Apesar de morar a apenas 60 km de Hamburgo, não vou assistir ao vivo ao jogo de hoje entre Portugal e a França. Por um lado, é dificílimo arranjar bilhete. Por outro, custar-me-ia muita energia emocional. Não estarei, assim, entre os portugueses que se deslocarão ao Volksparkstadion, um dos maiores estádios da Alemanha, com capacidade para 57.000 pessoas. E pertencente a uma equipa da… 2ª divisão!
Não é o único. Muita gente em Portugal não saberá que, na verdade, metade dos estádios alemães, onde se disputam as partidas deste Euro, pertencem a clubes da 2ª divisão. Cinco, entre os dez escolhidos: Düsseldorf, Köln (Colónia), Gelsenkirchen (pertencente ao Schalke 04), Berlim (o Estádio Olímpico, com lotação para 74.000 pessoas, é a “casa” do Hertha BSC) e Hamburgo, onde hoje se jogará os quartos de final entre Portugal e a França.
Hamburgo (onde morei durante sete anos) é a segunda maior cidade alemã (1,852 milhões de habitantes), à frente de Munique, Colónia e Frankfurt. Além disso, o Hamburger SV conta com uma Taça dos Campeões, uma Taça das Taças e seis campeonatos no seu palmarés. E, até 2018, era a ÚNICA equipa alemã que nunca tinha estado na 2ª divisão, desde a criação da Bundesliga, em 1963, nos moldes que hoje se conhecem (o Bayern de Munique, nessa altura, não foi convidado para participar na Bundesliga; ficou na 2ª divisão, só subindo à 1ª na época de 1965/66).
Enfim, as “medidas drásticas” não conseguiram tirar o Hamburger SV do último terço da tabela e, em 2018, acabou mesmo por descer. Não preciso de dizer que os adeptos se acostumaram à máxima “para o ano é que vai ser”. O Hamburgo ficou, desde então, três vezes no quarto lugar (épocas 21/22, 22/23 e 23/24) e outras tantas no terceiro, sendo que este lugar permite o play-off, com o ante-penúltimo classificado da Bundesliga.
Esta época, que até começou muito bem, acabou, mais uma vez, no quarto posto. E a humilhação foi ainda maior, perante a subida à Bundesliga da segunda equipa de Hamburgo, eterna rival do Hamburger SV: o FC St. Pauli.
O FC St. Pauli é uma clássica equipa de 2ª divisão. Passou uma época na Bundesliga nos anos 1970 e outra em 2010/11. Mas também já desceu à 3ª divisão, vendo-se obrigada a jogar na chamada Liga Regional do Norte, de 2003 a 2007. Como se depreende, esta subida significa muito para este pequeno clube. E deprime ainda mais os adeptos do Hamburger SV.
O Millerntor-Stadion, com lotação para quase 30.000 pessoas, e onde o FC St. Pauli está “em casa”, tem, desde ontem, servido de treino para as seleções de Portugal e da França.
Curiosidade: O bairro de St. Pauli inclui a rua Reeperbahn, onde se situa o famoso red-light district de Hamburgo.
Nunca tinha visto sessão de penáltis tão rápida, até os meus nervos aguentaram.
Não costumo assistir a este tipo de desempate, esteja Portugal envolvido. E já me preparava para sair da sala, quando me apercebi de que seriam os eslovenos a inaugurar a sessão. Pensei: “OK, eles marcam golo e eu saio”. Mas Diogo Costa fez a sua primeira defesa! Quando vi que seria Ronaldo o primeiro português, estive novamente para sair, considerando a tragicidade que o envolvera neste jogo. Mas pensei: “Enfim, os eslovenos falharam o primeiro; se ele não marcar, desta vez, não é tragédia nenhuma”. Mas ele marcou! “Pronto, ainda aguento ver o próximo esloveno”. E o Diogo Costa tornou a defender! Já não havia desculpa para sair e o resto foi o que se sabe: tudo acabado em três tempos, com vitória de Portugal por 3-0. Era esta a eficácia que se esperava durante o tempo normal de jogo. Enfim, estamos nos quartos. E Diogo Costa escreveu a primeira página digna de registo na História deste Euro.
Bem, e onde entram as alemãs no meio disto tudo? Na transmissão televisiva do ARD, onde elas estiveram em maioria.
A locutora desportiva Christina Graf foi a voz-off de todo o desafio. Não pela primeira vez, é ela a responsável por muitos jogos do Euro transmitidos pelo ARD. Christina Graf foi igualmente jogadora de futebol, mas uma lesão grave no tornozelo obrigou-a a abandonar a carreira com apenas 23 anos. Enfim, ganhou-se uma excelente locutora e jornalista.
Ao intervalo e no fim do jogo, tivemos as análises de Sebastian Schweinsteiger, ao lado de outra mulher, Esther Sedlaczek, também já habitual nestas andanças.
Não gostava de Sebastian Schweinsteiger como jogador. Excelente, sem dúvida, mas bastante agressivo e impaciente, muitas vezes, arrogante. Desde que casou, em 2016, com a antiga tenista sérvia Ana Ivanović, modificou-se, está um outro homem. Ponderado, calmo e simpático, nem sequer pratica o chamado “mansplaining”, com Esther Sedlaczek, do estilo: “até podes ser competente, mas eu sou homem, fui um os melhores jogadores do mundo e vai dar-me um gozo enorme pôr a nu as tuas deficiências nesta matéria”. Uma atitude muito comum em homens, mesmo não sendo estrelas e tendo uma mulher competente a seu lado. Schweinsteiger limita-se a opinar e a analisar o solicitado por Esther Sedlaczek, falando bem, sem hesitações, nem interrupções, mantendo um semblante simpático. Um comentador de grande classe.
