Pedro Gonçalves converte penálti: falhou primeiro, acertou depois
Foto: Tiago Petinga /EPA
Mais um tropeção, para não variar. Desta vez em casa, frente ao Arouca. Que nunca tinha pontuado no nosso estádio: foi uma estreia.
Deixámos correr o marfim na primeira parte, sem uma só oportunidade de golo. E vimos a turma forasteira marcar-nos um, beneficiando de um erro lapidar de Diomande, que tentou um alívio e acabou por fazer uma assistência. Ao minuto 38.
Assim chegámos ao intervalo. Em desvantagem, como tantas vezes tem acontecido. Enquanto em Alvalade soavam assobios. Forma estranha de os adeptos "apoiarem" a equipa, dando moral aos adversários e contribuindo para enterrar os nossos jogadores.
Confesso que não percebo.
A segunda parte foi um pouco a inversa da primeira. Excepto no capítulo da finalização, em que continuámos a perdulários. Atacou-se muito, mas sem objectividade. Como se estivesse pela frente uma baliza de hóquei em patins e não de futebol.
Tínhamos beneficiado de um penálti ainda no primeiro tempo, aos 35'. Que Pedro Gonçalves não conseguiu converter: permitiu a defesa de Arruabarrena.
Para agravar o cenário, mantivemos a tradição de acertar com a bola nos ferros em vez de a mandarmos para as redes. Aconteceu duas vezes: com Morita (54') e Chermiti (62').
Rúben Amorim, quatro dias antes do confronto com a Juventus em nossa casa, poupou anteontem vários jogadores nesta recepção ao Arouca. Edwards, com alegada virose, ficou de fora. Morita e Gonçalo Inácio começaram no banco, fora da lista dos titulares. Nuno Santos, que estava a ter bom desempenho, saiu antes de se cumprir uma hora de jogo.
Os minutos iam passando, o nervosismo aumentava no relvado e nas bancadas. Até que o árbitro Vítor Ferreira decidiu oferecer novo penálti ao Sporting, secundado pelo vídeo-árbitro Tiago Martins. Desta vez Pedro Gonçalves não desperdiçou, fixando o resultado: 1-1. Empate que sabe a derrota. Outro tropeção nesta Liga 2022/2023.
Novo brinde da arbitragem: tivemos 12 minutos adicionais para desfazer o empate, já com Coates lá na frente, plantado na área, investido em pronto-socorro no salve-se quem puder a que nos temos habituado.
Não serviu de nada.
Quem diz que «somos sempre roubados» está equivocado. Aqui foi ao contrário.
Nada de novo: mais do mesmo. Não há desculpa possível para este desaire que nos afasta ainda mais dos lugares da frente e nos faz dizer quase adeus à Liga dos Campeões.
Assim não dá.
Breve análise dos jogadores:
Adán - Foi pouco mais do que um espectador. Sem culpa no golo sofrido.
Diomande - Imperdoável, aquele atraso que funcionou como assistência para o golo do Arouca que nos fez desperdiçar mais dois pontos.
Coates - Um dos melhores. A comandar as operações atrás e a tentar tudo, nos momentos finais, para marcar de cabeça. Esteve perto disso, aos 90'+9.
Matheus Reis - Sem grandes ousadias, mas sem provocar estragos. Foi regular, o que no Sporting actual é quase um grande elogio.
Bellerín - Uma nulidade. Nem atacou, nem pressionou, nem pareceu mostrar interesse em estar em campo. Amorim fez-lhe a vontade: saiu ao intervalo.
Ugarte - Anda a atravessar crise de inspiração. Cumpre os mínimos, como recuperador de bolas, mas voltou a ter exibição insuficiente. Dele espera-se mais.
Pedro Gonçalves - O melhor dos nossos: falhou um penálti, mas redimiu-se marcando outro. Dínamo da equipa. Sem ele, esta época tornar-se-ia um pesadelo maior.
Nuno Santos - Foi centrando, muitas vezes para ninguém. Quase marcou aos 57': boa defesa do guarda-redes. Dois minutos depois, saiu. Poucos entenderam tal opção.
Arthur - Faz pouco sentido vê-lo jogar como ala, quando estamos perante um extremo de raiz. É nas missões ofensivas que mais se destaca.
Trincão - Símbolo máximo da bipolaridade leonina: tanto brilha num jogo como se afunda no jogo seguinte. Esteve em dia não: voltou a passar ao lado da partida.
Chermiti - Estão a querer dele aquilo que talvez não possa dar: ser um jogador móvel de área, com presença física e golo. Falhou pelo menos três oportunidades.
Morita - Rendeu Bellerín no segundo tempo e a equipa mostrou-se logo mais dinâmica. Médio criativo, com qualidade no transporte. Quase marcou aos 54'.
Rochinha - Substituiu Nuno Santos aos 59'. Outra oportunidade perdida. Tentou dar velocidade e consistência ao nosso jogo, sem conseguir.
Esgaio - Entrou para render Ugarte (77'). Com as características habituais: cumpriu os mínimos sem arrojo nem ousadia.
Gonçalo Inácio - Substituiu o desastrado Diomande aos 88', permitindo soltar Coates lá para a frente. Podia ter resultado, mas não resultou.
Ruben Scolari: Eu só estava a defender o minino, o, o, o, o Pêdrinho.
Jornalista: Então e a falta de eficácia, como explica?
Ruben Scolari: Bom, cês viram, foi um massacre de bolas para a baliza e sem ninguém para empurrar a minina pro véu da noiva.
Jornalista: Notou-se a falta de um avançado-centro, um matador...
Luis Felipe Amorim: Até parece que não viu o Chermiti.
Jornalista: Mister e a saída do Nuno Santos, que estava a metê-las lá mesmo no sítio com cruzamentos certeiros?
Luís Ruben Felipe Amorim: Não viu mesmo o Chermiti!
Jornalista: Quem, eu ou o Nuno Santos?
Ruben Luís Amorim Scolari: E o burro sou eu?
Jornalista: ahhhh...
Assessor de imprensa in extremis: Meus senhores, ficamos por aqui, obrigado pela vossa presença.
Ruben Scolari: Mas eu só queria difendê o minino...
Alguém lá atrás: Cala-te, pá! Metam-lhe mazé um par de orelhas e obriguem-no a repetir cem vezes "sou burro" e outras cem "não sei fazer substituições".
Outro alguém lá mais atrás: Cala-te Varandas, senão ele desconvoca-te.
Hugo Viana saiu sorrateiro.
Adenda: escusam de entrar os que se referem, de forma pouco simpática, aos meus colegas de blog, ainda que eu possa concordar com o essencial do comentário no que a outras pessoas diga respeito. A cabecinha não consegue atamancar uma dúzia de linhas sem ofender o próximo? Vá lá, digam o que vos vai na alma, que sois livres de o dizer sem ofender ninguém.
