Edwards, com dois golos, demonstrou a João Pereira que pode contar com ele
Foto: José Sena Goulão / Lusa
Gostei muito da estreia de João Pereira como novo técnico da equipa principal do Sporting. Foi, de facto, uma estreia de sonho: não poderia ter desejado melhor. Goleada (mais uma, nesta época que tem sido fértil nelas) da nossa equipa na recepção ao brioso mas muito inferior Amarante, da Liga 3. Terminou 6-0, mas o resultado poderia ter sido mais volumoso: Harder, Trincão e Gyökeres - este duas vezes, ambas de livre direcro - enviaram quatro bolas aos ferros. Ao intervalo já vencíamos por 4-0. Destaque para as exibições de Edwards (assinou um golaço logo aos 10' evoluindo velozmente no corredor central com a bola dominada, sentou três adversários e finalizou de pé direito; bisou aos 45' encostando com a biqueira quase na linha de golo), Daniel Bragança (passes para o primeiro, segundo e quarto golos, neste dando até a impressão de que a bola já se encaminhava para o fundo das redes sem o desvio do inglês) e Trincão (protagonizou futebol de excelência em Alvalade aos 23' e aos 27', acabando por a meter lá dentro noutro lance sublime, aos 57': era o quinto golo). O minhoto foi o melhor em campo: aplaudido em pé ao dar lugar a Gyökeres, no minuto 66.
Gostei de Esgaio (aposta inicial de João Pereira para ala direito, central à direita no segundo tempo, quando St. Juste cedeu lugar a Quenda): voltou aos golos apontando o segundo, aos 15', e foi dele a pré-assistência no quarto. Nota muito positiva também para Matheus Reis: começou como central à esquerda, acabou como central à direita, fez pré-assistência no segundo golo e cortes preciosos aos 18' e aos 29', neste compensando má colocação de Vladan. Merecidos elogios igualmente para Harder, autor do terceiro golo (27') e do passe para o quinto em tabelinha com Trincão, e para o inevitável Gyökeres, que voltou a fazer o gosto ao pé: entrou só aos 66', mas ainda a tempo de ter sido carregado em falta para penálti e de o ter concretizado com êxito aos 90'. Melhor marcador mundial neste ano de 2024: já soma 59 golos, entre o Sporting e a selecção sueca. Um fenómeno.
Gostei pouco que Eduardo Quaresma tivesse permanecido no banco: não calçou. Estará a ser poupado para a recepção ao Arsenal, em partida da Liga dos Campeões na próxima terça-feira? Em compensação, polegar levantado ao novo técnico por apostar em dois jogadores da Academia Cristiano Ronaldo, lançados ontem em estreia absoluta na equipa principal: o algarvio João Simões (médio ofensivo esquerdino, 17 anos, substituiu Esgaio aos 66') e o madeirense Henrique Arreiol (médio central, 19 anos, rendeu Daniel Bragança aos 73'). Ambos já se destacaram ao serviço do Sporting na Liga Jovem e na Liga 3, aqui sob o comando de João Pereira, que bem os conhece.
Não gostei que o Amarante, equipa amadora, tivesse ficado em branco: merecia um golo de honra para alegrar os mais de mil adeptos que trouxe a Alvalade, mas não chegou a fazer um só remate enquadrado nesta partida que qualificou o Sporting para os oitavos-de-final da Taça - a disputar com Famalicão ou Santa Clara no dia 18 de Dezembro. Nota menos positiva também para Vladan (voltou a não convencer como titular da baliza, saindo mal dos postes aos 29') e Fresneda (peixe fora de água como ala esquerdo, recuou aos 66' para central).
Não gostei nada que disputássemos outra eliminatória da Taça (a nossa segunda esta época, após a vitória por 2-1 em Portimão) sem vídeo-arbitragem. Não faz o menor sentido esta ausência do VAR naquilo a que chamam «prova rainha do futebol em Portugal». Só se for como a rainha madrasta da Branca de Neve...
Saiu Rúben Amorim, entrou João Pereira, e a equipa jogou e ganhou como de costume. Do onze inicial, ao modelo de jogo, aos momentos e intenções das substituições, foi tudo muito Amorim, o que só demonstra que, para já, quer a gestão do processo de saída do primeiro, quer a escolha do segundo, foram decisões excelentes do nosso presidente.
Repetindo o que escrevi depois do jogo de Portimão, estes jogos da Taça de Portugal contra equipas de escalões inferiores são primeiro para ganhar e depois para alargar o plantel, dando oportunidades e minutos de jogo a jogadores menos utilizados. O Sporting ganhou tranquilamente por 6-0 e deu minutos a Fresneda, Esgaio (1 golo), Edwards (2 golos), João Simões e Arreiol. Tempo ainda para Gyökeres marcar um golo e atirar dois petardos ao poste. Enquanto isso o Amarante não teve direito a nada, nem cantos nem remates. Se em vez do Kovacevic estivesse lá eu, dava igual.