Que diferença dos debates futeboleiros portugueses, entre homens! Mesmo não sabendo alemão, tentem ver um pouco do vídeo da análise final do jogo de ontem, uma análise dinâmica e descontraída (espero que os direitos permitam a visualização do vídeo em Portugal). Os dois começam aliás por falar da Eslovénia e, só depois, se dedicam à nossa seleção.
Mais mulheres no futebol português, fora das quatro linhas, precisam-se!
Sebastian Schweinsteiger e Ana Ivanović têm três filhos. O mais novo nasceu no ano passado.
Fixem este nome, para o caso de ainda não o conhecerem: o suíço Ruben Vargas. Tem 25 anos, joga na Liga alemã, pelo Augusburg. É um dos primeiros heróis deste Euro-2024: ninguém fez tanto como ele para derrubar os italianos, campeões europeus em 2021.
No embate de ontem em Berlim, foi dele a assistência para o primeiro golo helvético, aos 37', com irrepreensível finalização do médio-centro Freuler. E foi ele a marcar o segundo, logo após o intervalo, sentenciando a partida. Um dos mais vistosos golos deste torneio: desmarcação perfeita, domínio total da bola, disparo colocadíssimo à malha lateral interna. Sem hipótese para Donnarumma, que alguns consideram o melhor guarda-redes do mundo. Fama que lhe ficou ao defender dois penáltis na final de 2021, para infortúnio da Inglaterra.
De Vargas poderá dizer-se hoje algo semelhante: é um dos melhores do mundo na sua posição preferencial de extremo-esquerdo. Bem gostava de o ter no nosso clube.
Já aos 24' Embolo podia ter aberto a contagem ao isolar-se frente à baliza, mas o guardião impediu-o de fazer o gosto ao pé, cortando-lhe ângulo de remate com uma saída providencial.
Pastosa e sem dinâmica, a Itália sai de cena nos oitavos-de-final, com registo medíocre neste Campeonato da Europa: venceu com muita dificuldade a Albânia (2-1), evitou quase por milagre uma goleada da Espanha (0-1) e só conseguiu empatar com a Croácia (1-1) a 20 segundos do apito final, no minuto 97 do prolongamento. Não merecia mais. Abandona o Europeu com duas derrotas em quatro jogos, cinco golos sofridos e apenas três marcados.
Fez-se história no futebol europeu. Foi a primeira vitória da selecção suíça em jogo a eliminar numa grande competição de futebol desde a II Guerra Mundial. Os helvéticos vão defrontar, nos quartos-de-final, o vencedor do jogo Eslováquia-Inglaterra.
Para nós, sportinguistas, esta pequena vingança: Scamacca, estrela da Atalanta e "carrasco" do Sporting na Liga Europa, regressa a casa sem um golito sequer nos relvados alemães.
Esteve para não prosseguir, o Alemanha-Dinamarca, quando uma tempestade se abateu sobre a cidade de Dortmund ao minuto 34 do jogo, então ainda em branco: chuva torrencial, granizo, trovoada.
O clima lá se recompôs na medida do possível, sem estragos irreparáveis no relvado. Ao intervalo, mantinha-se o empate a zero. Com Kasper Schmeichel, fluente em português, a destacar-se entre os dinamarqueses para adiar o golo.
Só resistiu até ao 53'. E mesmo então apenas foi batido de penálti, a punir mão na bola de Andersen, que cinco minutos antes marcara na baliza germânica (mas sem valer, pois estava deslocado).
Havertez (Arsenal, 25 anos) converteu o castigo máximo.
A Dinamarca tentou reagir, mais com a emoção do que com a razão, mas Neuer não facilitou a vida à turma adversária, aliás como todo o bloco defensivo germânico, com destaque para o central Rüdiger, rei e senhor no jogo aéreo. E foi a Alemanha a marcar, aos 68', fixando o resultado, desta vez em lance de bola corrida com apenas três toques antes de Musiala (21 anos, Bayern de Munique) a enfiar nas redes. Eficácia máxima: foi o terceiro golo do jovem atacante neste certame.
Os germânicos irão defrontar nos quartos-de-final o vencedor do jogo Espanha-Geórgia.
Enfim, o nosso Morten está de malas feitas. Já nem participou nesta partida, excluído por acumulação de amarelos. Fez falta à sua selecção, tendo marcado um golo no Euro-2024.
Mas faz ainda mais falta ao Sporting: o lugar dele é em Lisboa.
Equipa mais azarada não há. Pelo menos neste Campeonato da Europa. Refiro-me à Bélgica, já com três golos anulados pelo vídeo-árbitro: se não é recorde na fase de grupos, anda lá perto. Dois desses tentos que não valeram deveram-se a deslocações milimétricas: esta regra absurda, validada pela tecnologia, anda a matar o futebol como modalidade desportiva digna de espectáculo. Cada vez concordo mais com Arsène Wenger, que já propôs alteração drástica à lei do fora-de-jogo, passando a existir irregularidade apenas quando todo o corpo do atacante se encontrar para além do penúltimo defensor.
Principal vítima: Lukaku (Roma, 31 anos). Foi ele o autor dos golos que não valeram: dois contra a Eslováquia; outro anteontem, em Colónia, na vitória belga frente à Roménia. Não marcou, mas deu a marcar. Muito cedo, ainda antes de estar concluído o segundo minuto da partida. Servindo Tielemans, desta vez para valer. Na construção deste excelente lance de futebol colectivo participou também o melhor em campo: De Bruyne, já longe da prolongada lesão que o afectou na temporada 2023/2024.
Voltou às exibições de luxo, como um dos melhores médios ofensivos do mundo. Coroando a sua actuação com um golaço de fazer levantar o estádio. Construído aos 80' com assistência directa do guarda-redes Casteels, que a colocou muito bem lá na frente. O canhoto fez o resto. Carimbando o primeiro triunfo belga neste Euro-2024.
Debast, o jovem defesa recém-contratado pelo Sporting ao Anderlecht, saltou do banco aos 77', substituindo Theate (Rennes, 24 anos) como central à direita. Impôs-se no jogo aéreo e destacou-se no passe longo. Gostei de o ver.