De mais dois pontos perdidos. Não pode ser coincidência: na primeira volta, fomos a Arouca perder (0-1), ontem estivemos perto disso. Lá conseguimos empatar, com um penálti manhoso, e andámos no habitual desespero dos últimos minutos (com a ajuda do árbitro Vítor Ferreira, que ontem nos concedeu 11 minutos de tempo extra!) sem desfazer o 1-1.
De voltar a ver Coates como ponta-de-lança improvisado. Chega a ser humilhante para o próprio capitão leonino, comandante do sector defensivo: lá voltou ele, na tal fase do desespero, a ser remetido para a frente, como "pinheiro" na grande área, para tentar um cabeceamento miraculoso que nos salvasse daquela aflição final. Não resultou. Teria sido muito mais fácil contratar um avançado goleador no Verão passado, como vários de nós escrevemos e como a mais elementar lógica indicaria.
De Chermiti. Andou aos papéis, durante quase o jogo todo, comprovando que não basta contar com alguém alto na grande área: é preciso que esse jogador tenha faro - e habilidade - para o golo. Chegou atrasado nas ocasiões propícias para marcar. Falhou remates a passe de Trincão (8'), Nuno Santos (14') e Arthur (21'). O primeiro (aos 30', servido por Ugarte) saiu-lhe frouxo. Incapaz de uma recarga aos 54'. O melhor que conseguiu foi acertar no poste (62'). Assim torna-se muito difícil.
De Diomande. Ontem a nossa linha de centrais foi composta por ele, Coates (antes de ser plantado na grande área adversária) e Matheus Reis. O jovem marfinense, que já tinha feito boas exibições, saiu desta vez mal da fotografia com uma rosca que originou o golo sofrido. Serve um pouco de símbolo do que tem sido o desnorte do Sporting na temporada em curso.
De Bellerín. O espanhol que chegou como aspirante a sucessor de Porro mas tem passado mais tempo na enfermaria do que no relvado prometia muito mas vem oferecendo quase nada - na linha da recarga falhada a um metro da baliza em Turim. Ontem foi pior do que contra a Juventus: primeira parte nula, sem qualquer acção digna de registo. Ao intervalo, deu lugar a outro (Morita, bastante melhor).
Da troca de Nuno Santos por Rochinha. Aconteceu aos 59'. Não entendi. Já a poupar o jogador a pensar no Sporting-Juventus da próxima quinta-feira? É a hipótese mais plausível, tal como a exclusão de Morita durante toda a primeira parte e a ausência de Gonçalo Inácio até aos 89'. Mas a verdade é que fez falta à equipa, enquanto Rochinha se limitou a ser... Rochinha.
Do penálti falhado. Por Pedro Gonçalves, aos 35'. E vão três, de seguida - por Chermiti contra o Chaves, do mesmo Pedro Gonçalves contra o Portimonense e agora este frente ao Arouca. Felizmente foi-nos assinalado outro, o que nos situa no topo das equipas que mais têm beneficiado de grandes penalidades. Valeu-nos esse, aos 87', para empatar o jogo. Em lance corrido, pelo que se viu contra o quinto classificado da Liga, seríamos incapazes.
Das ausências. St. Juste e Paulinho estão arrumados até ao final da época, já não contamos mais com eles. Edwards, nosso habitual desequilibrador, também esteve ausente, por suposta indisposição (esperemos que recupere para enfrentar a Juventus em Alvalade na quinta-feira). Além deles, também Morita e Gonçalo Inácio estiveram fora do onze inicial. Num plantel já de si curto, com jogos de três em três dias, estas baixas pesam sempre.
Da primeira parte. Oferecida ao Arouca: levamos demasiado longe o desportivismo face aos nossos adversários - incluindo agora no lance do golo marcado por Antony, aos 38'. Nesta fase do jogo, a intensidade parece emigrar para parte incerta. Depois restam-nos 45 minutos (ontem mais 56') para correr contra o prejuízo.
Dos assobios nas bancadas. É verdade que estávamos a perder, mas assobiar os jogadores ao intervalo não serve para nada. Excepto para dar mais moral à equipa adversária e afundar ainda mais a nossa num estádio que tinha ontem 25.584 espectadores. Pura estupidez.
Da expulsão do treinador. Facto raro: Rúben Amorim viu o vermelho mesmo ao cair do pano. Ignoro o motivo, mas nunca é bom sinal. Não queremos competir com o técnico do FC Porto no campeonato dos cartões.
Da classificação. Fomos ainda mais empurrados para o quarto posto, perdendo terreno para FC Porto e Braga - que venceram os respectivos jogos e têm estado realmente melhor do que nós nesta Liga 2022/2023. Com o consequente adeus à liga milionária que já se vislumbra. E os naturais reflexos que isso terá na formação do plantel da próxima época.
Gostei
De Pedro Gonçalves. O mais batalhador, o mais inconformado, o melhor dos nossos. É verdade que falhou um penálti, mas converteu outro - o seu 19.º golo da temporada. E voltou a demonstrar que é o principal activo do futebol leonino. Pelo que joga e pelo que faz jogar. Sempre de cabeça levantada, sem nunca perder o rumo da baliza.
De Morita. Com ele em campo, a equipa muda. Para melhor. Agora que Ugarte anda mais apagado, nota-se ainda mais o bom trabalho do internacional japonês, único criativo do habitual dueto do nosso meio-campo, eficaz transportador da bola, sem receio do choque físico nem de arriscar passes de ruptura. Desta vez entrou com 45 minutos de atraso. Cabeceou à trave, aos 54', após canto convertido por Nuno Santos.
Do Arouca. Nunca tinha pontuado em Alvalade: superou ontem essa marca. Segue com sete jogos seguidos sem perder. Um lugar abaixo de nós na classificação geral.
O melhor jogador deste plantel do Sporting, quer seja o que começou a época, quer o actual, chama-se Pedro Gonçalves.
Passa, centra, remata melhor do que nenhum outro e ainda consegue desarmar sem falta.
Mas aos 2 minutos do Sporting-Arouca já andava a fazer piques de 60 metros para travar um contra-ataque adversário. E andou a levar pancada o jogo inteiro, com o Alan Ruiz a esmerar-se nesse aspecto.
Então quando falha um penálti que resolvia um jogo forçosamente complicado, depois da derrota em Arouca e duma série de quatro jogos em poucos dias, e na volta de Turim, o que dizer?
Felizmente ainda conseguiu criar e converter outro que deu o empate. Se não fosse isso, teríamos mais uma derrota em casa.
A história desta época passa muito pela retirada de Pedro Gonçalves da posição onde foi fundamental para o nosso título nacional. Rochinha, Trincão, Edwards, Arthur são tudo projectos de clones do Pote que todos juntos não valem um original lá na frente. Tudo isso pela falta de Matheus Nunes.
Outra parte da história da época tem a ver com Paulinho, que começou lesionado, andou umas vezes bem outras nem por isso, e lesionado parece que acabou da forma mais inglória possivel e não vou agora debruçar-me sobre o problema que tem.
