Desde o primeiro dia, exprimi aqui a minha profunda convicção - quase uma certeza - de que o Sporting iria enfim sagrar-se bicampeão nacional de futebol, rompendo um enorme jejum que durou mais de sete décadas.
É o momento de recapitular alguns excertos do que fui escrevendo, mês após mês. Recebendo sempre reacções de cepticismo, descrédito, derrotismo militante. Não de benfiquistas ou portistas, mas de alegados sportinguistas. Os chamados "enterras": nunca faltam à chamada. Quando toca a deitar abaixo, aparecem sempre.
Gente que se viu forçada agora a meter a viola no saco. Gente que só começou a "apoiar" a equipa quando já não era necessário, quando tudo já tinha terminado, quando a taça do bicampeonato estava bem erguida na bela celebração do Marquês de Pombal.
Adeptos da treta, sempre mais confiantes nas equipas adversárias do que na nossa própria equipa. Sportinguistas da treta, que fui aturando ao longo do campeonato. E que agora, num tempo que para mim é já de balanço, aproveito para recordar também. Confesso, neste caso, que sem saudade alguma.
«Detesto os excessivos foguetes antes de terminar a festa. Já nos demos tantas vezes tão mal com isto. Mas pronto, quem os manda é que apanhará as canas se for caso disso.»
«Este “luto” por Amorim, ainda não ultrapassado, pode colocar-nos em posição frágil, porque a invocação permanente de Amorim e do “legado" na prática o que denota é receio do que está para vir.»
«Deixo para memória futura as palavras arrogantes, cheias de soberba e desprovidas de humildade de uma pessoa pouco digna para liderar os destinos de um clube com a dimensão do nosso: "Confesso que me rio para mim quando ouço agora é que vamos ver quanto vale esta administração sem o treinador e o director desportivo." Já agora respondo: vale pouco, mas mesmo muito pouco.»
«Basta ver o desfile das arbitragens nos jogos dos rivais directos para perceber que a vantagem que temos é irrisória. Desde os penáltis ás expulsões pedidas por boca, resta-nos a sorte de não estarem a jogar a ponta de uma saliência de queratina, caso contrário estamos bem tramados.»
«O último negócio do Viana foi a contratação do Biel ao Bahia, Bahia que pertence ao City group, curiosa transparência opaca. Também dava jeito uma auditoria aos últimos cinco anos do Sporting...»
«Actualmente, como não há a "mentalidade lamurienta", vamos ganhar este campeonato e outros. Lamento informá-lo que não. Aliás o Sr Pinheiro e o Sr Godinho irão tratar do assunto. Quanto à liga é vergonhoso o Sr Varandas apoiar este indivíduo. Está-se a preparar a hegemonia do carnide nos bastidores. Viu aqui em primeira mão.»
"É muito difícil para o treinador e para a sua equipa entrarem, porque não é como se viessem com um estilo semelhante ao do antigo treinador. São o oposto em relação ao que exigem e ao que querem. Temos de manter-nos unidos. O treinador vai exigir isso. Acreditamos plenamente nele e nos seus métodos. Foi o período de transição." Disse ontem o capitão daquela equipa que conta com quatro derrotas nos últimos cinco jogos.
Hjulmand podia ter dito a mesma coisa depois de quatro derrotas nos últimos sete jogos do Sporting com João Pereira, mas não teve oportunidade para isso. O treinador já tinha sido despedido.
Como Rui Borges será também despedido se teimar em fazer o mesmo e tiver os mesmos resultados, o melhor é ter a humildade de se focar nos resultados e nos desempenhos, na confiança dos jogadores e no compromisso dos lideres de balneário, tirar o melhor partido das rotinas e posicionamentos da era Amorim, e ir introduzindo aos poucos os elementos adequados a um Sporting ainda melhor, ainda mais ganhador.
Assim, e também porque sem três médios disponíveis não vejo muito bem como montar um 4-3-3, parecia-me de bom senso manter o 3-4-3 assimétrico do tempo do Amorim com:
Israel; St. Juste, Diomande e Debast; Quenda, Hjulmand, J. Simões e Matheus Reis; Trincão, Gyökeres e Maxi Araújo.
Com Quenda a defender mais próximo do meio-campo e a projectar-se no ataque pela direita, com St. Juste a descair para a lateral.
Com Maxi a defender próximo de Matheus Reis, caindo em cima do Di María.
No meio-campo J. Simões em linha com Hjulmand a impedir as progressões do adversário pelo eixo central.
No ataque posicional, Quenda e Maxi bem projectados, Gyökeres em desmarcações constantes para as laterais e Trincão a aproveitar os espaços vazios no centro.
