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És a nossa Fé!

Quente & frio: especial Arsenal

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Ramsdale voa sem sucesso, minuto 62: Pedro Gonçalves marcava ao Arsenal num disparo de 48 metros

Foto: Vince Mignott / EPA

 

Quente

A nossa brilhante prestação em Londres, contra o Arsenal. Seguimos em frente, rumo aos quartos-de-final da Liga Europa. Num emocionante desempate por penáltis, com 1-1 após o tempo regulamentar, seguido de meia hora alucinante que manteve o resultado dos 90 minutos. Na sequência, por sua vez, do empate 2-2 em Alvalade. E beneficando das novas regras da UEFA, em que os golos marcados fora de casa deixam de valer a dobrar. Houve estrelinha? Sim. Mas, acima de tudo, houve muito mérito.

Esta sensação de orgulho. Derrubámos o Arsenal, hoje a melhor equipa do melhor campeonato do mundo. Uma equipa com mais de mil milhões de euros no seu orçamento para o futebol, que lidera a Premier League e está cheia de estrelas: Oregaard, Trossard, Jorginho, Gabriel Jesus, Martinelli, Xhaka, Ben White, Zinchenko, Saka, Gabriel Magalhães e o ex-portista Fábio Vieira. Sem nunca tremermos perante os pergaminhos dos gunners.

Os penáltis. Quem diz que os nossos vacilam nos momentos culminantes? Caramba, jamais poderão repetir tal frase após a impecável ronda dos penáltis - a que alguns chamam "lotaria", mas que eu insisto em chamar competência - com todos os jogadores leoninos a converterem, cumprindo a ascensão à glória no estádio Emirates. Aqui ficam os nomes deles, pela ordem de marcação: St. Juste, Esgaio, Gonçalo Inácio, Arthur e Nuno Santos. Quando o nosso ala esquerdo a meteu lá dentro, houve uma explosão de alegria: milhões de nós, em todo o mundo, celebrámos nesse omento. 5-3 nos pontapés de penálti.

Adán. Gigante na baliza. Fez aquilo que para muitos seria tarefa impossível: várias defesas monstruosas, impedindo a vitória do Arsenal. Destaco as suas intervenções aos 30' (Gabriel Jesus), 79' (Fábio Vieira), 90'+7 (Trossard, num desvio para o poste) e 117' (Gabriel Magalhães). Mesmo no golo sofrido de recarga por Xhaka, aos 19', faz inicialmente uma defesa enorme. E é ele o autor de uma quase-assistência, num passe vertical a partir da baliza, no lance do nosso golo. Cereja em cima do bolo: defendeu um dos quatro penáltis finais, travando o remate de Martinelli. Um herói.

Pedro Gonçalves. Aconteceu com ele frente aos gunners o que tantas vezes lhe sucede: parecia alheado do jogo, algo escondido, pouco interventivo. Não lhe peçam para correr atrás da bola: ele funciona sobretudo com ela no pé. Aconteceu aos 62': pegou nela logo após a linha do meio-campo, ainda dentro do círculo central, e quase sem balanço, a 48 metros de distância, desferiu um remate mortal para as redes anfitriãs, num magnífico chapéu ao guarda-redes Ramsdale. Golaço de fazer abrir a boca, conforme as imagens documentam, e até valeu aplausos de alguns adeptos adversários. Um golo que disparou a quotação do nosso melhor artilheiro e o projecta como sério candidato a ingressar nas fileiras da Premier League a partir da próxima temporada. Desde já o mais belo golo do ano. Obra-prima do futebol.

Ugarte. Baluarte nas recuperações. Foram em série: aos 28', 52', 53'', 58', 81' (duas), 99'. Mesmo sem ter por perto o seu parceiro Morita, ausente por castigo. Há quem lhe chame o novo Palhinha, há até já quem o considere superior a Palhinha. Uma coisa é certa: com a mesma idade, Palhinha não fazia ainda o que ele hoje faz. Médio defensivo com superior qualidade técnica e insuperável entrega ao jogo.

Defesa. Enfim, solucionados os problemas no nosso reduto defensivo. Com dois jogadores destros que puseram fim ao domínio de canhotos: St. Juste e Diomande. Magníficos desempenhos no estádio londrino, ambos grandes obreiros deste empate transformado em vitória. O holandês, veloz nas movimentações e muito útil nos cortes e recuperações - além de ter sido o primeiro a converter a decisiva série de penáltis finais. O marfinense, muito seguro e com inacreditável maturidade do alto do seu 1,92m, fez de Coates sem tremer e salvou um golo aos 118' já com Adán batido. Caloroso aplauso para ambos.

Aposta na juventude. Nunca fomos tão longe com jogadores tão jovens. Eis a prova, olhando para os 16 que participaram nesta partida épica: Diomande (19 anos), Gonçalo Inácio (21), Ugarte (21), Chermiti (18), Dário (18) e Tanlongo (19). Além de outros que estão longe de ser veteranos, como Trincão (23 anos), Pedro Gonçalves (24), Edwards (24), Arthur (24) e St. Juste (26). Lugar aos novos neste Sporting 2022/2023.

Aposta na formação. É mito? De forma alguma. Voltou a comprovar-se neste enorme desafio de anteontem, quinta-feira. Terminámos com quatro elementos formados na Academia leonina: Gonçalo Inácio, Esgaio, Dário e Chermiti. Venham mais.