No fim, não ganha a Alemanha: empata. Foi assim ontem, no embate entre suíços e alemães em Frankfurt, com manifesta superioridade helvética. Na primeira oportunidade de que a equipa dispôs, aos 28', o jovem avançado Ndoye (Bolonha, 23 anos) não perdoou. Esteve a centímetros de bisar, levando a bola a beijar o ferro, três minutos depois.
Aqui para nós: gostaria bem de vê-lo no Sporting.
A Suíça vencia ao intervalo (1-0) e exibiu mais classe durante o segundo tempo, em que dispôs de duas grandes oportunidades de ampliar a vantagem: aos 84', quando Vargas a meteu lá dentro mas viu o golo anulado por suposta falta anterior de um colega que só o VAR descortinou; e aos 88, quando Neuer impediu golo de Xhaka com defesa quase impossível.
Três vezes campeã da Europa, a Alemanha parecia ter baixado os braços, resignada à derrota, quando Füllkrug a salvou, já no tempo extra, ao marcar após conversão de livre lateral. Estiveram a dois minutos da derrota - e consequente adeus ao primeiro lugar no Grupo A, que afinal venceram in extremis. Formam com Portugal e Espanha o trio de selecções com lugar garantido nos oitavos.
Safaram-se de boa, mas lançaram dúvidas junto dos adeptos: esta selecção germânica prometia mais do que está a oferecer.
O que é bom para as selecções onde actuam os nossos jogadores em fases finais de grandes competições desportivas não é necessariamente bom para o Sporting. Porque pode colocar esses jogadores mais perto da porta de saída.
Pensei nisto ao ver ontem a enorme exibição da Dinamarca frente à Inglaterra que teve como figura dominante um campeão leonino: Morten Hjulmand, que se vai tornando indispensável na selecção do seu país, tal como já acontece no onze que Rúben Amorim comanda. Ponto culminante: o golaço que marcou num remate rasteiro, colocadíssimo. Pickford foi incapaz de travar a bola, que rolava a 114 km/h.
Nesse minuto 34 da partida disputada em Frankfurt, nesse disparo a 30 metros de distância, a cotação do médio dinamarquês aumentou de imediato. A cobiça dos tubarões do futebol europeu acentuou-se, sem dúvida de qualquer espécie. Torna-se agora mais difícil reter Morten em Alvalade, mesmo protegido por cláusula de 80 milhões de euros. E não apenas pelo golo, mas por toda a exibição, impondo-se em três fases essenciais do jogo: recuperação, construção e distribuição.
Um craque.
Morten: golaço no embate contra a Inglaterra
O empate foi lisonjeiro para os ingleses, que marcaram primeiro, por Harry Kane (18') após bom trabalho de Kyle Walker no corredor direito. Com três centrais, a Dinamarca anulou quase toda a restante manobra ofensiva adversária. Bellingham mal tocou na bola. Saka, Foden e Kane saíram em simultâneo aos 69', quando Gareth Southgate decidiu remodelar todo o ataque. Mas só viu uma hipótese de desfazer o empate, por Watkins (Aston Villa, 28 anos), impedido entre os postes por alguém que bem conhecemos desde que era miúdo: Kasper Schmeichel. Filho de peixe sabe nadar.
A melhor oportunidade para chegar ao triunfo foi até dos dinamarqueses, aos 85'. Pelo médio Højbjerg (Tottenham, 28 anos). Não escandalizaria ninguém.
A Inglaterra continua sem convencer após um triunfo escasso, sem brilho, na jornada inaugural frente à Sérvia. Mas isso é problema deles. O nosso chama-se Morten Hjulmand: veremos se ainda é possível vê-lo entre nós na temporada 2023/2024. Não vai ser fácil.
Querem um candidato evidente à vitória neste Euro-24? A selecção da casa, que já carimbou o passaporte para os oitavos-de-final.
A suspeita confirmou-se anteontem, no encontro entre germânicos e húngaros em Estugarda. Após a goleada na ronda inaugural, a equipa alemã não abrandou o ritmo. Com um golo em cada parte: por Musiala (bisando no Euro-2024), aos 22', aproveitando da melhor maneira um momento de descalabro colectivo da defesa magiar; e por Gundogan, aos 67'. Sério candidato a homem do jogo, pois tinha sido dele a assistência no primeiro.
Concorrente a este posto, só Neuer: aos 38 anos, desde 2011 no Bayern de Munique, campeão mundial em 2014. Aos 26' protagonizou monumental defesa, num livre directo, demonstrando manter os reflexos intactos, sem sequelas da grave lesão que sofreu em 2023, enquanto esquiava. Não custa concluir que talvez continue a ser o melhor guarda-redes do planeta futebol. Ainda no activo, já nos deixa saudades.
Até agora, tudo a bater certo. A Alemanha cilindrou a Escócia por 5-1, numa das maiores goleadas em jogos de abertura dos campeonatos da Europa. Destaque para a exibição do autor do primeiro golo: o médio ofensivo Florian Wirtz, que aos 21 anos confirma a excelente época feita ao serviço do Bayer Leverkusen, com 18 golos e 19 assistências. Foi um dos grandes obreiros do título germânico, rompendo a hegemonia do Bayern de Munique.
Outro pilar desta goleada: o veterano Toni Kroos, com seis Ligas dos Campeões e o Mundial de 2014 no currículo. Total de 57 passes acertados (100%) só na primeira parte, em lances de construção ofensiva com frequentes variações de flanco. Creditando-o como melhor médio do planeta futebol.
Jogar contra dez durante toda a segunda parte, por expulsão justíssima de Porteous, facilitou a tarefa dos homens orientados por Julian Nagelsmann. Mas o desfecho nunca esteve em causa nesta partida de sentido único: faltava apenas saber por quantos terminaria este indiscutível triunfo alemão. E quem seriam os restantes marcadores. Foram Musiala (culminando soberbo lance colectivo), Havertz (de penálti), Füllkrug (golaço que merece ser revisto) e Can (ao cair do pano). Até o tento escocês resultou de autogolo, confirmando a disparidade entre as duas selecções.
