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És a nossa Fé!

Futebol surreal

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O Mundial do Catar tem sido um fiasco em questão de audiências televisivas, na Alemanha. E, agora que a Mannschaft já deixou as arábias, até me pergunto se os canais estatais ARD e ZDF continuarão a transmitir os jogos.

Algo se passa na selecção alemã. Um tipo de futebol que deixou de funcionar? Falta de adaptação dos seleccionadores (sempre alemães) ao novo estilo de jogadores com origem migrante, como Serge Gnabri, Leroy Sané e Jamal Musiala? Enfim, nem sequer sou treinadora de bancada, não me compete dar respostas, muito menos, encontrar soluções. Mas a maneira como a Alemanha foi eliminada, desta vez, foi muito deprimente. O jogo de ontem teve momentos surreais.

A Alemanha tinha de ganhar. Mas estava, ao mesmo tempo, dependente de uma vitória da Espanha. Os primeiros golos foram marcados quase ao mesmo tempo: a Alemanha aos 10 minutos, a Espanha aos 11 minutos. Estava tudo a correr bem. Mas, aos 48, o Japão empatou e aos 51 pôs-se em vantagem. Logo a seguir, aos 58 minutos, a Costa Rica empatou. Aqui, o meu marido e eu passámos a torcer por uma vitória da Costa Rica. E note-se que o meu marido é alemão! Porquê? Se a Alemanha já não tinha praticamente hipóteses, que fosse a Espanha também eliminada. E não é que a Costa Rica marca o segundo golo aos 70 minutos?

Alegria efémera. Três minutos depois, Havertz empatou o jogo. Maldito Havertz! Ficámos numa situação muito ingrata, não me lembrava de já ter vivido semelhante, a assistir a um jogo de futebol. Deveríamos torcer pelo terceiro golo da Costa Rica? Mas: e se a Espanha ainda conseguisse virar o resultado?

O que veio a seguir foi surreal. A Alemanha começou a marcar golos e a Costa Rica desesperava. Tudo em vão. O marcador do Japão-Espanha congelara naquele fatal 2:1. Foi penoso ver a Alemanha a aumentar a sua vantagem, sabendo que tal vitória beneficiava apenas a Espanha.

Só nos resta esperar que “Marruecos” trate da saúde a “nuestros hermanos”.

E, de resto, viva Portugal!

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Liga das Nações: Wembley é na "Pedreira"

Mais logo, às 19h 45m (hora portuguesa), a Inglaterra recebe a Alemanha em Wembley. Amanhã, à mesma hora, Portugal recebe a Espanha em Braga. Dir-se-ia que os holofotes estariam apontados ao clássico de Londres. Na verdade, trata-se de um jogo entre duas equipas humilhadas, só serve para cumprir calendário. Já da "Pedreira" vai sair um dos semi-finalistas da Liga das Nações.

Como o Pedro Correia aqui disse, a Inglaterra já caiu para a Liga B. Quanto à Alemanha, falhou a hipótese de passar às meias-finais, ao perder com a Hungria, em Leipzig, por 1:0, na passada sexta-feira. Uma derrota humilhante, à semelhança do que aconteceu com a Espanha.

Ao contrário da Alemanha, porém, nuestros hermanos ainda se mantêm na corrida. Espero que só até amanhã, ao serão.

Força, Portugal!

 

Nota: A Alemanha nunca logrou atingir a meia-final da Liga das Nações. Nem à terceira foi de vez.

A ver o Europeu (23)

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ALEMANHA TOMBA EM WEMBLEY

Surpresa após surpresa. Desta vez foi a selecção germânica que ficou encostada às cordas. Eliminada dos oitavos-de-final do Europeu, como já sucedera com Portugal, França, Holanda e Croácia. Mesmo tendo ainda vários jogadores que há sete anos se sagraram campeões do mundo. Como Neuer, Kroos, Ginter, Hummels e Thomas Müller.

Soou a vingança portuguesa? Talvez, mas foi sobretudo a confirmação da extrema competência da selecão inglesa, candidata ao título. Beneficiando do facto de jogar em casa: as bancadas em Wembley estavam preenchidas com ruidosos adeptos, não faltando sequer um neto e um bisneto da Rainha. 

Este Inglaterra-Alemanha começou cheio de cautelas tácticas, com as equipa a medirem-se - o que ficou espelhado no empate a zero registado ao intervalo. E que só se desfez aos 75', num soberbo rasgo individual de Sterling - a grande figura deste desafio - que começa e conclui o lance, após tabelinha com Grealich, outro craque inglês, prestes a transitar do Aston Villa para o Manchester City.

Estava aberto o cofre. Previa-se enérgica reacção dos alemães, reforçados com a entrada de Gnabry, um dos maiores desequilibradores da equipa. E o empate esteve a centímetros de acontecer, aos 81', quando Müller, isolado, rematou em jeito fazendo a bola rasar o poste.

Funcionou como sinal de alerta para os ingleses, que redobraram a ofensiva à baliza adversária. Materializada num segundo golo, aos 86', por Harry Kane. O rei dos goleadores no Mundial-2018 estreou-se enfim a marcar neste Europeu.