Árbitro. Boa actuação do juiz da partida, o espanhol Mateu Lahoz. Devia servir de exemplo aos apitadores portugueses: deixou jogar, não interrompeu o tempo todo, não tentou ser ele o protagonista, ignora as fitas de quem adora mergulhar para a relva simulando falta, percebe que o futebol é desporto de intenso contacto físico. Valorizou o espectáculo.

Adeptos. Excelente "moldura humana" nas bancadas do Arsenal: quase 60 mil pessoas. Com natural destaque para cerca de quatro mil adeptos do Sporting, que souberam puxar pela equipa o tempo todo, incluindo nos 43 minutos (entre os 19' e os 62') em que estivemos a perder. 

Gratidão. Pedro Porro passou de manhã pelo hotel onde a nossa equipa esteve alojada, distribuindo abraços e palavras de incentivo. João Palhinha e Cédric Soares assistiram à partida nas bancadas. Não esquecem o clube que os projectou e valorizou. A gratidão é uma das maiores virtudes.

Rúben Amorim. O nosso treinador merece especial realce. Por estar a formar uma equipa em crescendo, que vem superando obstáculos após um período menos feliz. Por estar a indicar reforços que merecem mesmo receber este rótulo. Por ter introduzido alterações pontuais ao seu sistema táctico de raiz que foram muito bem-sucedidas nos 210' de futebol jogado contra o Arsenal. Por confiar no seu onze ao ponto de só ter feito agora a primeira substituição (troca de Paulinho por Chermiti) ao minuto 89, quando o técnico dos gunners já fizera as cinco alterações regulamentares. E pela sua inegável competência, que o põe no mapa europeu dos futuros técnicos da Premier League após quatro partidas sem derrotas contra clubes ingleses nesta temporada: uma vitória (Tottenham) e três empates (Tottenham e dois frente ao Arsenal). Merece este destaque. É o melhor técnico leonino em muitas décadas.

 

Morno

Esgaio. Esteve no pior, ao perder a bola e colocando em jogo Martinelli no lance do golo que sofremos, mas redimiu-se depois disso com um passe fabuloso para Edwards, aos 62', autêntica assistência para golo, infelizmente falhado. E sobretudo ao assumir protagonismo nos penáltis finais: converteu o segundo, de modo irrepreensível. E cerrou o punho, com determinação. Também obreiro desta passagem aos quartos da Liga Europa.

Trincão. Boa primeira parte: é dele a primeira oportunidade de golo do encontro, aos 13', num remate cruzado ao poste direito de Ramsdale. Sacou um amarelo a Xhaka (45'+2). Apagou-se durante o quarto de hora inicial da segunda parte, mas tem intervenção no golo. Balanço: pode e deve fazer melhor. Continua intermitente.

Edwards. Noite de desperdício para o avançado inglês, que regressou ao futebol da cidade onde nasceu e se formou para o desporto mais apaixonante do planeta. Estava escrito, porém, que esta não seria a sua noite de glória. Esteve quase a acontecer, mas Edwards, isolado por Esgaio aos 72', conseguiu acertar na cara do guarda-redes, como se a baliza tivesse subitamente encolhido. Convém referir, no entanto, que trabalhou e batalhou muito.

Dário. O mais jovem em campo. Ter-se-á deslumbrado quando entrou, aos 94', para substituir um exausto Pedro Gonçalves? É bem possível. Três minutos depois, foi protagonista pela negativa, entregando a bola em zona proibida - o que só por centímetros não proporcionou golo a Trossard. Único deslize seu digno de nota naquele electrizante prolongamento, mas esteve quase a ser-nos fatal.

Dinheiro da UEFA. A SAD leonina recebe 1,8 milhões de euros nesta passagem à fase seguinte da Liga Europa. Melhor que nada, obviamente. Mas a uma distância enorme dos valores que se praticam na Liga dos Campeões.

 

Frio

Sem Ugarte nos quartos-de-final. Não poderemos contar com o talentoso médio uruguaio no próximo confronto, já em Abril, frente à Juventus. Expulso por acumulação de amarelos mesmo no fim da partida, aos 118', num lance em que até arriscou o vermelho directo. Será uma baixa relevante: nada fácil de substituir.

Tochas. Voltaram a marcar presença, lamentavelmente. Momentos antes do apito inicial e logo após o nosso golo do empate. Por mais que se repitam os sérios avisos da UEFA, por mais que se renovem os apelos da Direcção leonina, por mais que vão pesando as multas, estes energúmenos continuam apostados em associar o Sporting à imagem de um clube desordeiro, incapaz de respeitar as normas. Nada a ver com os valores leoninos.

Letais. Passaram toda a semana a mandar farpas envenenadas ao treinador nas redes ditas sociais, nos seus blogues de estimação e até em algumas caixas de comentários do És a Nossa Fé. Zurzindo Rúben Amorim por causa de Fatawu, reforço do Sporting nesta temporada 2022/2023 que não chegou a ser utilizado no desafio da primeira mão frente ao Arsenal. Eles estão-se marimbando para o miúdo ganês. Só fazem questão em inventar motivos para cumprirem o seu lema: Letais ao Sporting.