Já se vaticinava, eis a confirmação: a Alemanha, que joga em casa, é talvez a mais séria candidata à conquista do Europeu. Que já venceu em 1972, 1980 e 1996.
Como era de esperar, o Bayer Leverkusen sagrou-se campeão da Bundesliga. Pela primeira vez, na história do clube! A cinco jornadas do fim e depois de uma goleada caseira de 5:0 sobre o Werder Bremen. Os adeptos explodiram e invadiram o relvado. Mas correu tudo bem, a festa foi bonita. E os adeptos garantem que vão continuar a festejar, jornada após jornada, até ao fim do campeonato (imagens Sapo).
Podia dizer-se que esta conquista, por parte da equipa chefiada por Xabi Alonso, se deveu ao fracasso do Bayern de Munique. A equipa bávara está de facto a fazer uma das suas piores épocas. Porém, mesmo que estivesse em forma, dificilmente roubaria o título ao Leverkusen, que, em 29 jogos, venceu 25 e empatou quatro.
A quebra da monotonia na Bundesliga, com o Bayern a ganhá-la nos últimos onze anos, não foi completa, pois, se há uma equipa a sagrar-se campeã tão cedo, não se pode propriamente falar de um final de época excitante. Enfim, para o clube, os seus adeptos e Xabi Alonso, que ainda não tinha currículo digno de nota como treinador, foi, com certeza, a realização de um sonho.
Entretanto, não se pode falar de falta de suspense na 2ª Bundesliga, que, nesta época, tem, por vezes, merecido mais destaque do que a 1ª, tão grande é a refrega pelos três lugares cimeiros, sendo o Hamburgo SV um dos envolvidos. As perspectivas não são, mais uma vez, animadoras para o principal clube da segunda maior cidade alemã (à frente de Munique). Mas, sobre isso, escreverei num outro dia.
Desde a época de 2012/13 que a Alemanha não conhece outro campeão a não ser o Bayern de Munique. Onze campeonatos seguidos! A equipa bávara já soma trinta e dois títulos, note-se, desde 1963/64, época em que foi criada a Bundesliga. O campeonato mais aborrecido do mundo?
Este ano, tudo indica que essa hegemonia será quebrada. E o responsável chama-se Xabi Alonso.
Muita gente (entre adeptos e funcionários do clube e de outros clubes) torceu o nariz quando Xabi Alonso foi contratado como treinador do Bayer Leverkusen. Como jogador, aliás, não se lhe podia exigir mais. Foi estrela de três dos maiores clubes europeus: Liverpool, Real Madrid e o próprio Bayern de Munique. E, com a seleção espanhola é o que se sabe: dois campeonatos europeus e um mundial.
Mas chega isso para se ser bom treinador? Na verdade, quando ele chegou ao Bayer Leverkusen, a 5 de outubro de 2022, o seu currículo era muito magro. Sim, esteve uma época no Real Madrid… a treinar os sub-14! Mudou-se, depois, para o seu País Basco natal, a fim de treinar a Real Sociedad (onde começara a sua carreira). Aí, esteve cerca de três anos… a orientar a equipa B! Quando chegou ao Bayer Leverkusen, muita gente se perguntou se ele era “mister” digno de figurar na Bundesliga.
Diga-se de passagem que o Bayer Leverkusen, nesse outubro de 2022, se estava a aproximar perigosamente do fundo da tabela. Xabi Alonso, ainda assim, acabou a época em sexto lugar, com acesso à Liga Europa. Por isso, deram-lhe mais um voto de confiança. E ele superou todas as expectativas.
Neste momento, o Bayer Leverkusen conta 64 pontos, em 24 jogos. Não perdeu uma única vez (o que é obra, na Bundesliga) e empatou quatro. Leva dez (10!) pontos de vantagem sobre o Bayern de Munique, segundo classificado, 14 sobre o terceiro, VfB Stuttgart, e vinte (!) sobre o quarto, Borussia Dortmund, a minha grande desilusão da época (sou fã). Além disso, teve uma performance brilhante na fase de grupos da Liga Europa, atingindo o pleno de 18 pontos. E chegou às meias-finais da Taça da Alemanha (DFB Pokal).
Acho muito bem, apesar de não se poder dizer que a Bundesliga se tornou verdadeiramente interessante. Apenas houve mudança de protagonista. Já é alguma coisa.
Conclusão:
Bayer Leverkusen campeão da Alemanha? Sim! Para variar.
Vencedor da Liga Europa? Não! Por razões óbvias. Mas não há dúvida de que será um osso muito duro de roer. Espero que o nosso Sporting só o encontre na final.
Curiosidade: na época de 2014/15, o Bayer Leverkusen começou a ser treinado por um certo Roger Schmidt, não sei se conhecem. Conseguiu um quarto lugar e, na época seguinte, um terceiro. No entanto, em 16/17, perante um certo descalabro, o tal senhor que talvez alguns conheçam foi despedido a meio da época. Acontece.
O Mundial do Catar tem sido um fiasco em questão de audiências televisivas, na Alemanha. E, agora que a Mannschaft já deixou as arábias, até me pergunto se os canais estatais ARD e ZDF continuarão a transmitir os jogos.
Algo se passa na selecção alemã. Um tipo de futebol que deixou de funcionar? Falta de adaptação dos seleccionadores (sempre alemães) ao novo estilo de jogadores com origem migrante, como Serge Gnabri, Leroy Sané e Jamal Musiala? Enfim, nem sequer sou treinadora de bancada, não me compete dar respostas, muito menos, encontrar soluções. Mas a maneira como a Alemanha foi eliminada, desta vez, foi muito deprimente. O jogo de ontem teve momentos surreais.