Portugal teve saída prematura. Com direito a este pequeno prémio de consolação: os nossos parceiros do chamado "grupo da morte" despedem-se ao mesmo tempo do Euro-2021. Em futebol, o destino dos favoritos muitas vezes é este: abandonar o palco mais cedo. A hora parece ser dos intérpretes secundários. 

 

Inglaterra, 2 - Alemanha, 0 

A ver o Europeu (18)

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AS AVES AGOIRENTAS VOAM PARA SEVILHA

Quando Portugal venceu a Hungria, no nosso jogo inaugural do Campeonato da Europa, logo houve quem se apressasse a desvalorizar esta vitória dizendo e escrevendo que tínhamos derrotado "a equipa mais fraca" do certame. 

Eis a mentalidade tuga no seu pior. A vontade de deitar abaixo é tanta que nunca falta quem invente pretextos para transformar vitórias em empates ou até em derrotas. 

Afinal mais ninguém foi capaz de derrubar a Hungria. A França, campeã do mundo, empatou com eles. A Alemanha, anterior campeã mundial, também não conseguiu melhor do que um empate frente aos húngaros, apesar de actuar em casa: na partida que terminou há pouco, a selecção magiar deu luta aos alemães até ao fim. E só fica pelo caminho por ter tombado contra nós no primeiro jogo.

As aves agoirentas andam com azar. Agora terão de esvoaçar até Sevilha: é lá que a selecção nacional vai disputar os oitavos-de-final do Euro-2021. Desta vez contra a Bélgica, n.º 1 do ranking da FIFA. Jogo a jogo, como Rúben Amorim tão bem nos ensinou.

 

ADENDA: A Dinamarca chega aos oitavos com duas derrotas em três jogos. E a Inglaterra é apurada tendo marcado apenas dois golos - menos cinco do que Portugal.

Vamos com tudo, Portugal

Texto de Francisco Gonçalves

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Hoje [sábado], logo aos 4 minutos, quando o VAR anulou (bem) o golo ao lateral esquerdo alemão, Robin Gosens, dei por mim a pensar que iria assistir a uma Alemanha a jogar à Rúben Amorim contra um Portugal a jogar à Jorge Jesus. E comecei a temer o pior.

O sistema 3-4-3 alemão, com Joshua Kimmich a fazer de Pedro Porro e Robin Gosens a fazer de Nuno Mendes, recomendava que, da parte da selecção portuguesa, houvesse disponibilidade física e mental dos seus alas (Bernardo Silva e Diogo Jota) para contrariar as auto-estradas que aqueles dois jogadores alemães encontravam, nas suas consecutivas investidas ofensivas. Quem pagou as favas foram os laterais portugueses (Nélson Semedo e Raphael Guerreiro).

O sistema táctico da selecção portuguesa revelou grandes fragilidades que, porventura, já terão acontecido noutros jogos, só que ontem [domingo] quem estava do outro lado era uma selecção que, sem sombra de dúvidas, é das mais fortes da Europa, quiçá do mundo, e com um sistema táctico que toda a gente conhece, mas que poucos conseguem contrariar.

Já na nossa Liga era assim, nos jogos do Sporting Clube de Portugal.

 

Não é o momento de criticar o treinador, nem tão-pouco o empenhamento dos jogadores. Eles, tanto ou mais do que nós, desejam ir o mais longe possível na competição.

Contudo, vale a pena dizer que existem alguns jogadores em manifesto sub-rendimento e que existem outros, no grupo, em quem se deveria apostar, no sentido de tentar não deitar tudo a perder, no próximo jogo, contra a poderosíssima França.

Não é honesto atribuir as culpas todas a Nélson Semedo, nos lances de golo dos alemães. Bernardo Silva e mesmo Diogo Jota não estão vocacionados para grandes tarefas defensivas e, quando o fazem, trazem à evidência as suas debilidades no cumprimento dessas tarefas.

Todos acreditamos que Fernando Santos estudou previamente o adversário, portanto tinha obrigação de saber que todos os fundamentos da estrutura ofensiva dos alemães passavam por aquele quinteto atacante e o desenho da manobra era sempre o mesmo. Torna-se estranho que, mesmo tendo sidos estudados previamente, os alemães tenham conseguido marcar cinco golos (um deles foi muito bem anulado, mas apenas por centimetros) que são fotocópias uns dos outros.

 

Dos onze portugueses titulares contra a Alemanha, meia equipa manifestou níveis físicos deploráveis: Nélson Semedo, Raphael Guerreiro, Danilo Pereira, William Carvalho, Bruno Fernandes e Bernardo Silva. Se mesmo com frescura física nunca seria fácil ganhar à Alemanha, com tanta falta dela tornou-se impossível.

Nada está perdido. Mesmo que tenhamos de ser apurados na condição de um dos melhores quatro terceiros, não vem mal nenhum ao mundo. Em 2016, também foi assim e fomos campeões da Europa.

Independentemente de jogarmos, sempre para ganhar, a verdade é que, na próxima quarta-feira, quando entrarmos em campo, já saberemos se o empate serve para ficarmos apurados, ou não, dado que todos os outros jogos já terminaram, com excepção do Alemanha-Hungria. Diga-se que, se a Alemanha vencer o seu jogo, até a derrota pode não ser impeditiva dos oitavos-de-final.