No contra-ataque, Trincão e Maxi a acelerar e a queimar linhas e Gyökeres a dar cabo deles.
E com todos nós nas bancadas a apoiar e a levar a equipa ao colo para a vitória!!!
Enfim, esta é a opinião dum "treinador de bancada", nível 0 da UEFA. A vossa será diferente, fica aqui aberto o debate.
PS: Quem diz St. Juste diz Quaresma, quem diz Quenda diz Catamo, são posições em que existem alternativas de valor idêntico e que podem ir rodando conforme os jogos. Infelizmente noutras posições já não é assim.
No jornal A Bola de ontem, o director-adjunto Alexandre Pereira escrevia o seguinte:
"E depois há o Sporting, algo que por vezes a contemporânea bicefalia Benfica-Porto parece esquecer. Sim, há de novo um terceiro player no futebol português, que esteve, e durante muitos anos seguidos, nas situações por que o Benfica e o Porto passam agora."
Há 10 anos, o nosso colega de blogue Francisco Melo escrevia isto:
"Um dos aspectos que, de há longa data, vem condicionando a competitividade do Sporting é o de não conseguir estabilizar as suas equipas, pois sempre que se destaca algum jogador, no ano seguinte já está a ser vendido. Ronaldo, Simão, Quaresma e Hugo Viana são exemplos paradigmáticos. Já FcPorto e Benfica vão aguentando, aguentando a corda até onde conseguem, os jogadores vão emprestando qualidade ao 11, e depois são vendidos por valores de fazer inveja."
Agora no Sporting não saiu nenhum titular que não fosse por "prémio de carreira", enquanto nos rivais lá se foram Rafa, João Neves, Marcos Leonardo, Taremi, Evanilson e Conceição, talvez Galeno.
Há 10 anos o futebol português era dominado por Benfica e Porto, que pela mão dos "Reis dos Leitões", LF Vieira e Pinto da Costa, distribuiam entre si tudo o que de mais ou menos legal havia para distribuir. As duas "nádegas" de que falava Bruno de Carvalho antes de se ir abrigar à sombra duma, uma das causas se não a principal para o triste fim que teve a sua presidência, incluindo a expulsão de sócio. Mas como o maior cego é aquele que não quer ver, parece que continuam amigos.
Frederico Varandas soube muito bem perceber o lugar do Sporting no futebol português, a correr por fora e a chamar os bois pelos nomes. Como chamou a Pinto da Costa, como chamou ao João Pinheiro.
Entretanto, os dois "reis" cairam estrondosamente da cadeira do poder, o "principezinho" Rui Costa do Benfica depressa encontrou o seu limite de (in)competência, já Villas-Boas ("príncipe" não é, mérito lhe seja dado) está a contas com uma cratera financeira que levará bom tempo a resolver, além de ter a "tropa" do "velho" à perna. Esteve muito bem em pedir 5M€ de indemnização aos arguidos do Pretoriano, mas espero que tenha resolvido a questão da segurança à porta de casa.
Na conferência de imprensa antes do jogo ouvi Rúben Amorim dizer que finalmente sentia o Sporting deixar de ter como favoritos os rivais no confronto directo. Agora sabem que mesmo no Dragão ou na Luz correm o sério risco de perder, e não entram em campo com a confiança de que basta não cometerem erros para saírem com a vitória.
Também a arbitragem APAF tem mais respeito pelo Sporting ou pelo menos sente mais dificuldade em viciar os resultados dos nossos jogos, coisa que os APAFs mais velhos convertidos em "especialistas", como o Duarte Gomes, têm muita dificuldade em aceitar. Ou o APAF "radical" Jorge Faustino da Sport TV que queria que o Catamo fosse expulso por causa da aliança no dedo na 1ª parte do clássico.
Os Sportinguistas estão a sentir isso, Alvalade e fora dele enche-se porque existe confiança na equipa, o bom futebol é garantido e a vitória no final é provável.
Eu sinto isso na pele. Em vez das bancadas desertas nos jogos fora de há tempos, como em Setúbal no tempo de Keizer, é cada vez mais difícil arranjar bilhete para esses jogos. Em poucos minutos os bilhetes esgotam no site, já não vou lá com comprar duas caixas de vinho na loja do V. Guimarães e receber de oferta um bilhete para a bancada central.
Enfim, este Sporting que agora temos, um Sporting forte e unido à volta da equipa de Amorim, mas também das equipas do Nuno Dias, da Mariana Cabral, do Ricardo Costa, do Luis Magalhães, e de todos os outros treinadores vencedores que dignificam o Sporting e que enchem o museu de taças.
É este Sporting que interessa fazer ainda mais forte e mais unido. Para isso importa ser crítico e vigilante, não apenas com quem manda mas com quem, como adepto, prejudica e envergonha o clube.