A Alemanha tinha de ganhar. Mas estava, ao mesmo tempo, dependente de uma vitória da Espanha. Os primeiros golos foram marcados quase ao mesmo tempo: a Alemanha aos 10 minutos, a Espanha aos 11 minutos. Estava tudo a correr bem. Mas, aos 48, o Japão empatou e aos 51 pôs-se em vantagem. Logo a seguir, aos 58 minutos, a Costa Rica empatou. Aqui, o meu marido e eu passámos a torcer por uma vitória da Costa Rica. E note-se que o meu marido é alemão! Porquê? Se a Alemanha já não tinha praticamente hipóteses, que fosse a Espanha também eliminada. E não é que a Costa Rica marca o segundo golo aos 70 minutos?
Alegria efémera. Três minutos depois, Havertz empatou o jogo. Maldito Havertz! Ficámos numa situação muito ingrata, não me lembrava de já ter vivido semelhante, a assistir a um jogo de futebol. Deveríamos torcer pelo terceiro golo da Costa Rica? Mas: e se a Espanha ainda conseguisse virar o resultado?
O que veio a seguir foi surreal. A Alemanha começou a marcar golos e a Costa Rica desesperava. Tudo em vão. O marcador do Japão-Espanha congelara naquele fatal 2:1. Foi penoso ver a Alemanha a aumentar a sua vantagem, sabendo que tal vitória beneficiava apenas a Espanha.
Só nos resta esperar que “Marruecos” trate da saúde a “nuestros hermanos”.
A Alemanha - ainda com vários ex-campeões mundiais entre os seleccionados - acaba de ser derrotada pelo Japão (1-2), concretizando a segunda grande reviravolta do Campeonato do Mundo. O nosso Morita tem motivos de sobra para estar satisfeito.
Mais logo, às 19h 45m (hora portuguesa), a Inglaterra recebe a Alemanha em Wembley. Amanhã, à mesma hora, Portugal recebe a Espanha em Braga. Dir-se-ia que os holofotes estariam apontados ao clássico de Londres. Na verdade, trata-se de um jogo entre duas equipas humilhadas, só serve para cumprir calendário. Já da "Pedreira" vai sair um dos semi-finalistas da Liga das Nações.
Como o Pedro Correia aqui disse, a Inglaterra já caiu para a Liga B. Quanto à Alemanha, falhou a hipótese de passar às meias-finais, ao perder com a Hungria, em Leipzig, por 1:0, na passada sexta-feira. Uma derrota humilhante, à semelhança do que aconteceu com a Espanha.
Ao contrário da Alemanha, porém, nuestros hermanos ainda se mantêm na corrida. Espero que só até amanhã, ao serão.
Força, Portugal!
Nota: A Alemanha nunca logrou atingir a meia-final da Liga das Nações. Nem à terceira foi de vez.
Surpresa após surpresa. Desta vez foi a selecção germânica que ficou encostada às cordas. Eliminada dos oitavos-de-final do Europeu, como já sucedera com Portugal, França, Holanda e Croácia. Mesmo tendo ainda vários jogadores que há sete anos se sagraram campeões do mundo. Como Neuer, Kroos, Ginter, Hummels e Thomas Müller.
Soou a vingança portuguesa? Talvez, mas foi sobretudo a confirmação da extrema competência da selecão inglesa, candidata ao título. Beneficiando do facto de jogar em casa: as bancadas em Wembley estavam preenchidas com ruidosos adeptos, não faltando sequer um neto e um bisneto da Rainha.
Este Inglaterra-Alemanha começou cheio de cautelas tácticas, com as equipa a medirem-se - o que ficou espelhado no empate a zero registado ao intervalo. E que só se desfez aos 75', num soberbo rasgo individual de Sterling - a grande figura deste desafio - que começa e conclui o lance, após tabelinha com Grealich, outro craque inglês, prestes a transitar do Aston Villa para o Manchester City.
Estava aberto o cofre. Previa-se enérgica reacção dos alemães, reforçados com a entrada de Gnabry, um dos maiores desequilibradores da equipa. E o empate esteve a centímetros de acontecer, aos 81', quando Müller, isolado, rematou em jeito fazendo a bola rasar o poste.
Funcionou como sinal de alerta para os ingleses, que redobraram a ofensiva à baliza adversária. Materializada num segundo golo, aos 86', por Harry Kane. O rei dos goleadores no Mundial-2018 estreou-se enfim a marcar neste Europeu.
Portugal teve saída prematura. Com direito a este pequeno prémio de consolação: os nossos parceiros do chamado "grupo da morte" despedem-se ao mesmo tempo do Euro-2021. Em futebol, o destino dos favoritos muitas vezes é este: abandonar o palco mais cedo. A hora parece ser dos intérpretes secundários.
Quando Portugal venceu a Hungria, no nosso jogo inaugural do Campeonato da Europa, logo houve quem se apressasse a desvalorizar esta vitória dizendo e escrevendo que tínhamos derrotado "a equipa mais fraca" do certame.
Eis a mentalidade tuga no seu pior. A vontade de deitar abaixo é tanta que nunca falta quem invente pretextos para transformar vitórias em empates ou até em derrotas.
Afinal mais ninguém foi capaz de derrubar a Hungria. A França, campeã do mundo, empatou com eles. A Alemanha, anterior campeã mundial, também não conseguiu melhor do que um empate frente aos húngaros, apesar de actuar em casa: na partida que terminou há pouco, a selecção magiar deu luta aos alemães até ao fim. E só fica pelo caminho por ter tombado contra nós no primeiro jogo.
As aves agoirentas andam com azar. Agora terão de esvoaçar até Sevilha: é lá que a selecção nacional vai disputar os oitavos-de-final do Euro-2021. Desta vez contra a Bélgica, n.º 1 do ranking da FIFA. Jogo a jogo, como Rúben Amorim tão bem nos ensinou.
