«O Sporting de 2025 foi campeão depois de superar o sentimento de orfandade motivado pelo abandono do pai da ideia - e também do tio Viana, já agora - e o arrojo irresponsável do seu primeiro substituto, um João Pereira que quis à força impor a marca original da sua liderança. Como disse o capitão da equipa: "Campeão com três treinadores? Só nós." Ganhou a Liga no meio de uma onda de lesões sem precedentes, muito à conta da capacidade que os jogadores revelaram para se agarrarem uns aos outros - o já tão falado "poder da amizade" - e para se mostrarem competitivos, batendo no peito e no escudo de campeão que lá ostentavam desde a vitória de 2024.»
82 PONTOS
«Os 82 pontos feitos pelo Sporting nas 34 jornadas do campeonato (80% do total) ficam bem abaixo dos 90 que esta mesma equipa somara na época passada, é verdade, mas são os mesmos que fez o FC Porto de 2020 ou o Benfica de 2017.»
PLANTEL VALE 487,5 MILHÕES
«O plantel actual do Sporting está avaliado pelo Transfermarkt em 487,5 milhões de euros. Há um ano, o mesmo Sporting era avaliado por aquele portal especializado em transferências em 384,2 milhões.»
GYÖKERES E QUENDA
«Gyökeres vale agora no mercado 75 milhões de euros - há um ano, antes da conquista da Liga, valia 55 milhões. Hjulmand está avaliado em 45 milhões - no final da Liga anterior estava nos 30 milhões. Gonçalo Inácio também está nos 45 milhões, quando há um ano estava nos 40 milhões. E Quenda, o outro jogador do plantel leonino creditado a mais de 40 milhões de euros, há um ano nem sequer tinha avaliação, porque tinha acabado de fazer 17 anos e ainda não se estreara pela equipa principal.»
INVESTIMENTOS
«O Sporting investiu no mercado. Logo no Verão, pagou 19 milhões por Harder. (...) Deu 15,5 milhões por Debast e mais 13 milhões por Maxi Araújo. Entre os reforços de Verão, só o guarda-redes Kovacevic (4,8 milhões) não vingou. (...) Gastaram cerca de 53 milhões de euros em reforços, pagos com mais-valias de jogadores que não lhes faziam assim tanta falta. Fatawu rendeu 16,2 milhões, Mateus Fernandes outros 15 milhões, Paulinho contribuiu com mais 7,7 milhões. O saldo era, no entanto, desfavorável. E como em Janeiro foi preciso ir buscar um guarda-redes que desse alguma estabilidade atrás - e veio Rui Silva, emprestado, com obrigação de compra a 5,5 milhões - os leões venderam antecipadamente Quenda e Essugo (...) num total de 74 milhões e já pagaram a época em curso, da mesma forma que a saída de Gyökeres, por si só, mesmo que seja feita abaixo da cláusula, já pagará a próxima.»
PLANTEL CURTO
«O tal plantel curto é a maior garantia de espaço ascensional para quem vem da base - e de um crescimento que, depois, vai pagar a estabilidade das primeiras figuras. Com um plantel mais apetrechado, teria o Sporting lançado Nuno Mendes, Inácio, Quenda, Quaresma e Matheus Nunes? Ou até Tiago Tomás, Chermiti, Mateus Fernandes, Essugo e Fatawu?»
RUI BORGES
«O sucesso de Rui Borges passou muito pela sua capacidade para gerir. Geriu um grupo forte, onde a cumplicidade entre alguns elementos - Harder e Debast, Morita e St. Juste, Trincão e Israel - transpira cá para fora de uma maneira evidente, e parece tê-lo feito com uma atitude diametralmente oposta à de João Pereira. (...) As repetidas declarações de Borges, lembrando que veio de Mirandela, que não estudou e não foi um grande jogador, podem soar a falso e serão mesmo curtas muito em breve, (...) mas foram fundamentais no reequilíbrio do grupo depois do profundo desabamento emocional pelo qual esteve acabara de passar. Quando Rui Borges ganhou o grupo, começou a ganhar o campeonato.»
SEM DERROTAS
«Rui Borges fechou a época sem derrotas na Liga com as cores do Sportig, em 19 jogos, mas com seis empates que podiam ter-lhe custado caro e que muitos atribuíram à incapacidade de ver mais longe em termos ofensivos. Mas poderia ele ter feito as coisas de maneira diferente, quando chegou a ter a equipa tão debilitada como de facto teve? Poderia ele pensar grande com um meio-campo formado por Debast e Brito? Ou por Debast e Felicíssimo?»
SOLIDEZ DEFENSIVA
«Nos últimos quatro jogos da Liga - Boavista e Benfica fora, Gil Vicente e Vitória SC em casa - o Sporting só permitiu dois remates enquadrados aos adversários. Ambos deram golo. Foram o penálti de Félix Correia e o desvio de Aktürcoglu após assistência de Pavlidis. A última defesa de Rui Silva ja aconteceu a 18 de Abril, num remate de longe de Benny, do Moreirense. Há 402 minutos de jogo.»
Excertos de uma excelente análise de António Tadeia, sob o título "Quase Tão Bom como o Original", ontem publicada na revista do Expresso
(é de realçar que "o melhor árbitro português da actualidade" já estava sob os nossos holofotes há muito tempo)
"Há sempre alguém que nos diz tem cuidado, há sempre alguém que [não] faz falta"
É interessante como, passados mais de quatro anos, o que escrevemos em Fevereiro de 2021, sobre a arbitragem, continua actual.
[Sobre este assunto, não fazer falta, a propósito de uma afirmação do sr. André Pinotes a defender os árbitros portugueses e a choramingar pela sua (deles árbitros) ausência no Mundial de Clubes. Escreverei oportunamente.
Para mim o patriotismo não se confunde com competência. Morten é um capitão estrangeiro e competente, Coates foi um capitão estrangeiro e competente. Para alguns os portugueses são sempre os melhores do mundo no seu ofício, para esses Cristiano Ronaldo é o melhor futebolista de sempre, José Saramago é o melhor escritor de sempre, José Mourinho é o melhor treinador de sempre, Luís Militão é o melhor assassino de sempre. Não penso dessa forma prefiro a qualidade e a competência à nacionalidade e à inconsistência.]
Daniel Bragança fez a diferença ao ser lançado em jogo: devia ter entrado mais cedo
Foto: Maurice Van Steen / EPA
Foi o nosso jogo menos conseguido da temporada. Com uma primeira parte marcada por sucessivas perdas de bola, incapacidade de sair com ela dominada da nossa área e quase nula chegada à frente, onde Gyökeres andou quase sempre sozinho, policiado com eficácia por Flamingo - central de 21 anos que certamente daria muito jeito no Sporting.
Houve demasiados erros individuais nesta primeira metade do desafio em Eindhoven, frente ao PSV, na segunda jornada da Liga dos Campeões. Faltava um elemento desequilibrador, que assegurasse a ligação entre linhas: Pedro Gonçalves, lesionado, fez-nos muita falta contra o rolo compressor da equipa holandesa. Que não perde há 42 jogos no seu estádio.
Ao intervalo, 1-0. Era resultado lisonjeiro para o nosso onze, como bem se percebia pela linguagem corporal de Rúben Amorim, inquieto na sua área técnica. O duo centrocampista formado por Morten e Morita não funcionava, Geny estava em noite para esquecer, as vias de acesso à baliza de Benítez permaneciam bloqueadas. Pior: a grave lesão de Diomande, forçado a sair de campo aos 32'.
A segunda parte foi diferente. Bastou trocar uma peça, aos 52', quando Geny cedeu lugar a Daniel Bragança. Passámos a ter um meio-campo a três, o jogo começou a fluir, a bola começou a ser disputada, avançámos uns metros no terreno. Faltava solucionar o mistério das escorregadelas dos nossos jogadores: nunca tinha visto nada assim.
O futebol é jogo colectivo em que as unidades fazem a diferença. Aconteceu, pela positiva, com dois jogadores saídos do banco: Maxi Araújo no transporte pela ala esquerda e cruzamento, Daniel numa execução perfeita: aos 84' surgia o golo do empate. Rúben esteve melhor na mudança das peças do que o seu homólogo do PSG. O desgaste físico penalizou mais a equipa adversária.
Viemos de Eindhoven com um ponto que pode valer ouro. Permanecemos invictos na Liga dos Campeões, após a vitória em casa com o Lille. A estrelinha de Amorim voltou a brilhar: é bom saber que não nos abandona nos maus momentos.
Fica a minha pontuação aos jogadores:
Franco Israel (7).Sem culpa no golo sofrido, logo aos 15'. No minuto anterior, tinha feito uma grande defesa. Voltou a ser crucial aos 73', evitando o segundo do PSV. Sem lapsos nem deslizes. Merece continuar como titular da baliza.
Debast (3).Parece ter dado um passo atrás, voltando à desastrada exibição da Supertaça. Fez um passe de risco, mal medido, que ao ser interceptado nos custou o golo. Repetiu o erro aos 29': felizmente não passou do susto. Entregou aos 43'. Nervos a mais, ao que parece.
