Os jogadores formados ou que passaram em Alcochete pelas camadas jovens e que chegaram a internacionais A por alguma selecção, do ano de nascimento do Cristiano Ronaldo ou posterior, são os seguintes (o ano indicado é de quando fizeram 18 anos):
2003
Cristiano Ronaldo
2004
João Moutinho
Nani
Miguel Veloso
2005
2006
Rui Patrício
Daniel Carriço
2007
Adrien Silva
2008
2009
Cédric Soares
2010
William Carvalho
2011
João Mário
2012
Bruma
Eric Dier (Inglaterra)
Rúben Semedo
2013
Gelson Martins
João Palhinha
2014
2015
2016
Rafael Leão
Demiral (Turquia)
2017
2018
2019
Gonçalo Inácio
Geny Catamo (Moçambique)
2020
Nuno Mendes
2021
2022
2023
2024
Não sei se falta alguém nesta lista. Se faltar agradeço que me informem para corrigir.
Fica claro que não chega ganhar títulos nas camadas jovens para produzir bons jogadores. Importa acompanhar os melhores de forma a conduzi-los ao sucesso, e os outros, para que gerem retorno económico para sustentar a academia. É o tal modelo centrado no jogador que alguns não percebem nem querem perceber.
Mas para esse modelo ter sucesso tem de haver... melhores. Isto remete-nos para o recrutamento. Que capacidade estamos a ter de convencer os melhores "putos" e respectivas famílias a optar pelo Sporting, em vez do Benfica na zona sul, ou em vez de Porto ou Braga na zona norte? E que "putos" queremos, se grandes se pequenos, se educados se para educar, se nascidos em Portugal se das ex-colónias, se fidelizados nos valores do clube se nas mãos de empresários ou familiares ávidos de dinheiro, etc... Enfim muita coisa.
O facto é que Alcochete não conseguiu ainda produzir mais nenhum internacional A depois do Nuno Mendes, para mim o melhor jogador português do Euro. No entanto, no plantel actual temos um ou outro que podem lá chegar.
Se alguma coisa distinguiu pela negativa a presidência de Bruno de Carvalho - e coisas houve que a distinguiram pela positiva, como o pavilhão João Rocha e a recuperação das modalidades - foi Alcochete.
O aparente desprezo pelo local afastado de Alvalade, muito perto de vacas e muito longe de Lisboa como ele dizia, a marginalização e/ou afastamento de personagens como Diogo Matos ou Aurélio Pereira, a obsessão pelos títulos na formação, o autocarro de Sackos, Dramés e Gazelas do Augusto Inácio para a B que conduziu ao afundamento e extinção da equipa, aquela frase indigente na estátua antecidida por uma cartilha que foi repudiada pelos pais, e depois disso tudo... o assalto a Alcochete pela claque ou por elementos influentes da mesma com quem mantinha relações de promiscuidade por demais perigosas e que causou um rombo impressionante na SAD.
Foi Alcochete mais Jorge Jesus mais as trapalhadas da vida pessoal mais a corte de idiotas de que se rodeou no final que cumulativamente destruiram a presidência de Bruno de Carvalho, mas o dia em que tudo acabou para ele no Sporting foi 15 de Maio de 2018, o dia mais negro na história do Sporting, pelo menos nos últimos 50 anos.
Frederico Varandas, que estava bem por dentro da situação, colocou Alcochete no centro das prioridades, prestou todo o apoio ao mestre caído em desgraça, apostou na recuperação das infraestruturas e na reestruturação completa da formação com Tomaz Morais.
Passados seis anos sente-se que muito foi feito mas muito há ainda por fazer. Alcochete, que tinha sido pioneira e definido o rumo da formação em Portugal, havia sido completamente ultrapassada. Aqueles que estão a chegar ou poderiam estar a chegar hoje à primeira equipa com 19 anos tinham 13 na altura. Mateus Fernandes é um desses casos, chegou ao Sporting em 2016. Formar jogadores é como plantar árvores, é preciso dar tempo para ver resultados.
Mas de repente, e com o anúncio do futuro aeroporto em Alcochete, a academia entretanto baptizada como Cristiano Ronaldo ficou às portas do futuro aeroporto Luís de Camões. O valor da infraestrutura obviamente vai multiplicar-se.
Ainda há pouco a equipa do Sporting apanhava o avião em Beja para evitar a confusão da Portela. Daqui a uns anitos pode olhar para o céu e ver o charter a aterrar. Parece que terá uma estação de TGV ali ao lado também, para deslocar-se rapidamente para o Norte, para o Algarve ou para Madrid.