ADENDA: A Dinamarca chega aos oitavos com duas derrotas em três jogos. E a Inglaterra é apurada tendo marcado apenas dois golos - menos cinco do que Portugal.
Hoje [sábado], logo aos 4 minutos, quando o VAR anulou (bem) o golo ao lateral esquerdo alemão, Robin Gosens, dei por mim a pensar que iria assistir a uma Alemanha a jogar à Rúben Amorim contra um Portugal a jogar à Jorge Jesus. E comecei a temer o pior.
O sistema 3-4-3 alemão, com Joshua Kimmich a fazer de Pedro Porro e Robin Gosens a fazer de Nuno Mendes, recomendava que, da parte da selecção portuguesa, houvesse disponibilidade física e mental dos seus alas (Bernardo Silva e Diogo Jota) para contrariar as auto-estradas que aqueles dois jogadores alemães encontravam, nas suas consecutivas investidas ofensivas. Quem pagou as favas foram os laterais portugueses (Nélson Semedo e Raphael Guerreiro).
O sistema táctico da selecção portuguesa revelou grandes fragilidades que, porventura, já terão acontecido noutros jogos, só que ontem [domingo] quem estava do outro lado era uma selecção que, sem sombra de dúvidas, é das mais fortes da Europa, quiçá do mundo, e com um sistema táctico que toda a gente conhece, mas que poucos conseguem contrariar.
Já na nossa Liga era assim, nos jogos do Sporting Clube de Portugal.
Não é o momento de criticar o treinador, nem tão-pouco o empenhamento dos jogadores. Eles, tanto ou mais do que nós, desejam ir o mais longe possível na competição.
Contudo, vale a pena dizer que existem alguns jogadores em manifesto sub-rendimento e que existem outros, no grupo, em quem se deveria apostar, no sentido de tentar não deitar tudo a perder, no próximo jogo, contra a poderosíssima França.
Não é honesto atribuir as culpas todas a Nélson Semedo, nos lances de golo dos alemães. Bernardo Silva e mesmo Diogo Jota não estão vocacionados para grandes tarefas defensivas e, quando o fazem, trazem à evidência as suas debilidades no cumprimento dessas tarefas.
Todos acreditamos que Fernando Santos estudou previamente o adversário, portanto tinha obrigação de saber que todos os fundamentos da estrutura ofensiva dos alemães passavam por aquele quinteto atacante e o desenho da manobra era sempre o mesmo. Torna-se estranho que, mesmo tendo sidos estudados previamente, os alemães tenham conseguido marcar cinco golos (um deles foi muito bem anulado, mas apenas por centimetros) que são fotocópias uns dos outros.
Dos onze portugueses titulares contra a Alemanha, meia equipa manifestou níveis físicos deploráveis: Nélson Semedo, Raphael Guerreiro, Danilo Pereira, William Carvalho, Bruno Fernandes e Bernardo Silva. Se mesmo com frescura física nunca seria fácil ganhar à Alemanha, com tanta falta dela tornou-se impossível.
Nada está perdido. Mesmo que tenhamos de ser apurados na condição de um dos melhores quatro terceiros, não vem mal nenhum ao mundo. Em 2016, também foi assim e fomos campeões da Europa.
Independentemente de jogarmos, sempre para ganhar, a verdade é que, na próxima quarta-feira, quando entrarmos em campo, já saberemos se o empate serve para ficarmos apurados, ou não, dado que todos os outros jogos já terminaram, com excepção do Alemanha-Hungria. Diga-se que, se a Alemanha vencer o seu jogo, até a derrota pode não ser impeditiva dos oitavos-de-final.
Oxalá os dias que nos separam do próximo jogo sejam suficientes para que o nosso treinador fique convencido de que existem alterações que se impõem no onze inicial.
Jogue quem jogar, a selecção é de todos nós. Devemos ser solidários na vitória e na derrota e acreditar que todos os que compõem a comitiva portuguesa no Europeu querem e crêem que podem dar uma alegria a todos os portugueses.
Vamos com tudo, Portugal.
Texto do leitor Francisco Gonçalves, publicado originalmente aqui.
Tudo quanto podia correr mal, correu mesmo à selecção portuguesa no embate contra a selecção alemã, que hoje conseguiu os primeiros pontos no Euro-2021. Dois autogolos (primeiro por Rúben Dias, depois por Raphael Guerreiro), exibições desastrosas dos nossos flanqueadores, incapacidade total de garantir a vantagem obtida cedo no marcador, dois golos sofridos em quatro minutos ainda no primeiro tempo, quando parecíamos jogar sem lateral direito. Para cúmulo, um monumental tiro de Renato Sanches a embater com estrondo no poste quando ainda era possível uma reviravolta no resultado.
Fomos derrotados por 4-2, para gáudio dos cerca de 20 mil espectadores nas bancadas do estádio de Munique - segundo confronto consecutivo que travamos em casa da selecção adversária. E no entanto até fomos os primeiros a marcar, estavam decorridos 15', num rápido contra-ataque iniciado por Bernardo junto à linha direita e a centrar cruzado para Diogo Jota, que recebeu bem e assistiu para Cristiano Ronaldo, com Neuer impotente para impedir o golo. O nosso capitão marcou assim o seu terceiro no Euro-2021. Que é também o 107.º da sua carreira na equipa das quinas. E o 12.º que marca em fases finais de campeonatos da Europa.
Os quatro golos da Alemanha ocorreram na esquerda após passes a partir do flanco oposto aproveitando uma exibição desastrosa de Nelson Semedo, que foi um passador na posição de lateral direito: Gosens, ala esquerdo alemão e titular da Atalanta, fez dele o que quis. Marcou um golo, assistiu para dois e participou na construção do outro, impondo-se como melhor em campo.