Diomande (4).Estava a ser o nosso melhor central, no eixo do bloco defensivo, quando se viu forçado a sair, amparado por dois elementos da equipa técnica, sem conseguir pôr o pé no chão. Parece lesão grave. Aos 29' fez um grande corte.
Gonçalo Inácio (4).Acusou excesso de nervosismo, o que não é inédito em desafios de maior responsabilidade. Entregou a bola em zona proibida aos 14'. De Jong passou por ele à vontade aos 56'. Tentou golo de cabeça após canto (45'+1), sem sucesso.
Quenda (6).Chegou a ser, na primeira parte, o nosso melhor em campo. Muito bem no plano técnico: fez três túneis na ala direita. Ofereceu golo a Daniel (59'). Esteve muito perto de marcar num remate em arco aos 76'. Só pecou por lapsos defensivos.
Morten (4).Quase irreconhecível: não foi presença autoritária, impondo-se nos duelos, ao contrário do que nos habituou. Tentou apagar demasiados fogos, sem pautar o ritmo da equipa. Melhorou ligeiramente na meia hora final.
Morita (6).Distinguiu-se do colega dinamarquês pela sua capacidade de colocar a bola à distância, em passes cruzados. Aconteceu ao oferecê-la a Nuno Santos (29') e Gyökeres (51'). Isolou Eduardo Quaresma aos 71': situação de golo iminente.
Nuno Santos (4).Continua sem fazer uma grande exibição nesta época. Morita isolou-o aos 29', mas ele finalizou muito mal, com um autêntico passe ao guarda-redes. Falhou cruzamento aos 54'. Incapacidade de criar desequilíbrios.
Trincão (5).Muito castigado pelo jogo duro da turma holandesa, que não hesitava em recorrer à falta para travar lances prometedores do Sporting, foi um dos mais inconformados, desenhando lances de bom recorte técnico que acabaram desperdiçados.
Geny (2).Noite para esquecer do moçambicano, um dos que mais escorregaram em Eindhoven. Remetido à posição de interior esquerdo, afastado da linha e de costas para a baliza, foi presa fácil do PSV. Deixou-se antecipar por Schouten no lance do golo.
Gyökeres (4). Cumpriu a partida menos conseguida até agora de Leão ao peito. Culpa da incapacidade dos nossos médios em ligar o jogo e do seu "guarda-costas" Flamingo, que não lhe concedeu margem de manobra. Interveio no golo com pré-assistência lateral para Maxi.
Eduardo Quaresma (5).Rendeu Diomande, como central à direita. Esteve no melhor e no pior. Grandes cortes (dois aos 41', dois aos 78', outro aos 88'). Excelente recuperação seguida de arrancada que o pôs na cara do golo aos 71': escorregou no momento de marcar. Atraso de bola sem nexo que quase nos custou um golo (82').
Daniel Bragança (8). O nosso melhor. Entrou aos 52', substituindo Geny, e actuou como médio ofensivo, trabalhando com eficácia entre linhas. À segunda tentativa, conseguiu: grande golo marcado de pé direito, sem preparação. Valeu-nos o empate. Estreia de grande nível como artilheiro na Liga dos Campeões.
Maxi Araújo (7).Entrou aos 71', para o lugar de Nuno Santos, e logo imprimiu mais velocidade e qualidade à nossa ala esquerda, beneficiando do desgaste do PSV. É dele a assistência para o golo. Luta para ser titular.
Harder (6). Pouco tempo em campo: substituiu Trincão aos 79'. Cheio de vontade de marcar, atirou às malhas laterais. No último lance da partida, aos 90'+3, viu Benítez negar-lhe o golo com enorme defesa.
Em tempos tinha feito aqui um balanço das aquisições ou empréstimos do tempo de Frederico Varandas. Venho actualizar essa avaliação, conhecendo agora mais sobre o valor desportivo e financeiro dos mesmos. Indico para cada um a época em que chegaram (1=2018/1019, ..., 6=2023/2024). Assim, nas épocas de 3 a 6 as contratações são da responsabilidade de Rúben Amorim.
Pontuando de 0 a 5, sendo 3 o mínimo positivo:
Nota 5 - Excelentes
Matheus Nunes (1) - Estoril
Pedro Gonçalves (3) - Famalicão
Pedro Porro (3) - Man.City
Manuel Ugarte (4) - Famalicão
Sarabia (4) - PSG
Diomande (5) - Midtjyland
Morten Hjulmand (6) - Lecce
Viktor Gyökeres (6) - Coventry
Todo um conjunto de jogadores que encaixaram totalmente na realidade do Sporting e no futebol de Amorim e que se valorizaram imenso. Sarabia foi um excelente empréstimo decorrente da venda de Nuno Mendes ao PSG (e dos fracassos anteriores de Fernando e Jesé), para onde iria depois Manuel Ugarte. Diomande, Hjulmand e Gyökeres, excelente trabalho de recrutamento, desde o scouting até à concretização do negócio.
Nota 4 - Boas
Neto (1) - Zenit
Geny Catamo (1) - Amora
Adán (3) - Atl. Madrid
Feddal (3) - Bétis
Matheus Reis (3) - Rio Ave
Nuno Santos (3) - Rio Ave
Paulinho (3) - Sp. Braga
João Mário (3) - Inter
Edwards (4) - V. Guimarães
Morita (5) - Santa Clara
Trincão (5) - Barcelona
Não tendo o valor de mercado dos outros, foi um conjunto de jogadores essenciais para o desempenho desportivo e os títulos alcançados. Nenhum veio na segunda época, a maior parte veio na terceira e o Sporting foi campeão nacional.
Nota 3 - Razoáveis
Luiz Phellype (1) - Santa Clara
Gonzalo Plata (1) - Equador
Vietto (2) - Atl. Madrid
André Paulo (3) - Real Massamá
João Pereira (3) - Trabzonspor
Antunes (3) - Getafe
Esgaio (4) - Sp. Braga
Tabata (4) - Portimonense
Arthur Gomes (5) - Estoril
St. Juste (5) - Mainz
Fatawu (5) - Gana
Marco Cruz (5) - Fc Porto
Diogo Abreu (5) - Fc Porto
Mateo Tanlongo (5) - Rosario Central
Franco Israel (6) - Juventus
Fresneda (6) - Valladolid
Koindredi (6) - Estoril
Pontelo (6) - Leixões
Pedro Bondo (6) - Petro Luanda
Contratações que fizeram sentido mas sem impacto relevante nos sucessos. Nalguns casos as lesões foram impeditivas de maior rendimento, noutras vendeu-se com lucro sem grande retorno desportivo, outros ainda ainda estão na fase de teste, entre o sucesso e a desilusão.
Nota 2 - Insuficientes
João Virgínia (4) - Everton
Marsà (4) - Barcelona
Gonçalo Esteves (4) - Fc Porto
Alcantar (5) - México
Sotiris (5) - Panathinaikos
Esperava-se bem mais de todos eles para justificar a vinda por contratação ou empréstimo. Alguns ainda poderão ir a tempo de dar retorno desportivo e/ou financeiro, outros já partiram e não deixaram saudades.
Nota 1 - Fracassadas
Doumbia (1) - Grozny
Valentin Rosier (2) - Dijon
Sporar (2) - Slovan Bratislava
Borja (2) - Colômbia
Bolasie (2) - Everton
Fernando (2) - PSG
Jesé (2) - PSG
Slimani (4) - Olympique Lyon
Bellerín (5) - Barcelona
Rochinha (5) - V. Guimarães
Aqui começamos a entrar no fracasso completo do scouting ou da decisão de contratação. Slimani é um caso de conflito de personalidade com Amorim, os outros nunca conseguiram integrar-se e demonstrar valor para justificar o que custaram. A segunda época é aqui dominante.
Nota 0 - Mega flops
Tiago Ilori (1) - Reading
Rafael Camacho (1) - Liverpool
Eduardo Henrique (2) - BSAD
Rúben Vinagre (4) - Wolves
Aqui há mesmo uma grande falta de estofo dos quatro jogadores, ainda por cima três deles formados em Alcochete e conhecidos pessoalmente pelo presidente, médico na altura. Vinagre foi um enorme e caro "barrete", se calhar contas a acertar com Jorge Mendes, não se entende mesmo como é que Amorim embarcou naquilo. Espero que tenha sido a última vez, porque o Chiquinho do Famalicão cheira a outro Camacho.
Resumindo:
1. Um total de 57 jogadores em 6 épocas (se bem me recordo foram cerca de 100 em 5 anos de Bruno de Carvalho para as equipas A e B).
2. Desses 57, considero 37 positivos e 8 excelentes. Nas negativas, a maioria diz respeito aos dois anos antes de Amorim.
3. Quais foram os casos em que Amorim mais falhou ao não conseguir extrair rendimento de contratações com qualidade?
Alguns mais jovens como Fatawu, Sotiris, Tanlongo e Diogo Abreu. Outros jovens com menos qualidade tiveram mais oportunidades na equipa A.
A época desportiva no que ao futebol diz respeito encaminha-se a passos largos para a recta final. A 26 de Maio tudo estará resolvido e todos esperamos que seja com mais uma grande alegria.
A equipa chega ao jogo de domingo com o V. Guimarães com 36V, 7E e 5D e um registo impressionante em termos de golos marcados. Mas chega também com o reconhecimento do melhor futebol praticado em Portugal durante a época, e em termos do clube desde há muito tempo.
