Um acaso o nosso encontro no Twitter, que veio a revelar que nem tudo é mau por ali, para além de palco de batalha de egos, clubismos, partidarites, outros "ismos" e outras "ites". Afinal, tinhamos mais em comum do que poderíamos imaginar, uma cumplicidade implícita que só quem estudou em Coimbra consegue entender. É noutra dimensão. Habituei-me a lê-lo. Possuidor de invulgares conhecimentos de voleibol, desporto "maldito" na nossa atmosfera desportiva, e com escrita magnífica que transcende a mera análise técnica do jogo mas salta com a vara da emoção para o plano em que vê os jogadores/jogadoras como individualidades, integrando-as numa figura de estilo quase inventada, a que eu chamaria de poética desportiva.
Adaptando a excelente expressão de Arnaldo Jabor* e que deu título a um livro, "Amor é prosa, sexo é poesia" , poderia afirmar com a certeza que não seria castigado com o Inferno que, para o Adrien S., "Amor é Sporting, Voleibol é poesia".
Falo do Sérgio Martins (SM/Adrien S.@AdrienS_1906 no Twitter), um sportinguista, a norte, daqueles de mão cheia que adora voleibol e conhece como poucos o vocabulário técnico-tático da modalidade e as equipas do Sporting, tendo uma capacidade de análise ao jogo e aos jogadores que até nos faz acreditar que percebemos da coisa.
Julgo que, à semelhança do Tiago @tigas68, com um blogue sobre as Modalidades a que já aludi em recente post, o Sérgio Martins é uma mais valia que justificava ter um palco maior, apesar de ser bastante conhecido na blogoesfera leonina. Ele escreve na Tasca do Cherba, como se anuncia na página: "*às terças, o Adrien S. puxa a bola bem alto e prega-lhe uma sapatada para ponto directo (ou, se preferires, é a crónica semanal sobre o nosso Voleibol)", e aqui deixo o seu mais recente "serviço" para melhor perceberem do que falo http://atascadocherba.com/2020/08/18/bonito-servico-expetativas-voleibol-masculino/ . Algo bem feito e que merece realce!
A política de comunicação do Sporting e a respetiva expressão mediática na comunicação social, escrita e falada, nada teria a perder se os seus responsáveis, com espírito aberto e plural percebessem que há fora da órbita habitual lisboeta, valor e conhecimento de muitos voluntários (pro bono até) que poderia ser útil disponibilizar aos sportinguistas, sobretudo nas modalidades pois de futebol todos somos catedráticos. Quem tem critérios seletivos na informação que lê e acompanha as redes sociais sabe a que me refiro. E quer o Jornal do Sporting quer a Sporting TV têm lacunas que poderiam ser corrigidas aqui e ali, com melhorias significativas do seu produto e maior satisfação dos sportinguistas se fossem guiadas por mais e melhor informação e também opinião. Estes órgãos de comunicação do clube devem obedecer ao prpósito de informar e unir-nos ao clube.
Unir não pode ser palavra vã. Unir não é estarmos todos juntos na mesma bancada, ou todos com o presidente ou com uma claque ou seja lá com o que for que domina as nossas angústias diárias. Unir é criar identificação com os nossos valores, é fortalecer o nosso ecletismo, é retribuir com esforço o que os sócios e adeptos dão ao clube com dedicação e devoção, é honrar a nossa divisa. O que muitos fazem por esse país fora, diariamente, e muitas vezes sem reciprocidade de quem, na 1ª linha, tinha essa obrigação. Um dia chegaremos lá.
Mas voltemos ao Sérgio e não batamos mais no ceguinho. Não o conheço pessoalmente mas é-me muito gratificante a sua amizade virtual pois permitiu enriquecer o meu conhecimento sobre voleibol, sobre a qualidade técnica de jogadores e jogadoras do Sporting mas também quanto à capacidade competitiva das nossas equipas, em suma o meu sportinguismo. E depois, bem, depois há aquela cumplicidade Briosa, que se nos entranhou sem estranhar, um negro a debruar o verde profundo das nossas almas e corações.