Ontem Chermiti voltou a ser aquele que eu via no ano passado na equipa B, com Chico Lamba, Nazinho, Mateus Fernandes e Essugo.
O resto da história é uma temporada atípica, com as selecções a imporem a agenda, muitos jogos em pouco tempo e um plantel curto e desequilibrado para os objectivos da época.
E agora, depois do fora de jogo do Gil Vicente em Braga por 15 centímetros ou algo assim? Ganhar na quinta-feira à Juventus, que por acaso ainda fez pior, perdeu na Liga italiana.
E, se não for o caso, assumir a exclusão da Champions e preparar a próxima época, não esquecendo que a equipa B, com tanta rotatividade de jogadores muito por causa de acudir as necessidades da A, está na iminência de descer de divisão após a derrota de ontem em Massamá.
Rúben Amorim não faz parte do problema, faz parte da solução. No rescaldo do jogo de ontem deixou bem claro que está a trabalhar no assunto.
Mais logo, voltamos a entrar em campo. No nosso estádio, para receber o Arouca, a partir das 20.30.
Na primeira volta, em Outubro, fomos lá perder (1-0). Um daqueles jogos que nos relegaram para o actual quarto lugar (esperemos que provisório) na tabela classificativa.
Na época passada, vencemos em casa com dificuldade: 2-0. O resultado só foi construído no segundo tempo, com Slimani a bisar. Ficámos a dever essa vitória ao craque argelino que deixou saudades em Alvalade.
Se o nosso adversário de ontem fosse um destes dois clubes, qualquer árbitro português iria, naturalmente, prejudicar o Sporting e beneficiar uma dessa equipas.
Paulinho: figura em foco ao marcar os dois golos do Sporting contra o Arouca
Foto: Paulo Cunha / Lusa
Gostei muito de ver o Sporting chegar ontem à quinta final da Taça da Liga em seis temporadas - troféu que vencemos nas duas últimas épocas, já com Rúben Amorim ao comando da equipa. Levamos 12 jogos seguidos sem perder nesta competição. Desta vez derrotámos o Arouca por 2-1, em jogo disputado no estádio Magalhães Pessoa, em Leiria. Domínio total leonino no primeiro tempo, com 1-0 ao intervalo - resultado que só pecava por escasso. O segundo tempo esteve muito mais equilibrado, mas foi com inteira justiça que nos qualificámos para a final, a disputar no sábado, muito provavelmente contra o FC Porto.
Gostei de Paulinho, autor dos dois golos do Sporting, à ponta-de-lança, apontados aos 45'+6 e aos 82'. Confirma-se: o nosso avançado-centro, tão perdulário nos desafios do campeonato, tem vocação especial para marcar na Taça da Liga, onde leva já oito facturados nesta edição: merece ser distinguido como melhor em campo. Destaque também para o excelente desempenho de Nuno Santos, protagonista dos melhores cruzamentos desta meia-final. Quase marcou de livre directo num remate em arco muito bem colocado (45'). É dele a assistência para o segundo golo.
Gostei pouco da quebra da nossa equipa na primeira metade do segundo tempo, quando voltámos a pecar pelo defeito do costume: recuámos no terreno, parecendo estar a defender a magra vantagem conseguida ao intervalo. Algo incompreensível, que deu moral ao Arouca. Foi neste período (58') que a equipa adversária marcou o seu golo, aproveitando a má definição da nossa linha de fora-de-jogo e com Adán parecendo mal batido no lance.
Não gostei de Esgaio, o mais fraco do onze titular leonino. Foi a maior surpresa reservada por Rúben Amorim para esta meia-final, mas a diferença do desempenho dele na comparação com o habitual dono da posição, Pedro Porro, é abissal. O que suscita legítimas dúvidas sobre o futuro imediato da nossa equipa se o internacional espanhol abandonar dentro de dias o Sporting rumo ao Tottenham.
Não gostei nada de ver St. Juste substituído aos 64' para dar lugar a Gonçalo Inácio, que desta vez ficou de início no banco. O central holandês, que chegou aureolado de grande reforço para a nossa temporada 2022/2023, persiste em evidenciar débil condição física após quatro lesões sucessivas em sete meses. Até agora só conseguiu disputar uma partida do princípio ao fim. Algo preocupante, atendendo sobretudo ao facto de se tratar de um jogador que custou 9,5 milhões de euros ao Sporting.
Já quase no intervalo, com o resultado a zeros, com o Sporting a dominar completamente um adversário que defendia numa dupla linha de 5, depois duma série de lances de golo desperdiçados destacando-se Morita nesse pormenor, e a recordar-me do que aconteceu em Arouca, estava eu a pensar como é que íamos conseguir perder um jogo assim quando um jogador adversário tentou centrar de trivela, falhou e acertou... na baliza do Adán.
Felizmente há VAR na Taça da Liga, um protocolo que manda rever os lances para ver possíveis faltas do clube marcador, e uma evidente mão na bola. Golo anulado, jogada envolvente, golo de Paulinho. O Sporting vai a ganhar para o intervalo.
Na temporada em que fomos campeões já estava ganho o jogo. Mas nesta é tudo bem diferente. O Arouca arriscou, pressionou, o nosso meio-campo desapareceu, a bola não entrava nos avançados e o contra-ataque deles fazia mossa. Dum grande centro do Alan Ruiz nasceu o golo na altura merecido.
O Arouca então estacionou de novo o autocarro, o Sporting assentou jogo e voltou a ter oportunidades. Marcou o segundo num passe em profundidade de Nuno Santos que Paulinho respondeu "à ponta-de-lança". Depois o Arouca nunca mais conseguiu repetir o início da segunda parte, Rúben Amorim foi gerindo o tempo de jogo dum ou doutro o que deu para ver um Tanlongo que mais uma vez deixou água na boca na posição 6.
St.Juste demonstrou também que é um belo defesa, o defesa do lado direito numa defesa a 3 ou até o defesa direito numa defesa a 4. Tem velocidade e capacidade de passe e centro para fazer o lado. Só precisa de ganhar ritmo de jogo, oxalá as lesões sejam coisa do passado.
Enfim, foi um jogo de altos e baixos, muito por culpa da dupla "mundialista" do meio-campo que fisicamente "está nas lonas", os dois até foram naturalmente substituídos a meio da segunda parte, Pedro Gonçalves também não esteve nos seus melhores dias, e a defesa paga a factura.
O importante era passar a eliminatória e passámos, mas voltámos a exibir os defeitos que nos acompanham esta época, temos de jogar muito para marcar, o adversário pouco faz e logo marca. Deixámos de nos saber "sentar em cima do resultado". Marcamos e logo recuamos e perdemos o controlo do jogo, se calhar a pensar em dar espaço no meio campo-contrário para Edwards e Pote arrancarem. O problema é que a bola não chega lá.