Foram cinco as derrotas que o Sporting registou. Duas com o Atalanta que acabou de eliminar o Liverpool, uma com o Benfica na Luz nos segundos finais quando estava a jogar com menos um, uma com o Braga para a Taça da Liga num dia de muito pouca sorte, e outra exactamente com o próximo adversário, num jogo em que o Pinheiro inclinou o campo. Os jogos com a Atalanta foram aqueles em que a equipa abanou mais, mesmo tendo oportunidades para resultados diferentes, o que muito se deveu à superior envergadura física dos italianos.
Por tudo isto, treinador e jogadores merecem o maior respeito dos Sportinguistas. O desempenho desta equipa não tem comparação possível com as do passado mais próximo ou até mais afastado, e todos (mesmo os menos dotados) os jogadores têm sido importantes. Nem o treinador tem comparação possível com outros que o antecederam e ou ganharam e pouco ficaram, ou ficaram mais tempo e pouco ganharam.
Rúben Amorim recebeu um plantel desfeito pelas repercussões do assalto a Alcochete que soube reconstruir e potenciar, desportiva e financeiramente. Quando sair deixará o futebol do Sporting incomparavelmente mais forte do que o recebeu, e incluo aqui o talento espalhado pelas equipas B, sub23 e empréstimos.
O sucesso deste Sporting tem muito a ver com estabilidade e um balneário coeso liderado por um núcleo duro de homens como Coates, Neto e Adán que acomoda e suporta os jovens da formação e os craques contratados. Quando Slimani, por alguma razão, entendeu diferente não teve hipótese.
Será muito por aqui que o Sporting terá de continuar: estabilidade em termos de liderança, estabilidade em termos de plantel, lançamento de dois ou três jovens por época e contratações cirúrgicas de jogadores diferenciados, técnica e fisicamente.
Isso é tão mais importante quando sabemos que os últimos 50 anos do Sporting. Com João Rocha e os outros que lhe sucederam aconteceu tudo menos isso: rodízio de treinadores, plantéis ganhadores desfeitos, referências de balneário a sair pela porta dos fundos, "maçãs podres", "toupeiras" e "cromos da bola" no balneário, cheques e vassouras, autocarros de reforços, etc, etc, etc.
Quando olhamos para os dois rivais e para a sua desorientação actual, muito por culpa pela fraqueza por diferentes motivos das suas lideranças, sentimos que o Sporting tem no momento uma oportunidade de ouro para se destacar no futebol português, conquistando títulos e frequentando a Champions.
Para isso, o "Fica Amorim" é tremendamente importante, mesmo que não dependa dele a saída mas das propostas firmes que tiver, sabendo-se que algumas, a existirem, serão sempre irrecusáveis. E o Sporting nunca poderá ficar dependente dum treinador mas sim do rumo traçado, sempre enfrentando ondas e dificuldades e combatendo as almas penadas que por aí andam e que não suportam este Sporting que deixou de ser o deles.
Domingo, mais uma vez, Alvalade cheio para apoiar a equipa rumo à dobradinha. Depois, em todos os estádios onde formos jogar, também. Vamos conseguir!!!
É bastante provável que Pote não seja convocado para o Euro e bastante provável que um jogador que manifesta sistematicamente instabilidade emocional em campo, que insulta, simula, agride, um jogador jovem, que deveria ser um exemplo para os miúdos de 6, 7, 8 anos.
Não está a ser uma Liga de guarda-redes. Tem havido muitos jogos com imensos golos. Quanto vale um guarda-redes que ‘dá’ pontos e ‘apuramentos’? Mais ou menos que um centro-campista ou um avançado?
Não será para o ano, nem será nos anos seguintes, que as ‘arbitragens’ (e os VAR e essas coisas todas) se vão resolver. As instituições Porto e Benfica são das mais poderosas do país, ninguém vai assumir o risco de ir contra as mesmas, as pessoas têm famílias, negócios, expectativas de vida. O que o árbitro do Estoril-Porto não escreveu no relatório deveria envergonhar-nos a todos. Ao mesmo tempo, temos o dever moral de pensar quantos de nós teriam feito diferente, perante os riscos.
Amorim é muito diferente por ser franco, decidido e espirituoso. E por ser inteligente e estratega. Mas não é isso que faz o seu sucesso. É bom para quem o ouve, mas duvido que vença jogos (as suas competências técnicas e da sua equipa, só eles saberão). Nem parece que essas características de estar em público sejam importante para a nossa indústria futeboleira. Prova disso, as autoridades da bola e da arbitragem ainda não arranjaram maneira de o homenagear em público. Podiam até dizer (ou fazer dizer) que Amorim evoluiu imenso no seu entendimento do que é fair-play e relação com a arbitragem, adeptos e adversários (até porque é verdade). Porque é que ainda não foi feito? Ver ponto 3.
Se Amorim for embora, tudo voltará à raiva, aos recados, ao queixume, à insinuação, à pressão, aos túneis.
Dito isto, o futebol português é das indústrias mais competentes e competitivas que o país alguma vez teve em toda a sua História. Num mundo de concorrência absolutamente global, cheias de computadores e inteligências artificiais, os clubes continuam a ‘gerar’ jogadores e técnicos para ‘exportação’. Talvez o calendário devesse mesmo mudar para que as equipas portugueses possam ser mais eficazes mais vezes nas competições europeias (além do Porto, que já o é).
Está à vista de todos que este Sporting de Rúben Amorim pratica o melhor futebol desde há muito tempo numa época de imensa exigência competitiva por todo um conjunto de razões.
Para isso concorrem vários factores:
- O crescimento de Amorim enquanto treinador, já num patamar de excelência e sem temer comparações com treinadores de maior curriculum e experiência.
- A base de estabilidade do plantel, com treinador e muitos jogadores com mais de 100 jogos ao serviço do Sporting, e um bom balneário que isso facilita.
- A manutenção de alguns pesos pesados, como Coates e Pedro Gonçalves.
- A qualidade extra das últimas contratações, Diomande, Gyökeres e Hjulmand.
- A dimensão física do plantel, com muitos, talvez a maioria, dos jogadores acima do 1,80m.
Mesmo assim, não conseguimos já evitar duas eliminações, uma na Taça da Liga por manifesta falta de sorte, outra na Liga Europa muito pela superior dimensão física dos italianos da Atalanta. Neste caso, o que é bom a nível interno não chega para lidar com as equipas mais físicas da Europa.
Depois do ciclo infernal de Fevereiro/Março vem este de Abril com dois dérbis e um clássico absolutamente determinante em termos das nossas aspirações aos dois títulos em disputa:
29/03/2024 Est. Amadora - Sporting
02/04/2024 Benfica - Sporting (TP)
06/04/2024 Sporting - Benfica
12/04/2024 Gil Vicente - Sporting
16/04/2024 Famalicão - Sporting
21/04/2024 Sporting - V. Guimarães
28/04/2024 Porto - Sporting
Como é que estamos para enfrentar este ciclo tremendo absolutamente determinante em termos dos objectivos da época?
O nosso plantel continua curto para as necessidades.
Castigos e lesões obrigam a ter dois jogadores de nível semelhante por posição mais dois ou três polivalentes que entrem na rotação e desempenhem o lugar como o titular. Ora isso apenas acontece na defesa depois do regresso de St. Juste. Em todos os outros sectores precisávamos de um pouco mais. Fresneda, Pontelo e Koindredi estagiam para a próxima época, dificilmente terão uma palavra a dizer nesta.
Neste momento estamos com três jogadores lesionados: Adán, Edwards e Trincão. E temos (penso) sete jogadores à beira do quinto amarelo: Nuno Santos, Pedro Gonçalves, Edwards, Esgaio, Diomande, Hjulmand, Neto. Depois disso Diomande está em Ramadão e em viagem entre a África e a Europa, e Morita do outro lado do mundo, ambos ao serviço das suas selecções. Não irão voltar nas melhores condições.
Tudo isto, quer queiramos quer não, vai ter consequências.
E não podemos esquecer que os meninos queridos da arbitragem APAF, Soares Dias e João Pinheiro, têm um longo cadastro de roubos ao Sporting e fatalmente aparecerão nos dérbis e no clássico. Este ano já perdemos com o primeiro na Luz (expulsão forçada) e o segundo em Guimarães (penálti inventado).
Mas não estamos a jogar sozinhos. Os outros clubes têm os seus problemas também. O Herr Schmidt vê lenços brancos e bombardeio de tochas da bancada das claques que o Rui Costa não conhece e o (...) Conceição tem o clube em buraco financeiro, acossado pela Justiça e pela "boca no trombone" do Villas Boas. Os terrenos da Maia já são caso de polícia, diz o candidato. E o vereador do PS também.
Não temos de ser perfeitos. Temos é que ser melhores do que os outros mesmo em terreno inclinado a favor deles.
E nisso tenho total confiança. Confiança na vitória.
Este ano a nossa casa está a ser a nossa fortaleza, um pleno de vitórias excepto na recepção ao Young Boys que incluiram Benfica, Porto e Braga. Amanhã existirá oportunidade de continuar nesse registo, frente a uma equipa que muitos problemas nos colocou em Faro.