Obrigado Sérgio
* (jornalista, comentador, escritor e cineasta brasileiro: "Toda nudez será castigada", diz alguma coisa?)
Pelos vistos, o treinador pelo qual o Sporting (ainda não) pagou dez milhões de euros mais juros é daqueles que só sabem trabalhar com um grupo restrito de jogadores. Será por isso que não quer o Adrien (o tipo de jogador que faz falta no balneário do Sporting)? Será por medo de que lhe faça sombra? Eu não gosto de treinadores com medo de jogadores.
Li com alguma curiosidade a entrevista de Adrien. À medida que ia lendo, percebi uma coisa tão simples quanto isto: o Sporting, hoje, não é um clube apetecível, os jogadores que de certa forma marcaram uma época em Alvalade não sentem mais do que uma mera recordação desses tempos, preferindo olhar mais para os treinadores que comandam as equipas do que para o nome do clube. O Sporting, para o jogador de futebol, perdeu a mística, perdeu a referência, não passa de um clube cheio de problemas, onde ninguém se entende, onde não dá vontade de jogar. Hoje, renova-se com o jogador, amanhã já se dispensa e está no mercado. Hoje, conta-se com ele para a próxima época, na próxima semana já se procura alguém para esse lugar. Instabilidade constante. Nesta conjuntura, com estes dirigentes, como podem aparecer jogadores à Sporting? Impossível.
Confesso, estou chocado. Adrien Silva escolheu o jornal "A Bola", conhecido por ser próximo dos adeptos encarnados, para dizer que estabeleceu contactos para regressar ao Sporting Clube de Portugal e que Frederico Varandas e Rúben Amorim lhe fecharam a porta na cara. Não o quiseram. Mas diz pior e oferece-se completamente ao SLB e a Jorge Jesus. Isto vindo de um ex-capitão do clube, formado em Alcochete, internacional e campeão europeu enquanto jogava em Alvalade, é o quê? Alta traição? É a realidade. E temos que reagir e procurar que no futuro outros não repitam o que Adrien fez hoje.
Não encontro palavras para definir esta atitude de Adrien, mesmo sendo um profissional de futebol. E também aproveito para perguntar: este 'defeso' será para ver os nossos rivais históricos e as outras equipas fortes da liga fazerem contratações explosivas enquanto nós discutimos questões menores, laterais e olhamos para o infinito? O Sporting precisa de um rumo, de estratégia e de arregaçar as mangas!
Este jogo com o Santa Clara demonstra que precisamos de um avançado que seja aquilo que Sporar não consegue ser e Pedro Mendes precisaria de um tirocínio numa equipa de meio da tabela para conseguir vir a ser. A este último, recomendaria um regresso às origens, num ano de empréstimo ao Moreirense, levando consigo, nas mesmas condições, Tomás Silva, com quem formou uma excelente dupla no arranque dos sub-23.
O sonho seria Zlatan Ibrahimovic (sonhar não custa) mas na nossa realidade triste já não espero melhor do que um "anjo caído" como Balotelli ou então um veterano como o retornado Slimani ou o emblemático Eder. Mais lúdico do que isso só forçar o miserável Rafael Leão a resolver o imbróglio da indemnização com uns bons anos de trabalhos forçados a marcar golos... Ou, lá está, convencer o empresário que mais lucrou com o ataque a Alcochete a convencer o AC Milan a pagar dois anos de salários ao astro sueco para seguir as pisadas de Schmeichel numa reforma gloriosa em Alvalade.
No meio-campo, como Palhinha aparenta ter a guia de marcha carimbada – juntando-se a Matheus Pereira, Demiral ou Domingos Duarte entre os escorraçados –, há que ter alguém capaz de ser o que Idrissa, Matheus e Battaglia não são: um muro dinâmico que faça acontecer e impeça que aconteça. Adrien Silva? Não sei se não será demasiado tarde, embora seja um jogador admirável. Sonho impossível? Eric Dier, mesmo que por empréstimo com ou sem opção de compra. Solução plausível? Não vender Palhinha ou apostar todas as fichas em Daniel Bragança.
