaram de se concentrar noutro sector, deflagrar petardos e tochas, e fazer o Sporting pagar mais 10 mil euros de multa.
Entretanto vi o resumo do Porto. Os SuperDragões no lugar do costume com a grande tarja na vedação, e um comunicado em que diziam:
"O próximo fim de semana representa o regresso ao único local onde somos felizes e nos sentimos realizados: as bancadas dos estádios e pavilhões onde o FC Porto marca presença! A Ansiedade e Alegria deste momento contrasta com a Revolta e Indignação pela entrada em vigor de uma lei que inibe a liberdade de circulação de cidadãos cujo único crime que cometem é fazerem parte de uma claque e gostarem de ver o jogo de pé a apoiar o seu clube do coração. Os Super Dragões estão desde a primeira hora contra a introdução do Cartão de Adepto. Estamos, e estaremos sempre, fortemente empenhados em combater uma lei persecutória, cuja constitucionalidade e eficácia são altamente questionáveis. Quando tanto se apela ao regresso das famílias ao futebol, criar espaços que impedem a entrada a menores de 16 anos faz transparecer que se pretendem criar verdadeiros guetos onde a repressão policial estará validada. Estaremos naturalmente atentos e denunciaremos qualquer espécie de abuso que venha a verificar-se! Nesta luta, todos estamos unidos! Não existem os "a favor" e os "contra" o Cartão de Adepto. Todos somos contra! No entanto, o princípio da fundação da claque em 1986, foi o de apoio incondicional ás nossas equipas, independentemente de quaisquer adversidades. Esta é, por isso, apenas mais uma das muitas adversidades que nos foram sendo colocadas neste caminho de quase 35 anos de história. Estarmos fora de um estádio é a mesma sensação de um peixe fora da água: não come, não respira...acaba por morrer! Nós não vamos morrer, nós não vamos deixar de apoiar o nosso FC Porto por causa da prepotência de um conjunto de governantes que apenas se serve do futebol para ganhar notoriedade e visibilidade num qualquer camarote. Para nós, o futebol e a paixão que temos pelo nosso clube, é tão simplesmente a nossa razão de existir....e ninguém abdica da sua razão de existir! Só os mais fortes sobrevivem, nós seremos Eternos A DIREÇÃO"
E a esposa (e vice?) do grande lider, Sandra Madureira, veio logo acrescentar no Facebook da claque:
"Era preciso que as pessoas se informassem e percebessem as razões de fundo da implementação deste cartão. Eles querem apenas ACABAR COM AS CLAQUES !!! E quem se recusar a ir ao estádio, para o seu setor, está a contribuir para o objetivo dos burros que tomaram esta medida. Iludam-se aqueles que acham que fora do estádio, no sofá, ou no tasco vão ser ouvidos ou levados a sério…inocentes, iludidos! Só juntos, de dentro da curva, onde podemos exprimir-nos através da nossa comunicação é que podemos chamar a atenção para uma medida que todos queremos reverter! Mas cada um sabe de si e faz a sua escolha!"
Mas afinal onde é que está a atitude e a falta dela?
Nos jogadores do Sporting Clube de Portugal que ganharam em três anos em competição directa com o Porto um Campeonato Nacional, uma Taça de Portugal e duas Taças da Liga, para grande azia de Pinto da Costa? No presidente do Sporting e da sua equipa, que tornaram isso possível?
Ou nas claques do Sporting Clube de Portugal que muitas vezes se insurgiram contra a falta de atitude dos jogadores, que os insultaram das bancadas de Alvalade ou de Alverca com "palhaços joguem à bola", que invadiram Alcochete para ajustar contas com alguns deles, que os insultaram nas escadarias do Jamor poucos dias depois, que continuam a fazer o clube incorrer em multas pesadas e que agora recebem estas lições do que é uma claque do... "Macaco"?
Um textículo é uma coisa em forma de texto que não chega a ser bem um texto.
João Félix é um jogador que poderia ser um grande craque, um excelente praticante mas falta-lhe qualquer coisa; poderia ser um Cristiano Ronaldo mas é um Anelka (a propósito ver o excelente documentário na Netflix).
Qual a razão para num "blog" sportinguista se estar a falar sobre um ex-benfiquista?