Melhor em campo: Paulinho, dois golos "à ponta-de-lança", um penálti flagrante por marcar sobre ele que o VAR deve ter entendido ser de interpretação do árbitro, um pontapé para expulsão que o lesionou também por sancionar.
Depois dele, Nuno Santos e os três defesas.
E agora: ganhar no sábado e conquistar a Taça da Liga.
PS: Para alguns, bons jogadores são os que já sairam, maus mesmo são os que ainda cá estão, Paulinho à cabeça. Para eles o TT ao pé do Chermiti é um Lewandovski, e Porro, que era burro por demais e passava o tempo lesionado, prepara-se para ser um novo Roberto Carlos...
A palavra que melhor define Rúben Amorim: teimosia.
Seria a palavra escolhida pala maioria dos adeptos.
A palavra que eu escolheria é outra: ingenuidade.
Não, Rúben, não dependemos de nós. Dependemos muito do Fábio Veríssimo e do Godinho, hoje.
Dependemos muito do apitador de serviço no fim-de-semana.
É isto que tens de dizer aos rapazes: "fiz a minha carreira no Benfica e sei muito bem o que é ser beneficiado jogo sim, sim, aqui é ao contrário somos prejudicados jogo sim, jogo sim (ver pág. 31 d' A Bola de hoje, golos do Vizela e do Braga ilegais); não nos basta sermos melhores, temos de ser muito melhores".
E eu vou lá estar, doido da cabeça... não no estádio como em Arouca, mas em frente à TV.
Hoje não interessa o que se passou até agora nesta época, a posição na Liga ou a eliminatória a disputar com os dinamarqueses, interessa apenas levar de vencida o Arouca para chegar à final e tentar levantar a Taça da Liga.
Esta competição tem a importância que tem, nem mais nem menos, se calhar quem a desvaloriza é o primeiro na fila para se indignar se o seu clube não a ganhe. Eu quero que o Sporting faça tudo para ganhar e ganhe, depois se pensa no Braga.
O Arouca é uma equipa bem estruturada e atravessa um bom momento, confortável a contra-atacar a partir dum bloco baixo, o Alan Ruiz está a ter um desempenho que nunca conseguiu no Sporting de Jorge Jesus. Mas foi mesmo com muito azar e demasiada azelhice na concretização que um Sporting cansado e desfalcado de titulares importantes perdeu em Arouca.
Trincão está engripado, se calhar já estava em Alvalade para ter jogado tão mal como jogou, e vai estar fora, pelo que devemos ter Pedro Gonçalves de regresso ao seu lugar. Com Morita de regresso, a dúvida será se St.Juste entrará de início. Talvez entre mais tarde no jogo, importa que os três defesas corrijam posicionamentos em que falharam nos últimos encontros.
O onze inicial deverá então ser o seguinte:
Adán; Inácio, Coates e Matheus Reis; Porro, Ugarte, Morita e Nuno Santos; Edwards, Paulinho e Pedro Gonçalves.
No banco deverão estar Israel, St.Juste, Marsà, Esgaio, Arthur Gomes, Tanlongo, Rochinha e Jovane.
Muito ainda para conquistar esta época. Confiança total em Rúben Amorim, confiança total nesta equipa!
Nuno Santos parece incrédulo após quarta derrota do Sporting na Liga
Foto: Octávio Passos / Lusa
Rúben Amorim errou: preparou um onze titular de recurso, cheio de segundas linhas, para defrontar o Arouca. Tinha a possibilidade de reforçar a quarta posição, ficando apenas um ponto atrás do FC Porto. Saiu de lá com uma derrota (a primeira vez que a equipa local pontuou num desafio contra o Sporting), viu os portistas aumentarem a distância mesmo após empatarem com o Santa Clara (estão agora com mais quatro pontos) e o Braga já com mais seis. O líder, Benfica, está agora 12 pontos acima de nós, cada vez mais líder. Pior ainda: o Casa Pia volta a ultrapassar-nos, retomando o quarto posto. E amanhã o V. Guimarães, se vencer o Famalicão, remete-nos para um humilhante sexto lugar.
Perdemos por um golo sem resposta. Marcado aos 47' pelo capitão do Arouca, João Basso, após cobrança de um canto. Em quatro cantos de que dispôs, a equipa da casa transformou um em golo. Nós, como de costume, trememos a cada lance de bola parada defensiva. E somos incapazes de utilizar da melhor maneira aqueles de que beneficiamos. Desta vez foram dez cantos a nosso favor. O melhor que conseguimos foi aos 90', com um cabeceamento de Coates, travado pelo guardião arouquense.
Nessa altura já o nosso capitão funcionava como ponta-de-lança improvisado. Amorim, com Paulinho e Morita ausentes por lesão, decidiu piorar as coisas mantendo Edwards, Ugarte, Porro e Nuno Santos no banco. No onze que actuou de início surgiram Nazinho (em estreia como titular), Dário (estreante na equipa principal esta época), Rochinha e Arthur - além de Esgaio, regressado de uma espécie de "sabática" após exibição desastrosa contra o Marselha.
O experimentalismo do técnico, destinado a poupar meia equipa para o desafio de amanhã em Alvalade contra o Eintracht, fracassou. Não apenas derrubando as nossas últimas hipóteses de ainda sonhar com o título de campeão, ao somarmos a quarta derrota em onze jogos da Liga 2022/2023, mas também desmoralizando a equipa, que só pode sentir-se frustrada com mais este fracasso.
Além de deitar por terra aquele belo lema que nos serviu de inspiração ao título conquistado em 2021: "Jogo a jogo." Queimar a etapa de Arouca antes de receber o Eintracht para a Liga dos Campeões contraria o mote concebido por Amorim.
A verdade é que a equipa, preenchendo a linha ofensiva com três extremos, foi incapaz de converter as oportunidades criadas ao longo da partida. Nove, no total: por Trincão (8'), Gonçalo Inácio (18'), Rochinha (23'), Esgaio (42'), Porro (64' e 78') e Pedro Gonçalves (75' e 90'+1), além do já referido lance protagonizado por Coates - que foi, a par de Porro, o mais rematador dos nossos: quatro remates cada. O que diz muito do desempenho colectivo do Sporting em Arouca.
Sofremos anteontem mais um golo (já levamos 14 encaixados nas 11 partidas da Liga e 23 no total dos 17 jogos efectuados na temporada em curso, dez dos quais de bola parada). Já somamos tantas derrotas como as registadas nos dois campeonatos anteriores do princípio ao fim: desde a calamitosa época 2012/2013 que não tínhamos quatro nesta fase. Além de havermos sido eliminados da Taça de Portugal pelo Varzim, do terceiro escalão.
Adán foi, de longe, o nosso melhor neste desafio. Sem culpa no golo sofrido, aos 47', impediu o Arouca de ampliar a vantagem com excelentes defesas aos 40' e aos 51', a remates de Alan Ruiz e Tiago Esgaio.