Com muito disparate pelo meio na desmesurada arquitectura empresarial que engendrou, não há dúvida que José Roquette teve visão no que respeita a Alcochete. Aquilo que faltou a Bruno de Carvalho sobre o mesmo tema, sobre Pinto da Costa e sobre muitas outras coisas.
Em qualquer escola ou universidade, e na formação de jogadores profissionais, a estabilidade do corpo docente/técnico é essencial. E com ela o trabalho de equipa entre as diferentes equipas e escalões, de forma aos jogadores se sentirem sempre controlados e dentro dum percurso que os pode conduzir ao sucesso.
Na formação o objectivo principal é produzir jogadores de qualidade, os títulos ganhos são secundários e não podem acontecer em desfavor da evolução dos jovens. Tomaz Morais veio com Frederico Varandas para definir e implementar um projecto centrado no jogador, reconhecido internacionalmente, essencial para o futuro de Alcochete e do futebol do Sporting.
A equipa B do Sporting tem tido um papel essencialmente de filtragem dos melhores jovens à volta dos 18 anos na competição com equipas mais velhas e batidas nos campeonatos secundários. E também para dar competição aos jovens que treinam e pontualmente jogam na A. Com isso os onzes raramente se repetem, a qualidade do jogo ressente-se e os resultados não permitem sair do terceiro escalão do futebol português.
Como treinador da equipa B Filipe Çelikkaya tem gerido da melhor forma possível essa situação e este ano com a Youth League teve uma oportunidade de ganhar um título europeu, perdendo apenas nos penáltis com a equipa vencedora.
Abel Ferreira foi treinador da equipa B do Sporting no primeiro ano de Bruno de Carvalho, tendo sido despedido no dia da apresentação da época seguinte. Se viesse agora do Palmeiras para treinar neste contexto a nossa equipa B se calhar não faria muito melhor.
Por isso acho muito bem que o Filipe, um homem calmo e sensato, ao que dizem amigo de Rúben Amorim, continue à frente desta equipa pelo 4.º ano consecutivo.
Fernando Mendes continua (?) em prisão domiciliária, Alano Silva, outro dos assaltantes, continua em julgamento no tribunal de Almada, Bruno de Carvalho apareceu ontem num programa "cor de rosa" da TVI onde também surgiu Lili Caneças, Mustafá continua líder da Juveleo, a claque continua a insultar o presidente eleito em pleno jogo e a mandar os jogadores jogar à bola, isto com a equipa a lutar por ultrapassar a desvantagem no marcador e Porro já cá não está para repetir o gesto que teve para com eles no jogo com o Casa Pia.
Ontem o Caldas pôs o Benfica em sentido. Sem temor reverencial de qualquer espécie, deu luta à equipa que segue no comando do campeonato: o jogo na cidade termal terminou 1-1 aos 90', seguindo-se meia hora de prolongamento que deixou tudo na mesma.
Só nos penáltis os encarnados conseguiram enfim superar a briosa turma da Liga 3. Que tem futebolistas de muito mérito - do guarda-redes Wilson ao avançado João Rodrigues, mais conhecido por Tarzan, passando pelo médio João Silva.
Outro jogador com desempenho que fixei: o ala direito Nuno Januário. Informei-me mais sobre ele: tem 26 anos, mede 1,76m e fez parte da formação no Sporting.
Não engana: traz selo de qualidade. O selo de Alcochete.
A autoria é de Vasco Samouco, "apareceu primeiro" n' A Tasca do Cherba e é de leitura obrigatória para quem se interessa pelo tema da formação de talentos.
Arrisco dizer que é possível que num futuro próximo o Sporting Clube de Portugal tenha de repensar a oferta formativa de que dispõe: a "interna" e a "comercial". Espero, contudo, que não aconteça qualquer alteração de fundo sem que os sócios tenham consciência do que está a acontecer. É muito fácil dizer que queremos mais Bolas de Ouro. Difícil, difícil, é acertar na escolha das metodologias e artífices que lá nos conduzem.
Talvez possa não ser tão claro para o amante de futebol em geral (para mim, não era), mas a "simples" visão sobre que tipo de jogador deve integrar uma equipa de elite (talentos) pode ser francamente fracturante. Não é de desporto escolar que falamos, sabem? É de desporto de alta competição, e num clube em que o objectivo é, e deverá ser sempre, a Liga dos Campeões. Há quem queira alcançar 'rendimento'. É o imediato: jogadores "já fechados" e sem muita margem de progressão. E há quem admita 'rendimento' mas que lhes queira ver margem de progressão (aspectos que possam ainda ser melhorados). Se se treinar (privilegiar) a táctica ("rendimento") cria-se oportunidade para alcançar muito rendimento e ganhamos jogos, mas limita-se a formação global do jogador.