Mas se formos mais ao detalhe podemos encontrar algumas ideias novas. Mais intencionalidade atacante, com passes a rasgar em zonas interiores, centros atrasados a solicitar remates frontais, Harder a fazer bem de pivot ofensivo, digamos que até o meu vizinho da frente da bancada de Alvalade terá ficado satisfeito, ele que tanto protestava contra os vagares do futebol do Amorim.
Se as ideias são boas, temos de ver agora como resultam contra clubes de outra dimensão. Já a começar pelo Arsenal, embora seja um jogo com muito mais para ganhar do que para perder, mas muito mais pelos jogos que se seguem para a Liga.
Como sempre tenho dito, atacar depressa significa ter de defender ainda mais depressa a seguir. Controlar o jogo é fundamental, atacar sem deixar o adversário atacar. Se Rúben Amorim foi evoluindo até conseguir fazer isso, muito bem. João Pereira forçosamente evoluirá também, as coisas poderão não funcionar muito bem no curto prazo. Ganhar sem sofrer golos é óptimo.
Melhor em campo? Trincão. Como é que um jogador destes não tem minutos na selecção só o espanhol poderá explicar. Ou melhor, se calhar a explicação é simples. Inglaterra, Espanha, Arábia Saudita, o espanhol salvaguarda o seu futuro à conta dos otários, que somos nós.
Arbitragem? Impecável.
E agora? Jogo a jogo. A máquina está oleada, o maquinista não inventa, que a sorte o acompanhe e a nós também.
PS: Geovany Quenda já explodiu, João Simões e Henrique Arreiol já tiveram minutos, o Bruno Ramos e o Taibo já tiveram alguns, não tarda muito o Felicíssimo e um ou outro mais vão ter também. É a perder muitas vezes contra equipas mais velhas e a ganhar algumas que se formam os campeões.
João Pereira não poderia desejar melhor começo como sucessor de Ruben Amorim à frente da equipa principal do Sporting: goleámos o Amarante em casa, por 6-0, rumando aos oitavos da Taça de Portugal. Golos aos 10' (Edwards), 15' (Esgaio), 27' (Harder), 45' (Edwards), 57' (Trincão) e 90' (Gyökeres).
Nem de encomenda: estreia de sonho. Como se tivesse sido Natal antecipado, esta noite, para o novo técnico principal leonino. Mas o teste principal será na terça, contra o Arsenal, para a Liga dos Campeões.
Mais logo, às 20.45, o Sporting recebe o modesto Amarante Futebol Clube, do terceiro escalão do futebol português, para a Taça de Portugal.
É a nossa segunda participação na prova esta temporada após termos vencido (2-1) o Portimonense no Algarve.
A equipa de Amarante, por sua vez, já afastou Fafe (4-1), Eléctrico (2-0) e Lajense (6-1).
Costumo reservar esta série dos prognósticos para os nossos desafios do campeonato nacional. No entanto, abro hoje uma excepção por se tratar do jogo de estreia de João Pereira - sucessor de Ruben Amorim - como técnico da nossa equipa principal, vindo do Sporting B.
Pergunto-vos, portanto, quais os vossos vaticínios para o desfecho deste jogo, indicando não apenas o resultado mas os nomes dos marcadores dos golos.
Abro outra excepção: por se tratar do desafio inaugural de João Pereira nas novas funções, desta vez admito dois palpites por leitor. Mas atenção: cada um terá de ser feito em comentário autónomo. Não vale indicar os dois prognósticos no mesmo comentário.
Desafio pairando sobre o frio/O jogo é uma viagem/Nas "rulotes" decoradas/ Curte-se o chique burguês/ Bebem-se umas rodadas/Ostenta-se a embriaguez*
Amanhã à noite em Alvalade quando faltar um quarto de hora para as nove da noite (dez da noite na hora antiga) inicia-se em Alvalade um dos jogos mais importantes desta época.
O futebol é poesia e assim/ O Sporting não tem patrões/ Não havia Amorim/ Nos poemas de Camões.**
Amanhã, provavelmente, será necessário mais pragmatismo, mais assim e menos poesia, haverá tempo para a poesia.
Respeito pelo adversário, pelo Amarante, respeito pelos milhares que vão estar no estádio, pelos milhões que vão estar em frente à televisão e, principalmente, respeito pelo leão rampante que ostentarão no peito.
* "Ribeira", Jafumega, poesia de José Carlos Martins (inspirado em)
** "As portas que Abril abriu", poesia de José Carlos Ary dos Santos (inspirado em)
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