Como o tempo não está convidativo para a minha actividade de "outdoor" vou-me entreter a fazer uma breve análise SWOT ao futebol do Sporting, ou seja das principais Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças, positivos as Forças e Oportunidades, negativos os restantes, internos as Forças e Fraquezas, externos os restantes.
Forças:
1. Modelo de jogo baseado em 3-4-3 consolidado e mecanizado, os jogadores podem passar por diferentes posições sabendo o que lhes é pedido em cada uma.
2. Enorme ponta-de-lança "artilheiro" com capacidade física tipo CR7, muito bem complementado por um "mágico" intuitivo como Pedro Gonçalves.
3. Estrutura central Coates-Hjulmand-Gyökeres muito forte.
Fraquezas:
1. Guarda-redes a que faltam a classe extra necessária para serem determinantes nas vitórias, como acontece com Trubin e Diogo Costa nos rivais.
2. Linha defensiva de 5 muito variável, o que impede a sincronização perfeita de movimentos, coloca avançados contrários em jogo nos cruzamentos e a torna particularmente vulnerável nos lances de bola parada.
3. Meio-campo (no sentido lato, os dois médios residentes mais as intervenções dos alas e interiores no sector) sem capacidade física para aguentar 90 minutos com o mesmo desempenho.
Oportunidades:
1. Regresso em condições de St. Juste, capaz de dar outra dimensão ao lado direito da equipa.
2. Explosão de Catamo em termos de marcador de golos, caso avance para interior direito.
3. Explosão de Koindredi para patamares de rendimento próximos de Hjulmand, permitindo outra rotatividade no meio-campo.
Ameaças:
1. Arbitragens manhosas dos artistas estabelecidos no futebol português.
2. Lesões, num plantel muito curto sem suplentes de nível próximo dos titulares em diversas posições.
3. Esgotamento físico dos elementos que constituem a estrutura central.
Nos factores externos tudo vai depender da resposta dada pelas indivualidades envolvidas. Não é muito o que Rúben Amorim poderá fazer para impedir que as ameaças se tornem fraquezas. Não foi ele que transformou um penálti a favor em Vila do Conde numa lesão dum jogador que estava a passar o melhor momento da temporada.
Nos factores internos, ressalta a necessidade da gestão quase cirúrgica do plantel, em que a utilização de cada jogador é controlada ao minuto, mesmo à custa do rendimento do onze naquele momento do jogo.
Ficam então aqui estas notas como convite a uma discussão serena e sportinguista sobre o assunto.
PS: Comentários de "trolls", "bullys", travestis morcões ou nicks da tasca seguem directamente para o lixo.
É cada vez mais difícil a um sócio ou adepto do Sporting não reconhecer que estamos perante a melhor equipa de futebol desde há muitos, muitos anos. Um modelo de jogo evoluído e dominador, futebol com diferentes ritmos e nuances, nas antípodas do "futebol de matraquilhos" doutros tempos, treinador e núcleo duro do plantel com quatro ou mais anos de Sporting, um grupo unido e solidário sob o lema "onde vai um vão todos", dois ou três jogadores de classe extra que fazem a diferença dentro do campo.
Mas isso só por si não garante que os objectivos sejam atingidos. Os adversários e rivais também jogam e têm pontos fortes, os seus jogadores que constroem resultados, a arbitragem APAF é tudo menos confiável, é preciso que a sorte não nos vire as costas nos momentos certos como aconteceu na Taça da Liga.
O plantel são todos e todos são importantes, o Israel, o Neto, o Esgaio, o Pontelo, o Koindredi, o Paulinho são tão importantes como as maiores estrelas do plantel, num ou noutro momento podem ser e serão cruciais.Todos merecem estar no Sporting, todos têm capacidade para o efeito, todos foram escolhidos por Rúben Amorim.
Uma excelente pessoa, um enorme treinador de futebol.
Jogo a jogo, todos juntos vamos conseguir!
PS: Como tenho vindo a assinalar, no futebol feminino e nas modalidades, com as nuances de cada uma e de cada plantel, são visíveis os mesmos princípios e a mesma forma de ser e estar. Mesmo competindo com rivais com outros orçamentos conseguimos produzir resultados, lutar pelos títulos e trazer troféus para o museu. Queria deixar aqui uma palavra para o treinador do voleibol feminino, o Rui Pedro Costa. A equipa está a atravessar um mau momento, não interessa agora analisar as razões, mas todos acreditamos que seja rapidamente ultrapassado e que estejamos na Final Four da modalidade.
Quatro anos depois de Rúben Amorim chegar ao Sporting continuamos com o mesmo sistema táctico, pouco visto no futebol português, o 3-4-3, e os mesmos princípios de jogo. Construção pausada a partir do guarda-redes para atrair o adversário à pressão e "alargar" o terreno de jogo, alas bem projectados nos corredores, avançados interiores de pé contrário a recuar para pedir a bola, ponta de lança móvel alternando entre as desmarcações em profundidade e em largura. Neste modelo de jogo, o maestro, aquele que define o ritmo, acaba por ser o defesa do meio, normalmente Coates, por vezes Inácio ou Diomande.
O ponto fraco é o meio-campo, cujos dois médios-centro têm de fazer pela vida muitas vezes em inferioridade numérica com ajudas pontuais dos restantes. Quando fraquejam logo a linha de 3 defensiva fica em apuros. Foi assim com Palhinha e João Mário no primeiro ano, Palhinha e Matheus Nunes no segundo, Ugarte e Morita no terceiro, e agora Hjulmand e Morita. Curiosamente Palhinha e Matheus Nunes estão na Premier League, Ugarte no PSG, João Mário sabemos onde, Hjulmand bate à porta da selecção dinamarquesa e Morita é titular da selecção do Japão. Se há jogadores que Amorim consegue projectar ao máximo são os médios-centro. Ou seja aqueles que integram o tal ponto fraco, o que não deixa de ser curioso.
Também Bragança conseguiu evoluir tremendamente com Amorim e neste momento é uma alternativa viável aos titulares. Já Pedro Gonçalves tem um talento que dispensa treinador.
Mateus Fernandes é o melhor exemplo que se pode encontrar da actual política de gestão da formação do Sporting. Entrou no Sporting com 14 anos vindo do Olhanense, percorreu todos as equipas da formação, foi chamado por Amorim ainda júnior para o "grupo de elite", alternando os treinos na A com os jogos na B, foi a jogo na A duas ou três vezes e agora, com 19 anos e contrato até 2027, é titular absoluto no Estoril com quase 2.000 minutos de jogo. Na próxima temporada está pronto para lutar pela titularidade no Sporting.
Não sei se alguma vez foi campeão de algum escalão, mas isso não é o mais importante. Formou-se a ganhar e a perder com muitos mais velhos do que ele.
Samuel Justo e Dário Essugo estão no mesmo percurso. Formação centrada no jogador.
Depois temos aqueles jovens que vieram de fora de Alcochete, todos internacionais, todos também com características distintas. Os estrangeiros Sotiris, Tanlongo e Koindredi e os nacionais Diogo Abreu e Marco Cruz.
Projectos de crescimento, jogadores com muito potencial, mas que ainda não encontraram o seu caminho para o sucesso.
De repente temos aqui uma dúzia de médios, de diferentes idades e características, muito interessantes. Para quem, como eu, vê da bancada, o futuro do Sporting na posição está bem assegurado.
Daquilo que fui vendo, Pedro Gonçalves à parte, podia dividi-los em quatro grupos:
- Médios defensivos, posição "6", jogar à frente da defesa: Tanlongo (20) e Essugo (18)
- Médios versáteis, "6/8" subindo ou descendo no terreno à vez: Hjulmand (24), Morita (28), Diogo Abreu (21), Marco Cruz (19)
- Médios "box-to-box", de esticar jogo, posição "8": Sotiris (22), Koindredi (22)
- Médios ofensivos, próximos dos avançados: Bragança (23), Mateus Fernandes (19), Samuel Justo (19).
Quanto custaram no conjunto ao Sporting? Digamos que à volta de 30M€. A maior parte foi formada em Alcochete ou veio a "custo zero". Bem menos do que vendemos Ugarte.
Quanto é que já valem e poderão valer no futuro? Vários Ugartes, isso é certo.
Passou o mês de Janeiro e com ele o mercado de Inverno, que decorreu ao mesmo tempo que as competições de selecções da África e da Ásia que nos levaram três jogadores importantes, previa-se o pior e nada disso aconteceu. Muito pelo contrário:
1. Rúben Amorim reorganizou a equipa à volta de Pedro Gonçalves, recuando-o para médio de ataque, recuperou dois jogadores em baixa, Quaresma e Trincão, e o Sporting partiu para uma sequência de vitórias, várias por goleada, que só tiveram excepção na meia-final da Taça da Liga, em que uma das melhores exibições da época encontrou a maior falta de sorte dos últimos (muitos) anos.
2. A Direcção não permitiu a saída de nenhum dos melhores jogadores do plantel, provavelmente terá até definido quem irá sair no Verão e nesse lote poderá não estar o nosso sueco.