Em boa hora o Sporting voltou a apostar nos talentos da Academia de Alcochete e colocá-los ao serviço do nosso emblema na equipa principal.
É uma aposta que promete ter não apenas frutos desportivos mas também financeiros. Como já é possível concluir com a avaliação de 11 jogadores à disposição do treinador Rúben Amorim. Aposta alicerçada em sucessivas renovações de contratos com reavaliação dos salários e fixação de novas cláusulas de rescisão.
Feitas as contas, de momento, estes jovens profissionais têm no seu conjunto um potencial avaliado em 65 milhões de euros.
Vale a pena fixar este número. Para daqui a uns meses podermos compará-lo com futuros valores de mercado de todos eles.
Era um fim de semana solarengo de Junho de 2005, e com algum tempo livre “deu-me na cabeça” rumar a Odivelas. Aí, no relvado anexo ao velho estádio e meio empoleirado num prédio em construção, tive o prazer de ver o Sporting esmagar o Benfica por 4-1 e assegurar o título de Juniores dessa época.
Era uma equipa orientada por Paulo Bento e Leonel Pontes, comandada em campo por Miguel Veloso, e que contava com Nani e João Moutinho. Na mesma época, a equipa de Juvenis assegurava também o título da categoria, uma equipa orientada por João Couto, que contava com Rui Patrício, Adrien e Pereirinha. Cédric Soares estava nos iniciados, que falharam o triplo.
Dois anos antes Beto e José Fonte jogavam na equipa B, orientados por Jean Paul e Leonel Pontes, . Ronaldo e Quaresma por lá tinham passado pontualmente em épocas anteriores, e nessa altura já tinham rumado a outras paragens.
Onze anos depois, também rumei a Marselha para ver Portugal derrotar a Polónia e abrir caminho para a vitória final em Paris, com uma equipa que contava com todos aqueles jogadores já citados, com excepção de Miguel Veloso, que deu lugar ao também nosso William Carvalho, fazendo com que a formação do Sporting fosse predominante na selecção e fundamental para o título alcançado.
Depois de 2005 muita água passou por debaixo das pontes, Alcochete foi conhecendo um lento definhamento, feito de incúria e falta de visão estratégica, com Aurélio Pereira mais ou menos desconsiderado. Ainda conseguimos ter a melhor equipa B de sempre, que contava com João Mário, Esgaio, Bruma, Dier e alguns outros, mas depois disso foi sempre a descer, para cinco anos depois batermos no fundo, com a equipa B extinta e os expoentes da formação no plantel principal (Rui Patrício, William Carvalho, Gelson Martins, Podence e Rafael Leão) em debandada, algum tempo depois de outros, como João Mário, Cédric e Adrien, terem sido vendidos.
Pelo meio surgiu em Alcochete uma cartilha na linha da frase idiota que continua mais ou menos vandalizada na estátua do leão, que parecia pretender transformar os jovens jogadores em aspirantes à bancada da Juveleo e que provocou a repulsa nos pais dos mesmos. Por onde andará essa coisa filha de pai incógnito?
Foi preciso então reconhecer o óbvio: Alcochete estava com falta de tudo, e não só de relvados e colchões em condições, mas também do capital humano que tinha fugido para alimentar o rival e duma cultura Sporting enraizada, que incluía jogadores a passear-se em Alcochete com camisolas doutros clubes. Depois disso, ainda se via assaltada por elementos da principal claque do clube, com os jogadores agredidos no seu local de trabalho.
Mais ou menos três anos depois, ou seja anteontem, e novamente em Paris, Alcochete estava reduzida ao Cristiano Ronaldo e aos dois ex-capitães fugitivos, enquanto o Seixal se podia gabar de Rúben Dias, Bernardo Silva, João Félix, Nelson Semedo e Renato Sanches. Nos suplentes estava lá apenas o Domingos Duarte, o novo José Fonte, que foi andando de empréstimo em empréstimo até à venda final.
Seria mesmo mau demais pensar nisto, se não soubéssemos que existe em Alcochete uma nova geração, que foi primeiro seleccionada e fidelizada, depois trabalhada na pré-época do ano anterior por Marcel Keizer e agora definitivamente lançada por Rúben Amorim, este claramente o novo Paulo Bento do Sporting.
Assim, olhando para o potencial de Luís Maximiano, Eduardo Quaresma, Gonçalo Inácio, Nuno Mendes, Tiago Tomás, Daniel Bragança, Matheus Nunes (que ainda andou pelos sub23 e um dia destes estará naturalizado), Jovane Cabral e Joelson Fernandes, mais um ou outro dos que estão a rodar na nova equipa B e nos sub23, não custa imaginar que, daqui a alguns anos, teremos uma selecção nacional mais uma vez dominada pela formação do Sporting.