O pior voltou a ser Trincão, que continua a parecer um corpo estranho nesta equipa, sem conseguir integrar-se na dinâmica colectiva. Pedro Gonçalves também andou mal, mas aqui por responsabilidade do técnico, que o forçou a jogar em linhas mais recuadas, distante da baliza - logo ele, melhor marcador leonino das épocas anteriores e que em 2020/2021 chegou mesmo a sagrar-se Rei dos Artilheiros no campeonato.
Tudo mais difícil a partir de agora? Sem dúvida. Não havia necessidade.
Breve análise dos jogadores:
Adán- Sai de Arouca com a noção do dever cumprido apesar de mais um golo encaixado. Duas preciosas defesas suas impediram a turma da casa de nos ganhar por margem maior.
Gonçalo Inácio- A história do jogo certamente seria outra se tivesse cabeceado na direcção certa aos 18'. Ultrapassado em lance perigoso aos 40'. Saiu aos 53, já amarelado.
Coates - O capitão cumpriu missão de sacrifício no quarto de hora final, actuando como ponta-de-lança de emergência. Quatro remates - um dos quais ia dando golo, aos 90'.
Matheus Reis- Central à esquerda, preocupou-se muito em acorrer às dobras de Nazinho. Rende mais como ala. Assim faz menos uso tanto da velocidade como dos dotes técnicos.
Esgaio- Voltou a ser titular - e foi até dos pés dele, aos 42', que surgiu o nosso maior lance de perigo da primeira parte. O que já diz quase tudo sobre a ineficácia ofensiva leonina.
Dário- Com Morita fora de combate e Ugarte poupado a pensar no Eintracht, actuou como médio defensivo em estreia a titular. Falhou a cobertura no lance do golo arouquense.
Pedro Gonçalves - É desperdício vê-lo jogar como médio de transição, tendo a baliza mais distante. Tal como com o Chaves, voltou a não render neste posto. Convém não repetir.
Nazinho- Outra estreia como titular. Excelente passe cruzado, a partir da linha esquerda, servindo Esgaio num golo falhado. Mas divide com Dário responsabilidade no golo sofrido.
Trincão- Foi o primeiro a desperdiçar um golo do nosso lado, logo aos 8'. Falhou emenda ao segundo poste, aos 29. Andou muito errante, facilmente neutralizado pelo adversário.
Rochinha - Também ele parece um corpo estranho nesta equipa. Tarda em encontrar o seu lugar. Grande lance individual aos 23', mas falhou no último passe. Nada mais fez.
Arthur- Pareceu o mais dinâmico do nosso trio da frente, como avançado-centro improvisado. Não é ali que funciona melhor. Mesmo assim, sacou dois amarelos.
Ugarte- Substituiu Dário aos 53'. Deu intensidade ao nosso meio-campo, com a sua habitual entrega ao jogo. Mas mantém péssima relação com a baliza: dois disparos para a bancada.
Porro- Inconformado, cheio de vontade de virar o resultado, substituiu o apático Esgaio aos 53'. Quatro remates. Teve o golo nos pés aos 81': a bola roçou o poste.
St. Juste- Em campo desde o minuto 53, por saída de Gonçalo, reforçou a segurança defensiva. Mas o pior já estava feito, com o golo sofrido. O problema era lá na frente.
Edwards - Substituiu Rochinha (58'). Entrou na pior fase, quando o Arouca já estacionara, a defender a vantagem. À sua frente só havia uma floresta de pernas intransponíveis.
Nuno Santos- Entrou aos 58', rendendo Nazinho, depois de ter visto um amarelo ainda no banco, por protestos. Talvez isto o afectasse: foi incapaz de fazer a diferença.
Da derrota. Mais uma. Agora contra o Arouca: foi a nossa quarta, em 11 jogos deste campeonato. E a sétima derrota em 17 jogos disputados nesta temporada em três competições. Pior ainda: nunca tínhamos perdido pontos em Arouca. Resultado histórico, portanto, pela negativa. Como tinha sido a derrota em casa contra o Chaves. E a recente humilhação frente ao Varzim, que nos afastou da Taça de Portugal.
Do onze inicial que o treinador pôs em campo. Rúben Amorim mudou meia equipa titular. Fazendo entrar Esgaio, Dário, Nazinho, Arthur e Rochinha enquanto mantinha Porro, Nuno Santos, Ugarte e Edwards no banco. Nem o facto de o FC Porto ter perdido dois pontos horas antes reforçou a ambição do técnico: Amorim abdicou do lema "jogo a jogo" e do princípio "jogam sempre os melhores". Fatal para as aspirações do Sporting, que podia ter saído de Arouca com apenas menos um ponto do FCP e veio de lá com menos quatro. E estamos agora a 12 do Benfica, líder da prova.
Da ausência de um ponta-de-lança. Paulinho está novamente lesionado - pela segunda vez em menos de três meses. Como não há outro avançado-centro na equipa A leonina, aparentemente por opção do treinador, Amorim montou uma linha ofensiva composta por... três extremos. Tal como não há omeletes sem ovos, também é difícil haver golos sem pontas-de-lança. Sobretudo contra dois terços das equipas portuguesas, que sabem aquartelar-se muito bem nos redutos defensivos - à semelhança do que nós fizemos há dias contra o Tottenham. A experiência do técnico não resultou: daí esta derrota (1-0) em Arouca.
Do recuo de Pedro Gonçalves. O melhor artilheiro da Liga 2020/2021 torna-se banal quando é forçado a jogar nas linhas médias. Perde o seu principal atributo, revelado no Sporting: marcar golos. Ao fazer o nosso n.º 28 actuar vários metros mais atrás, Amorim retirou-lhe essa característica sem obter nada de valioso em troca. Não é a primeira vez que comete este erro, mas vai insistindo nele. Sem que se perceba porquê.
Da "falta de eficácia". Assim chama o treinador leonino à nossa incapacidade de jogar com a baliza, metendo a bola lá dentro. Contabilizei oito oportunidades de golo, divididas por igual entre as duas partes: Trincão aos 8'; Gonçalo Inácio aos 18'; Rochinha aos 23'; Esgaio aos 42'; Porro aos 64'; Pedro Gonçalves aos 75' e aos 90'+1; Coates aos 90'. Umas vezes não resultou devido a boas intervenções do guarda-redes adversário, outras simplesmente por inabilidade dos nossos jogadores. De meia-distância, nem uma: Ugarte tentou, mas chutou duas vezes para a bancada.
De ver Coates lá na frente. Pensava que não voltaria a acontecer, mas enganei-me: a cerca de um quarto de hora do fim, Amorim lá mandou o nosso capitão plantar-se na grande área ao Arouca, como ponta-de-lança improvisado - precisamente a posição que o treinador não quis preencher quando este plantel foi planeado. Esforço inútil: o internacional uruguaio continua em branco nesta Liga 2022/2023. Mas quase marcou, num disparo de cabeça após um canto, no último minuto de tempo regulamentar, dando origem à defesa da noite, protagonizada pelo seu compatriota Arruabarrena.