O João é um miúdo e, potencialmente, poderá ser muito útil à selecção portuguesa, terá de mudar a atitude.
Jogar futebol não é, não pode ser, um frete, não é um favor que se faz à entidade patronal, tem de ser uma paixão, tem de se dar tudo em campo, tem de se ter "ganas", comparemos, por exemplo, a forma como Futre estava em campo (com a mesma camisola do Atlético de Madrid) e a forma como Félix está.
Dir-me-ão: "o rapaz estava triste por não ter sido titular mesmo assim mergulhou bem dentro da área e ele próprio marcou o penalty"
De acordo, dou-lhe mérito pela marcação do penalty, pelo mergulho nem tanto.
O ponto é, precisamente, esse, um bom jogador tem de estar sempre motivado e motivar os colegas, tem de tornar os jogadores que o rodeiam, melhores, nem todos podem ser Bruno Fernandes mas todos podem ter uma atitude boa, uma atitude certa dentro do campo.
Dos dois jogos já realizados destaco as excelentes actuações das equipas da Atalanta e do Leipzig, sem vedetas mas com uma excelente atitude e dinâmica, equipa, conjunto, colectivo é isso que o futebol é, deveria ser.
A vitória do Sporting na final da Taça no passado sábado, outros já o terão dito, representa além de tudo o mais o enterro definitivo da peste brunista que num passado recente se apoderou e ia liquidando de vez o nosso amado Clube. De caminho também representou a afirmação de valores como o Fair play e da boa educação no futebol – até por contraste com a atitude do treinador adversário - um distintivo que sempre esteve no ADN do Sporting. Agora podemos envergar as nossas cores com a cabeça erguida.
Mas não será fácil fazê-lo sozinhos no ambiente doentio que grassa à volta do futebol. Tenho para mim que a sobrevivência desta indústria depende de uma inversão radical na forma como os clubes têm gerido a sua comunicação (e a sua conduta), transformando esta salutar paixão numa guerra sem quartel, com uma batalha verbal em que vale tudo, no total desprezo pela ética e civilidade, no demente propósito de amesquinhar os adversários. Basta escutar cinco minutos os protagonistas de alguns programas televisivos a dizerem disparates impróprios para crianças e pessoas decentes que gostariam de continuar a frequentar os estádios com as suas mulheres e os seus filhos em vez de os entregar às hordas alienados. Por isso não me surpreenderam os comentários hostis dos sequazes portistas a um tweet do escritor e comentador Francisco José Viegas, quando no rescaldo do campeonato apelava a que os adeptos dessem os parabéns ao Benfica, deixassem de comentar os árbitros e se concentrassem no jogo do Jamor. Eu também acredito que o desporto, mesmo sendo espectáculo, tem de permanecer uma actividade nobre e pedagógica, caso contrário, não vale a pena.
Repito o que atrás afirmei: é urgente que se coloque um travão à grosseria que vem sendo transposta das antigas tabernas insalubres para os painéis das televisões e para as salas de imprensa dos clubes, criando um ruído insuportável que tanto mau nome dá à modalidade. Pela minha parte ficarei muito orgulhoso que o Sporting se torne exemplo de integridade e fair-play, remetendo para dentro do campo toda a virilidade e arrebatamento, e que eu jamais venha a envergonhar-me de frequentar um estádio de futebol.
Na série Sob Suspeita (talvez a minha preferida de sempre) existia uma Machine que prevenia crimes violentos. Nalguns momentos de apuro, a Máquina simulava os diversos cenários de saída, graduando a probabilidade de êxito de cada um, para melhor aconselhar os passos a seguir do protagonista em causa.
No passado sábado, houve uma Máquina que terá feito o mesmo trabalho a Marcel Keizer quando o encontro se aproximava para o fim.
Os cenários eram vários, incluindo:
- arriscar tudo e acabar o jogo a 5 pontos;
- arriscar tudo e acabar o jogo a 8 pontos;
- arriscar qb e acabar o jogo a 8 pontos;
- arriscar tudo e acabar o jogo a 11 pontos;
- etc.
Desde logo, pelo sentido do jogo e, sobretudo, pela qualidade do oponente, parece-me que o primeiro cenário era o menos provável de todos.