Pódio: Adán, Pedro Gonçalves, Ugarte

Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Arsenal-Sporting, da Liga Europa, pelos três diários desportivos:

 

Adán: 24

Pedro Gonçalves: 24

Ugarte: 20

Diomande: 20

Gonçalo Inácio: 19

St. Juste: 19

Matheus Reis: 17

Edwards: 17

Esgaio: 17

Paulinho: 16

Trincão: 16

Nuno Santos: 14

Chermiti: 14

Dário: 11

Arthur: 7

Tanlongo: 1

 

Os três jornais elegeram Adán como melhor em campo.

Mais um dia no escritório

Era assim que os gunners pensavam que iria correr o jogo de ontem. De tal forma que o treinador dos gajos até fez uma pequena gestão do plantel, deixando de fora dois ou três dos habituais titulares.

A coisa correu-lhes mal desde o início do jogo e nos primeiros 15 minutos apenas cheiraram a bola, tal o domínio dos nossos rapazes.

A partir daí conseguiram equilibrar até ao intervalo, tendo aproveitado um (co)lapso de Esgaio, mais um, para marcar um golo que nada fizeram por merecer. Logo ali me ocorreu que a coisa se resolveria nos penaltis, vá-se lá saber porquê. Também me poderia ter ocorrido os números do Euromilhões, mas saiu-me por assim dizer a terminação, o que dado o resultado, não deixou de ser uma premonição de luxo.

A segunda parte foi uma lição de como jogar bem à bola contra um adversário que já tinha acordado e já se tinha apercebido que pela frente tinha um conjunto coeso, disciplinado tacticamente e muito motivado.

Depois o meu homónimo decidiu criar um conflito com o colega Nuno Santos e roubou-lhe a possibilidade de vencer o prémio Puskas, assinando um quadro a óleo sobre tela, com assinatura reconhecida, digno de figurar no Tate Britain. Um golaço de meio-campo mesmo na gaveta, o golo de uma vida.

A segunda parte foi toda do Sporting, que não resolveu o jogo por manifesta falta de jeito de Edwards e também de competência do redes contrário, que lhe roubou o golo com uma (pega) defesa de cara(s).

No prolongamento a coisa pendeu mais para o lado dos ingleses, mas na baliza esteve um Adán enorme que defendeu tudo e quando ela, a bola, lhe passou ao lado, contou com a prestimosa ajuda de um puto que há pouco mais de um mês estava a jogar aqui ao lado em Mafra, na segunda liga e que foi um esteio no centro da defesa.

Nos penaltis, sem os habituais marcadores em campo, os cinco que foram chamados, Ste Juste, Esgaio (que não se deixou influenciar pelo lapso do golo do Arsenal e acabou fazendo um belo jogo), Inácio, Arthur e Nuno Santos, foram irrepreensíveis e Adán redimiu-se de algumas exibições menos conseguidas e deu-lhe para agarrar o quarto remate dos ingleses.

Se há coisas perfeitas, ontem a exibição do Sporting chegou lá, numa noite de sonho.

Os destaques individuais vão para Pedro Gonçalves e Adán, o primeiro pelo golo marcado e o segundo pela exibição conseguida. Todos os restantes estiveram a grande nível. Raios, que assim dá gosto ver o Sporting jogar à bola.

O dia seguinte

Foi mesmo uma grande noite do Sporting em Londres, que deixou pelo caminho mais do que justamente o lider da Premier League. E se havia alguém que merecia isso, chama-se Rúben Amorim. O melhor treinador do Sporting desde há muitos, muitos, muitos anos.

Com Diomande a fazer excelentemente o papel de Coates, com um 3-4-3 muito bem equilibrado defensiva e ofensivamente, o Sporting foi superior ao Arsenal durante os 90 minutos. Recuperámos a desvantagem criada por um lance infeliz de Esgaio num lance genial de Pote (um daqueles que marcam a carreira dum jogador, quando for velhinho ainda vai ter toda a gente a lembrá-lo daquele golo que marcou em Londres contra o Arsenal), e apenas a noite muito infeliz de Edwards fez com que a eliminatória não ficasse resolvida. Depois veio o prolongamento, o cansaço começou a imperar, os que entraram não fizeram esquecer os titulares, e foi mesmo preciso um grande Adán para nos levar aos penáltis.

E nos penáltis foi o mesmo Adán que defendeu um enquanto St. Juste, Esgaio, Inácio, Arthur e Nuno Santos não falharam.

 

Hoje estiveram em campo St. Juste, Diomande, Trincão, Chermiti, Arthur e Tanlongo, todos novidades de Amorim para esta época. Foram eles, com os outros "mais antigos" na A, que construíram esta grande vitória. E se alguns foram muitas vezes menosprezados internamente, hoje todos temos de perceber que existe um scouting que selecciona, um Amorim que escolhe, e um presidente que "banca" as escolhas e não se arma em iluminado. Só assim existem decisões difíceis que se revelam fantásticas. Como fantástica foi a contratação do próprio Amorim.

Quando falo em aquisições fantásticas falo em St. Juste e Diomande. O holandês é um defesa assombroso, extremamente veloz e muito efectivo quando sobe no terreno, pena só ter podido chutar com o pé que tinha mais à mão. Diomande é um colosso no centro da defesa. De repente com esses dois, Inácio, Coates e Matheus Reis, ficámos com uma super-defesa. Quem diria pelo que foi o a primeira metade da temporada...