E ainda mais um extremo. Ou uma oportunidade de “scouting” do género Gonzalo Plata ou então o regresso de Nani ou de Wilson Eduardo, para juntar experiência à miudagem.
São os casos mais gritantes, mas outras trocas haveria para fazer: Beto Pimparel por Renan, um objectivo lateral não identificado (não digo que não ao espanhol Pedro Porro, ainda que seja ciência que desconheça...) por Rosier (fazendo o francês rodar em França e evitando dar meia-dúzia de milhões por Ricardo Esgaio depois de o termos oferecido ao Braga), em vez do marroquino sevilhano Feddal já apalavrado talvez José Fonte ou Marcos Rojo para apadrinharem o crescimento de Gonçalo Inácio ou o regresso de Ivanildo Fernandes, a contratação de Gonda do Portimonense ou o regresso de Lumor em caso de saída de Acuña (sendo a aposta em Nuno Mendes tão assumida quanto a feita em Eduardo Quaresma), Kraev como alternativa a Wendel se este sair ou Francisco Geraldes desistir de lutar, e a reintegração de Gelson Dala no plantel.
Qualquer coisa como isto:
Luís Maximiano, Beto Pimpapel e Diogo Sousa (B e/ou sub-23)
«Fui campeão em todos os escalões da formação e, no meu espelho de objectivos, tinha também o de ser campeão pelo Sporting. Infelizmente, ficou por concretizar. Mas estou de consciência tranquila.»
«Dei tudo o que tinha ao Sporting, mas não me custa admitir que o facto de nunca ter ganhado o título é uma espinha encravada. Ainda para mais quando estivemos tão, tão perto de o conseguir.»
«Sinto-me triste pelo momento que o Sporting vive actualmente. Numa nova fase de reconstrução. Caiu por água abaixo tudo o que tinha sido feito de bom antes. O Sporting tinha conseguido criar uma equipa muito competitiva, uma estrutura capaz de dar continuidade. Infelizmente, desmoronou-se tudo após os acontecimentos de Alcochete. É preciso reconstruir tudo e isso não se faz de uma época para a outra. Acredito que as pessoas que estão à frente do Sporting são competentes. Mas precisam de tempo.»
Adrien, em entrevista à edição de ontem do Record conduzida pelo jornalista Alexandre Carvalho
A SAD do Sporting, segundo notícias credíveis, está apostada em trazer de regresso a Alvalade pelo menos dois deste grupo de cinco jogadores: Adrien, Cédric, João Mário, Miguel Veloso e Slimani. Três dos quais, como sabemos, são campeões europeus em título.
Gostava de saber o que pensam destes eventuais regressos.
Há um ano, demos cinco secos ao Guimarães no estádio que tem o nome do nosso primeiro Rei. Desta vez saímos de lá com uma derrota tangencial.
Qual foi a diferença?
Para mim, explica-se com cinco nomes: Adrien, Battaglia, Coates, Coentrão e Gelson Martins. Foram titulares na época passada e agora não contámos com nenhum deles - um por castigo, outro por lesão, os restantes por já não integrarem o plantel leonino.
Como dizia o saudoso Otto Glória, que chegou a ser campeão pelo Sporting, «sem ovos não se fazem omeletes». É bem verdade.
A partida disputava-se em Saransk, na Mordóvia, região russa que Gerard Depardieu escolheu para residir, trocando o imposto para ricos em França (75%) por uns meros 13%.
Fernando Santos é um homem justo, um meritocrata e, por isso, lançou Quaresma e André Silva de início, em detrimento de Bernardo e Guedes que têm passado ao lado deste Mundial. Portugal começou bem, a circular a bola com rapidez. Ronaldo lançou-se em velocidade entre três adversários e rematou com perigo. Pouco tempo depois, João Mário mostrou que a sua relação com o golo é semelhante à que um gato tem com a água.