3. Foram contratados dois jogadores jovens para adaptar ao clube e preparar para a próxima época dentro desse cenário de saídas, enquanto se colocaram outros para rodar fora, quase todos em clubes da 1.ªLiga: Callai, Essugo, Afonso Moreira, Rodrigo Ribeiro, também Tanlongo, juntando-se a Mateus Fernandes e Samuel Justo. Quase uma equipa completa a rodar para voltar.
Faltou apenas concretizar um negócio, dizem que dum extremo internacional jovem argentino.
Catamo e Morita já estão de volta sem lesões a assinalar. Diomande é o caso mais problemático, pelo tempo que vai passar sem competição nem treino em condições.
Podia ser melhor? Talvez, mas dificilmente.
A equipa está estruturada, o onze definido e o futebol é de excelência. Muito dificilmente se iria encontrar quem chegasse e entrasse no onze sem pedir licença. Esse alguém talvez fosse titular doutro clube que não o deixaria sair agora também.
Por outro lado, St. Juste e Fresneda estão a voltar em condições. Se tudo correr bem serão reforços para o que resta da temporada.
Pelo que só posso considerar que se tratou dum trabalho bem feito.
Parabéns a Frederico Varandas, Hugo Viana e Rúben Amorim.
Exactamente ao contrário do que afirma o ex-candidato Nuno Sousa, que na véspera da AG da SAD veio a público demonstrar toda a sua azia. A derrota colossal nas últimas eleições não lhe serviu de muito.
Decorridas 18 jornadas na 1.ª liga, o Sporting segue na liderança com 46 pontos, correspondentes a 15V, 1E e 2D, 45GM e 19GS, melhor ataque da prova e terceira melhor defesa.
Assim, e para uma equipa de Rúben Amorim, não há dúvida de que o Sporting está a sofrer demasiados golos para o habitual. O que, para quem entende que ataques ganham jogos e defesas campeonatos, é de alguma forma preocupante e terá de ser corrigido.
Afinal que golos foram sofridos e de quem foram as principais responsabilidades dos mesmos?
Ataques rápidos dos adversários (8):
1. Sporting - Vizela 75m - Ataque rápido pelo centro, falta de cobertura de Morita
17. Sporting - Estoril 81m - Canto na esquerda defensiva, alívio para a direita, remate, recarga, golo
18. Vizela - Sporting 13m - Livre na esquerda defensiva, passe curto, centro, golo
Penáltis (2):
8. Sporting - Est.Amadora, 49m - Penálti evitável de Coates
13. V. Guimarães - Sporting 44m - Penálti inventado pelo Pinheiro
Erros grosseiros / azares (1):
14. V. Guimarães - Sporting 60m - Carambola em Morita
Então já temos na Liga 5 golos sofridos de livres laterais/cantos, todos saídos de cruzamentos do lado esquerdo defensivo.
Ontem aconteceu algo semelhante, um centro largo duma bola morta a partir da esquerda defensiva, cabeça/ombro, golo.
Porque é que estamos a sofrer tantos golos esta temporada? Poderá ser por:
A) A equipa jogar mais ao ataque e a defesa ficar mais exposta
B) Os guarda-redes, no caso da Liga o Adán, não estarem à altura
C) Alguns defesas falharem em excesso
D) A organização defensiva estar a comprometer
O que é mesmo estranho é que isto acontece ao mesmo tempo que dois defesas, Diomande e Inácio, são dos mais procurados por grandes clubes europeus e vão valer mais de 100M€ ao Sporting quando saírem.
Deixo aqui aberto o debate. Comentários idiotas e/ou de "bullying" aos jogadores seguem directamente para o lixo.
Existem duas grandes razões para explicar a diferença entre o desempenho da equipa nesta primeira metade da época e a do mesmo momento da época passada. A exigência da Champions relativamente à Liga Europa e o equilíbrio do plantel em termos físicos e técnicos.
Rúben Amorim sempre foi apologista de plantéis curtos, à moda inglesa: cerca de 20 jogadores "adultos" polivalentes e adaptáveis, o resto jovens "estagiários" da formação. Isso garante oportunidades para todos e facilita um balneário saudável.
Pensou o plantel da época passada para um modelo de jogo de avançados móveis ao jeito dos grandes clubes ingleses ou espanhóis, descurou o peso e altura na zona central, a lesão de Paulinho no início da temporada não ajudou e a equipa sofreu bastante na primeira volta da Liga.
Para esta época contava já com Diomande. Vieram Gyökeres e Hjulmand, Fresneda foi uma terceira opção ainda muito jovem. E, mesmo com os problemas físicos recorrentes de St. Juste, conseguiu-se um plantel curto mas com diferentes soluções para diferentes problemas.
Na baliza, Adán e Israel têm dado conta do recado, mesmo que distantes daquela excelência que faz a diferença frente aos rivais. Diego Callai acabou de ser emprestado e no final da época se definirá o futuro na posição.
Na defesa temos dois dos jogadores mais valiosos da Liga: Diomande e Inácio. St. Juste estaria no mesmo plano se não fossem as lesões. Coates começa a sentir o desgaste da carreira. Matheus Reis e Neto fiáveis dentro das suas possibilidades e limitações e Quaresma a recuperar a olhos vistos do fosso em que se deixou enfiar. Pontelo parece ser um projecto de Feddal para a próxima época. Os (demasiados) golos sofridos têm mais a ver com as flutuações do quinteto composto pelos três defesas e dois médios do que pelo desempenho individual dos defesas.
Nas bandas laterais, entre alas e interiores - Pedro Gonçalves à parte, que esse é doutro patamar competitivo - todos começaram relativamente mal a época mas têm vindo a crescer de rendimento individual.
Esgaio, com todas as suas limitações em termos de definição de lances atacantes, cumpre o que lhe é pedido.
Nuno Santos começa finalmente a centrar em condições, mas continuo a pensar que Catamo e Edwards combinam bem mas já Edwards e Trincão não deviam jogar juntos, que Trincão é muito mais objectivo quando joga do lado esquerdo, mas ali é o lugar de Pedro Gonçalves, o jogador mais importante da equipa em termos de manobra colectiva.
Pedro Gonçalves no ataque significa que o meio-campo joga com 2,5 elementos, o mesmo no meio-campo, significa que joga com 1,5 elementos, e a defesa fica necessariamente exposta. Afonso Moreira precisaria de sair para rodar, de momento pouco acrescenta à equipa.
No miolo também Hjulmand, Morita e Bragança têm progredido imenso física e tecnicamente ao longo da época, o japonês muito "castigado" pelos compromissos da selecção. Essugo precisa de sair para jogar, o francês do Valência será também um projecto para a próxima época. Continuo sem perceber porque é que Diogo Abreu não tem hipóteses, nem que seja no banco, como já tiveram outros que não demonstram a mesma maturidade e competência quando jogam na B.
No centro do ataque, Gyökeres e Paulinho (este com a falta de instinto matador que vem de longe) dão garantias, quer jogue apenas um ou em dupla, são os dois melhores marcadores da equipa e dos melhores marcadores da Liga. Assim nunca mais tivemos os avanços suicidas de Coates no terreno a meio da 2.ª parte.
De qualquer forma mais um avançado seria bem vindo. Rodrigo Ribeiro está a passar ao lado da época, e o Nel ainda está muito verde.
Que tipo de avançado? Um "rato de área" com bom jogo de cabeça. Por exemplo o Bozenick, do Boavista: 24 anos, 1,88m, 9 golos na temporada.
Tudo isto obviamente supondo que nenhum grande inglês chega aqui e bate a cláusula dum ou doutro. Espero bem que não.
Assim sendo, o (meu) melhor onze do Sporting ainda não alinhou:
Adán; Diomande, Coates e Inácio; St. Juste, Hjulmand, Morita e Nuno Santos; Edwards, Gyökeres e Pedro Gonçalves.
Trocava algum destes por jogadores dos dois rivais? Se calhar um ou dois, mas não mais que isso.
Chega para sermos campeões? Ainda agora a primeira volta terminou, até Maio muita água passará por baixo das pontes. Vamos com calma, jogo a jogo, que a sorte nos acompanhe, e que a arbitragem tenha a isenção que até agora não demonstrou sempre em prejuízo do Sporting relativamente aos dois rivais.
Faz-me grande confusão o incómodo de alguns Sportinguistas, e não falo dos ressabiados da tasca, sobre o modelo de jogo que o Sporting continua a praticar com Rúben Amorim, mais ou menos igual ao que sempre praticou sob o seu comando desde que chegou a Alvalade há quase quatro anos.
Esses mesmos falam em vontade, em atitude, em exigência, em muita coisa que bem esprimida não é garantia de coisa nenhuma em termos de capacidade de ganhar jogos e garantir títulos.
Por exemplo Gyökeres entrou na Polónia com toda a vontade, atitude e exigência competitiva ao adversário a abrir o jogo, foi expulso, o Sporting jogou com 10 o resto do tempo e empatou o jogo. Já Pedro Gonçalves, um dos mais criticados por falta disso tudo, um dos "..." do plantel, mesmo a mancar com uma unha do pé partida fez um passe teleguiado, parecia um "pitch" de basebol, que Gyökeres aproveitou para pôr o Sporting à frente do marcador em Portimão. E muitos mais exemplos poderia dar neste sentido, mesmo sem falar do Pepe.