 

Dos outros destaco Esgaio, que depois dum lance infeliz que custou o golo contrário, soube reencontrar-se e fazer um resto de jogo em grande, penálti incluido; Ugarte, que mais uma vez foi um leão indomável em campo; e o genial Pote, mais uma vez fora da sua posição, numa missão de grande sacrifício e que mesmo assim marcou o golo da sua vida. Também Adán, que merecia uma noite assim.

Grande vitória de Rúben Amorim, que continua a pôr os olhos no chão e a não olhar para os penáltis. Onde estão hoje aqueles exigentes da treta que andaram a acenar os lenços em Alvalade? 

E agora? Há festejar, depois treinar, pois há que ganhar ao Santa Clara e ao Gil Vicente, quando o campeonato recomeçar. E logo se vê o resto.

Sporting, Sporting, Sporting !!!!

Esforço, Dedicação, Devoção e Glória !!!

Isto é o Sporting Clube de Portugal !!!

SL

Noite épica, noite de festa

Vitória épica em Londres: derrubámos a melhor equipa do melhor campeonato do mundo. Primeira vitória leonina de sempre na capital inglesa: o Arsenal foi ao tapete. Caiu nos oitavos da Liga Europa.

Nós seguimos em frente, com todo o mérito. Três golos marcados nas duas mãos desta eliminatória. Sem derrotas, melhores nos penáltis. Com cinco artilheiros que não falharam: St. Juste, Esgaio, Gonçalo Inácio, Arthur e Nuno Santos.

Pedro Gonçalves: um golo extraordinário, que vai ser visto e aplaudido a partir de agora em todo o mundo.

Adán - com uma exibição fantástica no estádio Emirates, perante quase 60 mil espectadores - defendeu uma grande penalidade.

Noite perfeita. Noite de festa. Nossa.

O dia seguinte

O onze com que o Sporting entrou em campo parecia uma resposta de Rúben Amorim e da equipa ao comentário de Abel Xavier uns dias antes na TV, onde dizia: "Os jogadores de peso do Sporting não têm correspondido." E assim entraram hoje em campo Adán, Coates, Nuno Santos, Trincão e Paulinho, que esta época têm deixado a desejar em termos dos deslizes que cometem em campo e da influência ou liderança que demonstram no seio da equipa.

Por outro lado, mais uma vez, Amorim teimou em Pedro Gonçalves a 8, e se ainda o tivemos a médio nos início da partida, com um amarelo escusado por uma entrada por detrás já depois de termos ficado em vantagem no marcador, ficámos sem ele, passámos a jogar quase em 3-3-4. Com isso o Chaves subiu no terreno, conseguiu lances perigosos e marcou um golo consentido por Adán, depois duma enorme defesa do nosso guarda-redes num lance em que Coates foi facilmente batido.

Já tinha falado dos deslizes de Adán e Coates nesta época?

 

A segunda parte foi toda nossa. O Chaves encostou atrás e Pedro Gonçalves pôde fazer o que faz melhor, marcou o segundo golo e sofreu um penálti. Que devia ter convertido, porque o que fez em Alvalade devia ter repetido em Chaves. Teria sido talvez um "hat trick" que o valorizava e valorizava o Sporting. Obviamente nada contra Chermiti, como nada haveria contra Esgaio se tivesse falhado em Alvalade, mas são coisas que não fazem nenhum sentido em alta competição profissional.

O jogo não acabou sem que o Chaves tivesse chegado ao 3-2 num brinde do Nuno Santos, que ainda estava a comemorar o golo marcado.

 

Paulinho merece um parágrafo só para ele. Cavou o primeiro penálti, claríssimo para os critérios utilizados no futebol português, acertou na barra a 3 metros da baliza num centro de Nuno Santos, viu dois golos anulados por foras de jogo estúpidos, onde teve mais que tempo para procurar o alinhamento correcto, e assistiu para o terceiro golo num lance que esteve quase a invalidar pelos mesmos motivos.

Se fosse a Amorim, trocava o treino do campo por um quadro e um giz, e obrigava-o a escrever 1000 vezes qualquer coisa como: "Quando estou à frente do último defesa e me passam a bola anulam-me a jogada por fora de jogo." Assim, para mim de potencial melhor jogador em campo, passou para potencial maior... em campo.

Melhor jogador, apesar do que não fez no meio-campo, foi isso sim o rapaz ali de perto, o Pedro Gonçalves. Que não tem culpa que o coloquem ali, e que não devia ter prescindido de bater o penálti.

Diomande esteve muito bem mesmo, e a jogar assim o lado direito da defesa entre ele e St.Juste está assegurado, o que permite que Gonçalo Inácio volte à sua posição natural, e consequentemente que Matheus Reis seja um sério candidato a ala esquerdo. Uma bela aquisição que vem resolver muita coisa no plantel.

O árbitro esteve muito bem, deixou jogar e apitou o que viu e o VAR respeitou como devia a opinião dele.

