Entre os meus anseios (as falsamente ditas "resoluções) para 22 está o de reduzir a atenção à política, algo sempre produtor de fel (recorrentemente aqui demonstrado). E de ser menos assertivo nos resmungos com os governantes socialistas e seus altos quadros público-privados. Pois fazem o que podem. E quantas vezes com boas medidas. E bons discursos.
Admito que me irritam um pouco as unanimidades na nossa imprensa (e no comentarismo) acerca da Premier League fazer jogos na quadra (Natal e Ano Novo) e isso ser “bom” e “positivo” e mais não sei o quê, porque os estádios estão cheios e tal e que por cá talvez se devesse fazer a mesma coisa. Irrita-me porque, nem que seja por momentos, estamos a colocar a nossa Liga a par com a evoluída e riquíssima Liga Inglesa, que tem, desde há muito, uma dinâmica própria assente na cultura de fairplay dos ingleses e na rule of the law que é enforced quando é necessário (por outras palavras, os ingleses têm dirigentes da Liga e da Federação com tom*tes que castigam duramente e depressa). Por cá, da imprensa ao comentarismo, passando por “dirigentes”, treinadores e jogadores, há zero de fairplay e tom*tes, além de termos uma massa adepta clubista e não desportiva, interessada em vencer a todo o custo. Veja-se “o caso do soco de Conceição”, uma novela estranhíssima, onde para mim ficou claro como aguardente o que se passou, apesar dos trinta por uma linha engendrados para que ficasse tudo turvo ou mesmo opaco como o mais forte dos cafés, ou seja, sem consequências nenhumas. Ou veja-se o caso do treinador que tem a sorte de todos os jornalistas adivinharem quando chega de viagem do Brasil e estão lá à porta e que parece que conquistou Marte, enquanto resolvia os problemas do Clima, da Fome no mundo e da cura dessa doença chata que é a Zona na viagem para lá e os problemas do estacionamento em Lisboa na viagem para cá. No país onde o clube que vence o prémio da melhor Academia do sistema solar compra a peso de ouro um alemão no primeiro dia do ano para uma posição para a qual tem vários jogadores, incluindo dessa Academia, ou onde um português que desde o Euro 2016 não faz um jogo de jeito, com uma exceção há semanas (no Mónaco) que mereceu amplo destaque de capa (!) em vários jornais; para não falar de outro português, avançado, cujo preço do passe foi irreal e que leva três ou quatro golos mas ainda assim é o melhor jogador do mundo, um dos melhores da Europa, até é porreiro descansar da bola uns dias, sobretudo da imprensa e do comentarismo. Um bom e leonino 2020!
Antes de mais, um bom ano a quem nos visita e quem por cá escreve. Um ano melhor para o nosso Sporting, que bem o merece.
Começa hoje janeiro e, para a equipa de futebol sénior, é um mês cheio de desafios. Começamos com o Porto a caminho do fim da primeira volta, vamos a Setúbal e recebemos o Benfica (não é demais relembrar que acabamos o campeonato na Luz). É imperativo vencer, se não para chegar a algum lado, para que o clima não seja ainda pior do que tem sido.
No fim do mês, a taça da Liga. Não conta muito, não é nada de extraordinário, mas é muito diferente não passar da meia-final ou ganhar um troféu, sabemos isso pelo passado recente e duas ganhas nas duas últimas épocas.
Pelo meio, ou durante o mesmo mês, há ainda o mercado de inverno para nos fazer perder o sono com quem pode sair ou entrar.
É claro que este janeiro infernal e o ter de vencer, é sabido na equipa, só peço que seja respirado dia e noite. Vencer, vencer, vencer.
Começo por aproveitar o texto para desejar um excelente 2020 a todos os sportinguistas. Entrámos em 2020, ano que será muito importante para o futuro do Sporting Clube de Portugal. Estamos divididos como nunca, é a pesada herança deixada pela presidência anterior, que transformou em inimigos todos os que não partilhavam da visão estratégica do iluminado líder de então. Apesar de sermos todos sportinguistas, desde 2013 que se instalou no clube uma cultura de procurar as diferenças entre nós, acentuar clivagens desnecessárias, buscando os puros, os acéfalos para tecerem loas ao aclamado presidente. Tal estratégia resulta sempre por prazo limitado e aconteceu o óbvio, a queda do pedestal.