Para os sportinguistas, o momento actual não deve ser de angústia nem de ansiedade, mas de celebração. A cada jogo, a cada exibição, a cada vitória nossa. Já somamos 25 em 29 jornadas - números inéditos na história do futebol leonino.
A cinco jornadas do fim, garantimos presença na próxima edição da Liga dos Campeões - ou com entrada directa na fase de grupos ou com passagem pela pré-eliminatória. Estamos a um curto passo de vencer o campeonato nacional pela segunda vez nesta década que ainda nem vai a meio. E a dobradinha está ao nosso alcance - meta que não atingimos desde 2002.
Alguns adeptos vão dizendo: «Nem consigo ver os jogos por causa dos nervos.» Outros quase imploram: «Gostava que tudo já tivesse acabado.»
Mas acabado porquê se está a ser tão bom? Os prazeres devem ser prolongados, não abreviados.
E recusar ver os jogos porquê se esta é uma das nossas melhores equipas de sempre? Para um dia dizerem aos netos que nunca a viram?
Não esperem que eu seja assim. Estou na margem oposta. A acompanhar tudo, a vibrar com tudo. E a usufruir o mais possível da classe e da categoria destes jogadores em campo. Eles merecem o nosso apoio incondicional, o nosso aplauso caloroso. O melhor da festa, muitas vezes, é esperar por ela.
Apoiar a equipa só em meados de Maio, quando tudo já estiver decidido, vale muito pouco. Vale zero.
É aquilo que eu vou vendo por aqui, em diversas caixas de comentários. Muita gente passa por cá a dizer "mas", "porém", "todavia", "não obstante"...
Gostaria de ver toda esta gente - e muitos que nada dizem, permanecendo em silêncio - pronunciar-se agora em apoio concreto aos nossos jogadores e à nossa equipa técnica. Sem reservas mentais de qualquer espécie.
Agora é que há necessidade desse apoio, não depois de tudo ter terminado.
Depois da derrota em Atalanta, a quinta desta temporada, há muito Sportinguista dado à bipolaridade que já tem dúvidas sobre a valia do treinador, dos jogadores, da capacidade de lutar pelo título nacional e pela taça, de haver condições para chegar ao fim com os "canecos" na mão.
Então sabe bem ouvir o nosso ex-presidente, aparentemente "resuscitado" por alguns "amigos da onça", se calhar os mesmos que o empurraram para a fogueira vai fazer cinco anos, a dizer que acredita mesmo na equipa.
Disse ele, na véspera da deslocação a Bérgamo: "Se o Sporting for campeão este ano, e vai ser, os portistas e os benfiquistas não fiquem já chateados comigo, eu envolvo-me nas próximas eleições do Sporting. Se o Sporting for campeão, eu envolvo-me nas próximas eleições do Sporting (…) Posso não ser sócio, mas não fui morto. Tentaram, mas não fui morto."
Não sei se o seu amigo Pinto da Costa ficará chateado com ele, se calhar terá outros assuntos com que se preocupar, parece até que roubaram o museu e levaram as tarjas, mas o que fica de mais relevante é que pelo menos ele acredita que vamos ser campeões.
Contra tudo e contra todos, até contra aquela seita que passa os jogos a malhar em Rúben Amorim e nos jogadores, e que se alberga numa tasca digital mantida por um ex-candidato à Direcção do Sporting numa lista liderada por um seu ex(?)-apoiante.
E eu estou com ele. Eu também acredito que vamos ser campeões.
Sócios e adeptos que enchem os estádios onde joga o Sporting acreditam também, ouvem-se cânticos nas bancadas impulsionados pelas claques que falam em acreditar, falam em campeões, falam em Amorim, falam em Gyökeres, falam em Paulinho. Por muito que isso custe a quem não põe lá os pés, é isso que se passa. Quem não acreditar que aumente o som nas transmissões dos jogos.
Hoje em Alvalade vai ser assim mais uma vez. E eu vou lá estar.
Quando houver eleições lá estarei também para não votar na lista dele. Obviamente.
Faz diferença, proclamar esta fé sem meias-tintas?
Claro que sim. É uma forma clara, assumida, inequívoca de apoiar os jogadores e a equipa técnica. Sem "mas", sem "porém", sem "entretanto", sem "não obstante", sem "apesar de" - e outras tretas em que nós, portugueses, somos exímios. Preferimos dar voltinhas na rotunda em vez de rumarmos sem temor em direcção à meta.
Será este o jogo mais importante dos últimos anos para o Sporting? É uma sensação difusa muito forte que não consigo explicar, mas que me atrevo a partilhar.