E das coisas que mais me fascinam nesta nova geração de Alcochete, muito ao contrário do apregoado pelos ressabiados do costume, que falam em meninos ingratos e mimados, é ver que demonstram ter as ideias bem arrumadas, um discurso objectivo e assertivo, uma valorização da camisola que vestem e do clube que representam. No fundo, demonstram o seu ADN Sporting. Dizem que Tomaz Morais tem feito um trabalho notável em Alcochete na área da formação comportamental para o alto rendimento, que inclui valores e princípios de vida. Pode ser esse um factor essencial nesta situação.
Apenas como exemplo, disse o Nuno Mendes depois do golo genial em Portimão: “Cada lance é como se fosse o último e foi assim que o encarei. (...) É um orgulho jogar no Sporting, vou guardar este dia para sempre.(...) O meu trabalho é jogar dentro de campo, o que se passa fora não interessa.”
É mesmo isso, Nuno. Continua assim que vais bem longe. E a Selecção Nacional aguarda por ti.
Com a maldita abrilada não só se abandonaram as colónias àqueles pretos que por lá viviam, primitivos. Veio também este vício do divórcio, a avivar o imoral nas mulheres, delas visceral. E o do esbanjo, naquilo do salário mínimo, demasiada esmola aos preguiçosos, sempre avessos aos deveres e desde então ainda mais, armados de votos, como se isso percebessem, e mesmo no desaforo de sindicatos e partidos. E tantos outros defeitos, uns mesmo de cá, telúricos, do Minho ao Caldeirão, outros importados, desse malvado mundo de repente portas adentro já sem quem, sábio certeiro, cerceasse os desvarios noticiados, assim propagandeados. O pior dos quais, talvez ou mesmo decerto, esse do desprezo pela Santa Madre Igreja, o afastamento aos ditames do Livro - e que aluno saberá hoje soletrar, ou apenas invocar, Lucas 15: 11-32? nenhum decerto, embrenhados que estão nas cidadanias e desenvolvimentos, drogas, paneleirices, fufices e tabletes ... Nisso coisa menor terá sido aquilo no futebol, mas também importante pois sinal dos desatinados tempos, quando os comunistas de Moscovo acabaram com a lei da opção, desde então tornando qualquer jogador da bola, analfabeto quase sempre, gente mal medrada nos Barreiros, Rabos de Peixe ou Famalicões, importada das Lundas Bijagós Nampulas, moles de filhos de rupestres alcoólicos, brutos ratinhos, grotescos galegos, escória alfacinha, até ciganos só isso, putas de estrada, pastores bosquímanos, netos de canibais e quejanda gente silvestre, povoléu ingrato por natureza, livre de decidir onde trabalhar, negociar contratos e até mudar de patrão, procurar quem melhor o trate e mais lhe pague, qual escarrando no equipamento, vero Sudário, Santo, que nós doutores ou apenas Senhores lhes vestíamos como se deles fosse ... E assim tornados rebanhos sem valores, sem valia, frutos de apetites mercenários e de outros mercadorias, desabridos desrespeitosos,
mas ainda assim nestes tempos, infaustos, continuámos a nossa obra, Obra mesmo, pois fiéis, certeiros e certos, e preservámos os símbolos e castos ideais, sabendo que esta era penosa decerto terminará no em breve que vingarmos, e para isso arroteámos e lavrámos, extirpámos o daninho do futuro, calafetámos os viveiros dos vindouros, entre os quais faremos vingar a bondade, no desapego por si-próprios, na dádiva à nossa fé, no amor ao nosso prazer, e, oleiros, aos benditos fornos dessas porcelanas baptizaremos segundo os Justos, os Exemplos, mas nunca pelos dos germinados nestes entretantos do até agora, esses apenas incapazes de suspenderem a sua vida dedicando-se à nossa sonhada glória, vagueando na incúria moral desses Figos e Futres, Cristianos Quaresmas, Dani Moutinhos, e tantos outros, infiéis desobedientes, tão ávidos no demandar o mundo que nos seus tempos viçosos nos abandonaram, indo calcorrear os ímpios rumos da glória e prazer alhures,
e por tudo isto ao nomear estas nossas novas estufas do devir exaltaremos a Virtude, desta aspergindo os petizes nosso barro que nelas iremos moldar, convocando-os ao labor e à pertença, e assim serão sagrados os bons pastores, Mestres do rumo, Luzes nestas trevas que queremos findar, pois a cada campo será atribuído o nome de um dos bloguistas do És a Nossa Fé!, louvado seja o Sporting!