Após esta entrada forte, o jogo tornou-se previsível. A equipa lusa voltou à lentidão de processos a meio campo que nos vem habituando. A excepção era Adrien, que ia ligando os sectores e criando alguma dinâmica. Numa dessas acções tabelou magistralmente, de calcanhar, com Quaresma e a defesa iraniana estendeu o tapete (persa) para a trivela do Mustang. Bola no ângulo superior esquerdo. Um golo magistral!
Na segunda parte, Portugal regressou a dominar as operações mas com pouca profundidade no seu jogo. Após uma penetração na área de Ronaldo, o VAR entrou em cena pela primeira vez. Penálti! Cristiano partiu para a bola e, para espanto de todos, mostrou que é humano. Aliás, o craque português não esteve feliz no jogo como se lhe faltasse uma concorrência do outro lado que o motivasse para ir mais longe.
Os iranianos nunca baixaram os braços, mas infelizmente Ronaldo e Cedric também não. Penso que o árbitro "trocou as voltas": à primeira, salvamo-nos de perder o nosso capitão e melhor jogador (segunda decisão do VAR); à segunda, penálti, forçado, contra (terceira decisão do VAR) e golo do Irão. Festa breve dos persas pois, quase em simultâneo, a Espanha empataria contra Marrocos, voltando a pôr os os pupilos de Queiroz fora do Mundial. Nos últimos minutos, os iranianos ainda podiam ter ganho mas o remate acertou na malha...lateral, apurando-se assim os portugueses para os oitavos-de-final, onde defrontarão o Uruguai, Sábado, em Sochi, no Mar Negro.
Em conferência de imprensa, Carlos Queiroz mostrou ainda haver sequelas do episódio "perguntem ao Queiroz", da África do Sul. Queixou-se de que só 3 jogadores portugueses o cumprimentaram e usou mil e uma vezes, numa longa narrativa, a expressão "elbow", referindo-se ao lance que envolveu Cristiano Ronaldo. A mim, soou-me a dor de cotovelo...
Adrien e Pepe foram os nossos melhores jogadores. Ricardo Quaresma foi o génio da lâmpada que soltou a magia esta noite na Mordóvia. Os restantes não deslumbraram, embora se registe a melhoria de Raphael Guerreiro. As entradas de Bernardo e de Moutinho foram mais para arrefecer o jogo. Guedes mal aqueceu, sequer.
À segunda foi de vez. O nosso capitão Adrien Silva esteve quase para abandonar Alvalade rumo ao futebol inglês no início da época anterior. Acabou, no entanto, por permanecer no Sporting - seu clube de sempre, seu clube do coração. Desta vez a vontade de experimentar outros campeonatos, conhecer novas realidades e ousar travar novos desafios acabou por ser mais forte. E lá rumou ele ao Leicester, efémero campeão inglês da temporada anterior, que andava há muito tempo a seduzi-lo.
Despediu-se da forma que já esperávamos: com elevação, cavalheirismo e galhardia. E também com lágrimas, como ficou registado em Alvalade, a 2 de Outubro. E com um golo - marcado no campeonato português a 19 de Agosto na nossa goleada perante o V. Guimarães no estádio D. Afonso Henriques. Um golo que o habilitará ao título de campeão português caso o Sporting - como todos esperamos - recupere em Maio o ceptro que lhe vai fugindo desde 2002. Ainda no campeonato, foi para A Bola o melhor em campo no Sporting-V. Setúbal.
Nascido em França, de mãe francesa e pai português, Adrien iniciou a carreira futebolística nas escolas infantis do Bordéus. Quando a família Silva regressou a Portugal, transferindo-se para Arcos de Valdevez, o pequeno futebolista começou a jogar no Paçô, numa altura em que ainda dominava com dificuldade o nosso idioma, e a partir dos 13 anos esteve ligado à formação de excelência de Alvalade.