Oxalá os dias que nos separam do próximo jogo sejam suficientes para que o nosso treinador fique convencido de que existem alterações que se impõem no onze inicial.

Jogue quem jogar, a selecção é de todos nós. Devemos ser solidários na vitória e na derrota e acreditar que todos os que compõem a comitiva portuguesa no Europeu querem e crêem que podem dar uma alegria a todos os portugueses.

Vamos com tudo, Portugal.

 

Texto do leitor Francisco Gonçalves, publicado originalmente aqui.

A ver o Europeu (14)

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PÉSSIMA EXIBIÇÃO CONTRA A ALEMANHA

Tudo quanto podia correr mal, correu mesmo à selecção portuguesa no embate contra a selecção alemã, que hoje conseguiu os primeiros pontos no Euro-2021. Dois autogolos (primeiro por Rúben Dias, depois por Raphael Guerreiro), exibições desastrosas dos nossos flanqueadores, incapacidade total de garantir a vantagem obtida cedo no marcador, dois golos sofridos em quatro minutos ainda no primeiro tempo, quando parecíamos jogar sem lateral direito. Para cúmulo, um monumental tiro de Renato Sanches a embater com estrondo no poste quando ainda era possível uma reviravolta no resultado.

Fomos derrotados por 4-2, para gáudio dos cerca de 20 mil espectadores nas bancadas do estádio de Munique - segundo confronto consecutivo que travamos em casa da selecção adversária. E no entanto até fomos os primeiros a marcar, estavam decorridos 15', num rápido contra-ataque iniciado por Bernardo junto à linha direita e a centrar cruzado para Diogo Jota, que recebeu bem e assistiu para Cristiano Ronaldo, com Neuer impotente para impedir o golo. O nosso capitão marcou assim o seu terceiro no Euro-2021. Que é também o 107.º da sua carreira na equipa das quinas. E o 12.º que marca em fases finais de campeonatos da Europa.

 

Os quatro golos da Alemanha ocorreram na esquerda após passes a partir do flanco oposto aproveitando uma exibição desastrosa de Nelson Semedo, que foi um passador na posição de lateral direito: Gosens, ala esquerdo alemão e titular da Atalanta, fez dele o que quis. Marcou um golo, assistiu para dois e participou na construção do outro, impondo-se como melhor em campo. 

Os erros defensivos da selecção nacional começaram a partir da linha do meio-campo: Bernardo Silva nunca recuou em apoio do sector mais recuado e foi bem substituído ao intervalo, dando lugar a Renato Sanches. Mas do lado oposto as coisas não estiveram melhor: Raphael Guerreiro foi sempre muito frágil a defender e quase inexistente a atacar, destacando-se pela negativa ao marcar um autogolo aos 39'. Rúben Dias oscilou igualmente entre o mau e o péssimo, marcando também na própria baliza, aos 35'.

Incompreensível foi o facto de Portugal só ter feito cinco faltas em toda esta partida. Como se quiséssemos facilitar a vida à equipa anfitriã.

 

Reduzimos para 2-4, aos 67', com Ronaldo e Jota a inverterem papéis: o melhor do mundo assistiu, dominando muito bem a bola junto à linha de fundo, e o avançado do Liverpool encostou. 

Abria-se uma ténue luz de esperança, reforçada com o petardo de Renato ao poste. O médio do Lille implora por titularidade no onze nacional. Foi o nosso segundo melhor em campo, com o terceiro posto a ser ocupado por Pepe - único elemento do bloco defensivo com nota positiva. O melhor, para não variar, foi Cristiano: em muitos períodos do jogo, dava a sensação que só mesmo ele queria virar o resultado. Não merecia, de todo, esta derrota. 

Esperemos que a exibição e o resultado sejam muito melhores no próximo embate. Será na quarta-feira contra a poderosa França, campeã mundial, que hoje empatou 1-1 com a Hungria. O que baralha ainda mais as contas do nosso Grupo F.

 

Alemanha, 4 - Portugal, 2

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Os jogadores portugueses, um a um:

 

Rui Patrício - Sofreu quatro golos, marca inédita na selecção desde que é conduzida por Fernando Santos. Sem culpa em nenhum deles. E ainda impediu pior, aos 44' e aos 45'+3. Má reposição de bola em diversas ocasiões.

 

Nelson Semedo - Gosens ganhou-lhe sistematicamente todos os duelos. Os quatro golos alemães nasceram ou concretizaram-se na zona que lhe estava confiada. Ter recebido pouco ou nenhum apoio do colega da frente serve-lhe de atenuante, mas não o desculpa.

 

Pepe - Acorreu a várias situações, procurando corrigir erros posicionais dos colegas. Bons cortes aos 23' e aos 36'. E ainda foi lá à frente tentar o golo, em bola parada, aos 89'. Inesgotável energia anímica. Mas não pôde evitar os erros dos colegas, nomeadamente nas situações de autogolo.

 

Rúben Dias - Pareceu perdido neste jogo. Aos 24', fez um corte defeituoso que podia ter gerado uma situação de perigo. Aos 34', marcou na própria baliza, facilitando a vida aos alemães. Muito intranquilo, continuou sem sombra de inspiração. Entregou a bola aos 65', voltando a errar.