O jogo de daqui a pouco não decidirá nada, diretamente. Na melhor das hipóteses ficaremos a liderar com um magro avanço de um ponto, na pior ficamos a três pontos da liderança com 60 pontos ainda por disputar.
Porquê tenho então esta sensação? E será o resultado determinante para esse impacto futuro ou o tipo de equipa e de jogo que realizarmos em campo será tão ou mais relevante?
Seja tudo isto apenas um estado de alma, tenha ou não razão de ser, resta ao adepto apenas uma coisa para fazer: apoiar!
Eu conheço alguém que também está desiludido. Com os jogadores.
Conheço o Manuel, que ganha o ordenado mínimo e rouba um pouco do seu ordenado miserável para pagar as quotas e a GB mais baratinha, porque o seu único vício é o Sporting e todas as vezes que vai a Alvalade, salvo raras excepções, sai de lá a pensar que esse dinheiro seria mais bem empregue num belo jantar com a família num restaurante baratinho lá do bairro;
A Rita, que veio de Angola para se licenciar e pôde finalmente passar a assistir aos jogos do seu clube do coração. Como estuda com uma bolsa e o dinheiro é pouco, fez-se sócia de uma claque, mas está triste porque é revistada jogo sim, jogo sim, como se fosse um guerrilheiro do MPLA nos anos 1960 e vista como uma perigosa agitadora;
O António, com um bom emprego e sem dificuldades financeiras, que está na bancada A, é sócio desde que se lembra de ser gente e não falha um jogo e que apesar de tudo acha que os bilhetes em geral são demasiado caros para o espectáculo apresentado;
A Margarida, que gosta de ver o Sporting e que conta com a boa vontade e o sportinguismo do avô para comprar os bilhetes para ir espaçadamente a Alvalade, que quer rapidamente ser independente e fazer-se sócia e comprar uma entrada anual, mas que vem de lá sempre cabisbaixa com as paupérrimas exibições a que tem assistido e pensa seriamente se há-de dar esse passo tão ansiado;
O João, empresário e Sportinguista que faz um esforço para manter dois lugares de camarote que vai dividindo com um cliente a cada jogo e que de há tempos a esta parte deixou de ter companhia e ele sabe bem porquê e está ele próprio a pensar desistir de ir ao estádio e de manter os dois lugares, que a pequena empresa está também ela a passar por dificuldades e o entusiasmo com o jogo praticado começa a desvanecer-se;
E provavelmente mais de 95% dos sócios que ainda vão pagando as quotas está desiludido com o desempenho da equipa. E com o desempenho da direcção que tem uma política de preços e de comunicação que está completamente divorciada dos sócios, dos adeptos e dos núcleos, pois o João, que vem de Castelo Branco fazer 500 km e o Francisco que vem de Faro e que faz 600 e a Joana que vem com a Claudia de Braga e faz as mesmas centenas de km que os seus consócios, poderiam ter um incentivo para virem mais vezes, mas como gastam uma fortuna nas deslocações e nas entradas, vão deixar de vir. Dizem eles todos que os bilhetes para os núcleos, deveriam ter em atenção os sportinguistas de mais longe e os custos associados às viagens. E quem não concorda?
Como consequência disto tudo, o estádio vai estando às moscas. Nem com o Porto, num jogo que nos poderia deixar mais confortáveis no ataque ao acesso à liga dos campeões, o estádio encheu.
Alguém um dia, adaptando JF Kennedy, disse que os adeptos deverão perguntar o que deverão fazer pelo Sporting e não o que o Sporting deve fazer por eles e eu não poderia estar mais de acordo.
Mas querem mais exemplos do que os adeptos fazem pelo seu clube do que os que vos dei acima? Desde quem tem uma vida desafogada a quem faz enormes sacrifícios? Multipliquem os Manuéis e as Joanas por milhares.
E depois, depois temos as prima-donas, que são pagos a peso de ouro, que não jogam um carapau, que pouco fazem pelo seu clube e que não entusiasmam os adeptos, que estão desiludidos connosco, dizem, assim a modos que a meterem o carro à frente dos bois. Pergunta de "caracacá": O que têm feito eles este ano pelo nosso clube?
Estive na Amoreira e confirmo, como sempre: gosto muito de jogos fora, sobretudo em estádios mais pequenos. Estamos com a nossa tribo e há um comportamento grupal diferente. Não tem a ver com ser melhor ou pior que em Alvalade, é a nossa casa e não a troco por nada, mas num jogo fora, sentimos mais "os nossos", estamos ali juntos, reconhecem-se os cânticos - não tendo a melhor acústica, pouco se ouvia de um lado ao outro na mesma bancada, mas cada lado se organizou da melhor forma - e parece haver mais vontade geral em participar. Além do bom apoio à equipa, foi também divertido, há sempre bons momentos na bancada.