Das bolas paradas defensivas. Esta equipa treme a cada canto, a cada livre, até a cada lançamento da linha lateral. Voltou a tremer ontem, aos 47': de um canto nasceu o golo do Arouca, com Dário e Nazinho batidos na altura por João Basso. Nós, pelo contrário, fomos incapazes de criar perigo em nove dos dez cantos de que beneficiámos.
Do festival de passes falhados. Não consultei os dados estatísticos, nem necessito deles para concluir que ao nível da precisão do passe voltámos a falhar neste Arouca-Sporting, por consecutivas entregas da bola ao adversário. Pior: abdicámos de a disputar vezes a mais, concedendo a iniciativa à equipa da casa. Ficou evidente que precisamos de um patrão no meio-campo - é uma das várias lacunas deste decepcionante Sporting 2022/2023.
De termos dado 53' de avanço ao Arouca. Amorim, mesmo percebendo que nada estava a carburar bem, manteve a equipa intocável ao intervalo, que chegou com 0-0. Só depois de termos sofrido o golo logo no recomeço, aos 47', decidiu fazer alterações mandando entrar Ugarte para o lugar de Dário, Porro para o lugar de Esgaio e St. Juste para o lugar do amarelado Gonçalo Inácio. Podia ter dado certo, mas as falhas de finalização persistiram, agravadas pelo descontrolo emocional dos jogadores: a partir de certa altura a consistência colectiva deu lugar a tentativas individuais de resolver o problema. Que permaneceu sem solução.
Da sucessão de lesões. Temos mais dois jogadores fora de combate: Morita e Paulinho. Nunca me recordo de tantos profissionais declarados inaptos para jogar em escassos três meses numa época futebolística. Nem sequer nos conturbados tempos da pandemia.
De Trincão. Começa a ser exasperante a falta de intensidade competitiva deste jogador que tem bons atributos técnicos mas é incapaz de se revelar como reforço na dinâmica colectiva. Ou está sempre uns metros à frente ou mais atrás do que devia, ou dá um toque a mais na bola ou se perde em virtuosismos de futsal. Voltou a acontecer.
Do sexto jogo seguido fora de casa a sofrer golos. A nossa defesa continua em estado calamitoso. Em 11 jornadas, sofremos 14 golos. E nos 17 desafios já disputados nesta temporada, encaixámos 23. São números de equipa do meio da tabela, não de equipa grande.
Do árbitro Rui Costa. Aos 68', fez vista grossa a uma biqueirada apontada por David Simão ao rosto de Edwards, em claro jogo perigoso - falta digna de amarelo, o que faria o jogador arouquense sair por acumulação de cartões. O mais idoso árbitro do futebol português beneficiou claramente a equipa da casa neste lance.
Gostei
De Adán. Único jogador do Sporting que merece nota positiva. Sem a menor culpa no golo sofrido, ainda impediu dois do Arouca - que podia ter vencido por 2-0 ou até 3-0. Merecem destaque estas defesas, aos 40' e aos 51'.
De Porro. Dos que saltaram do banco, só ele foi capaz de agitar o jogo. Entrou cheio de ganas de dar a volta ao resultado, embora nem sempre com o discernimento que se impunha. Quase marcou aos 64', assistido por Ugarte. Devia ter jogado de início.
Dos adeptos leoninos. Não foi por falta de apoio que o Sporting saiu derrotado de Arouca. Nunca faltou incentivo das bancadas - mesmo à chuva, nos minutos finais, mesmo com o resultado desfavorável, mesmo vendo vários dos nossos a arrastar-se em campo por cansaço ou falta de inspiração.
O Sporting entrou em Arouca para ganhar e, quer o onze inicial quer os que entraram depois, correram, meteram o pé, quiseram ganhar, e se não puderam sair de lá com uma vitória foi porque apanharam um adversário competente, um árbitro ao nível da mediocridade apadrinhada que é, e a sorte é verdade que também não ajudou. Merecem o meu aplauso.
Mas não foi só isso, e para mim a razão principal da derrota não foi nenhuma dessas.
Amorim que me perdoe, eu que sempre o apoiei e não é por mais uma derrota que o vou deixar de apoiar, terça-feira lá estarei para o apoiar e à equipa de novo, mas esta derrota deve-se muito à sua invenção, não faço ideia de onde lhe veio a inspiração dum ataque móvel a quatro, retirando o melhor goleador do sítio onde se marcam golos. Desta vez não merece mesmo o meu aplauso.
Pedro Gonçalves até pode ser um óptimo médio e fez carreira enquanto tal, mas notabilizou-se no Sporting por marcar golos. Muitos golos. E Rochinha, Trincão, Edwards e Arthur Gomes marcam golos de quando em vez, nunca foram goleadores em lado nenhum. Ora os jogos ganham-se a marcar golos, e até a marcar mais golos do que os que se sofrem. Pedro Gonçalves a médio é um desperdício de bradar aos céus.
Este jogo em Arouca foi quase uma cópia do jogo em casa contra o Chaves. Uma primeira parte com o Pedro a organizar e a ir lá à frente uma vez por outra, os três avançados a entrar mais ou menos facilmente na defesa contrária, e a falhar, uma oportunidade atrás da outra. Depois uma segunda parte onde a equipa entra a dormir, sofre um golo escusado, e aí o adversário enche o peito de confiança, recua no terreno, vem a pressão de dar a volta ao resultado, todos a querer fazer depressa o que se tem de fazer bem, Coates a ponta de lança, hoje até Adán lá foi, mas por muito que se queira meter a bola lá dentro ou há sempre um pé ou uma cabeça de alguém na frente, ou uma defesa incrível do guarda-redes contrário. E depois numa ou noutra perda de bola atacante surge um contra-ataque rápido adversário que dá golo ou quase.
Isto assim não dá.
Ganhar a equipas pequenas, fisicamente bem mais fortes que a nossa, em relvados pesados, sem ponta de lança e com o avançado goleador convertido em médio, sem presença permanente na área contrária nem capacidade no jogo aéreo é complicado. E quando a sorte não ajuda, a derrota é quase certa.
E ver mais uma vez Coates fazer no final o que um ponta de lança devia ter feito desde o início do jogo é deprimente. Se um ponta de lança "clássico" é solução, porque é que não temos nenhum no plantel? Porque é que Slimani não foi substituido?
Melhor em campo? Dário Essugo, muito boa primeira parte, evoluiu muito na B, temos ali um trinco com um grande futuro que pode substituir ou complementar Ugarte. Porro entrou com tudo, esteve muito bem também.
E agora? Agora é o Eintracht Frankfurt, terça-feira em Alvalade, muita coisa para ganhar ainda esta temporada.