 

Raphael Guerreiro - Lento, sem confiança, totalmente desinspirado a defender. Aos 39', comete dois erros capitais: coloca um adversário em jogo e logo a seguir é ele a introduzir a bola na própria baliza. Pondo a Alemanha pela primeira vez em posição favorável neste encontro.

 

Danilo - Médio defensivo posicional, acabou por prestar pouco apoio ao bloco mais recuado. Muito macio, evitando recorrer a faltas, sem iniciativa na construção. Faltou-lhe acutilância, intensidade e capacidade de reacção para fechar o corredor central.

 

William Carvalho - De uma lentidão exasperante, revelando má condição física, permitiu que se abrissem clareiras no nosso meio-campo. Competia-lhe assegurar a transição para as linhas dianteiras, mas foi incapaz de cumprir esta missão. Deu lugar a Rafa aos 58'.

 

Bruno Fernandes - Outra partida muito apagada do melhor jogador da Liga inglesa. Precisa de jogar mais de frente para a baliza. Faltou-lhe bola, revelou défice na iniciativa atacante e nem fez a diferença nas bolas paradas. Saiu aos 64', dando lugar a João Moutinho. 

 

Bernardo Silva - Só jogou o primeiro tempo, com apenas uma acção positiva: o início da construção do primeiro golo português, que nos colocou em vantagem entre os 15' e os 35'. De resto, uma nulidade. Não fechou o flanco, não ajudou a defender. Já não regressou do intervalo.

 

Diogo Jota - Exibição positiva, apesar de tudo. Serviu muito bem Cristiano Ronaldo no primeiro golo, com excelente recepção de bola e assistência com um toque lateral do pé direito. CR7 retribuiu-lhe aos 67'. Substituído por André Silva aos 83'.

 

Cristiano Ronaldo - O capitão voltou a demonstrar que é indispensável na equipa das quinas. Marcou (15'), deu a marcar (67') e foi o mais inspirado e clarividente. O livre que propicia o nosso segundo golo resulta de uma falta sobre ele. Protagonizou bons lances aos 21', 70' e 90'+4.

 

Renato Sanches - Primeiro a saltar do banco, rendendo Bernardo na segunda parte. Está em boa forma, entende-se mal por que motivo não é titular neste Europeu. Bom na condução de bola, sólido nos confrontos individuais. Grande remate de meia-distância, disparando um tiro ao poste. 

 

Rafa - Entrou aos 58'. Desta vez não funcionou como talismã da equipa, ao contrário do que tinha sucedido contra a Hungria. Incapaz de fazer a diferença à frente, também deficiente a defender: permitiu Gosens fazer o que quis no quarto golo alemão (60').

 

João Moutinho - Em campo a partir dos 64', substituindo Bruno Fernandes. Teve tempo para perder várias bolas e errar vários passes. De positivo, o livre que marcou aos 67': daí viria a nascer o nosso segundo golo.

 

André Silva - Entrou só aos 83', substituindo Jota. Fazia todo o sentido ter alinhado como titular, pois sagrou-se segundo melhor marcador da Liga alemã. Pareceu algo desconcentrado, mas em boa verdade mal teve tempo para mostrar o que vale.

O dia seguinte

Bom, foram onze de cada lado, os que entraram em campo, e no final ganhou a Alemanha. Até aqui nada a dizer. Quanto ao resultado, foram 2-4, podiam ter sido 3-4, 4-6, 5-7, qualquer coisa assim, ia pelo meio da segunda parte aquilo já parecia um jogo de futsal de onze...

Jogar contra uma Alemanha sempre intensa e objectiva nunca será tarefa fácil mas também nunca a fizemos tão difícil devido a uma abordagem ao jogo completamente desadequada, ia a dizer simplória, por duas questões principais:

 

1. Um 4-4-2 desadequado relativamente ao que o encontro pedia, com dois tristes trincos a ver jogar, dois falsos médios-alas e dois laterais medíocres a defender, que a Alemanha aproveitava da melhor forma para atrair por um lado e acelerar pelo outro, transformando o nosso lado direito numa autoestrada sem portagem.

 

2. Muitos jogadores sem condições físicas para jogarem a este nível, fruto de lesões ou épocas tremendamente degastantes, daí uma equipa que não conseguia pressionar nem ganhar bolas a meio-campo. William parecia ter idade para ser pai do Pepe, Danilo na segunda parte parecia um touro acabado de lidar. Devem ter ido para o hotel em cadeira de rodas. Mas Bruno Fernandes e Bernardo Silva foram completas nulidades, andavam por ali sem saber o que fazer, ninguém diria que são quem sabemos.

 

Depois obviamente que houve um grande Rui Patrício, um grande Pepe, Rúben Dias esteve bem, o Cristiano foi Cristiano, o Jota também, o Sanches demonstrou que não pode mesmo ficar de fora. Mas... e o resto? O ensaio geral contra a Hungria, resultado à parte, não serviu para nada. Com este onze nem a Nossa Senhora de Fátima nos evita uma derrota pesada com a França.

No final disto tudo a minha admiração por Rúben Amorim é cada vez maior. Muita coisa que a Alemanha faz naquele 3-4-3 com dois alas costa a costa o Sporting já começa a fazer, falta-nos é mesmo um Toni Kroos...