Era necessária, vital quase, uma vitória. Para andar em frente, para a nuvem negra se ir afastando, para os arautos da desgraça sossegarem. Ganhou-se e bem. Prossigamos.
Ao contrário do que alguns receiam, ninguém se torna menos sportinguista por apoiar sem reservas a selecção nacional.
É o que eu faço, desde miúdo. Considerando-a a equipa de todos nós, jogue quem jogar.
Formei-me nesta cultura desportiva e assim prossigo, sem a renegar.
Durante décadas, festejei segundos e terceiros lugares. Eram festejos menores, que souberam a pouco. No Europeu de 1984, em França. No Europeu de 2004, em Portugal. No Europeu de 2012, na Ucrânia.
Tive a imensa alegria de celebrar enfim a conquista de um Campeonato da Europa, quando erguemos o caneco em Paris, a 10 de Julho de 2016.
Um festejo a sério. Sem desculpas nem entretantos.
Sem vitórias morais.
Com um onze titular que integrava vários jogadores do Sporting, com um plantel onde havia dez elementos formados na Academia leonina.
Mas sem isso teria celebrado à mesma, teria aplaudido sem reservas a subida das cores nacionais ao posto mais elevado do pódio, concretizando um sonho tantas vezes adiado.
Nestes tempos esquisitos de pandemia e teletrabalho associado, durante a tarde a televisão faz-me companhia, depois de a "acender" à hora do almoço para ver o "telejornal". Em regra, depois das notícias mudo para o canal 11, que é muito interessante e vou dando uma olhadela, para limpar a vista dos ecrãs dos portáteis. Há por lá uma rubrica/programa de nome "Sagrado Balneário", apresentada por Toni (um senhor!) e António Carraça. Dedicada a antigos jogadores, com o objectivo de contarem de forma descontraída as suas carreiras e principalmente peripécias acontecidas durante a dita cuja. Já por lá passaram muitos, uns craques outros nem tanto. Há relato de situações hilariantes e caricatas, no fundo é um espaço despretensioso, leve, alegre, que tem por objectivo criar durante o seu tempo de emissão, empatia entre o "entrevistado" e os espectadores.
Alguns dos que por lá já passaram jogaram em grandes clubes em Portugal (nos três) e no estrangeiro e onde quero chegar com toda a ladainha que atrás rascunhei é que todos, sem excepção, os que passaram pelo FCPorto referiram a pressão que é ter que ganhar; Dentro e fora do balneário. Um exemplo de quem jogou nos três grandes: "Um simples pedido de autógrafos. No Sporting ou Benfica pedem(iam) um autógrafo, dá cá o papel e a caneta, como é que te chamas, assinar e toma. Obrigado, resposta do adepto. No Porto? No Porto era igual, mas no final o adepto não agradecia, dizia: Temos que ganhar no Domingo, cara...!"
Vem isto a propósito da derrota, eu diria desleixada, do Sporting nos Açores, na última jornada.
Concordando inteiramente com o Pedro Correia no post abaixo e tendo toda a confiança no técnico e nos jogadores, não perdemos nada em ser exigentes, antes pelo contrário. Já é tempo de esquecer o "levantar a cabeça e pensar no próximo jogo" tão usado e abusado durante anos a fio no nosso clube.
Cultura de exigência precisa-se, o apoio passa muito por aí e quem a confundir com desapoio andará completamente desajustado daquilo que deve ser o Sporting.
Quero eu com isto afirmar que a mentalidade ganhadora deve ser pressionante, a vontade de vencer devendo estar no balneário, deverá ser alimentada por uma exigência de excelência em todos os jogos e nunca por uma atitude fatalista após um desaire.
Outro jogador dos referidos lá em cima, relatando duas viagens de avião de regresso de jogos das competições europeias, após derrota: "Num avião conversava-se, ria-se, mostravam-se as compras. No voo do FCPorto o silêncio era sepulcral."
Há coisas que, apesar da relatividade da importância de um jogo de futebol tão bem descrita por Bill Shankly, quando afirma que "algumas pessoas acreditam que o futebol é uma questão de vida ou morte. Fico muito decepcionado com essa atitude. Posso assegurar que futebol é muito, muito mais importante[", se achamos que devemos abraçar, deveremos copiar. Esta cultura de vitória, esta mentalidade ganhadora, esta cultura de exigência poderá ajudar a que deixemos de dizer que "temos que jogar três vezes mais que eles para ganhar" e a largarmos a nossa tão querida fatalidade. Talvez assim só duas vezes passem a ser suficientes...