 

E assim o Sporting ganhou em Chaves, com a equipa com quem perdemos em Alvalade na 1.ª volta, num estádio que não deixa boas recordações. Foi lá, no balneário, na ausência do treinador castigado Jorge Jesus, que o ex-presidente começou a cavar o seu triste fim em 17/1/2017 em guerra aberta com os capitães Rui Patrício e William Carvalho, logo depois de termos sido eliminados da Taça e dias depois de termos consentido o empate nos ultimos minutos para a Liga. Foi lá também que empatámos por 2-2, em Janeiro de 1999, o jogo da "grande azia" do Jorge Coroado. Quem quiser ir ao passado e fazer as contas vai descobrir que é um dos estádios deste país mais ingratos para o Sporting.

Assim também o Sporting consegue nesta segunda volta mais 5 pontos do que na primeira com os mesmos adversários. É por aqui que temos de prosseguir se queremos chegar aos lugares que conduzem à Champions. Na prática, vencer os jogos que faltam.

E agora? Agora é ir na quinta-feira ganhar à Dinamarca, com toda a confiança em Rúben Amorim.

Apesar da análise do Abel Xavier, apesar de continuarmos a ter uma falha grave no plantel que salta à vista de todos.

 

PS: Quantas vezes é que desta vez passaram a bola ao Adán?

SL

Vinte cinco atrasos para Adán

No Sporting-Midtjylland, de quinta à noite, os nossos jogadores de campo fizeram nada menos do que 25 passes ao próprio guarda-redes. Até parecia que não queriam progredir no terreno rumo à baliza contrária.

Isto explica muito da péssima exibição dos homens sob o comando de Rúben Amorim neste desafio da Liga Europa que estivemos prestes a perder. O golo salvador de Coates, que fixou o resultado em 1-1, foi marcado aos 93' 50". Quando só faltavam dez segundos para o apito final.

Anotei esses 25 atrasos ao guarda-redes. Para mais tarde recordar. 

 

Fica o registo:

00' 16'' (Matheus Reis)

04' 22'' (Coates)

04' 36'' (Matheus Reis)

16' 37'' (Matheus Reis)

18' 21'' (St. Juste)

23' 02" (St. Juste)

23' 15'' (Matheus Reis)

24' 49'' (Nuno Santos)

25' 08'' (Nuno Santos)

28' 50'' (Matheus Reis)

28' 58'' (St. Juste)

29' 09'' (St. Juste)

29' 16'' (Matheus Reis)

37' 15'' (St. Juste)

37' 21'' (Coates)

37' 28'' (Matheus Reis)

40' 05'' (Coates)

41' 22'' (St. Juste)

67' 29'' (St. Juste)

72' 15'' (St. Juste)

74' 58'' (St. Juste)

75' 06'' (St. Juste)

76' 16'' (St. Juste)

76' 26'' (Nuno Santos)

83' 47'' (St. Juste)

 

O que dizer a isto? Será atitude de equipa que quer vencer um jogo decisivo em termos desportivos e reputacionais?

Já nem sei. Digam vocês, se vos apetecer.

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Coates festeja no último lance: golo caído do céu salva naufrágio em Alvalade

Foto: Lusa

 

Gostei muito de dois jogadores do Sporting - ambos uruguaios, ambos dignos de envergar o símbolo do Leão ao peito. Sebastián Coates e Manuel Ugarte. O primeiro pelo exemplo de tenacidade que dá aos colegas, tanto à frente como atrás - com cortes providenciais perante ataques promissores do adversário, como aconteceu aos 7', 20' e 87' (este valeu-lhe um amarelo) e sobretudo pelo modo como superou o cansaço e foi de novo capaz de se transfigurar nos minutos finais, recriando-se como ponta-de-lança. O segundo pela eficácia e capacidade de resistência que revela como médio mais recuado, trabalhando por dois, quase sempre sem apoios nem dobras, vital na recuperação de bola - assim foi aos 27', 36' e 62'. Fizeram ambos tudo para conseguirmos a vitória no desafio de ontem, frente ao Midtjylland. Sem eles, nem ao empate (1-1) teríamos chegado numa partida que soava a derrota até aos 94'.

 

Gostei do golo alcançado na nossa única verdadeira oportunidade nesta partida da Liga Europa. Golo com um toque miraculoso, no último momento do desafio, com uma recarga de Coates como ponta-de-lança improvisado num lance que o fez entrar na baliza junto com a bola após centro de Edwards que carambolou em Gonçalo Inácio dentro da área e um primeiro remate que foi devolvido ao nosso capitão agora em estreia como artilheiro na época em curso. Já vai tarde, mas soube muito bem este golo do empate que pareceu caído do céu aos 90'+4, segundos antes do apito final, e mantém a eliminatória em aberto. Após uma repescagem para a Liga Europa em que nos qualificámos, vindos da Liga dos Campeões, graças a um golo no último minuto marcado pelo Tottenham em Marselha. Entre tanta mediocridade, parece que pelo menos a estrelinha de Rúben Amorim voltou a acender-se.

 

Gostei pouco da nossa confrangedora incapacidade para superar o vice-campeão dinamarquês, que só cumpriu agora, em Alvalade, o primeiro jogo oficial após um longo interregno: não competia desde 13 de Novembro devido ao Mundial e à paragem de Inverno no futebol do seu país. O Midtjylland, que em Agosto havia sido goleado duas vezes pelo Benfica nas pré-eliminatórias de acesso à Liga dos Campeões, impôs o seu jogo em largos momentos desta partida e abriu mesmo o marcador, por Ashour, aos 77', após monumental fífia de Adán. Foi a primeira vez que a turma dinamarquesa - em sétimo no campeonato do seu país - conseguiu pontuar em cinco jogos europeus disputados em Portugal. E este foi o quinto jogo seguido do Sporting sem vencer em desafios europeus. Dado factual preocupante, entre tantos outros.