Seja como for, a posição do treinador não era fácil. Fosse qual fosse a opção, dificilmente se livraria de críticas.
Todos gostaríamos de ver o Sporting arriscar com tudo, mas a atitude de peito cheio não pode, nem deve ser a mesma a 17 jornadas do fim, como é quando faltam 5 ou menos jornadas para o termo do campeonato.
A verdade é que ficar a 11 pontos do Porto seria demolidor para a moral das tropas. Por muito que queiramos apontar o 2º lugar como objectivo, temos de entrar jornada a jornada com o 1º lugar na ambição, senão então aí é que nunca chegaremos ao 2º lugar.
Não quero com isto dizer que 8 pontos de distância do Porto seja animador, porque não é, mas permite, em todo o caso, acalentar alguma esperança no arranque da 2ª volta.
Sempre que o Sporting perde ou tem algum resultado menos bom lá vem a ladainha da falta de atitude, que varia desde a versão soft, "não correm, não se empenham", até à versão hard/ultra, "palhaços joguem à bola, que a camisola é para suar". Ainda no último jogo em casa, tive que gramar com alguém nas costas que invectivava tudo e todos pela falta de atitude, especialmente o Bas Dost, aquele que pelos vistos estava a jogar com um traumatismo craniano.
Ora, se atitude só por si ganhasse jogos, não valia a pena formar jogadores, ou contratá-los a peso de ouro, bastava jogar com a equipa dos Comandos da Amadora, ou então com a do Canelas, essa até com atitude dentro e fora do campo. E com tanta conversa de atitude, queixam-se depois que alguns alucinados assumam a questão e invadam a academia para ensinar os jogadores a ter atitude à cacetada.
O que efectivamente ganha jogos é a competência, desde logo a do treinador em montar, treinar e liderar a equipa e depois a dos jogadores em campo.
E contra o Tondela o que não houve mesmo foi essa competência. Desde logo em Marcel Keizer e na sua equipa técnica porque mandou para o terreno uma equipa às cegas das características do adversário, e dos jogadores, todos eles, uns mais que outros, a acumular erros dificeis de aceitar. Competência a concluir jogadas de golo, competência a rematar de longe, competência a marcar cantos, competência nos duelos individuais. Foi por falta de atitude que Diaby falhou dois ou três golos feitos ? Que B. Fernandes não acertou na baliza de livre quando o do Tondela obrigou o Renan a uma grande defesa ? Ou que B. Gaspar abriu a porta ao avançado do Tondela no primeiro golo ? Aliás esse golo, que foi mesmo à minha frente, estava na terceira fila da bancada a uns 5 metros do B. Gaspar, devia ser passado 50 vezes por Marcel Keizer para mostrar tudo aquilo que não se deve fazer, desde a perda de bola a meio campo, à passagem tranquila pelo Gaspar, ao posicionamento da defesa e à cobertura ao avançado que marcou o golo.
Mas voltando a Marcel Keizer, a verdade é que como já tinha dito anteriormente o seu estado de graça acabou, foi o tempo em que pode trabalhar tranquilamente e colocar a equipa a jogar num modelo de jogo diferente, obter rendimentos inesperados dos jogadores, enfim, ser inovador para a realidade da nossa liga. Passados dois meses, os outros treinadores já estudaram, analisaram e perceberam os pontos fortes e fracos, e cada um deles vai montar um esquema para combater os fortes e explorar os fracos.
E onde estão os principais pontos fracos do Sporting para este modelo 4-3-3 ofensivo que Keizer veio implantar ?
Estão aos olhos de qualquer um:
1. Não temos um trinco digno desse nome, ninguém com envergadura física que possa constituir um tampão efectivo da defesa e que tenha capacidade de passe a curta e longa distância, para lançar a equipa desde trás e obstar aos bloqueios do meio campo contrário. Tínhamos William, os rivais têm Fejsa ou Danilo, nós temos um 8 adaptado que deixa muito a desejar. Aliás os adversários já nem se incomodam em marcá-lo, poupam recursos para usar noutro lado.
2. Não temos defesas laterais em condições. Temos um extremo adaptado que enche o corredor mas que tem falhas de posicionamento, o resto são jogadores medianos, que atacam mal e defendem pior.