É uma medida que só peca por tardia. Mas que está formalmente respaldada pelo acórdão do colectivo do Tribunal de Monsanto que a 28 de Maio condenou 41 dos 44 arguidos no chamado "processo de Alcochete" - incluindo os elementos agora expulsos, vários dos quais pertencentes à estrutura central daquela claque.
Há ainda quatro penas de suspensão aplicadas a outros envolvidos naquele vergonhoso episódio, podendo todas elas ser alvo de recurso para a Assembleia Geral leonina, nos termos dos estatutos do clube.
É um acto de elementar higiene pública. E que serve de aviso a outros putativos "heróis" que pretendam servir-se da condição de sócios do Sporting para cometerem crimes.
É impressionante a analogia entre as motivações e os procedimentos dos fanáticos adeptos sportinguistas de Alcochete e dos fanáticos adeptos benfiquistas que atacaram o autocarro da sua equipa esta semana. Gente como esta tem que ser banida do futebol português, independentemente do clube. Não vejam nisto de forma nenhuma uma defesa de Luís Filipe Vieira, que aliás tem muito que explicar sobre a relação do Benfica e da sua direção com esses (designados) "grupos organizados de adeptos". Mas onde de facto há uma diferença enorme é no contexto dos dois ataques (o do Sporting e o do Benfica, o da academia e o do autocarro), e tal diferença resulta da atitude dos presidentes. Luís Filipe Vieira falou com a equipa do Benfica no balneário e disse lá o que tinha para dizer. Não sei o que disse (nem me interessa): só sei que o disse lá. Não o disse em público, na comunicação social e muito menos nas redes sociais. Não procurou atirar os adeptos do seu clube contra os atletas. Presumo que tenha sido exigente, como um presidente tem todo o direito a ser. Presumo que tenha manifestado desagrado, como um presidente tem todo o direito a manifestar. Ficou provado que Bruno de Carvalho nada teve a ver com a organização do ataque a Alcochete (e, por conseguinte, nem o Sporting teve). E ainda bem. Mas Bruno de Carvalho teve muito (ou tudo) a ver com a criação do contexto que tornou Alcochete possível. Episódios como este ataque ao autocarro da equipa do Benfica mostram que infelizmente o ataque a Alcochete nem é um caso único. Mas a loucura de Bruno de Carvalho, sim, essa é.
Do ponto de vista meramente jurídico acho muito bem que todos avancem com processos contra o Estado pela prisão preventiva baseada em indícios que afinal não se mostraram assim tão fortes. Cinco anos de prisão efectiva foi a pena máxima e só porque têm antecedentes criminais.
Enquanto cidadão fico preocupado com a legitimação de decisões por adaptações jurídicas (ficámos a saber que terrorismo pode ser sectário, vide invasão às instalações do Vitória de Guimarães).
No resto é deixar o Sporting avançar, sem receios, nem desculpas. Este perpetuar de guerrilha entre diferentes lados da barricada não aproveita a ninguém, descredibiliza o clube.
Farto dos varandistas e dos brunecos.
Sou do Sporting. De mais nada nem ninguém.
Já sabemos a opinião de todos. Remexer em buracos que todos conhecemos para quê?
Sinto que não há assim tanta gente a defender o nosso grande amor.
Texto do nosso leitor Miguel Fernandes, publicado originalmente aqui.
Como cidadão e como profissional da Justiça tenho o dever de respeitar as decisões soberanas dos tribunais (em particular dos colectivos, pois um juiz singular, num processo irrecorrível, na realidade, decide como quer). Mas também tenho o direito de as criticar. Não foi como "bruxo" nem como "brunista", mas como cidadão e como profissional da Justiça que qualifiquei a acusação da Dr.ª Cândida Vilar como um aborto jurídico, e que reduzi a zero as hipóteses do ex-presidente do SCP vir a ser condenado face à prova divulgada na comunicação social. Aliás, o mero recurso ao Google produzirá outras peças lamentáveis da mesma ilustre magistrada - até mais graves do que as que produziu neste processo - perante a evidente apatia do juiz de instrução e a adesão reverente (ou temerosa das reacções da opinião pública) da Relação de Lisboa, que acolheu a insólita qualificação dos crimes de Alcochete no regime excepcional da Lei de Combate ao Terrorismo (com a consequência que 33 pessoas estiveram presas um ano e só nove delas acabaram por ser condenada a prisão efectiva - e isso em resultado dos antecedentes, e não dos actos praticados em Alcochete).
A nossa fé pessoal não pode sobrepor-se à nossa fé no processo, e mesmo figuras que nos são odiosas não podem ser condenadas ou absolvidas quando a única prova é o alarido da opinião pública (neste caso, grosseiramente instrumentalizada) ou a intuição sem indícios que a sustentem.