Os erros defensivos da selecção nacional começaram a partir da linha do meio-campo: Bernardo Silva nunca recuou em apoio do sector mais recuado e foi bem substituído ao intervalo, dando lugar a Renato Sanches. Mas do lado oposto as coisas não estiveram melhor: Raphael Guerreiro foi sempre muito frágil a defender e quase inexistente a atacar, destacando-se pela negativa ao marcar um autogolo aos 39'. Rúben Dias oscilou igualmente entre o mau e o péssimo, marcando também na própria baliza, aos 35'.
Incompreensível foi o facto de Portugal só ter feito cinco faltas em toda esta partida. Como se quiséssemos facilitar a vida à equipa anfitriã.
Reduzimos para 2-4, aos 67', com Ronaldo e Jota a inverterem papéis: o melhor do mundo assistiu, dominando muito bem a bola junto à linha de fundo, e o avançado do Liverpool encostou.
Abria-se uma ténue luz de esperança, reforçada com o petardo de Renato ao poste. O médio do Lille implora por titularidade no onze nacional. Foi o nosso segundo melhor em campo, com o terceiro posto a ser ocupado por Pepe - único elemento do bloco defensivo com nota positiva. O melhor, para não variar, foi Cristiano: em muitos períodos do jogo, dava a sensação que só mesmo ele queria virar o resultado. Não merecia, de todo, esta derrota.
Esperemos que a exibição e o resultado sejam muito melhores no próximo embate. Será na quarta-feira contra a poderosa França, campeã mundial, que hoje empatou 1-1 com a Hungria. O que baralha ainda mais as contas do nosso Grupo F.
Alemanha, 4 - Portugal, 2
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Os jogadores portugueses, um a um:
Rui Patrício - Sofreu quatro golos, marca inédita na selecção desde que é conduzida por Fernando Santos. Sem culpa em nenhum deles. E ainda impediu pior, aos 44' e aos 45'+3. Má reposição de bola em diversas ocasiões.
Nelson Semedo - Gosens ganhou-lhe sistematicamente todos os duelos. Os quatro golos alemães nasceram ou concretizaram-se na zona que lhe estava confiada. Ter recebido pouco ou nenhum apoio do colega da frente serve-lhe de atenuante, mas não o desculpa.
Pepe - Acorreu a várias situações, procurando corrigir erros posicionais dos colegas. Bons cortes aos 23' e aos 36'. E ainda foi lá à frente tentar o golo, em bola parada, aos 89'. Inesgotável energia anímica. Mas não pôde evitar os erros dos colegas, nomeadamente nas situações de autogolo.
Rúben Dias - Pareceu perdido neste jogo. Aos 24', fez um corte defeituoso que podia ter gerado uma situação de perigo. Aos 34', marcou na própria baliza, facilitando a vida aos alemães. Muito intranquilo, continuou sem sombra de inspiração. Entregou a bola aos 65', voltando a errar.
Raphael Guerreiro - Lento, sem confiança, totalmente desinspirado a defender. Aos 39', comete dois erros capitais: coloca um adversário em jogo e logo a seguir é ele a introduzir a bola na própria baliza. Pondo a Alemanha pela primeira vez em posição favorável neste encontro.
Danilo - Médio defensivo posicional, acabou por prestar pouco apoio ao bloco mais recuado. Muito macio, evitando recorrer a faltas, sem iniciativa na construção. Faltou-lhe acutilância, intensidade e capacidade de reacção para fechar o corredor central.
William Carvalho - De uma lentidão exasperante, revelando má condição física, permitiu que se abrissem clareiras no nosso meio-campo. Competia-lhe assegurar a transição para as linhas dianteiras, mas foi incapaz de cumprir esta missão. Deu lugar a Rafa aos 58'.
Bruno Fernandes - Outra partida muito apagada do melhor jogador da Liga inglesa. Precisa de jogar mais de frente para a baliza. Faltou-lhe bola, revelou défice na iniciativa atacante e nem fez a diferença nas bolas paradas. Saiu aos 64', dando lugar a João Moutinho.
Bernardo Silva - Só jogou o primeiro tempo, com apenas uma acção positiva: o início da construção do primeiro golo português, que nos colocou em vantagem entre os 15' e os 35'. De resto, uma nulidade. Não fechou o flanco, não ajudou a defender. Já não regressou do intervalo.
Diogo Jota - Exibição positiva, apesar de tudo. Serviu muito bem Cristiano Ronaldo no primeiro golo, com excelente recepção de bola e assistência com um toque lateral do pé direito. CR7 retribuiu-lhe aos 67'. Substituído por André Silva aos 83'.
Cristiano Ronaldo - O capitão voltou a demonstrar que é indispensável na equipa das quinas. Marcou (15'), deu a marcar (67') e foi o mais inspirado e clarividente. O livre que propicia o nosso segundo golo resulta de uma falta sobre ele. Protagonizou bons lances aos 21', 70' e 90'+4.
Renato Sanches - Primeiro a saltar do banco, rendendo Bernardo na segunda parte. Está em boa forma, entende-se mal por que motivo não é titular neste Europeu. Bom na condução de bola, sólido nos confrontos individuais. Grande remate de meia-distância, disparando um tiro ao poste.
Rafa - Entrou aos 58'. Desta vez não funcionou como talismã da equipa, ao contrário do que tinha sucedido contra a Hungria. Incapaz de fazer a diferença à frente, também deficiente a defender: permitiu Gosens fazer o que quis no quarto golo alemão (60').
João Moutinho - Em campo a partir dos 64', substituindo Bruno Fernandes. Teve tempo para perder várias bolas e errar vários passes. De positivo, o livre que marcou aos 67': daí viria a nascer o nosso segundo golo.
André Silva - Entrou só aos 83', substituindo Jota. Fazia todo o sentido ter alinhado como titular, pois sagrou-se segundo melhor marcador da Liga alemã. Pareceu algo desconcentrado, mas em boa verdade mal teve tempo para mostrar o que vale.