Em Alvalade, um sócio mais velho com lugar cativo mesmo na minha frente, sempre à beira do colapso nervoso, farta-se de berrar de cada vez que a equipa passa para trás e para o lado, outro na central vociferava quando Nuno Santos mais uma vez passava para trás, queria a bola atirada lá para a frente e depressa, foi preciso isso acontecer e a equipa perder a bola para o sócio do lado lhe perguntar se assim já estava satisfeito.
Realmente não percebo que raio de futebol andam a ver. Nos velhos matraquilhos é que era sempre para a frente.
O modelo de jogo de Amorim consiste em sair a jogar pausadamente desde Adán, para levar a equipa toda junta para perto da área adversária, rodar a bola de um lado para outro do campo para confundir as marcações e desposicionar os defensores, criando situações de perigo para o adversário e tentando cortar pela raiz as saídas em contra-ataque. Contra o Portimonense, pelo "estacionar do autocarro" de Paulo Sérgio, ainda mais isso foi evidente. Na 1.ª parte a equipa parecia estar a jogar andebol de 11 com os pés. A verdade é que mesmo o adversário defendendo muito bem, e faltando aqui e ali as entradas dos médios em velocidade na estrutura defensiva adversária, o Sporting teve na 1.ª parte uma grande oportunidade de golo para nenhuma do adversário.
A 2.ª parte, pelo cansaço acumulado do adversário, naquela defesa reforçada, já foi bem diferente com as oportunidades a sucederem-se infelizmente desaproveitadas, tendo o adversário apenas três oportunidades de golo, o livre directo (continuo a dizer que a falta não existiu, como não existiu causa para o amarelo a Diomande mesmo antes) e as duas situações de contra-ataque rápido. Ou seja, mais uma vez o Sporting ganhou um jogo difícil por 2-1, mas pelas oportunidades para cada lado o resultado podia ser 6-3 ou algo assim.
Vamos agora supor que desfalcados de três titulares fulcrais no centro do terreno, Coates, Inácio e Hjulmand, e com cinco levezinhos no onze como Edwards, Catamo, Nuno Santos, Morita e Pedro Gonçalves, Bragança no banco, o Sporting entrasse em Portimão de peito aberto, meia bola e força, ora ataco eu, ora atacas tu, corro agora para lá, logo a seguir para cá.
Isso era garantia de alguma coisa? Paulo Sérgio chamava-lhe um figo, e se calhar teriamos um resultado como tempo do Peseiro em que perdemos por 4-2...
Se depois de tantas vitórias conseguidas desta forma pela mão de Amorim alguns ainda não gostam e não querem, parece que têm vergonha de ganharem assim, querem o quê exactamente? Jogar como nunca e perder como sempre?
Sabem quantos jogos é que o Sporting perdeu em 2023 e como os perdeu? Não chega? Querem mesmo o Jesus de volta? Ou então quem ?
Com todos os seus altos e baixos o ano que ainda agora findou só pode ser considerado bom para o nosso clube.
- Primeiro, o clube e a SAD reportam resultados financeiros positivos num quadro de permanente reforço de infraestruturas e plantéis, estando o valor do plantel do futebol muito próximo (*) de ultrapassar o do FC Porto, de acordo com o TM.
- Segundo, existem resultados positivos assinaláveis no futebol e nas modalidades, dos quais se salienta a boa campanha europeia no Futebol e a conquista da Liga Nacional de Futsal, mesmo em luta directa com dois rivais que gastam duas ou três vezes mais. Chegámos ao fim do ano no topo da classificação nas Ligas de Futebol, Futsal, Andebol, Hóquei e Basquetebol, em 2º lugar em mais duas modalidades.
- Terceiro, porque foram finalmente obtidos com dois bancos privados portugueses os acordos que significam a reestruturação financeira do universo Sporting em termos muito vantajosos. Abrem a porta para a entrada dum parceiro estratégico para a SAD.
- Quarto, porque ao contrário de situações anteriores, no estádio e no pavilhão, as nossas equipas voltaram a gozar do apoio incondicional de todos a começar pelas claques (pirotecnia e javardice muito penalizadora para o clube é outro tema).
- Quinto, porque foi finalmente começado o processo de reabilitação do estádio e zonas circundantes, ainda muito aquém da grandeza do clube.
Tudo isto só foi possível :
- Pela estabilidade que se sente a todos os níveis, que começa no presidente e se estende aos plantéis. Em todos existem atletas com muitos anos de casa que sentem a camisola e transmitem aos mais novos o ADN Sporting.
- Pelo comportamento de dirigentes, treinadores e atletas. Calmos, educados, assertivos, focados, sem espaço para personagens rasteiras e sem vergonha como alguns que representam os rivais, com Sérgio Conceição e Pepe à cabeça.
- Pela competência dos técnicos que têm sabido fazer evoluir e projectar jovens formados localmente ou contratados fora, conjugando-os com atletas mais experientes e modelos de comportamento. Nesse aspecto, Rúben Amorim, Nuno Dias e Ricardo Costa, cada com as especificidades da respectiva modalidade, "escreveram o livro" do que é ser treinador do Sporting nos próximos tempos.
Alguns dirão que está de volta o "Campo Grande FC", que este não é o Sporting deles, o da exigência desbragada, da luta contra tudo e todos, da pirotecnia irresponsável, das "associações" desligadas do clube a que dizem pertencer.
Mas é o meu, aquele que conheci com o saudoso presidente João Rocha quando comecei a frequentar as bancadas de Alvalade.
Mas não chega, queremos mais, muito mais!
Vamos então a 2024!!!
A começar pela próxima sexta-feira, dia em que recebemos o Estoril.
(*) Estava mas já não está. À data de hoje:
1. SL Benfica 352,5 M€
2. Sporting CP 315,3 M€
3. FC Porto 280,1 M€ (Mesmo incluindo o David Carmo a 14M€... )
Com o mercado de Verão praticamente fechado e decorridas que foram as 4 primeiras jornadas da Liga interessa fazer um primeiro balanço do que tem sido esta temporada, deixando completamente de lado as questões externas ao Sporting, quer porque algumas metem mesmo nojo e outras apenas serviriam para distorcer a discussão.
A primeira constatação tem de ser que o Sporting colocou à disposição de Rúben Amorim o melhor plantel dos últimos anos, não só pelas últimas contratações, Diomande, Gyokeres, Hjulmand e Fresneda, mas também pela permanência de quase todos os melhores jogadores da época passada como Pedro Gonçalves, Inácio, Edwards e Trincão, do núcleo duro do balneário, Adán, Coates, Neto, Esgaio e Paulinho e daqueles jogadores fiáveis como Matheus Reis, Nuno Santos, Morita e Bragança. Depois existem os jovens de Alcochete, Callai, Quaresma, Muniz, Essugo, Catamo, Moreira e Rodrigo Ribeiro, que por razões já muito debatidas não têm ainda a qualidade/maturidade para serem alternativas aos titulares no curto prazo. Talvez o plantel fosse melhor com um novo Matheus Nunes como parecia ser Sotiris, e com Tanlongo e Fatawu em vez de Essugo e Catamo, estes a sair para rodar, da bancada não consigo entender as decisões mas elas existirão na relação com eles e respectivos empresários, não na capacidade futebolística dos mesmos. Que Catamo não estava pensado para ficar é evidente pela questão contratual pendente.
A segunda é que a ideia de jogo pensada por Amorim para esta época, um 3-4-3 que se transforma em 4-2-4 pelo adiantamento dum ala e com o defesa do mesmo lado a descair para a lateral e o interior daquele lado a juntar-se a Gyökeres no centro, ainda está mal consolidada quer pela falta de rendimento extra dos alas quer pela incapacidade dos médios titulares, ainda mais expostos que no passado, conseguirem manter a mesma intensidade nos 90 minutos de jogo. Nuno Santos e Matheus Reis não começaram bem a temporada, Esgaio continua limitado, Fresneda acabou de chegar, Moreira teve um deslize que custou um golo e ia custando dois pontos, e Catamo anda a saltar de lado para lado o que lhe quebra a progressão, sabendo-se que será sempre mais um Edwards do que um Porro.
A questão física é essencial numa equipa de futebol. Uma coisa é o onze inicial poder aguentar o jogo todo, e as substituições ocorrerem para melhorar o desempenho da equipa, outra coisa são jogadores nucleares irem desaparecendo do jogo, especialmente médios e alas, e ter de recorrer a substitutos que não demonstram o mesmo rendimento na posição. Substituir um desgastado mas forte Hjulmand por um frágil Bragança mantendo o meio-campo a dois perante um forte Braga é brincar com a sorte, mesmo que a coisa até tenha corrido bem com o Famalicão em casa.
A quarta questão é que, se Paulinho encontrou em Gyökeres o parceiro que não tinha desde Slimani, e se Pedro Gonçalves continua a ser o "mágico" do onze, Trincão mais e Edwards menos andam às voltas consigo mesmos, parece que só se sentem realizados quando pegam na bola no círculo central, fintam quatro e a metem ao ângulo, e que tudo o resto lhes passa ao lado. Por exemplo, passar a bola no momento certo para pôr o colega frente ao golo fácil.