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Apesar da inevitabilidade do erro, confio no conjunto do sistema judicial. Tenho mesmo de confiar, pois essa confiança é um pilar essencial da nossa sociedade. Por isso mesmo, sempre estive convicto da absolvição do ex-presidente do SCP - ou seja, não foi por fé nele, mas por fé no sistema. Um sistema que aplica as regras do direito, que, com todas as suas imperfeições e erros, é o melhor modo de se fazer justiça (terrena). Nos magistrados, individualmente considerados, confio menos, porque são seres humanos. Precisamente por isso, o meu maior temor são os processos não recorríveis, ou com insuficientes garantias de reapreciação das decisões.
Dito isto, não posso ficar contente com a prova de que o "sistema funciona", quando essa prova pressupõe a prévia existência de um evidente atropelo aos direitos de vários arguidos - incluindo dos condenados. Tarde é melhor do que nunca, mas se os órgãos de controlo tivessem funcionado - se o juiz de instrução não tivesse sido uma mera extensão da actuação (péssima) da Dr.ª Cândida Vilar, e se a Relação de Lisboa não se tivesse deixado contaminar pela populista tese do "terrorismo" (a quente, eu fiz essa qualificação - que é literal - no próprio dia do ataque, mas, depois, acalmei-me) - muitos danos teriam sido evitados.
Texto do nosso leitor JPT, publicado originalmente aqui e aqui.
A propósito da decisão do tribunal, que absolveu Bruno Carvalho, convém ter em conta as diferentes percepções, todas elas correctas, que a VERDADE comporta:
- a verdade histórica, a realidade que verdadeiramente aconteceu;
- a verdade jornalística, aquela que os jornais descobrem;
- a verdade jurídica, a que foi apurada em tribunal;
- a verdade emocional, aquela que é construída de forma individual.
Bruno de Carvalho foi acusado pelo Ministério Público, teve direito a defesa, foi julgado por um tribunal e absolvido. É assim em democracia e num estado de direito. Bruno de Carvalho colocou-se nessa posição. Porque escolheu e agiu de forma a pôr-se numa situação de enorme fragilidade pessoal, institucional, profissional, social.
Qualquer Sportinguista que se preze ficou contente por ver Bruno de Carvalho ilibado. Por ele, que no fundo é um desgraçado, mas pelo Sporting, especialmente. Escrevo por mim, que fiquei contente por vê-lo absolvido.
De resto, [ele] pode queixar-se de si próprio. Provavelmente das suas incapacidades de liderança e de gestão. Mas isso não é culpa dos Sportinguistas, que “moralmente” devem zero ao ex-presidente. Este, pelo contrário, contraiu uma dívida para com o Sporting que não há como pagar.
Exigir, Bruno de Carvalho pode exigir. Estão aí os tribunais para isso mesmo, defender os direitos dos cidadãos, e ele sabe que pode confiar neles, afinal.
Bastou a entrevista desta noite [anteontem] à TVI para aconselhar e avisar os sócios e adeptos do que esperaria o Sporting se porventura BdC voltasse a ter o poder no clube.
Se queremos dar-nos bem com os outros e sermos respeitados e manter-nos em grupo, convém respeitar o outro. É básico. Caso contrário, a coisa não funciona e o grupo desenvolve uma rejeição e expulsa-nos.
Qualquer adolescente o sabe. Só Bruno de Carvalho ainda não percebeu que acusar gratuitamente e desrespeitar os que se lhe opõem não é propriamente caminho para que lhe seja devolvida a condição que perdeu e de que se julga credor por um qualquer direito de reparação que só na cabeça do ex-presidente o Sporting terá para com a sua pessoa.
Bruno de Carvalho acha-se injustiçado. Mas não devia. A justiça deu-lhe razão.
Direitos ao/ou sobre o Sporting, BdC não tem. Porque não é sócio. Os avançados das TV’s é que se estão nas tintas se abrem nova frente de guerra no Sporting. Estão a ser pagos para isso mesmo.
Juízo e discernimento, é o que se pede. E olhar em frente, que para trás mija a burra.
Mas ainda falta escrever o epílogo desta história, disso também estou convencido.
Texto do nosso leitor João Gil, publicado originalmente aqui.
(texto inicialmente publicado a 12 de Março neste Blog, a propósito do julgamento da vandalizacao da Academia por elementos ligados à claques)
Coube-me em sorte (ou azar) testemunhar dois momentos de terror da História do Sporting Clube de Portugal. Momentos em que gente inocente perdeu a vida num estádio.