 

Não gostei do onze escalado por Rúben Amorim para este jogo europeu do Sporting. Sinal errado transmitido à equipa, uma vez mais, com dois jogadores que têm demonstrado uma vez e outra a sua inutilidade, por motivos diferentes. Ricardo Esgaio, o ala direito que não cria desequilíbrios nem cruza com perigo, e Paulinho, o avançado-centro que passa jogos consecutivos sem rondar o golo. Chermiti estranhamente no banco após três partidas com bons números: dois golos e uma assistência. St. Juste, desta vez titular num constante entra-e-sai que não confere a menor estabilidade ao reduto defensivo. Matheus Reis sempre fora de posição (actua como central quando é lateral de raiz). Pedro Gonçalves, o jogador leonino com mais golo, novamente empurrado para longe da baliza. Ugarte quase sempre só no meio-campo. Equívocos em catadupa presenciados ao vivo por uma das mais fracas molduras da temporada: apenas 23 mil em Alvalade. Os primeiros assobios aconteceram ao intervalo. Nos minutos finais, sobretudo após o golo dinamarquês, já não eram só assobios: choviam insultos das bancadas. Quase um filme de terror. Que felizmente não atemorizou o nosso capitão.

 

Não gostei nada de Adán: está sem condições para garantir tranquilidade e segurança à baliza leonina. Precisa de concorrente: nunca o teve, foi-se desleixando. "Despediu" Luís Maximiano, levando a SAD a contratar Franco Israel. Mas o jovem uruguaio, de apenas 22 anos, nunca conseguiu uma verdadeira oportunidade para mostrar o que vale: passa o tempo no banco. Se não tem qualidade, para que o foram buscar? A verdade é que o espanhol enterrou a equipa na derrota sofrida no Dragão (0-3) no início do campeonato, no duplo desaire contra o Marselha na Liga dos Campeões (1-4 lá, 0-2 em Alvalade) e na recente final da Taça da Liga perdida frente ao FC Porto (0-2). Ontem, numa péssima reposição, ofereceu de bandeja a bola a Ashour, que não perdeu a oportunidade. É excessivo, é de mais. Custará assim tanto ao treinador perceber que este já não é o guarda-redes campeão? Custará assim tanto ao treinador perceber que Paulinho (substituído por Chermiti só aos 79') é um fracasso como avançado-centro? Custará assim tanto ao treinador perceber que Trincão (substituiu Arthur aos 65') é uma inutilidade em campo? Custará assim tanto ao treinador perceber que os mesmos processos conduzem fatalmente aos mesmos tristes resultados quando qualquer equipa de vão de escada já está farta de saber como o Sporting se movimenta em campo e quais são os nossos pontos fracos mais notórios?

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Marcano acaba de marcar o segundo, aos 86', selando o resultado: Sporting perdeu final

Foto: Paulo Novais / Lusa

 

Gostei muito da exibição global do Sporting na primeira parte desta final da Taça da Liga disputada em Leiria com o FC Porto. Superioridade no terreno, aliás traduzida em número de remates: oito, contra apenas um da equipa adversária. Neste período tivemos duas bolas aos ferros (Porro mandou um petardo à trave, a mais de 30 metros de distãncia, Pedro Gonçalves viu uma bola desviar-se para o poste e um passe soberbo a isolar Edwards aos 13' dar golo, infelizmente anulado por deslocação de 41 cm). Partida disputada taco a taco até à expulsão de Paulinho, aos 71'. Mesmo com um a menos na meia hora final, o jogo terminou com superioridade leonina em remates: 11-4. Infelizmente, superioridade que não se traduziu no resultado: 0-2. Final perdida, após três vencidas - uma com Marcel Keizer, duas com Rúben Amorim. Pior: até agora, nesta época, fomos incapazes de marcar ao FCP. Balanço destes confrontos: dois jogos, duas derrotas, cinco golos sofridos. Nem um golito conseguimos marcar-lhes nesta que está a ser a nossa segunda mais negativa temporada de sempre.

 

Gostei das exibições de Pedro Gonçalves, já salientado, e de Edwards. Fizeram pressão alta, ganharam diversos lances individuais e revelaram boa reacção à perda de bola. Mas o nosso melhor, sem sombra de dúvida, foi Pedro Porro. Precisamente no dia em que se despediu dos adeptos, como ficou bem evidente na sua reacção emotiva junto da bancada no fim desta partida. Jogou e fez jogar, sempre em rendimento máximo. No primeiro tempo imperou no seu corredor, neutralizando Wendell. Grandes passes longos, infelizmente desaproveitados, para Nuno Santos (28') e Morita (31'). O petardo à barra foi dele (36'). Tentou novamente o golo num remate rasteiro que Cláudio Ramos só à segunda defendeu (47'). O melhor em campo. Infelizmente, na despedida.

