Acaba de ser anunciado o reatamento das relações institucionais entre o Sporting e o FC Porto, dada a convergência dos dois clubes em matérias muito relevantes. Eis algumas: apoio aos vídeo-árbitros; publicitação dos relatórios dos árbitros e dos delegados; alterações ao regulamento disciplinar; atribuição dos títulos de campeão nacional às equipas vencedoras do extinto Campeonato de Portugal; regresso dos processos sumaríssimos em lances que os árbitros estejam impedidos de ver; cumprimento escrupuloso da lei relativamente às claques e à violência no desporto; redução do número de jogos disputados em horário nocturno.
É uma boa notícia: o Sporting retoma o caminho certo, resistindo à tentação de manter conflitos abertos em diversas frentes simultâneas.
«Esta aliança (regresso) de Vieira ao Norte é uma vergonha para qualquer Benfiquista - onde o argumento "em nome da salvação do futebol nacional" só é aceite na acefalia - e a acefalia não tem clube.»
Não faltavam especulações sobre quem mais beneficiaria do recente simulacro de paixão entre as estruturas directivas de dragões e águias. Conhecemos a resposta na noite de domingo. Até já imagino Pinto da Costa, na ressaca da derrota frente aos antigos rivais, a imitar a voz dilacerada de Paulo Gonzo: «Quebra-se o tempo em teu olhar / Nesse gesto sem pudor / Rasga-se o céu e lá vou eu / P'ra me perder...»
Fala-se hoje muito em política de alianças no futebol português. Exactamente como há um ano.
Em 12 de Junho de 2013o Adelino Cunha publicou aqui a seguinte reflexão. Tão válida agora como era nessa altura:
«Assim de repente, quando falamos de alianças do Sporting com o F.C. Porto ou com o Benfica, lembrei-me da única aliança que costuma dar títulos em Portugal: a aliança estratégica com os árbitros. Como nós não sabemos nem costumamos ir por aí (as incursões patéticas Godinho Lopes/Paulo Pereira Cristovão só enxovalharam o nome do clube) podiamos começar por liderar um processo de reestruturação da arbitragem. Ainda se lembram de Dias da Cunha? Vamos discutir a formação dos árbitros. Vamos discutir profissionalização. Vamos discutir os sistemas de avaliações. Vamos discutir a escolha dos avaliadores. Vamos discutir arbitragem de cima para baixo. Vamos discutir com outros clubes portugueses. Vamos discutir com o governo. Vamos discutir com outros clubes europeus. Vamos discutir com a UEFA. Vamos discutir com a FIFA. Não podemos deixar os árbitros à rédea solta. Isso é que não. Vamos lutar pela responsabilização dos árbitros, pela meritocracia e pela punição. É assim que metemos na jarra Duarte Gomes, Olegário Benquerença e todos os Capelas desta vida.»
Cabelo do Aimar: «Ver representantes televisivos do FCP e do SLB, alguns com responsabilidades oficiais nos seus clubes, aliados contra o Sporting Clube de Portugal, no que é obviamente um enorme erro arbitral que custou 2 pontos e a liderança isolada, explica muito do que é o futebol nacional neste momento. (...) Também foi interessante verificar o pedido da APAF no sentido da liga penalizar de forma exemplar o discurso do presidente leonino quando se sentiu, muito justamente diga-se, injustiçado pela actuação do Mota em Alvalade... É que essa reacção contrasta conspicuamente com o silêncio quando foram os presidentes rivais a vir a terreiro por outros jogos onde se sentiram, justamente ou não, injustiçados.»
Eu que andava temeroso com a hipótese de uma aliança dos clubes da segunda circular (como quer o Benfas de Vieira, a imitar o Fê-Kê-Pê do Pinto da Costa), hoje gostei da mensagem de Bruno de Carvalho ao Vieira: «eu, alianças só na mão esquerda e é com a minha mulher». Bem dito!