 

SL

Prognósticos antes do jogo

Segunda participação de Portugal neste Campeonato da Europa 2021. A primeira não podia ter corrido melhor: vitória em Budapeste contra a selecção anfitriã. Derrotámos por 3-0 a Hungria, que vinha de 11 jogos seguidos sem perder.

Hoje espera-nos um embate mais difícil: enfrentaremos a Alemanha, que também jogará em casa. Aureolada com um currículo impressionante: venceu quatro Mundiais (incluindo o penúltimo, disputado no Brasil) e três Europeus. 

Na jornada inaugural do Grupo F, também disputada em Munique, a selecção germânica tropeçou frente à de França - actual titular do título mundial. Perdeu por 1-0, com um resultado que acabou por ser lisonjeiro face à exibição de ambas as equipas.

Mas não esperem facilidades esta tarde, a partir das 17 horas. Eles farão tudo para nos vencer.

Qual é o vosso prognóstico para este Alemanha-Portugal?

Hungria, Alemanha e França...

... são os adversários de Portugal na fase de grupos deste Campeonato Europeu.

 

Ontem, enquanto defrontávamos a Hungria, que acabámos por vencer, num jogo "sem genica" - como disse Pedro Oliveira – pensava nos nacionais deste país que passaram pelo Sporting. Tenho memória de dois, ambos guarda-redes: Ferenc Mészáros (campeão em ’82) e Béla Katzirz, que não teve tanto êxito como o primeiro e que nos representou entre 1983 e 86.

Um outro, faleceu tinha eu poucos meses, figura nas páginas maiores da história do nosso clube: Joseph Szabo.

 

Da França, houve vários, alguns dos quais ainda com vínculo contratual com o nosso clube, porém ocorre-nos a todos o nome maior de Jérémy Mathieu, que poderia muito bem ter feito o gosto ao pé alguns minutos esta época e ter saído com o título de campeão – como mereceria.

 

Da Alemanha:

Vou pedir ajuda, pois não me ocorre o nome de nenhum jogador natural deste país que tenha vestido a nossa camisola.

Alguém ajuda?

A ver o Europeu (11)

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DUELO DE GIGANTES

A França, campeã do mundo, demonstrou ontem ser talvez a mais forte candidata à conquista deste Europeu impondo-se perante um adversário directo no Grupo F, o mesmo de Portugal: a Alemanha (vencedora de quatro Mundiais e três Europeus) foi derrotada, mesmo jogando em casa. Perdeu por um, mas podia ter perdido por dois ou três. O resultado foi lisonjeiro para a selecção germânica, anterior detentora do título mundial. 

Podem os alemães queixar-se de falta de sorte nesta partida em Munique? Sim. O golo solitário dos franceses, aos 20', foi marcado na própria baliza por Hummels, um dos melhores centrais do futebol europeu. Mas o comando da partida - quer na fase de aceleração, quer na fase de temporização - coube sempre aos gauleses, com uma exibição superlativa de Pogba, o melhor em campo, distribuindo jogo.

Num destes lances, aos 85', o médio do Manchester United fez um passe de ruptura a Mbappé, que assistiu o reaparecido Benzema, mas o golo foi anulado por deslocação. O próprio Mbappé, aos 66', festejara um golo que o vídeo-árbitro invalidou também por fora-de-jogo. E vira Neuer, com a defesa da noite, impedir que marcasse logo aos 17'.

Impondo o seu colectivo muito sólido, a selecção gaulesa teve no jovem avançado do PSG outra figura em destaque. Na hora de cerrar fileiras, estacando a reacção germânica, não houve vedetismos: um dos mais envolvidos na manobra defensiva, foi Griezmann - melhor marcador do Euro-2016, com seis golos.

A selecção alemã - na qual se destaca Kroos, ainda patrão do meio-campo - parece acusar excesso de fadiga física. Depois deste jogo, denotará também cansaço psicológico. É uma boa notícia para Portugal: vamos defrontá-la no próximo sábado. Sabendo de antemão que estamos qualificados para a fase seguinte, o que nos favorece ainda mais.

 

Alemanha, 0 - França, 1

Bundesliga com/sem máscara (tudo ao mesmo tempo e... fé em Deus?)

No fim-de-semana, reiniciaram as jornadas da primeira e da segunda divisões da Bundesliga. Não consegui acompanhar os jogos de Sábado (o dia principal da jornada), mas vi, ontem à noite, o resumo televisivo dos dois jogos de Domingo da 1ª Bundesliga. O Bayern foi ganhar 2:0 ao campo do Union Berlin e o 1.FC Köln (Colónia), depois de igualmente ter estado a ganhar por 2:0, acabou por consentir num empate, em casa, frente ao Mainz 05.

 

Apesar de muitos aspetos caricatos, estes primeiros jogos durante a crise pandémica não deixaram de ter pontos interessantes.

 

Os jogadores entram em campo de máscara, suponho que serão obrigados a usá-la nos balneários. Não cheguei a apurar se lá também têm de respeitar a distância de segurança e se vão para o duche mascarados. O certo é que, ao entrar em campo, tiram as máscaras e, depois, jogam como sempre, ou seja, muito contacto físico, de corpos suados, embora não festejem os golos amontoados, aos abraços. Penso, porém, que não adianta tentar ver lógica nisto.