Em 2018 elegemos um novo presidente, com o lema “unir o Sporting”. A pacificação seria impossível, porque existe uma minoria de apoiantes do destituído, viúvas e órfãos do passado, ávidos por regressar aos tempos da beligerância, do insulto, que confundem com luta e exigência. Apesar disso, a esmagadora maioria dos sócios foi apoiando os actuais órgãos sociais do clube, confiantes no crescimento da equipa de futebol, que apesar de exibições inconstantes até conseguiu conquistar duas taças de forma surpreendente.
Quando tudo fazia prever que continuaríamos no rumo certo, o presidente Frederico Varandas até reclamou para si em campanha eleitoral um conjunto de competências no futebol, eis que o mercado de transferências se revelou um pesadelo para todos os sportinguistas. Saídas de jogadores por valor demasiado baixo, alguns até a custo zero, para baixar massa salarial, ao mesmo tempo que se contratam verdadeiros cepos, que não chegaram barato, ou emprestados de interesse e valor duvidoso nesta fase da carreira, foram decisões incompreensíveis para muitos adeptos, entre os quais me incluo.
O Sporting tem que manter o ADN de clube formador, pode e deve contratar jogadores com potencial de desenvolvimento, para valorizar, ou jogadores de créditos firmados que entrem de imediato como titulares. Empréstimos só em casos muito pontuais, por exemplo para colmatar algum jogador que se lesionou por longo período. Que sentido faz trazer Jesé Rodríguez, Bolasie ou Fernando? Que ganhos resultariam para o clube na eventual valorização destes atletas?
O início de 2020 traz consigo a reabertura do mercado de transferências, última oportunidade para Frederico Varandas e Hugo Viana mostrarem aos sportinguistas que têm condições para permanecer no cargo. Temo o pior, mas venho defendendo há algum tempo que antecipação de eleições só lá para a Primavera, pelo que estou expectante do comportamento do Sporting SAD nesta matéria. Também não dou crédito por aí além às capas do pasquim “A Bola”, que nunca pugnou propriamente pelos interesses do nosso clube. Não acredito que alguém esteja disposto a pagar 70 milhões por Bruno Fernandes em Janeiro, seria inaceitável que o clube aceitasse baixar um cêntimo que fosse por uma indesejável transferência do nosso capitão. Vender Acuña, Coates ou Wendel abaixo de 20 milhões seria repetir Bas Dost, desbaratando activos a preço de saldo. Trazer mais entulho por empréstimo ou cepos acima de 5 milhões de euros confirmará a incompetência mostrada no último defeso. E se é de incompetência que falamos, só há uma acção a tomar, porque a bem dos superiores interesses do Sporting, incompetentes não podem ocupar cargos de importância vital no clube.
Por fim, e não menos importante, a questão das claques. O Sporting foi pioneiro na sua criação, quando se pretendeu seguir um modelo de inspiração brasileira, com festa, música e incansável apoio à equipa. Passados mais de 40 anos, o que temos são insultos, violência, fumos tóxicos, agressões, negócios escuros. Basta ver quem são os líderes do principal gang da bancada Sul e quem lhes disputou a liderança. É inaceitável que o Sporting Clube de Portugal apoie um grupo organizado em que para subir na hierarquia da organização seja necessário apresentar um registo criminal bem preenchido de condenações. A lógica não é de claque, mas de gang, ou bando, como preferirem, vai dar ao mesmo...
É necessário que sejamos uma vez mais pioneiros, colocando um ponto final neste tipo de grupos, indesejáveis nos estádios de futebol e no desporto em geral, para que o nosso estádio volte a ser um lugar para famílias e pessoas pacíficas, que gostem de futebol e queiram assistir ao espectáculo. Se for preciso, que marquem uma AG para o efeito e coloquem os sócios a votar pela manutenção ou fim dos apoios às claques. Não tenho dúvidas qual será o resultado, porque a maioria dos sócios do Sporting Clube de Portugal são pessoas de bem, honestas e civilizadas, que sabem viver em sociedade. Não são grunhos que insultam e partem para agressões, quando algo não corre de feição.
Última palavra para as modalidades em 2020. Tenho expectativas de conquistar pelo menos dois ou três títulos nacionais esta época, conseguir boas prestações europeias e, mesmo que não se ganhem todos os títulos, disputá-los até ao fim. Boa sorte a todos os que envergam a sagrada camisola verde e branca, o vosso sucesso será a nossa alegria, o nosso orgulho.