Rúben Amorim sem dúvida que merece todo o crédito. Tem feito um trabalho extraordinário. Não nos esqueçamos que temos um plantel muito menos valorizado, em termos de orçamento, que os dos rivais. E mesmo assim, somos campeões! E mesmo assim, esta época não estamos a jogar pior que qualquer equipa em Portugal.
Falta-nos apenas experiência europeia. E aí, o nosso treinador também vai evoluir. Terá de ver que na Europa as equipas são mais audazes (e capazes) e atacam mais facilmente os nossos pontos fracos. Tem sido esta a única falha (se é que é falha) do trabalho de Amorim.
Além disso, falando de adeptos, por natureza, o acto de criticar, desde que feito de forma construtiva, não é algo que mereça reparo. Felizmente todos temos a nossa forma de pensar e de ver as coisas, e temos o direito de não estar sempre de acordo uns com os outros. Agora, durante o jogo, durante aqueles 90 e tal minutos em que o objectivo é ganhar, seja lá quem for o presidente, seja lá quem for o treinador, aí não se pode aceitar a crítica ao Clube ou à Direção. É talvez o único momento em que a liberdade de expressão deve ser deixada de lado, por um bem maior.
Há outros momentos em que quem não gosta pode dar voz à sua opinião. Mas ali, quando são 11 vs 11, os nossos têm de estar acima de tudo. Nós somos a retaguarda, somos o empurrão que tantas vezes nos faz um clube ímpar.
Por isso digo que o que se passou na pré-pandemia foi péssimo. Assistimos a um momento histórico de rebelião que podia bem ter aniquilado o nosso clube.
Posto isto, sou a favor da regeneração - leia-se, refundação - das claques. Pode ser controverso, mas se for possível que uma claque tenha apenas por missão apoiar incondicionalmente a sua equipa, sem interesses pessoais, então as claques são uma arma poderosa para o clube e que pode ajudar as equipas a sentirem-se em casa em todos os combates.
A máxima do Liverpool é muito isso: you'll never walk alone… lembra o "onde vai um vão todos’" É isso que uma claque deve ser. Mesmo no estádio mais longínquo, mesmo na cidade mais remota, a claque serve para dizer presente e fazer lembrar que representa milhões de adeptos.
Por isso, tenho para mim que o nosso Presidente devia resolver este problema de uma forma diferente do que simplesmente eliminar as claques. Há muita gente muito válida dentro da Juve Leo e do Directivo XXI. Os que forem meros aproveitadores, esses sim devem ser expurgados. O estatuto das claques deve ser o mais claro possível e a linha entre o que a claque pode e não pode fazer deve estar bem vincada. Atropelos, aproveitamentos, incitamentos à desordem, negócios laterais e ilícitos, são tudo actos não próprios do espírito de uma claque e portanto, à cabeça, devem ser listados como motivos para expulsão e exclusão.
Não sei se é possível o que estou aqui a propor, mas o momento é o ideal. O clube está vencedor, há alguma união, e há que aproveitar esta onda (lembra-se da Onda Verde? Era outra claque, certo?).
Texto do leitor Ulisses Oliveira, publicado originalmente aqui.
Rúben Amorim, o treinador campeão, merece todo o crédito.
Em ano e meio ao serviço do Sporting, como treinador da nossa equipa principal de futebol, venceu o campeonato (19 anos depois da anterior conquista), a Taça da Liga e a Supertaça.
Mais do que Leonardo Jardim, Marco Silva e Jorge Jesus em cinco anos.
No último ano, com ele ao leme, o Sporting só sofreu quatro derrotas. Contra o Lask Linz, o Marítimo, o Benfica (já com a Liga 2020/2021 conquistada) e o Ajax. Em meia centena de jogo disputados.
Há quem destaque - e eu próprio o fiz - que os adeptos leoninos, neste regresso que já tardava às bancadas dos estádios, têm apoiado entusiasticamente os jogadores. Foi assim em Alvalade, foi assim no campo do Estoril.
Regista-se com muito agrado. Mas era o que mais faltava se num contexto desses não expressassem apoio...
Apoiar esta equipa campeã não é mérito nenhum.
É um acto de elementar justiça. É um dever de todos nós.
Sporting ciclotímico: não faltaram adeptos - até nas nossas caixas de comentários - a resmungar e reclamar após o Benfica-Sporting de sábado. Dizendo, entre outras coisas, que se perdeu uma excelente oportunidade para se "fazer história".
Alguns dos que agora resmungam, subitamente muito exigentes, são os mesmos que no início da época davam como garantido que seríamos ultrapassados pelo Braga e nos arriscávamos a discutir o quarto lugar com Paços de Ferreira e V. Guimarães.