Haverá quem diga que a culpa é dos árbitros, das claques, do mega-empresário Mendes, do seleccionador Santos, da conspiração universal. Mas hoje o Sporting atirou a toalha ao chão em definitivo no campeonato ao deixar-se perder em Arouca. Na linha das derrotas frente ao Chaves e ao Boavista, além da eliminação frente ao modesto Varzim, do terceiro escalão, para a Taça de Portugal.
Não vale a pena inventar responsáveis. A culpa, desta vez, é toda de Rúben Amorim. Num desafio que precisávamos mesmo de vencer, aproveitando os dois pontos perdidos pelo FC Porto frente ao Santa Clara, o técnico leonino entendeu escalar um onze sem cinco titulares - e ainda neutralizou um sexto, Pedro Gonçalves, ao mandá-lo recuar no terreno. Como se não fosse o nosso melhor marcador de golos.
Esta brincadeira deu 53 minutos de avanço ao Arouca - todo o primeiro tempo acrescido de oito minutos da segunda parte, quando Amorim decidiu enfim mexer na equipa, quando já perdíamos 0-1 desde o minuto 47.
Saímos de Arouca com a quarta derrota em onze jogos da Liga 2022/2023. Temos apenas 19 pontos em 33 possíveis. Vemos o líder, Benfica, agora a 12 pontos de distância. E corremos o risco de cair para o sexto lugar após esta ronda.
Deixem lá as teorias da conspiração. Rúben Amorim deve uma desculpa aos adeptos. Sobretudo aos que se deslocaram a Arouca e levaram em cima com a chuva, com a péssima exibição da equipa e com mais três pontos desperdiçados.
Se conseguir verbalizar duas frases seguidas, claro.
Claro que não é ele que falha os golos, não é ele que dá casas na defesa, não é ele que passa noventa minutos a fazer que joga mas não joga, não é ele que escala a equipa, mas os sócios têm que ouvir a sua voz transmitindo o seu inconformismo.
Um presidente almofadinha não serve os interesses do clube.
Exige-se uma posição do presidente sobre esta desgraçada entrada na época em curso.
Não é preciso berrar, nem dar pontapés na parede do balneário.
Exige-se que fale e que exija comprometimento e que diga ao treinador que os jogos se ganham com golos e que só depois de se estar a ganhar é que se pode defender resultados.
Hoje a culpa é toda de Amorim, por não querer começar com os melhores. Se não é intencional, parece. E dos jogadores, que se estão cagando (perdoem o meu francês) para os resultados. A inflacção para eles passa ao lado e os milhares, centenas nalguns casos, pingam sempre ao final do mês. Faltam dois dias.
E eu vou lá estar, doido da cabeça... desta vez, a cores e ao vivo.
Não vale a pena falar agora da Champions, o foco tem de estar mesmo em Arouca.
Num estádio onde fui pela primeira vez em 16/9/2012 ver o Sporting B ganhar ao Arouca que iria subir de divisão por 1-2 com um dos golos do extremo-direito Esgaio de penalti e o presidente do Arouca ou o filho, já não me recordo, pegados com o Manuel Fernandes no final. Depois voltei para um novo 1-2 em 18/01/2014, golos de Rojo e Slimani, um dos primeiros golos dele ao serviço do Sporting. Como não há duas sem três, se calhar o Sporting vai ganhar amanhã, mas têm sido assim:
12/13 : 1-2 (B
13/14 : 1-2
14/15 : 1-3
15/16 : 0-1
16/17 : 1-2
17/18 : N/J
18/19: N/J
19/20: N/J
20/21: N/J
21/22: 1-2
Disse Amorim na conferência de imprensa: "Não podemos perder mais pontos, principalmente até à paragem do Mundial." A questão é mesma essa, depois das derrotas com o Chaves e o Boavista, e agora que nos aproximámos do trio da frente, não podemos ceder de novo.
Sem Paulinho nem Morita e alguns outros presos por arames, vai ser preciso mesmo acertar no onze inicial para levar de vencida uma equipa de luta num relvado pequeno e fustigado pelas últimas chuvadas.
Tudo começa na defesa. Talvez Amorim insista no trio de Londres, Inácio-Coates-Matheus Reis, com Porro ou Esgaio à direita e Nuno Santos ou Názinho na esquerda.
Depois quem vai fazer companhia a Ugarte no centro? Mateus Fernandes ou Sotiris?
E no ataque, entre Rochinha ou Arthur Gomes, algum vai entrar de início em vez de Trincão ou Edwards? Porque não aproveitar o excelente momento de forma do Fatawu?
Qual é a vossa opinião?
Sem intensidade e capacidade de meter o pé, o Sporting não passa em Arouca, pelo que terá de ser mesmo uma equipa de luta aquela que entrar em campo mais logo.
E quando joga um nosso ex-jogador do outro lado muitas vezes ele faz o jogo da vida dele, foi o caso de Edwards em Londres, pode ser o caso do Alan Ruiz no Arouca, que consiga fazer o que nunca fez no Sporting.
Confiança total em Rúben Amorim, confiança total nesta equipa!
Ainda há dois dias jogámos em Londres e novo desafio já aí vem. Será amanhã, a partir das 20.30, em Arouca com a equipa local.
Recordo que em Outubro de 2021 fomos lá vencer, por 1-2, embora esse triunfo não tenha sido nada fácil. O problema ficou resolvido com golos leoninos marcados por Matheus Nunes e Nuno Santos.
Desta vez o "título" nos prognósticos recai em dois leitores que anteciparam não apenas a vitória do Sporting frente ao Arouca, mas também mencionaram Slimani como marcador dos dois golos leoninos: João Gil e Manuel Oliveira.
Fica igualmente o registo dos meus colegas de blogue e dos leitores que, tendo vaticinado o 2-0 em Alvalade, referiram outros marcadores: Edmundo Gonçalves, Fernando, Madalena Dine, Pedro Batista (que previram Slimani a marcar um), Luís Ferreira, Manuel ParreiraeVerde Protector.
Do regresso às vitórias. Estava a ficar difícil: apenas um triunfo nos cinco desafios anteriores. Quebrámos o enguiço, mas só na segunda parte do jogo de ontem contra o Arouca, perante 25 mil espectadores que assistiram ao vivo em Alvalade, e após o treinador ter feito algo muito raro: mudar três futebolistas ao intervalo. Mudanças que dinamizaram o onze leonino, projectando-o para a frente, depois de 45 minutos oferecidos à equipa adversária.
De Slimani. Como sempre acontece no Sporting, onde nunca falta quem se apresse a contestar qualquer acto de gestão desportiva, seja qual for, multiplicaram-se as críticas ao regresso do argelino. Nem vale a pena perder tempo a observar como essas críticas eram injustas. Basta anotar isto: o craque volta a marcar neste seu segundo jogo como titular. E agora bisou, algo que não lhe acontecia com a camisola verde e branca desde 30 de Abril de 2016. Recém-chegado à Liga 2021/2022, com cerca de 250 minutos em campo, já leva três golos marcados. Ontem batalhou do princípio ao fim, revelando excelente condição física. E fez jus aos seus dotes como ponta-de-lança, metendo-a lá dentro aos 46' e aos 52' - com ele, até parece fácil. Desfez o nulo inicial e valeu-nos três pontos: temos agora 61. O melhor em campo.