Um lamentável atraso de 14 segundos na sua inscrição no Leicester levou a Liga inglesa a mantê-lo inactivo nestes quatro meses entretanto decorridos. Mas o ano começa com uma boa notícia: Adrien está de volta aos relvados. Já alinhou pelo Leicester.
Todos esperamos que a sua época desportiva seja um sucesso. E todos queremos vê-lo um dia de regresso às nossas cores.
Leio que o Leicester falhou o registo da "inscrição de Adrien Silva devido a um atraso de 14 segundos relativamente ao fecho da janela de transferências, à meia-noite de 31 de agosto. Recorde-se que os 'foxes' pediram à Premier League uma extensão de duas horas para fechar a contratação do médio do Sporting, uma vez que a mesma estaria dependente da venda de Danny Drinkwater para o Chelsea."
Ou seja, por causa do «Bebe-Água» Adrien não foi inscrito a tempo no Leicester.
A primeira imagem que tenho de Adrien Silva é vê-lo a marcar um grande golo ao Hertha de Berlim, num jogo a contar para a Liga Europa. Usava a camisola 6 e fez um disparo do “meio da rua” que deu a vitória por 1-0. Estávamos em outubro de 2009/2010 e o médio tinha 21 anos. Vem isto a propósito do adeus do até aqui capitão. A FIFA ainda não confirmou mas o Sporting não o inscreveu na Liga dos Campeões e Adrien, no limite, treinará com o Leicester até janeiro.
Nascido em França, filho de mãe francesa e pai português, Adrien começou a jogar nas camadas jovens do Bordéus. Uma oferta de trabalho irrecusável fez a família Silva mudar-se para Arcos de Valdevez. Adrien começou a jogar no Paçô, quando ainda mal falava português e aos 13 anos começou a sua história de 15 no Sporting. Fez mais de 230 partidas pelo Sporting e só “quebrou a sua ligação” para fazer oito jogos pelo Maccabi Haifa (foi campeão) e época e meia na Académica (venceu uma Taça ao Sporting). Leva a mágoa de não ter sido campeão em Portugal mas venceu duas Taças de Portugal e três Supertaças e ajudou a conquistar o Euro 2016 ao lado de amigos de sempre da Academia do Sporting como Patrício, Cédric, William ou João Mário.
Em agosto de 2016, prestou declarações a O Jogo manifestando vontade de sair. A escolha do meio, do timing e da mensagem, tão pública, não caiu bem mas acabou por ficar e pela sua qualidade e profissionalismo, voltou a ganhar o respeito dos sportinguistas. Hoje todos lhe desejaram sorte. Vai para um clube que viveu recentemente um conto de fadas mas que não estará à altura da sua qualidade, mas uma vez estando na Premier, já se sabe que dinheiro não é problema se Chelsea, City, United ou Liverpool olharem para ele. Boa sorte capitão!
Desta vez não é apenas "tag", foram promovidos, a palavra e a actividade.
Calhou ver o jornal da SIC às 20 horas de ontem e fiquei a saber que vai ser complicado o negócio Adrien (que preocupado que eu fiquei). Até trouxeram à baila o affair Djaló ( o verdadeiro ), com os célebres 4 minutos para além da meia-noite e a borregagem da transferência. Fiquei também a saber que um senhor bêbado (isso eles não dissseram, mas os fans fartam-se de o afirmar, portanto quem sou eu...), inglês dono de um clube daqueles do fundo da tabela, vai processar o director de comunicação do Sporting, só porque o pobre do Saraiva lhe chamou, com todas as letras, aldrabão. Gostava de ver um fac-simile - linguagem de jornalismo, aprendam seus "babacas" cultores do lixo - da proposta que afirmam ter feito por William, mas parece que isso a SIC não conseguiu. Nem a SIC nem o inglês bêbado, ao que parece...