 

Gostei pouco do desempenho de alguns dos nossos jogadores, que revelaram défice de inteligência emocional. Com destaque para Adán, um dos protagonistas - pela negativa - desta final perdida. Monumental frango logo aos 10', vendo a bola rematada à distância por Eustáquio escapar-lhe entre as luvas - a fazer lembrar aquela tarde negra em Marselha para a Liga dos Campeões. Também para Paulinho: após falhar o golo da praxe, aos 42', viu dois amarelos em oito minutos (63' por falta táctica e 71' por conduta antidesportiva ao acertar com um cotovelo na cara de Otávio quando conduzia a bola), levando-nos a ficar reduzidos a dez e pondo o campo inclinado em definitivo para o FCP. E ainda para Matheus Reis, que chegu a encostar o nariz à cara do árbitro aos 90'+6, totalmente descontrolado: viu só amarelo quando podia ter visto vermelho directo. Fala-se muito dos jovens, mas foram alguns dos jogadores mais experientes a enterrar a equipa nesta final. 

 

Não gostei da arbitragem de João Pinheiro, confirmando a sua inaptidão para esta tarefa e demonstrando por que motivo não houve apitadores portugueses no recente Mundial do Catar. Disparidade clara no critério disciplinar: poupou cartões a Pepê por tentativa grosseira de simulação de penálti e a João Mário por travar ataque prometedor a Fatawu, que lhe fez um túnel (65'). Poupou Wendell à expulsão (67') após o portista esmurrar Pedro Gonçalves no peito - sendo aqui a falha imputável sobretudo ao vídeo-árbitro, Tiago Martins. É certo que podia ter feito o mesmo ao  imprudente Tanlongo, que teve o mesmo gesto contra Otávio à beira do fim, mas aí o jogo já estava definitivamente estragado por acção e omissão do árbitro.

 

Não gostei nada de comprovar que as substituições feitas por Rúben Amorim não acrescentaram qualidade à equipa: é um problema estrutural, existente desde o primeiro dia desta triste temporada 2022/2023. Nem do clamoroso falhanço colectivo da nossa defesa que levou Marcano, central portista, a sentenciar a partida aos 86' isolado perante Adán. Gostei ainda menos de ver uma larga franja de membros da Juventude Leonina, uma vez mais, transformar o incentivo à equipa em berraria rasca contra a turma adversária gritando «O Porto é merda!» Comportamento indigno de um clube com as tradições e os pergaminhos do Sporting que acaba por dar moral à equipa que enfrentamos. Muito pior foi o arremesso de tochas, a partir dos 55', vindas do sector do estádio onde se concentravam esses elementos - em direcção ao nosso banco de suplentes, ainda por cima. Esta gente está a mais no futebol. Esta gente afugenta o cidadão comum dos estádios. Esta gente, que no final também queimou cadeiras, devia experimentar, na pele, as novas medidas punitivas para quem usa material pirotécnico em recintos desportivos: prisão até cinco anos ou multa até 600 dias

Assim vamos de mal a pior

Arouca, 1 - Sporting, 0

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Nuno Santos parece incrédulo após quarta derrota do Sporting na Liga

Foto: Octávio Passos / Lusa

 

Rúben Amorim errou: preparou um onze titular de recurso, cheio de segundas linhas, para defrontar o Arouca. Tinha a possibilidade de reforçar a quarta posição, ficando apenas um ponto atrás do FC Porto. Saiu de lá com uma derrota (a primeira vez que a equipa local pontuou num desafio contra o Sporting), viu os portistas aumentarem a distância mesmo após empatarem com o Santa Clara (estão agora com mais quatro pontos) e o Braga já com mais seis. O líder, Benfica, está agora 12 pontos acima de nós, cada vez mais líder. Pior ainda: o Casa Pia volta a ultrapassar-nos, retomando o quarto posto. E amanhã o V. Guimarães, se vencer o Famalicão, remete-nos para um humilhante sexto lugar.

Perdemos por um golo sem resposta. Marcado aos 47' pelo capitão do Arouca, João Basso, após cobrança de um canto. Em quatro cantos de que dispôs, a equipa da casa transformou um em golo. Nós, como de costume, trememos a cada lance de bola parada defensiva. E somos incapazes de utilizar da melhor maneira aqueles de que beneficiamos. Desta vez foram dez cantos a nosso favor. O melhor que conseguimos foi aos 90', com um cabeceamento de Coates, travado pelo guardião arouquense.

Nessa altura já o nosso capitão funcionava como ponta-de-lança improvisado. Amorim, com Paulinho e Morita ausentes por lesão, decidiu piorar as coisas mantendo Edwards, Ugarte, Porro e Nuno Santos no banco. No onze que actuou de início surgiram Nazinho (em estreia como titular), Dário (estreante na equipa principal esta época), Rochinha e Arthur - além de Esgaio, regressado de uma espécie de "sabática" após exibição desastrosa contra o Marselha.

 

O experimentalismo do técnico, destinado a poupar meia equipa para o desafio de amanhã em Alvalade contra o Eintracht, fracassou. Não apenas derrubando as nossas últimas hipóteses de ainda sonhar com o título de campeão, ao somarmos a quarta derrota em onze jogos da Liga 2022/2023, mas também desmoralizando a equipa, que só pode sentir-se frustrada com mais este fracasso. 

Além de deitar por terra aquele belo lema que nos serviu de inspiração ao título conquistado em 2021: "Jogo a jogo." Queimar a etapa de Arouca antes de receber o Eintracht para a Liga dos Campeões  contraria o mote concebido por Amorim. 