De Porro. Com ele, tudo melhora. Amorim manteve-no no banco durante toda a primeira parte, talvez para o poupar com vista ao embate em Manchester na quarta-feira para a Liga dos Campeões. Mas como persistia o empate inicial, deu-lhe ordem para entrar logo após o intervalo. Uma decisão muito acertada. Logo no primeiro minuto do segundo tempo, o internacional espanhol justificou a entrada em cena na impecável marcação de um canto que funcionou como assistência para a cabeça de Slimani. Sempre batalhador, nunca dá um lance por perdido. Com louvável intensidade competitiva.
Da estreia de Dário como titular. Ainda júnior, foi o mais jovem de sempre a começar no onze inicial leonino - com apenas 16 anos, 11 meses e 17 dias. Boas movimentações em campo, na recuperação e na pressão da saída de bola do Arouca. Recebeu um amarelo injusto aos 26' por um desarme limpo: o cartão acabou por condicioná-lo na manobra como médio defensivo. Fez bem o treinador em retirá-lo ao intervalo, mas o miúdo justificou os aplausos recebidos.
De Ugarte. O jovem internacional uruguaio fez todo o segundo tempo, no lugar de Dário, e justificou a chamada. Merece nota alta pela intensidade e pela qualidade técnica das suas intervenções, tanto a cortar linhas de passe como a sair com bola. Vai evoluindo de jogo para jogo, assumindo-se como o sucessor natural de João Palhinha.
De Adán. Quando é preciso, está lá. Por vezes com intervenções que valem pontos. Aconteceu ontem aos 37', com uma espectacular defesa em voo evitando que a bola violasse as nossas redes em lance de bola parada. Se entrasse, o Arouca passaria a vencer 0-1 e tudo se tornaria mais complicado para nós. Graças em grande parte ao guardião espanhol, reforçamos o nosso estatuto de equipa menos batida: apenas 16 sofridos em 25 desafios na Liga. Somos o emblema do campeonato que há mais tempo não sofre golos em casa.
De Neto. Entrou aos 63', quando Gonçalo Inácio começava a revelar desgaste muscular, e cumpriu bem a missão, confirmando que não se deixa afectar por ser suplente dum jogador bastante mais jovem. Grandes acções defensivas aos 90'+3 e aos 90'+4, protagonizando cortes arriscados mas limpos. E até ousou ir lá à frente, conduzindo a bola. Um exemplo para muitos.
De Rúben Amorim. A efeméride terá passado despercebida, até porque ontem também se disputaram eleições para a presidência do Sporting, mas neste sábado cumpriram-se dois anos da chegada do actual treinador a Alvalade. Dois anos de conquistas, de reencontro com os adeptos, de valorização global do plantel, de profunda modificação dos processos de jogo, de recuperação do Sporting como candidato ao triunfo em todas as competições nacionais, de contínua valorização do nosso emblema junto dos mais jovens. Amorim esteve muito bem na leitura deste Sporting-Arouca ao trocar Esgaio, Dário e Vinagre por Porro, Ugarte e Paulinho, dando acutilância e dimensão ofensiva ao colectivo leonino.
Da segunda parte. Foi a antítese da primeira. Marcámos dois e ficaram pelo menos mais dois por marcar. Matheus Nunes (aos 72') e Slimani (75') andaram lá perto.
Do estádio. Cadeiras todas verdes, pondo-se fim àquela inenarrável "paleta" taveiresca, e relvado em óptimas condições. Dois motivos para elogiar.
Não gostei
Da primeira parte. Após dez minutos iniciais prometedores, voltámos ao ritmo lento, arrastado, pastoso e previsível que havia caracterizado várias fases das anteriores partidas. Deixando até que o Arouca começasse a tomar a iniciativa do jogo. Isto porque as alas não funcionavam, os passes erravam a pontaria e a bola circulava com dificuldade de pé para pé. O melhor, neste período, foi mais um espectacular golo de Sarabia, servido por Matheus Nunes, logo aos 9'. Infelizmente, seria anulado após intervenção do vídeo-árbitro, por suposto adiantamento de 10 centímetros. Esta regra tem de ser revista com urgência: deslocações milimétricas, amputando a dimensão atacante do futebol, ferem a verdade desportiva. Até porque ninguém pode jurar, em momento algum, que naquele micro-segundo de captação de uma imagem fixa exista realmente uma situação de fora-de-jogo.
De Vinagre. Quatro meses depois, Amorim voltou a apostar nele como titular. E, uma vez mais, esta aposta foi condenada ao fracasso. Adensa-se o mistério: por que motivo terá o técnico insistido nesta aquisição, já em vias de se tornar definitiva? O jogador emprestado pelo Wolverhampton foi anulado por Tiago Esgaio, seu opositor no corredor esquerdo, e mostrou-se incapaz de municiar o ataque e até de fazer um cruzamento digno de registo nos 45 minutos em que esteve em campo. Bem substituído ao intervalo: foi outra oportunidade falhada.
De Esgaio. Cometeu lapsos simétricos aos de Vinagre no flanco oposto. Errando passes, falhando centros, incapaz de actuar com a dinâmica exigida numa equipa que é campeã em título. Na segunda parte Porro mostrou-lhe por que motivo é o titular da posição como lateral direito.
De ver o Sporting entrar sem cinco titulares. Pedro Gonçalves e Palhinha por lesões, Feddal, Porro e Paulinho por opção inicial. Também Daniel Bragança está lesionado. São consequências, em parte, dos numerosos jogos já disputados nesta temporada.
De novo remate de Paulinho aos ferros. Parece sina: a pontaria do ex-atacante do Braga é tanta que continua a levar a bola a embater nos postes ou na barra. Desta vez aconteceu aos 50', disparando contra a trave. Isolado aos 61', decidiu mal. E, aos 90'+5, atirou muito por cima. Mas teve intervenção decisiva no nosso segundo golo ao colocar bem a bola nos pés de Nuno Santos, que viria a assistir para Slimani.
Do regresso de Alan Ruiz. Entrou aos 75', curiosamente menos pesado do que quando o conhecemos nas duas épocas em que prestou serviço no Sporting, entre 2016 e 2018, com um registo de sete golos em 34 jogos. Mas agora actua de amarelo, pelo Arouca. Deu mais nas vistas aos 83', quando recebeu um vermelho directo por carga sobre Porro - bem revertido para amarelo após intervenção do VAR.
Dos assobios no fim da primeira parte. Não foram muitos, mas deu para escutá-los enquanto os jogadores recolhiam ao balneário. Insisto: os espectadores que agem deste modo só demonstram a sua imensa estupidez.
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