Mas adiante, esta foi uma "peça" (peço desculpa) com largos minutos e cuidava eu que, com tanta informação importante, lá acabaria, nem que fosse em nota de rodapé, por falar-se dos saldos no Benfica. Vocês sabem, o Gluglu que poderia ter ido para a China por 45 milhões de Euros e que acabou, pela mão de Vieira e Mendes, por ir para Marselha por apenas um terço desse valor, 15 milhões, mas moita! Nem um pio.
E eis como a SIC se preocupa com e preoriza os assuntos.
O sorteio da Champions League ditou que tenhamos de jogar contra Barcelona, Juventus e Olympiacos.
Deprimido? Nada. Eu penso que, em vez de uma ameaça, temos aqui uma oportunidade de afirmação do Sporting, como enorme clube que é, no sentido de fazer cumprir o ancestral lema de José de Alvalade de sermos "tão grandes como os maiores da Europa".
Aquilo que vamos necessitar é de uma preparação mental específica para estes desafios.
Jesus tem aqui uma possibilidade de mostrar ao mundo a qualidade da sua liderança.
Vamos por partes: os treinadores habitualmente preparam os jogos a explicar "o que fazer" (estratégia/modelo de jogo) e "como fazer" (nuances tácticas). Eu julgo que estes jogos têm de começar a ser ganhos na componente mental. Mais do que "o que" ou "como", o que cria elo emocional nos jogadores (e até nos adeptos) é o "porquê".
Porque é que jogamos no Sporting, porque é que estamos na Champions, porque é que precisamos ultrapassar estes obstáculos (adversários) são as questões que Jesus tem de ter na sua cabeça resolvidas para, então, as expôr aos jogadores, a fim de galvanizá-los.
Porque é que, entre tantos pregadores na sua época, Martin Luther King evidenciou-se? Porque em vez de se focar no ódio racial como outros ("o que") ou nas formas de luta ("como"), o Dr. King afirmou ao mundo que tinha um sonho, um sonho de um mundo melhor, onde brancos e pretos coexistissem em igualdade de oportunidades.
Os irmãos Wright eram uns modestos donos de uma loja de bicicletas. Paralelamente, Samuel Pierpont Langley tinha um contrato de 50.000 usd, uma fortuna nesse tempo, dados pelo Departamento de Defesa americano para construir uma máquina voadora, um avião. Era seguido pelo New York Times, que lhe garantia cobertura mediática. Mas, a Langley faltava a razão ("o porquê"), ou por outro, o seu objectivo era ficar conhecido como o primeiro homem a voar, o que não foi suficientemente inspirador. Os irmãos Wright, por outro lado, não tinham cursos superiores, não tinham financiamento, mas possuiam um sonho, uma causa, um objectivo, o de mudar o mundo e, com essa premissa, conquistaram o coração das pessoas e conseguiram os meios necessários para serem os primeiros a voar. Samuel Langley, quando soube das noticias, desistiu, a sua paixão não era voar, era o reconhecimento que isso lhe daria.
O nosso cérebro tem 3 níveis: o nível da linguagem, o dos sentimentos e o do comportamento. É este último, o mais profundo, que importa estimular.
Jorge Jesus nada tem a perder e tudo tem a ganhar. Mas, não pode começar com o discurso de que já cumprimos o objectivo. Isso é óbvio e, como tal, trazê-lo a público só vai ajudar a desresponsabilizar os jogadores, a retirar-lhes a ambição.
O nosso treinador tem de encontrar um argumentário, uma narrativa de clube, ideais, ambições que empolgue os jogadores.