Esses, apostados já em denegrir o treinador e os jogadores que repuseram o Sporting na rota dos títulos, acabam por dar razão a quem argumenta que o campeonato só conseguiu ser conquistado por não haver adeptos no nosso estádio.
Por mais que a equipa faça, nunca estão satisfeitos.
Antes criticavam João Mário porque jogava, agora criticam porque ficou no banco. Antes criticavam o técnico por não "dar oportunidades" a Daniel Bragança, agora criticam porque Amorim integrou o jogador no onze titular do clássico.
Só apoiam no fim de tudo, quando a vitória se consuma E mesmo assim, poucos dias volvidos, começam de imediato a denegrir a equipa campeã. Como se vê.
A esses, que queriam "fazer história" no penúltimo jogo de um campeonato já conquistado, tenho a dizer o que vai seguir-se.
- Fazer história é vencer o campeonato após o nosso mais longo jejum de sempre - que perdurou nas presidências de Soares Franco, Bettencourt, Godinho Lopes e Bruno de Carvalho.
- Fazer história é termos o mais longo período (32 jornadas) sem derrotas alguma vez registado no campeonato nacional. Sagrámo-nos campeões invictos.
- Fazer história é termos concluído 20 partidas (em 33 já disputadas) sem sofrer um só golo nesta Liga 2020/2021.
- Fazer história é liderar o campeonato isolados desde a jornada 6, como este ano aconteceu.
- Fazer história é chegarmos à Luz já campeões a duas jornadas do fim.
Tudo isto é fazer história.
Agora há que preparar desde já a próxima época. Tão bem como esta foi preparada.
Apoiando jogadores, equipa técnica e dirigentes do princípio ao fim. Apoiar só na linha da meta, como alguns este ano fizeram, não vale nada.
Obrigado ao Núcleo Sporting Clube de Portugal de Braga e a todos os sportinguistas que proporcionaram esta magnífica receção à nossa equipa. A épica vitória do domingo passado de certeza que começou por aqui.
O que alguns pseudo-adeptos do nosso clube fizeram ao ponta-de-lança é incompreensível e só prejudica o próprio e a equipa do Sporting Clube de Portugal. Nestes seis jogos que faltam temos que estar unidos mais que nunca e não podemos estar desavindos, não devemos apontar o dedo a ninguém e vamos dar tudo. Mas tudo mesmo.
Muita malta temos entre nós que não acredita que podemos ser campeões. Fico sem perceber se desses a maioria é apenas racional e não quer alimentar expectativas que venham a sair goradas, ou se, por outro lado, não acreditam que esta equipa e o seu líder conseguem ser campeões. Achando deles que não têm estaleca nem futebol para tal façanha.
Parem com isso! Metam lá isto na cabeça: para esse discurso bota-abaixo e derrotista bastam os nossos adversários. E eles não são poucos.
Ontem, a superioridade do Sporting relativamente ao B foi, é, de uma evidência indiscutível. Se a memória não me falha fizemos 27 remates à baliza, o B fez 2. Os mesmos que lhes deram os golos marcados nas poucas vezes que foram lá à frente, sem futebol que justificasse vantagem tão grande, a não ser a nossa ineficácia e erros defensivos, condenáveis, sim, mas não ao ponto de nos atirar para a forca.
Não contando com a cambada de trogloditas frustrados e anti-Sporting, ainda que se afirmem sportinguistas, sobram muitos pessimistas entre nós. E não devia ser assim. Ouvir tantos dos nossos dizerem a cada empate que "não jogamos nada", que "já fomos", que "isto vai para o Porto", "não, vai para o Benfica" é para mim um exercício de auto-fagia, estéril, infrutífero. Um mero passatempo masoquista.
A malta, muitos de nós, fala como se o Sporting ganhasse campeonatos de dois em dois anos, de três em três. Como se no período dos últimos dez campeonatos tivéssemos sido bicampeões, tricampeões, tetracampeões.
Baixem a bola e apoiem a equipa. Não se distraiam com medos e desesperanças. Continuamos líderes. Invencíveis. Só dependemos de nós para conquistarmos o título. Chamem-me o que quiserem mas para mim tudo o que não seja apoiar expressamente esta equipa e acreditar nela, reconhecer que nunca esperámos que nos pudesse dar tanto, que é jornada atrás de jornada líder, que ontem apesar do empate deu mostras de ter fibra, para mim tudo o que não seja acreditar que este fantástico grupo nos pode dar o tão sonhado títitulo de campeão nacional de futebol é um atentado ao Sporting.