 

Quem se encontra no banco, tem de usar máscara e respeitar as distâncias. Conclusão: apenas há lá lugar para o treinador e um ou dois colaboradores e falam uns com os outros sem se aproximarem. Se, porém, o treinador sente necessidade de se aproximar das quatro linhas, para berrar ordens ou palavras de incentivo, pode tirar a máscara e gritar, como sempre.

 

Como disse, porém, há aspetos que achei interessantes. Apesar de os berros ecoarem no estádio vazio (aumentando a sensação de isolamento), sentimo-nos mais perto dos jogadores, pois conseguimos ouvi-los bem (embora nem sempre se entenda o que berram, o que até será aconselhável). O facto é que, em certos momentos (golos, ou situações polémicas) até nos esquecemos da falta de público, tal é a berraria em campo. Confesso que gostei. Dá a sensação de que somos envolvidos na intimidade da equipa.

 

De referir ainda a sensação de normalidade, ao ouvir o noticiário radiofónico com os resultados do futebol.

 

Veremos que consequências isto trará na evolução da pandemia. Espero que não sejam más, embora sem considerar outros pontos, como o impacto desta situação especial na vida privada/familiar dos jogadores e o facto de, no fundo, eles servirem de cobaias numa experiência que ninguém sabe como acabará.

A ver o Mundial (4)

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O FIM DA HEGEMONIA ALEMÃ

 

A primeira grande surpresa do Mundial aconteceu há pouco: a Alemanha foi derrotada em Moscovo pelo México de Ochoa, Herrera, Vela, Chicharito e Layún. Uma partida emocionante em que os mexicanos souberam impor a sua organização colectiva frente à superioridade germânica. Em campo estavam seis titulares da final de 2014, em que a selecção alemã derrotou a Argentina: Neuer, Boateng, Hummels, Ozil, Kroos e Müller.

Foi um bom espectáculo de futebol, emotivo do princípio ao fim, com a turma germânica a dispor de mais posse de bola mas quase sempre de modo inconsequente. Os mexicanos nunca deixaram de explorar o contra-ataque, em ofensivas perigosas que poderiam ter-lhes valido um segundo golo.

A vitória foi construída aos 35', num desses lances de futebol rápido, desenrolado ao primeiro toque, com a defesa alemã demasiado subida, sem rins para acompanhar a velocidade de Chicharito, que assistiu, e Lozano, que fuzilou a baliza à guarda de Neuer.

Há 36 anos que a poderosa Alemanha não perdia uma partida inicial de um Campeonato do Mundo - a anterior fora em 1982, no inesquecível certame disputado em terras espanholas, ao ser derrotada 1-2 frente à Argélia. Nos últimos quatro mundiais, em jogos de estreia, os alemães golearam sempre. Essa hegemonia terminou hoje. E torna este Mundial mais emocionante.

 

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O primeiro jogo do dia opôs a Costa Rica à Sérvia. Confesso: estava a torcer pela simpática selecção costarriquenha, que no Mundial do Brasil exibiu um futebol de grande qualidade e mantém quase intocável o seu onze-base. O maestro é o "nosso" Bryan Ruiz", que saiu entretanto de Alvalade envolto na máxima discrição, quase sem ninguém dar por isso.

Jogo pastoso, com maior acutilância sérvia mas superioridade técnica da Costa Rica, onde Bryan continua a ter bons pormenores - embora nem sempre com a intensidade necessária, como muito bem sabemos. Outro nosso velho conhecido, Joel Campbell, entrou a meio da segunda parte e também se mostrou igual a si próprio: muita finta no entretanto, mas quase sempre condenado a perder a bola na hora da decisão. Já vimos este filme.

 

Alemanha, 0 - México, 1

Costa Rica, 0 - Sérvia, 1

E Para Desanuviar...

... Falemos do Mundial! Afinal, não somos os únicos com jogadores a precisarem de equilíbrio psicológico, depois da bomba que caiu sobre a seleção espanhola. Mas nem era da Espanha que queria falar e, sim, da Alemanha, que, ou me engano muito, ou vai surpreender pela negativa.

 

Depois de uma qualificação impecável (só vitórias), os alemães fraquejaram nos jogos de preparação para o Mundial. Nem começaram muito mal, ao empatarem precisamente com a Espanha de Lopetegui por 1:1, a 23 de Março, mas seguiu-se uma derrota frente ao Brasil, por 1:0, a 27 do mesmo mês. Ambos os jogos foram disputados em casa e havia muita expectativa, principalmente em relação ao último, depois da vitória histórica da seleção germânica por 7:1, nas meias-finais do último Mundial, que pôs o Brasil em estado de choque. Embora se tratasse de um jogo amigável, a derrota desestabilizou a equipa, com jogadores a criticarem-se uns aos outros.

 

Em Maio, deu-se outro acontecimento, aliás fora das quatro linhas, que ainda hoje afeta a seleção: os turco-germânicos Mesut Özil e İlkay Gündoğan, ambos jogadores escalados para o Mundial da Rússia, aproveitaram uma visita do Presidente turco Recep Tayyip Erdoğan a Londres para se encontrarem com ele e lhe oferecerem camisolas suas, autografadas, do Arsenal e do Manchester City. Foram tiradas várias fotografias com os três, coisa que causou bastante mal-estar, pois Erdoğan usou-as nas redes sociais para a sua campanha eleitoral (há cerca de dois milhões de eleitores turcos na Alemanha).