Assim de repente, quando falamos de alianças do Sporting com o F.C. Porto ou com o Benfica, lembrei-me da única aliança que costuma dar títulos em Portugal: a aliança estratégica com os árbitros. Como nós não sabemos nem costumamos ir por aí (as incursões patéticas Godinho Lopes/Paulo Pereira Cristovão só enxovalharam o nome do clube) podiamos começar por liderar um processo de reestruturação da arbitragem. Ainda se lembram de Dias da Cunha? Vamos discutir a formação dos árbitros. Vamos discutir profissionalização. Vamos discutir os sistemas de avaliações. Vamos discutir a escolha dos avaliadores. Vamos discutir arbitragem de cima para baixo. Vamos discutir com outros clubes portugueses. Vamos discutir com o governo. Vamos discutir com outros clubes europeus. Vamos discutir com a UEFA. Vamos discutir com a FIFA. Não podemos deixar os árbitros à rédea solta. Isso é que não. Vamos lutar pela responsabilização dos árbitros, pela meritocracia e pela punição. É assim que metemos na jarra Duarte Gomes, Olegário Benquerença e todos os Capelas desta vida.
Não acompanho - de forma alguma - os sportinguistas, incluindo alguns colegas de blogue, que defendem uma aproximação preferencial do Sporting ao Porto. Não esqueço que das Antas veio alguma da pior contaminação do futebol português - e que esse período correspondeu ao início de um prolongado período de insucesso em Alvalade, condimentado pelas mais escandalosas arbitragens desde sempre registadas em Portugal. A estratégia de bipolarização (Porto/Benfica) servia, e de que maneira, os interesses do FCP. E ainda serve. Os resultados, aliás, estão bem à vista. Com a conquista de título após título. Só não vê quem não quer.
O episódio Adelino Caldeira, no final da Taça de Andebol (que ganhámos com brilho!), foi feio e desrespeitoso para com o presidente do SCP. Bruno reagiu, no local, com dignidade e maturidade. Depois de termos falado em «fruta» - que é o que mais poderia irritar e ofender os celtas, toda a gente o sabe e não vale a pena fazermos de ingénuos - a reação do PC seria uma questão de tempo e de oportunidade. Veio por interposta pessoa. Mas o seguimento da história já me parece um «aproveita», para não apenas (e bem) fazer voz grossa - mas tambem para dar sinais de inversão de alianças táticas. Aproximarmo-nos do SLB, afastarmo-nos do FCP. Contra o que eu estarei, como sócio, porque sou partidário da equidistância.
O FCP é o que é, no bom e sobretudo no mau, no que respeita ao domínio das estruturas do futebol nos últimos 30 anos. Na última década - fruto da sua estabilidade - o SLB tem tentado e conseguido, de alguma forma, fazer valer progressivamente o seu poderio. Os resultados estão à vista, se abrirmos as cortinas: na direção da FPF, no Conselho de Disciplina e no Conselho de Arbitragem, eles dividem e influenciam já as decisões (salomónicas, por vezes: vais à Taça da Liga e um jogador nosso apanha o mínimo da pena prevista). Ora o nosso primeiro adversário é e continua a ser o SLB, cujo objetivo é ser o ÚNICO real grande de Lisboa e do sul, salamizando o Sporting, e ser a única potência rival do FCP.
A nossa política, a meu ver, será jogar com os diversos interesses, fazendo alianças táticas com quem nos convier no momento. Até que, com o TEMPO, possamos nos ir fortalecendo. Porque foi o tempo e foram os resultados que fortaleceram os outros dois adversários. A nossa 'política externa' não pode ser definida pelo jornal A Bola - o porta-voz e o órgão oficioso do SLB, que está a transformar-se, desde Outubro de 2012, em porta-voz de interesses ditos do Sporting. Num já bem claro apelo unionista. A nossa 'politica externa' tem de ser definida e ir sendo contruída a partir dos nossos próprios interesses, a curto, a médio e a longo prazo. O episódio Capela é mais importante do que o episódio Adelino. Quando for para defender os seus interesses, o clube de Carnide não terá contemplações. Na direção da FPF, no CD ou no CA, há sempre um penalti que (não) espera por nós.
{ Blogue fundado em 2012. }
Subscrever por e-mail
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.