A história do Sporting é feita de desencontros com a própria...história. Se não, vejamos: quando em oito anos, ganhámos 7 campeonatos nacionais e tinhamos uma equipa quase imbatível não havia Champions, nem Taça dos Clubes Campeões Europeus. O Sporting, na época, realizou uma série de jogos particulares contra algumas das melhores equipas europeias e mundiais e saiu vencedor da maioria, constituindo-se como uma potência europeia. Assim, desse tempo destacam-se a vítória em Madrid, frente ao Atlético, por 6-3 com 6 golos de "Necas" (Jesus Correia), o triunfo por 8-2 face aos campeões suecos do Norrkoping, de Nordahl e Liedholm, que mais tarde constituiriam o famoso trio avançado Gre-no-li, com Gunnar Gren, no AC Milan, equipa italiana essa com que perderíamos uma Taça Latina, por 3-4 e após prolongamento, vencendo depois na mesma competição os campeões espanhóis do Valência por 4-1 (!), 4-1 ao Anderlecht, 8-2 ao Lille e 3-2 ao Vasco da Gama, de Barbosa e Friaça (melhor marcador), titulares no Mundial de 50, onde o Brasil foi finalista vencido.
Ir ao encontro da história é um desígnio. Vencer a Champions é, diria, impossível, surpreender pela positiva a Europa, superando a fase de grupos, acho realizável. Será, certamente, muito difícil, mas a vida é feita de evolução, de superação, de conquista sobre nós próprios, de acreditar.
Por outro lado, que jogador não se quer medir com homens como Messi, Iniesta, Suarez, Piqué, Vidal, Higuain, Dybala, Buffon e mostrar o seu valor?
A "revanche" da infelicidade vivida, no ano passado, no Barnabéu também pode ser uma causa a apelar aos jogadores. Quem não se quer vingar daquela noite de infortúnio?
Somos, em conjunto com os sérvios do Partizan de Belgrado, o clube que estreou a Champions (na sua versão antiga). Um nosso avançado, Martins, marcou o primeiro golo na competição. Temos aí uma história para partilhar com o plantel.
O nosso símbolo é o de um leão rampante, um felino de pé, não no chão ou de joelhos, de pé! Jesus e os nossos jogadores, herdeiros de uma saga fantástica, erguei bem alto o nome do nosso Sporting. A história aguarda por Vós!
P.S. Ao nosso grande capitão, Adrien Silva, gostaria de recordar este belo poema de William Henley, um texto que inspirou Mandela na prisão e que este entregou ao capitão sul-africano de rugby, François Pienaar, antes da gloriosa vitória da África do Sul sobre a Nova Zelândia de Lomu, na final do Campeonato do Mundo de 1995. Chama-se INVICTUS:
"Do fundo desta noite que persiste
a me envolver em breu - eterno e espesso,
a qualquer Deus - se algum acaso existe,
por minha alma insubjugável agradeço.
Nas garras do destino e seus estragos,
sob os golpes que o acaso atira e acerta,
nunca me lamentei - e ainda trago
minha cabeça - embora em sangue, ainda erecta.
Além deste oceano de lamúria,
somente o horror das trevas se divisa;
porém, o tempo a consumir-se em fúria
não me amedronta, nem me martiriza.
Por ser estreita a fenda eu não declino,
nem por pesada a mão que o mundo espalma;
eu sou o mestre do meu destino
eu sou o capitão da minha alma."
Adrien, grande capitão do nosso Sporting, herdeiro de uma gesta magnífica, porta-estandarte da alma indomável do leão, em ti (e em Jesus) deposito a esmeralda fé de que esta época finde em glória.
Adrien, tu nunca viras a cara à luta, nunca te escondes, nunca te negas. Cais, como todos nós, humanos (não gostei daquele episódio de Agosto transacto), mas ergues-te com a obstinação de quem tem uma tarefa para cumprir. E tu tens! Em todas as ameaças há uma oportunidade. O teu desígnio, o teu destino é não faltares ao encontro com aHistória, não seres uma nota de rodapé, mas sim capa e prefácio de uma epopeia centenária, onde poderás constar como herói e grande capitão da alma leonina. Eu conto contigo! Nós acreditamos!
(*) inspirado num Ted Talk, de Simon Sinek
{ Blogue fundado em 2012. }
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