Bastou um pequeno percalço para muitos adeptos se esquecerem rapidamente da temporada brilhante que conseguimos até aqui, e de que o caminho faz-se caminhando, umas vezes mais depressa, outras mais devagar, mas sempre a caminhar. Não é possível a uma equipa estar sempre no topo de forma. Aqui ou ali vão aparecer dificuldades, sejam elas "plantadas", sejam fruto da competitividade dos adversários. Mas a verdade é que se no início da época perguntassem a qualquer sportinguista se aceitaria estar nesta altura com 6 pontos de avanço do segundo classificado, de certeza que a grande maioria comprava, de olhos fechados. Portanto, temos de nos orgulhar do que conseguimos até aqui.
É normal que a equipa nesta fase acuse um pouco mais a responsabilidade. É normal vermos menos alegria nos jogadores e sentirmos que as coisas acontecem mais em esforço, menos fluidas. Como digo, é normal. Estranho seria se tal não acontecesse. Já nem falo nos miúdos do plantel. Mesmo aos graúdos falta-lhes experiência a este nível: Adán foi quase sempre suplente nas grandes equipas por onde passou; Coates, desde que está no Sporting nunca foi campeão; Feddal, que eu saiba, também não tem hábito de lutar por títulos; João Mário e Palhinha, idem, tal como o Paulinho, e outros.
A própria equipa técnica, também ela é inexperiente a este nível. Mesmo os adeptos, também não estão nestas andanças há muitos anos, alguns nem sequer viram o Sporting campeão. Portanto, é normal que o sorriso que os jogadores espelhavam até metade da época tenha sido parcialmente substituído por um tom mais sério, próprio da responsabilidade de quem está perante um feito que a acontecer, ficará para a história. Não se confunda com falta de determinação.
Cabe-nos a todos nós, sportinguistas, passar aos jogadores toda a confiança possível. Sabemos que o caminho está carregado de armadilhas e que as regras não são as mesmas para todos, e sabemos que há um esforço conjugado para nos tirar confiança e determinação... mas se fizermos dessa "concorrência desleal" a nossa força e se verdadeiramente onde for um forem todos, nada parará a equipa.
Trabalhei com alguém que em tempos pediu paixão e foco a toda a equipa que trabalhava com ele. Sábias palavras. Especialmente agora, chegados às grandes decisões, há que cerrar fileiras. Todos juntos, com paixão e com foco, vamos conseguir.
Texto do leitor Ulisses Oliveira, publicado originalmente aqui.
Não sejamos bipolares. Dos dos nervos e das emoções e dos que acham que isto é a dois, que é só dos dois do costume. Não é. Estamos cá nós para o provar.
Isto é uma maratona e ninguém nos disse que ia ser fácil. Antes pelo contrário. Como aliás ninguém nos prometeu uma corrida de duzentos metros sem barreiras. Antes pelo contrário.
Aqueles que nos representam, no campo e fora dele, têm sido verdadeiros connosco. Desde a primeira hora que nos ensinaram que isto é jogo a jogo. E que é muito difícil. Muito difícil.
Se nunca me deslumbrei com a campanha extraordinária que temos feito esta época - os foguetes nem sequer os comprei quanto mais tê-los atirado! -, também não vou embarcar no discurso de que está tudo perdido porque encaixámos dois empates seguidos e perdemos a confortável vantagem de dez pontos para o segundo classificado.
Ontem custou a não conquista dos três pontos. Chiça se custou... Perdidos ainda por cima por culpa nossa.
Falhámos, não uma carrada, mas um camião de golos cantados. Fomos de uma superioridade técnica e táctica face ao adversário indiscutível. E não quero com isto garantir uma vitória moral, que dessas está o Inferno verde e branco cheio.
Talvez tenhamos jogado a passo num ou noutro momento do jogo, mas as mexidas na equipa (porventura algumas delas tarde) produziram jogo de equipa grande, reduzindo o adversário ao seu reduto defensivo. Não me quero enganar nem a ninguém, julgo que o Famalicão desde o golo que marcou só rematou de novo à nossa baliza na segunda parte e esta avançada.
Têm dúvidas na equipa, não tenham. Se tiverem dificuldade em nela acreditar, aconselho-vos, vejam a conferência de imprensa do Rúben Amorim no pós-jogo. Aquilo é um bálsamo de lucidez, determinação, rumo e liderança. Já tenho ouvido que o nosso timoneiro estava ontem mais nervoso e instável do que o habitual (leitura inicialmente propagada pelos narradores televisivos da partida), discordo. Vi um RA igual a si próprio. Comprometido com a equipa, tomando-lhe as dores e investindo nela pondo-a mais ofensiva. Querendo ganhar o jogo.
O fecho deste abrupto tem confiança e crença suportadas pela consistência que este Sporting tem apresentado já lá vão meses e largos: Jogo a jogo vamos ser campeões!
{ Blogue fundado em 2012. }
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