O que espero nos próximos tempos?
- Que continuemos na liderança da 1.ª Liga pelo menos até aos jogos com os rivais, rodando o plantel a ganhar na Liga Europa, conjugando controlo do jogo com intensidade ofensiva.
- Que Israel seja na Liga Europa o que Adán é na Liga, e assim tenhamos dois guarda-redes em boas condições, não esquecendo que Callai está a ser jogo a jogo o melhor da equipa B.
- Que St.Juste comece a ir tendo minutos naquela defesa que para mim está a ser o melhor sector do Sporting, com Diomande, Coates e Inácio nas posições certas a entenderem-se de olhos fechados, porque vai ser bem preciso mais lá para a frente da temporada.
- Que Hjulmand e Morita comecem a aguentar os 90 minutos juntos, e quando algum deles sair que entre Essugo e não Bragança, ficando este reservado para o reforço do meio campo na segunda parte dos jogos trocando o 3-4-3 por um 3-5-2 de maior controlo do miolo.
- Que Trincão e Edwards regressem ao melhor da época passada porque vão ser necessários para abrir muitas latas.
- Que Gyökeres, Paulinho e Pedro Gonçalves não tenham lesões nem impedimentos, sejam quais forem as razões, porque está encontrada a linha avançada titular. Que nos vai dar muitos golos e muitas alegrias.
Na época passada por esta altura deixei aqui bem claro que o plantel apresentado aos sócios me parecia curto e desequilibrado para as necessidades da época. Depois da troca de Matheus Nunes por Sotiris ainda mais curto e desequilibrado ficou, e todo o esforço de Rúben Amorim para obviar a situação não chegou para conseguir o desejado sucesso.
Mas, além dos jogadores em si, havia uma nova ideia de modelo de jogo, esboçada contra a Roma no estádio do Algarve, a do ataque móvel, que até funcionou bem nas competições europeias mas que fracassou internamente.
Esta época começou também no mesmo estádio, agora contra o Genk, com um esboço de ideia de jogo bem diferente. Um futebol mais directo, de "tracção à frente", com um ponta de lança possante apoiado de perto por um avançado móvel, alimentados por dois alas ofensivos, dois organizadores de jogo e um passador à distância tipo "quaterback" do futebol americano que torna bem menos previsível o futebol da equipa. Uma ideia muito à medida de Gyokeres, Trincão e Inácio, em que Pote e Morita ainda estão a procurar o melhor encaixe.
Por outro lado começa também com uma estranha "purga" de jogadores contratados ou emprestados com intenção de compra na última época, como Arthur, Rochinha, Sotiris, Fatawu, Tanlongo e Alcantar, e de alguma desvalorização do trio proveniente do FC Porto: Gonçalo Esteves, Diogo Abreu e Marco Cruz. Estranha porque para além de terem sido avaliados e seleccionados por Amorim, são quase todos jogadores de inegável valor que poderiam integrar o plantel deste ano. Se calhar a mudança de ideia de jogo teve alguma coisa a ver com isso.
A contrapartida é uma aposta ainda mais forte na formação, com alguns jovens de Alcochete a darem tudo para aproveitar a oportunidade, como foi visível neste último jogo em Chermiti e Afonso Moreira, e mesmo em Quaresma e Jovane. Afonso demonstrou que, depois de Chermiti, é um valor seguro, não para competir com Nuno Santos ou Matheus Nunes a fazer todo o corredor, mas para actuar no terço ofensivo quando o 3-4-3 se transformar num 3-3-4 pela sua entrada a substituir o ala e o adiantamento de Gonçalo Inácio.
Não existe grande equipa sem grande espinha dorsal. No 3-4-3 a espinha dorsal é constituida pelo guarda-redes, o defesa do meio, o médio defensivo, médio ofensivo e o ponta de lança. Neste momento não se percebe bem se o 3-4-3 é para manter, e quem assumirá esses lugares, se Coates ou Inácio serão os centrais do meio, se o médio defensivo será ou não Morita, e o ofensivo Pedro Gonçalves. Mas fica claro que não existe nenhum Palhinha nem nenhum Matheus Nunes no plantel para as posições de médio - jogadores altos, fortes, rotativos, resistentes, que durem toda uma época em bom nível. O único com esse perfil é Essugo, que ainda tem enorme dificuldade de gerir a sua intensidade e escapar a amarelos que muito o condicionam para o resto do jogo.
Fixada a espinha dorsal, tudo o resto se encaixa. Pode haver maior rotatividade noutras posições de forma a garantir frescura física sem prejuízo da qualidade de jogo. Mas com jogadores pequeninos, macios e tecnicistas nessas posições centrais, sem conseguir impor o físico nas bolas divididas e manter a intensidade nos 90 minutos de jogo, tudo se torna mais difícil.
Não é preciso ser um Conceição qualquer para perceber esse ponto fraco, lançar contra-ataques pelo corredor central solicitando no momento certo em profundidade um atacante ou cavando faltas perigosas e tentando a sorte nas bolas paradas.
Estamos em plena pré-época, o fecho do mercado vem ainda longe, a primeira prioridade em termos de reforços está realizada, importa agora fazer os acertos restantes.
Sem pressas excessivas, importa contratar soluções e não novos problemas como parecia ser o caso do defesa direito do Sevilha.
Na terça-feira temos mais uma jornada dupla no Algarve. Podemos então confirmar ou não as ideias que aqui deixo para debate.
Todos os pontos de vista contrários são bem vindos. Comentários idiotas dos "trolls" do costume seguem directamente para o lixo.
Começou já a nova época futebolística, a quarta que Rúben Amorim inicia como treinador do Sporting. Daquilo que vou lendo e vendo, parece que fez uma reflexão sobre aquilo que correu mal, especialmente na primeira metade da época passada, e aposta numa ideia diferente de jogo para esta temporada fora da Champions, mais físico, mais intenso, mais vertical. O ataque móvel dos três baixinhos foi colocado na gaveta e por mim é lá mesmo o lugar dele. O Guardiola é na Premier League.
Logo no arranque da época passada falei aqui em plantel curto e desequilibrado com falta de peso e altura no eixo central. Com as entradas em jogo de Chermiti, Diomande e Tanlongo ainda na época passada e agora com Gyokeres e José Angel, com as saídas de Ugarte, Rochinha e Arthur Gomes, com mais uma outra entrada ou saída, vamos ficar com um plantel bem mais forte fisicamente.
Com Pedro Gonçalves, Trincão, Edwards, Gyokeres, Paulinho e Chermiti, mais Fatawu a "joker", ficamos finalmente com um ataque que dá opções a Amorim para entrar em campo ou mudar o rumo do jogo.
Com Diomande, St.Juste, Coates, Neto, Inácio, Matheus Reis, mais Muniz às sobras, também na defesa a coisa está bem resolvida. E bem resolvida está também em termos de guarda-redes, com Adán, Israel e Callai.
Nas alas, Esgaio, José Angel, Afonso Moreira, Nuno Santos e mais o Matheus Reis quando necessário também cumprem os requisitos.
O problema está apenas por resolver no meio-campo, continuando a faltar o legítimo sucessor de Matheus Nunes, que muito bem poderia ter sido Sotiris mas não conseguiu adaptar-se. Mateus Fernandes e Daniel Bragança continuam a parecer-me cartas fora do baralho neste 3-4-3, Tanlongo e Essugo têm ainda de aprender a passar ao lados dos cartões, fica apenas mais um baixinho, Morita, que não aguenta mais de 60 minutos em bom ritmo. Continuo a não entender porque é que o Diogo Abreu e até o Marco Cruz não têm outras oportunidades, como as tiveram e desaproveitaram Chico Lamba, Nazinho, Mateus Fernandes e Rodrigo Ribeiro na época passada.
Alguns dizem que Amorim não aposta na formação. Parece-me que aposta até demais. Os formados em Alcochete estão a ter mais oportunidades que os jovens contratados, aos que já referi podia ainda acrescentar Alcantar e Marsà, e a verdade é que apenas Chermiti justificou.
É o tal gap que muitos teimam em não entender, como não entendem que ganhar títulos na formação só por si não é garantia de coisa nenhuma. Muitos campeões nacionais de iniciados, juvenis e juniores dos anos de 2016 a 2018 devem andar agora a "servir cafés" algures. Pelo menos o Rafael Leão finalmente pagou parte do que deve e ficou Daniel Bragança como amostra. Gostei muito de o ouvir na última entrevista, merece todo o apoio que o Sporting lhe deu no momento difícil que atravessou.
O balanço desta época desportiva está feito, no que respeita ao futebol e às modalidades. Para mim foi uma época a roçar o razoável considerando tudo o que aconteceu de bom e de mau na bipolaridade que a caracterizou. Digamos que merecia nota 10 no escalão de notas do antigamente. Mas cada um terá a sua opinião. Mais do que discutir a mesma importa perceber porque é que não foi bem melhor.
O que faltou afinal?
1) Mais investimento
Comum a todos os plantéis do futebol e das principais modalidades é a falta de quantidade de qualidade dos mesmos, sobrecarregando alguns porque outros não estão ao mesmo nível. Depois há modalidades em que a formação própria tem condições para ajudar a suprir essa falha e outras que não, até pela diferença existente entre a força da modalidade no desporto escolar e juvenil em determinadas regiões do país relativamente a outras. E a formação custa muito dinheiro, entre técnicos, infraestruturas, etc.