O primeiro, a 7 de Maio de 1995, foi a queda do Varandim do José Alvalade. Nunca esquecerei aqueles gritos, os choros e as sirenes das ambulâncias, por mais que viva. Um amigo com quem ia ao futebol ficou a 2 ou 3 metros de cair.
O segundo foi, um ano depois, o “very light” do Jamor. Durante anos, não consegui voltar a meter os pés num estádio. Confesso que ainda hoje me custa falar disso.
Talvez por virtude (ou defeito) dessas experiências, desde a primeira hora achei inapropriado chamar “terror” à vandalização da Academia de Alcochete (chamem-lhe "assalto" ou "invasão" se quiserem termos mais fortes). Sempre me pareceu, aliás, que o uso desse termo servia o propósito sobretudo de advogados, agentes de jogadores e de alguma comunicação social, mais ou menos comprometida com interesses que gravitam à volta do milionário negócio que é hoje o futebol.
Isto não retira gravidade ao que aconteceu. Mas “terror” ou “terrorismo” vemos todos os dias em muitas partes do mundo, infelizmente. E, convenhamos, são coisas diferentes.
Como seria lógico, a acusação de “terrorismo” caiu, ontem, no julgamento do caso da invasão da Academia. Outra coisa não poderia acontecer. E deveria fazer repensar todos aqueles que usaram tão irreflectidamente tal termo.
Tem também, para mim, lógica que tenham caído as acusações contra o ex-presidente, Bruno de Carvalho. Pois nunca vi nada que o relacionasse directamente com o que aconteceu.
Mas não me interessa - e acho, sobretudo, que não interessa ao Sporting - revisitar esse lamentável episódio na nossa história colectiva. No final deste julgamento, que se faça Justiça para com quem tão graves danos causou a uma instituição centenária e com tanto mérito.
E que este momento seja também um virar de página para o Clube. Um recordar que o Clube está acima deste ou daquele presidente, e é muito maior do que qualquer estrago que possa ser inflingido por 20 ou 30 adeptos.
Viremos a página. Deixemo-nos de insultos e de crispações. Olhemos para a frente, que temos muito e longo caminho a percorrer. Para escrevermos novas páginas, essas sim dignas da História do Sporting. Pelo nosso Clube. E pelos adeptos que, tristemente, poucos anos depois do terror, não estavam connosco a festejar o Sporting Campeão Nacional.
Terminou ontem o julgamento do assalto a Alcochete, fecha-se assim a página mais negra da história do Sporting Clube de Portugal, um assalto perpretado não por bandos criminosos de clubes rivais mas por quem devia ter como princípio o apoio incondicional ao clube e aos atletas que o representam.
Foi um julgamento justo, com um colectivo de juízes incluindo a juíza principal e um ministério público que estiveram à altura e dignificaram a classe, e um acórdão que deverá servir de referência em futuras situações.
Com a absolvição do ex-presidente e do ex-OLA fica assim o Sporting como instituição com o nome limpo, e só podemos estar satisfeitos com o facto.
O mesmo não podemos dizer da Juveleo, uma vergonha que a claque fundada pelos filhos de João Rocha se veja envolvida numa situação destas, com o ex-presidente da claque e muitos elementos próximos do actual condenados a pesadas penas de prisão, nalguns casos efectivas noutros ainda o poderão ser, dado estarem indiciados noutros processos igualmente violentos.
Não se pronunciou o tribunal, nem tinha condições para tal, sobre a responsabilidade política da situação que vivemos no final da época de 2017/2018, nem sobre os atropelos aos regulamentos do clube pelo ex-presidente nos dias que se seguiram ao assalto, em devido tempo os sócios do Sporting se pronunciaram sobre o assunto, e o destituiram, suspenderam e expulsaram por uma maioria esmagadora de votos e votantes.
Importa agora fazer o mesmo a todos os condenados ainda sócios, para que nunca mais se repita uma situação assim no Sporting.
Sílvia Pires, presidente do colectivo que julgou os arguidos de Alcochete
Confiar na justiça.
Esta é a atitude certa, em qualquer circunstância. Julgo que neste blogue, onde há pessoas que pensam de modo muito diferente em quase tudo quanto se relaciona com o Sporting, nunca houve ninguém que exprimisse opinião diferente desta: confiar na justiça.
Esta sexta-feira, dia 29, é, portanto, um dia tão bom como qualquer outro para reafirmar este princípio. O dia que se segue ao da sentença proferida, em primeira instância, pelo colectivo de juízas que determinou 41 penas condenatórias e três absolvições no chamado processo de Alcochete - investigado e concluído dentro dos prazos legais e com uma celeridade muito superior ao que estamos habituados.