3. Não temos substituto para o Bas Dost. Como também não temos substituto à altura dos dois centrais titulares. Mas com Bas Dost é bem pior. Não há Bas Dost, os centros são invariavelmente condenados ao insucesso, não há penaltis causados pelo nervosismo dos defesas contrários, não há Sporting a lutar pelos primeiros lugares.
Concluindo, "quem nasce torto, tarde ou nunca se endireita", o Sporting não conseguiu organizar a temporada em condições, o plantel é muito curto em quantidade e qualidade e com os pontos fracos atrás referidos. Precisam-se reforços que sejam reforços, ao nível dos melhores do plantel actual e para as posições carenciadas. E de alguém que explique a Keizer o futebol português também.
Dito isto, vem aí o líder, vem aí o Porto, se calhar o melhor que poderia acontecer para os nossos pontos fortes, que também os temos, terem ocasião de vir ao de cima e embalarmos para um resto de temporada compensador.
Medo de ganhar. Foi assim que Jorge Jesus resumiu a segunda parte do Sporting. Este medo é algo que nos acompanha há décadas. Falta aquela fibra, aquele nervo de aço, aquela esperteza para segurar, aquele instinto para matar o jogo. Falta a garra de leão. É este o principal desafio que enfrentamos no Sporting. Um clube que estava acantonado na arte de desistir, na arte de ficar com as migalhas e ficar resignado. É por isso que é urgente a injecção de adrenalina que o clube tem sofrido nos últimos quatro anos. Mas é preciso mais. Não dá para ficar de braços cruzados. É preciso mais. Estou certo de que teremos mais. Não há volta a dar. É preciso mudar mesmo a mentalidade.
Empatar sofrivelmente com o Estoril, uma das equipas mais medíocres deste campeonato, é um péssimo cartão de visita para os últimos desafios da temporada. Não basta jogar bem às vezes. É preciso jogar bem sempre. Não basta haver esforço de vez em quando. É preciso esforço permanente. Não basta haver dois remates perigosos à baliza e ficar meia hora a dormir em campo depois disso. Se esses remates não se concretizam, surgem mais dois. E outros dois, se for preciso.
Desculpem o vernáculo do título, mas isto não vai lá com palmas!
No limite, eu até aceito que se entre com algum receio num jogo decisivo, em que estão em jogo classificação, acesso a competições internacionais, finais, etc. Não posso aceitar, não devo (não devemos) aceitar que uma equipa que não tem nada a perder (mas terá muito a ganhar e já lá vamos), se apresente desgarrada, sem ligação, com os seus elementos com a cabeça provavelmente na praia e o seu treinador, qual Mitch Buchannon, do alto da sua cadeira (ao que parece não a de sonho) a preocupar-se apenas com o físico das banhistas.
Ou seja, num jogo onde não estava nada em jogo que não apenas o importante prestígio, coisa pouca pelos vistos, do Sporting Clube de Portugal, entidade que por mero acaso lhes paga os chorudos ordenados, suas excelências jogaram quinze minutos à bola e o seu treinador, à cautela, contra a defesa mais batida do campeonato, vá de meter a equipa num 4x3x3, não fossem eles entusiasmar-se e marcar mais que um golo.
E não satisfeito com a coisa, decide jogar com dez lá para o fim, não fosse o mau enredo descambar e eles enganarem-se. Sim, falo dum espanhol canhoto que ele insiste em colocar em campo. Provavelmente para desvalorizar, só pode!
E então lá vai mais um empate, em casa do 12.º classificado.
Pois é precisamente por aqui que é chamado o cu à colacção: Andamos todos, ou quase, por aqui com toda a razão, a zurzir nos Capelas e quejandos que proporcionaram ao mais que provável campeão um colinho aconchegante na primeira fase do campeonato, deixando algum fedor em mais um ano de competição, mas esquecemos, ou pelo menos desvalorizamos, a "camionete" de empates que cedemos com equipes do quarto lugar para baixo e, pior, alguns deles em casa! E ainda pior, grande parte deles, senão a totalidade, nitidamente por falta de empenho, por desleixo, por "meias-partes" de avanço. Assim não há calça que resista, e inevitavelmente a manchazita acastanhada aparecerá, subrepticiamente...