 

Oezil e Erdogan.jpg

 

A 2 de Junho, Özil  e Gündoğan foram muito assobiados no jogo contra a Áustria, essa potência futebolística, e os alemães acabaram por perder por 2:1! Joachim Löw, que ainda tinha quatro jogadores a mais, decidiu, por fim, quem iria definitivamente à Rússia. E foi duramente criticado (também em Inglaterra), por resolver prescindir de Leroy Sané, jovem talento que joga atualmente no Manchester City.

 

No último jogo amigável, a Alemanha não foi além de uma vitória à tangente por 2:1, em casa, frente à Arábia Saudita. Houve mais assobios de descontentamento em relação à exibição da equipa e, na entrevista que se seguiu, Joachim Löw, embora esforçando-se por se manter calmo e amável, não conseguiu disfarçar o nervosismo. O verniz quase acabou por estalar, quando o jornalista tornou a abordar a questão das fotos de Özil  e Gündoğan com o Presidente turco.

 

Enfim, a Alemanha é sempre candidata ao título. Na minha opinião, porém, e apesar da qualificação deslumbrante, a era Löw devia ter terminado no último Europeu, no qual os germânicos ficaram aquém das expectativas. Veremos como correm as coisas, desta vez...

Descalabro

Alemanha Euro 2016.jpg

 

Uma fotografia que retrata bem o descalabro da Alemanha neste Euro.

Boateng lesionado, com as suas "meias esquisitas"; colegas desorientados que tentam consolá-lo...

O jogador foi mandado para o campo, apesar da uma condição física desaconselhável? Ou teria ele próprio exigido jogar?

Acredito mais na primeira hipótese, não vejo Jogi Löw a ceder a exigências dos seus jogadores. E o gesto solidário e carinhoso de Kimmich em relação ao colega é, para mim, ilucidativo.

 

Fotografia daqui.

Felizmente, há sempre quem tenha a cabeça no lugar...

Como os colaboradores e os leitores deste blogue já sabem, este Euro não tem sido fácil para mim, em terras germânicas. Uma campanha contra Portugal, por parte dos media alemães, que quase se pode apelidar de difamatória, cai como faísca em seara seca num país que, apesar de adorar as praias portuguesas, nunca gostou de Ronaldo, vá-se lá saber porquê.

 

Por isso mesmo, é com muito gosto que venho hoje aqui afirmar que há quem reme contra a maré. Porque, afinal, e como também já disse, eu gosto de viver na Alemanha.

 

Através de uma nossa colega de blogue, a Helena Ferro de Gouveia, tomei contacto com dois artigos do site da Stern que, para utilizar uma expressão alemã (adaptada a Português), "expuseram aquilo que me vai na alma".

 

Num deles, assinado por Tim Sohr, e mais focado na prestação da nossa equipa, rebate-se a ideia de que o futebol português carece de qualidade, elogiando as diferentes táticas: contra a Croácia, desgastar o adversário com uma defesa eficiente e dar o golpe perto do final; contra a Polónia, aguentar-se até à marcação de penáltis e ganhar; contra Gales, fazer valer a receita centro-cabeçada-golo. Mais simples e eficiente não há.

 

Tim Sohr acrescenta ainda que o 3-3 contra a Hungria, ainda na fase de grupos, persiste, até ao momento, como o jogo mais espetacular deste Euro.

 

Um outro artigo, de autoria de Finn Rütten, centra-se em Ronaldo, não encontrando razão para tanta má-língua. Aliás, Finn Rütten mostra-se apreensivo com o ódio que encontra nas redes sociais, perguntando: como se pode dizer odiar alguém, sem nunca sequer se ter falado com essa pessoa? E afinal, qual é o problema com Ronaldo? Com três golos e duas assistências, ele é, sem dúvida, um dos melhores jogadores deste Euro.

 

Finn Rütten chama ainda a atenção para as qualidades humanitárias do nosso melhor jogador (dando alguns exemplos, como o de dar sangue regularmente, ou pagar operações a crianças necessitadas) e, se admite que Ronaldo seja vaidoso, ou mesmo convencido, com gestos escusados em campo, pergunta porque é que os alemães, por outro lado, acham tanta piada ao sueco Zlatan Ibrahimovitch, que se deve ter banhado num pote de vaidade quando era criança.

 

Na Alemanha, como em todo o lado, há gente estúpida e gente inteligente; gente que vê e gente que não quer ver.

Assustador continua o facto de ser tão fácil manipular a opinião pública...

Alemães: disciplina a mais, aliada a censura?

Gosto muito das análises que o Pedro Correia faz dos jogos e dos jogadores, normalmente, coincidentes com a minha opinião. Acontece que, como já aqui referi, não sou perita em futebol, a minha presença neste blogue justifica-se, acima de tudo, pelo amor ao Sporting. Receio sempre que as minhas opiniões não tenham fundamento sólido, já que são baseadas em intuição. Porém, quando o Pedro Correia fala em falhas infantis dos alemães e no seu cansaço anímico que superou o cansaço físico, não posso deixar de pensar que as minhas observações e reflexões têm a sua razão de ser.