Bom, foram onze de cada lado, os que entraram em campo, e no final ganhou a Alemanha. Até aqui nada a dizer. Quanto ao resultado, foram 2-4, podiam ter sido 3-4, 4-6, 5-7, qualquer coisa assim, ia pelo meio da segunda parte aquilo já parecia um jogo de futsal de onze...
Jogar contra uma Alemanha sempre intensa e objectiva nunca será tarefa fácil mas também nunca a fizemos tão difícil devido a uma abordagem ao jogo completamente desadequada, ia a dizer simplória, por duas questões principais:
1. Um 4-4-2 desadequado relativamente ao que o encontro pedia, com dois tristes trincos a ver jogar, dois falsos médios-alas e dois laterais medíocres a defender, que a Alemanha aproveitava da melhor forma para atrair por um lado e acelerar pelo outro, transformando o nosso lado direito numa autoestrada sem portagem.
2. Muitos jogadores sem condições físicas para jogarem a este nível, fruto de lesões ou épocas tremendamente degastantes, daí uma equipa que não conseguia pressionar nem ganhar bolas a meio-campo. William parecia ter idade para ser pai do Pepe, Danilo na segunda parte parecia um touro acabado de lidar. Devem ter ido para o hotel em cadeira de rodas. Mas Bruno Fernandes e Bernardo Silva foram completas nulidades, andavam por ali sem saber o que fazer, ninguém diria que são quem sabemos.
Depois obviamente que houve um grande Rui Patrício, um grande Pepe, Rúben Dias esteve bem, o Cristiano foi Cristiano, o Jota também, o Sanches demonstrou que não pode mesmo ficar de fora. Mas... e o resto? O ensaio geral contra a Hungria, resultado à parte, não serviu para nada. Com este onze nem a Nossa Senhora de Fátima nos evita uma derrota pesada com a França.
No final disto tudo a minha admiração por Rúben Amorim é cada vez maior. Muita coisa que a Alemanha faz naquele 3-4-3 com dois alas costa a costa o Sporting já começa a fazer, falta-nos é mesmo um Toni Kroos...
Segunda participação de Portugal neste Campeonato da Europa 2021. A primeira não podia ter corrido melhor: vitória em Budapeste contra a selecção anfitriã. Derrotámos por 3-0 a Hungria, que vinha de 11 jogos seguidos sem perder.
Hoje espera-nos um embate mais difícil: enfrentaremos a Alemanha, que também jogará em casa. Aureolada com um currículo impressionante: venceu quatro Mundiais (incluindo o penúltimo, disputado no Brasil) e três Europeus.
Na jornada inaugural do Grupo F, também disputada em Munique, a selecção germânica tropeçou frente à de França - actual titular do título mundial. Perdeu por 1-0, com um resultado que acabou por ser lisonjeiro face à exibição de ambas as equipas.
Mas não esperem facilidades esta tarde, a partir das 17 horas. Eles farão tudo para nos vencer.
Qual é o vosso prognóstico para este Alemanha-Portugal?
... são os adversários de Portugal na fase de grupos deste Campeonato Europeu.
Ontem, enquanto defrontávamos a Hungria, que acabámos por vencer, num jogo "sem genica" - como disse Pedro Oliveira – pensava nos nacionais deste país que passaram pelo Sporting. Tenho memória de dois, ambos guarda-redes: Ferenc Mészáros (campeão em ’82) e Béla Katzirz, que não teve tanto êxito como o primeiro e que nos representou entre 1983 e 86.
Um outro, faleceu tinha eu poucos meses, figura nas páginas maiores da história do nosso clube: Joseph Szabo.
Da França, houve vários, alguns dos quais ainda com vínculo contratual com o nosso clube, porém ocorre-nos a todos o nome maior de Jérémy Mathieu, que poderia muito bem ter feito o gosto ao pé alguns minutos esta época e ter saído com o título de campeão – como mereceria.
Da Alemanha:
Vou pedir ajuda, pois não me ocorre o nome de nenhum jogador natural deste país que tenha vestido a nossa camisola.
A França, campeã do mundo, demonstrou ontem ser talvez a mais forte candidata à conquista deste Europeu impondo-se perante um adversário directo no Grupo F, o mesmo de Portugal: a Alemanha (vencedora de quatro Mundiais e três Europeus) foi derrotada, mesmo jogando em casa. Perdeu por um, mas podia ter perdido por dois ou três. O resultado foi lisonjeiro para a selecção germânica, anterior detentora do título mundial.
Podem os alemães queixar-se de falta de sorte nesta partida em Munique? Sim. O golo solitário dos franceses, aos 20', foi marcado na própria baliza por Hummels, um dos melhores centrais do futebol europeu. Mas o comando da partida - quer na fase de aceleração, quer na fase de temporização - coube sempre aos gauleses, com uma exibição superlativa de Pogba, o melhor em campo, distribuindo jogo.
Num destes lances, aos 85', o médio do Manchester United fez um passe de ruptura a Mbappé, que assistiu o reaparecido Benzema, mas o golo foi anulado por deslocação. O próprio Mbappé, aos 66', festejara um golo que o vídeo-árbitro invalidou também por fora-de-jogo. E vira Neuer, com a defesa da noite, impedir que marcasse logo aos 17'.
Impondo o seu colectivo muito sólido, a selecção gaulesa teve no jovem avançado do PSG outra figura em destaque. Na hora de cerrar fileiras, estacando a reacção germânica, não houve vedetismos: um dos mais envolvidos na manobra defensiva, foi Griezmann - melhor marcador do Euro-2016, com seis golos.
A selecção alemã - na qual se destaca Kroos, ainda patrão do meio-campo - parece acusar excesso de fadiga física. Depois deste jogo, denotará também cansaço psicológico. É uma boa notícia para Portugal: vamos defrontá-la no próximo sábado. Sabendo de antemão que estamos qualificados para a fase seguinte, o que nos favorece ainda mais.
Alemanha, 0 - França, 1
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