Ontem, sem nada a perder, sem qualquer pressão, qualquer amador daria o cu e cinco tostões para jogar este jogo e romperia o equipamento se necessário fosse, para arrancar uma vitória. Os principescamente pagos profissionais do SCP foram ao Estoril como quem sai em excursão, de máquina fotográfica de cinco litros como o bom tuga de antigamente, e empanturraram-se de mediocridade, num banquete miserável onde até o motorista da camionete encheu o bandulho.
Vá que o Clube também decide fazer género e lhes deixa de pagar a tempo e horas. Ah! que assim não vale, ah! que somos profissionais e queremos o nosso ordenado, ah! que assim vamos fazer queixinha ao sindicato e à federação... E nós, o Clube, os sócios e os adeptos, fazemos queixa de vós e da vossa falta de profissionalismo a quem????
Confesso que de psicologia sou um completo ignorante, mas os caros leitores serão da minha opinião que com uma final importante para disputar, será de todo o interesse e bastante motivador, que se chegue lá com vitórias e com exibições robustas e convincentes. A psicologia da vitória, que até o JJ entende, parece não fazer parte do léxico de alguns dos nossos jogadores e da equipa técnica, infelizmente. E é aqui que a equipa teria muito a ganhar: potenciar os jogos "a feijões" para criar o elan necessário para chegar à final do Jamor de peito feito, com a robustez que vitórias inequívocas lhe proporcionariam. Por exemplo, embrulhar o Braga num banho de bola e numa vitória inequívoca no próximo jogo daria jeito, digo eu, mas cheira-me que, para compor o ramalhete, só falta fazer um jogo miserável com os bracarenses...
O Sporting chega ao próximo jogo contra o Benfica com 4 partidas feitas esta época contra Porto (2) e Benfica (2).
Na 1ª volta, apontou-se à equipa de Leonardo Jardim a falta de rodagem frente a adversários mais fortes como um dos principais factores para não ter conseguido levar de vencida Porto ou Benfica.
15 jogos depois, o Sporting prepara-se para defrontar o Benfica com outro capital de experiência acumulada.
É verdade que o Sporting ainda não derrotou esta temporada Porto e Benfica. É verdade também que Leonardo Jardim, na sua jovem carreira de treinador, ainda não sabe o que é vencer Porto ou Benfica. Porém, não deixa de ser verdade que o Sporting já demonstrou esta época que tem futebol para derrotar qualquer um desses adversários.
É certo que, para além de dever jogar aquilo que sabe, convém à equipa, no próximo domingo, ter a sorte do jogo consigo. E é certo também que os jogadores têm de demonstrar em campo, e não pode ser de outro modo, aquela vontade ainda maior do que a do adversário em querer vencer o jogo.
Sobre este último aspecto – vontade extra – cabe dizer que se houve algo especialmente revelador nestas últimas duas partidas frente a Arouca e Académica, por contraponto com os respectivos jogos da 1ª volta, foi o facto de que nos espera uma 2ª volta bem mais exigente do que a 1ª. Seja porque há adversários que estão com outras cautelas frente à nossa equipa, seja porque, e não há que desmentir, alguns jogadores importantes estão num momento de forma menos inspirado.
Ora, apesar dessas contingências, considero que é possível vencer o Benfica, ou qualquer outro adversário que jogue com o autocarro na sua área, desde que se queira deixar, realmente, tudo em campo.
Nos últimos dois jogos em Alvalade para o campeonato, contra Nacional e Académica, em que a equipa empatou 0-0, ficou a sensação, em várias partes de cada um desses jogos, de um certo conformismo da equipa. Uma atitude bem oposta à da equipa que, por exemplo, contra o Arouca ou o Alba, em que já vencendo por vários golos de vantagem, continuava a querer marcar mais, o que mereceu o elogio de todos.
É essa ambição que não pode desaparecer e que os jogadores não podem desleixar por um segundo. Apesar das bolas que não entram, ou da muralha instransponível que têm pela frente, os jogadores não podem desanimar, nem deixar para os instantes finais das partidas o sobressalto em querer marcar.
Grande jogo, grande vitória e acima de tudo uma excelente atitude de todos os jogadores. E eram seis os jogadores formados no Sporting no onze inicial.
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