 

Os alemães são conhecidos pela sua disciplina e força de vontade, características aperfeiçoadas por Joachim Löw (vulgo Jogi Löw), pois Klinsmann (o selecionador que o precedeu), embora não esquecendo as suas raízes germânicas, concedeu à equipa um espírito mais solto, fruto das suas temporadas nos EUA (penso que até tem lá a sua residência oficial). Jogi Löw cultiva o rigor e a disciplina e, por isso mesmo, a Alemanha foi Campeã do Mundo há dois anos. Na minha opinião, porém, excedeu-se neste Euro 2016.

 

A Alemanha partiu para o torneio com a obrigação de o ganhar. Penso que Löw não admitia outro resultado e valeu-se, não só da disciplina férrea, como de sigilo absoluto sobre tudo o que rodeava os seus jogadores. Estranhei, desde o início, o facto de, na Alemanha, ninguém se atrever a criticar fosse o que fosse sobre a atuação da equipa. Os media elogiavam-na exageradamente, ao mesmo tempo que criticavam as outras, sendo Portugal, infelizmente, o “bombo da festa”. Apenas o comentador da ARD Mehmet Scholl, antigo jogador do Bayern e da seleção alemã (com raízes turcas) se atrevia a defender Portugal e Ronaldo, mas logo ouvia bocas menos amigáveis do jornalista que o acompanhava, Matthias Opdenhövel. Não eram atitudes bonitas e surpreenderam-me, pois os jornalistas alemães costumam ser isentos. Seria parte da tática combinada com Löw?

 

O primeiro jogo da Alemanha correu como planeado, vitória de 2-0 sobre a Ucrânia. Já o segundo trouxe problemas: 0-0 frente à Polónia (sim, empataram, tal como nós!). Houve cenas de desentendimentos durante o jogo, com Boateng a discutir com colegas. Todos se perguntavam: o que se passa com a seleção? Da parte de Löw, silêncio absoluto. Só passado dois dias, veio anunciar que todos os problemas estavam sanados (sem explicar quais haviam sido), declarações acompanhadas de imagens dos jogadores em plena harmonia.

 

O terceiro jogo também não foi famoso: 1-0 contra a Irlanda do Norte, e notava-se uma grande ânsia dos media em dizerem que a seleção havia recuperado a sua forma. Embora só tivessem ganhado por um golo, tinham tido oportunidades de sobra, diziam, podiam ter ganho por 3 ou 4 a zero. Estranhei, pois costumam apontar a Portugal o defeito de baixa concretização frente à baliza. Entretanto, surgiram rumores de jogadores lesionados, incluindo Boateng, acompanhados de comentários de que não havia problemas, pois a equipa médica fazia milagres!!!

 

O jogo com a Itália foi o descalabro que se viu. A Alemanha com um medo incrível e Boateng cometido com aparente vocação para ser polícia sinaleiro, sem esquecer aquela inacreditável reposição de bola feita por Neuer, que deve ter arrepiado milhões de germânicos. Pois no arrepio é que o Pedro Correia se engana (e o que torna tudo mais estranho)! Ninguém fala destes falhanços infantis (nem população, nem jornalistas), tão-pouco dos penáltis falhados por três grandes jogadores! É como se estes lapsos nunca tivessem existido. Pelo contrário! O tal jornalista Matthias Opdenhövel caracterizou este jogo execrável como “futebol tático ao mais alto nível” (no original: taktischer Fußball auf höchstem Niveau). Mehmet Scholl foi o único que se atreveu a criticar a equipa alemã, sendo inclusive bastante duro (e com razão), o que lhe valeu protestos enérgicos de Löw e dos seus colaboradores. Chegou-se a recear que Scholl tivesse de deixar a sua função de comentador da ARD, mas ele lá se desculpou e foi autorizado a ficar.

 

O jogo com a França dispensa comentários, resumido nas palavras de Pedro Correia: o cansaço anímico superava o cansaço físico na selecção alemã. Nesse dia, de manhã, eu tinha ouvido Löw na rádio (ouço sempre rádio ao pequeno-almoço) e impressionou-me o stress que senti na sua voz e nas suas palavras. Parecia mesmo que estava engasgado, aflito, medroso. E, em campo, os jogadores refletiram esse stress, em desespero por um golo e cometendo mais erros infantis (incluindo do capitão Schweinsteiger, ditando a derrota). Uma nota para Boateng, que jogou com umas meias esquisitas e teve de sair a meio, lesionado, o que me leva a pensar que já o estava antes do jogo e foi forçado a jogar. Mas não o posso confirmar, pois disso ninguém fala…

 

Treinador e jogadores sob grande pressão num sigilo absoluto a lembrar verdadeira censura. E tudo pareceu combinado com os media. Não me atrevo a dizer que lembrou outros tempos, gosto demais da Alemanha e do povo alemão atuais para afirmar uma coisa dessas.

 

[Adenda ao texto original: peço desculpa por me ter esquecido do jogo dos oitavos, contra a Eslováquia, ganho pela Alemanha por 3-0, um jogo que recuperou a esperança na equipa. Como todos sabemos, porém, a Eslováquia não é uma potência futebolística e este resultado, além de ter sido mais ou menos esperado, em nada modifica o sentido da minha mensagem].

{ Blogue fundado em 2012. }

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