Exemplos, podia dar muitos. No andebol, por exemplo, saiu a meio da época o lateral direito Schöngarth, substituído por Ronaldo Almeida, um cubano de 20 anos ainda com muito para evoluir. A meia-distância ficou a cargo apenas de Francisco Costa (top), Martim Costa (top), Salvador Salvador (top) e Edmilson Araújo (muito abaixo dos outros). O resultado é que a equipa chegava aos finais dos jogos cruciais com os três primeiros completamente rebentados. E por aí se resolveu a temporada, nos empates e derrotas no último minuto de jogo.
No basquetebol então tudo se resolve na qualidade dos americanos. Como confidenciou um dos treinadores adjuntos do prof. Luis Magalhães, quando era necessário comprar um americano eles faziam uma lista, um custava 100, outro 50, outro 10, outro 5... e vinha o de 5.
No futebol andamos a comprar por 5 e achamos muito, num ou noutro caso vamos aos 10 e aos 15 e alguns ainda ficam escandalizados, enquando outros compram por 15, 20 e 30 sem qualquer problema existencial. Depois temos um plantel 30% ou mais abaixo dos rivais, segundo o TM. Mas exigimos-lhes o mesmo.
É óbvio que falta dinheiro, falta aumentar o orçamento da SAD e do clube para continuarmos a ter êxito desportivo. Só o êxito desportivo traz felicidade e paz dentro do clube e... mais dinheiro. A tal espiral positiva.
De onde poderá vir o dinheiro? Até agora tem vindo muito da competência de Rúben Amorim nos confrontos europeus e na projecção de jovens para grandes transferências, mas isso não chega.
2) Mais presença nos poderes
A única pessoa ligada ao Sporting que conheço nos diferentes poderes que dominam o futebol, FPF, LIGA, CA, CD, etc, é Rui Caeiro vogal da Direcção de Bruno de Carvalho e que ele conseguiu encaixar lá em troca do apoio ao seu colega de liceu Pedro Proença, afastando da corrida o ex-homem forte da SAD do Sporting Luís Duque. O que tem feito esse senhor em benefício do Sporting? Não faço ideia. Suspeito que nada ou pior do que isso.
Mas que tem feito esta Direcção para colocar Sportinguistas nos centros de poder dominados pelas máfias de Benfica e Porto? Também não sei de nada.
Apenas um exemplo. Saíram as classificações dos árbitros. Soares Dias e João Pinheiro (que tem roubado o Sporting descarada e repetidamente) no topo. Desceu Vitor Ferreira da AFBraga, aquele que depois de expulsar Luís Gonçalves em Fevereiro foi ameaçado por este que iria "fazer-lhe a folha". Depois desse jogo, apitou apenas mais três e agora foi despromovido. Quem nomeia? Fontelas Gomes e Paulo Costa. Quem classifica? Fontelas Gomes e Lucílio Baptista. É preciso dizer mais alguma coisa?
Nas modalidades as coisas são diferentes modalidade a modalidade. A roubalheira lampiónica do hóquei aparentemente não passa para o futsal ou para o andebol. No basquetebol, depois da "greve" do Porto, aquilo parece ter ficado confuso.
3) Menos claques em guerra
Além das multas e dos danos reputacionais ao clube, as claques continuam a contribuir para afastar sócios e adeptos do estádio e do pavilhão. Mas o pior é a instrumentalização que fazem do apoio às equipas para a guerra que mantêm com o presidente.
O principal alvo é a equipa de futebol, que por diversas vezes em Alvalade e fora dele foi hostilizada pela claque aquando em desvantagem do marcador. Em Arouca terminaram o jogo com um pelotão de intervenção da GNR em frente enquanto insultavam os jogadores, mas o melhor exemplo do que acabo de dizer foi a reacção do Pedro Porro depois de dar a marcar o golo da vitória contra o Casa Pia, enfrentando a claque e exigindo respeito.
Concluindo, a fórmula para mim é simples:
Mais investimento + Mais presença nos poderes + Menos claques em guerra = Mais Sporting Clube de Portugal.
Quando ontem, ao intervalo do jogo com o Benfica, a equipa estava confortavelmente a vencer por duas bolas a zero, interpretando de forma sublime as ordens do treinador, subjugando um adversário valoroso, como se veio a verificar, que esta época demonstrou estar muitos furos acima do futebol praticado nas últimas épocas e que poderia ter ido para intervalo com outra expressão, não fora Pedro Gonçalves falhar um golo feito (hoje passou completamente ao lado do jogo, mais uma vez) e Esgaio (uma excelente exibição) obrigar o GR dos visitantes a defesa apertada a remate que ia lá pra dentro, nada fazia prever o descalabro táctico, físico e anímico que veio depois.
Esta, a da primeira parte, foi a equipa dos jogos com Frankfurt, com Arsenal, com Benfica na Luz, até com Porto no Dragão e em Alvalade (apesar do resultado, não esquecer os gamanços do Pinheiro) e na Pedreira e em Alvalade com o Braga, p.e. A equipa que todos queremos, do adepto ao treinador e que apareceu muito poucas vezes esta época.
Depois do descanso houve uma estranha metamorfose e a equipa que estava a sair bem da defesa, com segurança de passe, com o meio campo controlado, de repente começou uma onda de pontapé para a frente, a perder bolas em zona de perigo e sentiu-se que algo de Mr. Hyde se estava a sobrepor ao Dr. Jekyll perfeitinho até aí.
Todos no estádio se aperceberam que à onda de euforia que viveram na primeira parte, se adivinhava uma segunda de sofrimento. Não sei que disse Amorim aos jogadores ao intervalo, mas quase todos os da defesa desceram de rendimento, a começar por Diamonde que esteve no melhor, o golo que marcou e no pior, os dois que consentiu de forma infantil e acabando em Coates que definitivamente já vai pedindo alguém para o seu lugar. Hoje errou várias vezes, com prejuízo e perigo para a nossa baliza. Temos de volta o Coates trapalhão, o que foi uma constante das últimas jornadas. E ele não merece, que foram dele muitos dos golos que nos deram o título.
Há depois aquilo a que o treinador define como "verdice", falta de traquejo, demasiada juventude, falta de calo. É capaz de ser verdade, mas quem marcou o segundo do Benfica foi um puto imberbe, quase, que terá menos calo que qualquer dos nossos que estiveram em campo hoje.
Outro equívoco foi desfazer a dupla dinâmica que na primeira parte tão bem funcionou, fazer sair Morita sem fazer recuar Pedro Gonçalves, foi uma espécie de hara-kiri, agravado com a saída de Nuno Santos, que se atirou para o chão para queimar tempo e o treinador interpretou com dificuldade física. A juntar a isto, a saída de Esgaio, que foi o nosso melhor na primeira parte, com duas assistências e um remate perigoso, deixou-nos numa situação caricata, a saber: Na primeira parte, sem ponta de lança fixo, usámos e abusámos dos centos para a área, na segunda, com um PL em campo, nem um centro para amostra. E realmente Arthur, Matheus, Paulinho e Essugo não vieram acrescentar nada ao jogo do Sporting, antes pelo contrário.
Eu diria que o Sporting mais uma vez se pôs a jeito e como se a coisa tem tudo para correr mal, connosco corre, mais uma vez desperdiçámos um pecúlio bom, deixando-nos empatar num jogo em que fomos claramente melhores num período em que poderíamos ter matado o jogo e fomos metidos no bolso noutro, podendo agradecer o jogo ter terminado evitando males maiores.
Dizem-me que Duarte Gomes e a SportTV consideram que o 2.º do Benfica foi mal validado por fora de jogo posicional de um seu jogador, que impediu Coates de disputar a bola. Não vi, mas vindo de quem vem, acredito, sem deixar de dizer isto em relação ao lampião Pinheiro, que hoje estando amestrado pelo seu guru do norte, foi o escorpião que é e como é de sua natureza, foi incapaz de anular um golo ao seu clube do coração, talvez perdendo com isso uma excursão a um sultanato qualquer, ou a umas ilhas remotas. Quando um tipo é mau e incompetente, o favorecimento está-lhe na massa do sangue. Não foi contudo por isso que perdemos (digo perdemos porque é essa a minha sensação) este jogo. Perdemos este jogo porque na segunda parte fomos o Sporting que nenhum de nós quer.
Vem aí uma nova época, onde queremos muitos jogos, de preferência todos, como esta primeira parte. A pressão está toda em cima de Amorim. Oxalá tenha solução para as extirpações que se avizinham.
E olhem, apesar dos equívocos da segunda parte, acho que caímos de pé e a vitória nos assentaria muito bem e serviria para dar um belo par de coices, em sentido figurativo claro, no Bonzinho, na RTP, na SIC, na TVI e nos demais que anteviram a festa benfiquista em Alvalade como se fosse uma inevitabilidade. Como dizia a minha querida avó Matilde, nascida em 1917 e que frequentou a escola, coisa rara no interior do país e era uma mulher extraordinária, "cagou-lhes o cão no carreiro, coitados que iam tão direitinhos".
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