Há dois aspectos neste acórdão - que ainda não li e, portanto, só consigo comentar a partir de notícias escritas com base na súmula lida na sessão de ontem pela juíza-presidente, Sílvia Rosa Pires - que convém salientar.
O primeiro é o facto de cerca de quatro dezenas de adeptos do Sporting - vários deles igualmente sócios, ao que presumo - terem ousado invadir e destruir as instalações da Academia leonina, até há poucos anos considerada um centro de excelência máxima em matéria de formação no futebol. Estes indivíduos protagonizaram um "ataque bárbaro" (palavras da magistrada) a um local que devia ser uma espécie de santuário para toda a massa adepta. Ali cometeram-se crimes graves - e não foram provocados pelos habituais "inimigos do Sporting", mas por sportinguistas. Com imagens que voltaram a colocar a Academia literalmente nas bocas do mundo, desta vez não por motivos de excelência mas de indecência.
A partir deste acórdão, portanto, deixaremos de falar em "alegados crimes" relacionados com Alcochete: a palavra "alegados" cai com esta sentença condenatória. Houve mesmo ilícitos penais, agora punidos com penas diversas - incluindo nove casos de prisão efectiva.
Entre os que cumprirão pena de prisão inclui-se o líder histórico da Juventude Leonina que permaneceu cerca de duas décadas à cabeça desta claque. Que, de algum modo, fica assim simbolicamente decapitada. Não por capricho de comentadores ou arbítrio de jornalistas, mas por solene decisão judicial.
Além dos 41 arguidos que acabaram condenados em graus diversos, o acórdão determina ainda três absolvições, considerando que nas audiências de julgamento foi impossível fazer prova da suposta "autoria moral" dos crimes de Alcochete, invalidando a controversa tese inicial do Ministério Público. Neste reduzido número de arguidos agora absolvidos incluem-se o ex-presidente Bruno de Carvalho e o actual dirigente máximo da JL, Mustafá. Também aqui, como no resto, imperou o princípio que nunca deixámos de defender: acreditar na justiça. Por ser uma das traves mestras do sistema democrático que nos rege.
Numa longa entrevista ontem concedida ao Jornal das 8 da TVI, perante um interlocutor impreparado, timorato e gaguejante, o antigo presidente leonino admitiu a possibilidade de instaurar um processo por indemnização ao Estado português que pode chegar às instâncias jurídicas internacionais. É inteiramente livre de proceder assim, no exercício de um direito de cidadania, se considerar que não lhe foi feita justiça, o que não parece muito consentâneo com a absolvição que acaba de lhe ser decretada.
Entretanto, não deixa de ser irónico ver agora vários dos seus apoiantes mais indefectíveis - com a linguagem incendiária que todos lhes conhecemos, integrada no caldo de cultura que degenerou nos crimes de Alcochete - celebrarem nas redes sociais a "vitória da justiça" depois de andarem anos a alimentar teses conspiranóicas contra o poder judicial, que seria parte integrante de uma vasta operação universal destinada a derrubar aquele que continuam a venerar com cega idolatria.
Afinal não havia conspiração alguma: houve crimes, houve punições, houve absolvições, haverá recursos para outros patamares judiciais se assim for decidido por advogados e Ministério Público.
Prevaleceu a justiça. Confirmando assim que devemos acreditar nela. Não apenas quando nos é conveniente, mas em todas as circunstâncias. Antes, durante e depois.
Quem não acredita na justiça, não acredita na democracia. Já passou para o lado de lá ou nunca de lá saiu.
Desde a primeira hora que considerei uma vergonha todo o processo de rescisões. Na minha opinião, nenhum jogador pensou no clube e nos seus adeptos. Escolheram o seu dinheiro e as suas carreiras em detrimento da nossa paz, do nosso sossego, do nosso amor. Não pestanejaram quando nos desiludiram, não se importaram com milhares de crianças que os viram partir sem olhar para trás. Quem rescindiu procurou melhor, quem ficou teve medo de arriscar e quem voltou fê-lo porque não encontrou o que procurava. Para mim, foi isto. Simples e frio.
Que fique claro, quando os jogadores do Sporting decidiram rescindir o contrato, fizeram-no com o clube, não com o presidente, apesar de se terem servido de Bruno de Carvalho para o fazer.
Hoje a justiça mostrou que não tinham razão. Nem Carvalho e nem Jacinto, ambos funcionários do clube à data, foram condenados. O Sporting não teve, por isso, qualquer tipo de ligação ao acto que alguns energúmenos cometeram.
Como Sportinguista, esta absolvição ao antigo presidente é um alívio. É uma página negra que não foi escrita, apesar de muitos a ditarem.
VIVA O SPORTING
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