A verdade é que a equipa, preenchendo a linha ofensiva com três extremos, foi incapaz de converter as oportunidades criadas ao longo da partida. Nove, no total: por Trincão (8'), Gonçalo Inácio (18'), Rochinha (23'), Esgaio (42'), Porro (64' e 78') e Pedro Gonçalves (75' e 90'+1), além do já referido lance protagonizado por Coates - que foi, a par de Porro, o mais rematador dos nossos: quatro remates cada. O que diz muito do desempenho colectivo do Sporting em Arouca.

 

Sofremos anteontem mais um golo (já levamos 14 encaixados nas 11 partidas da Liga e 23 no total dos 17 jogos efectuados na temporada em curso, dez dos quais de bola parada). Já somamos tantas derrotas como as registadas nos dois campeonatos anteriores do princípio ao fim: desde a calamitosa época 2012/2013 que não tínhamos quatro nesta fase. Além de havermos sido eliminados da Taça de Portugal pelo Varzim, do terceiro escalão.

Adán foi, de longe, o nosso melhor neste desafio. Sem culpa no golo sofrido, aos 47', impediu o Arouca de ampliar a vantagem com excelentes defesas aos 40' e aos 51', a remates de Alan Ruiz e Tiago Esgaio. 

O pior voltou a ser Trincão, que continua a parecer um corpo estranho nesta equipa, sem conseguir integrar-se na dinâmica colectiva. Pedro Gonçalves também andou mal, mas aqui por responsabilidade do técnico, que o forçou a jogar em linhas mais recuadas, distante da baliza - logo ele, melhor marcador leonino das épocas anteriores e que em 2020/2021 chegou mesmo a sagrar-se Rei dos Artilheiros no campeonato.

Tudo mais difícil a partir de agora? Sem dúvida. Não havia necessidade.

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Sai de Arouca com a noção do dever cumprido apesar de mais um golo encaixado. Duas preciosas defesas suas impediram a turma da casa de nos ganhar por margem maior.

Gonçalo Inácio - A história do jogo certamente seria outra se tivesse cabeceado na direcção certa aos 18'. Ultrapassado em lance perigoso aos 40'. Saiu aos 53, já amarelado. 

Coates - O capitão cumpriu missão de sacrifício no quarto de hora final, actuando como ponta-de-lança de emergência. Quatro remates - um dos quais ia dando golo, aos 90'.

Matheus Reis - Central à esquerda, preocupou-se muito em acorrer às dobras de Nazinho. Rende mais como ala. Assim faz menos uso tanto da velocidade como dos dotes técnicos.

Esgaio - Voltou a ser titular - e foi até dos pés dele, aos 42', que surgiu o nosso maior lance de perigo da primeira parte. O que já diz quase tudo sobre a ineficácia ofensiva leonina.

Dário - Com Morita fora de combate e Ugarte poupado a pensar no Eintracht, actuou como médio defensivo em estreia a titular. Falhou a cobertura no lance do golo arouquense.

Pedro Gonçalves - É desperdício vê-lo jogar como médio de transição, tendo a baliza mais distante. Tal como com o Chaves, voltou a não render neste posto. Convém não repetir.

Nazinho - Outra estreia como titular. Excelente passe cruzado, a partir da linha esquerda, servindo Esgaio num golo falhado. Mas divide com Dário responsabilidade no golo sofrido.

Trincão - Foi o primeiro a desperdiçar um golo do nosso lado, logo aos 8'. Falhou emenda ao segundo poste, aos 29. Andou muito errante, facilmente neutralizado pelo adversário.

Rochinha - Também ele parece um corpo estranho nesta equipa. Tarda em encontrar o seu lugar. Grande lance individual aos 23', mas falhou no último passe. Nada mais fez.

Arthur - Pareceu o mais dinâmico do nosso trio da frente, como avançado-centro improvisado. Não é ali que funciona melhor. Mesmo assim, sacou dois amarelos.

Ugarte - Substituiu Dário aos 53'. Deu intensidade ao nosso meio-campo, com a sua habitual entrega ao jogo. Mas mantém péssima relação com a baliza: dois disparos para a bancada.

Porro - Inconformado, cheio de vontade de virar o resultado, substituiu o apático Esgaio aos 53'. Quatro remates. Teve o golo nos pés aos 81': a bola roçou o poste.

St. Juste - Em campo desde o minuto 53, por saída de Gonçalo, reforçou a segurança defensiva. Mas o pior já estava feito, com o golo sofrido. O problema era lá na frente.

Edwards - Substituiu Rochinha (58'). Entrou na pior fase, quando o Arouca já estacionara, a defender a vantagem. À sua frente só havia uma floresta de pernas intransponíveis.

Nuno Santos - Entrou aos 58', rendendo Nazinho, depois de ter visto um amarelo ainda no banco, por protestos. Talvez isto o afectasse: foi incapaz de fazer a diferença.

Pódio: Adán, Ugarte, Coates

Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Arouca-Sporting pelos três diários desportivos:

 

Adán: 16

Coates: 15

Ugarte: 15

Porro: 14

Edwards: 14

St. Juste: 14

Matheus Reis: 14

Arthur: 12

Esgaio: 12

Gonçalo Inácio: 12

Pedro Gonçalves: 12

Nuno Santos: 10

Rochinha: 10

Dário: 10

Nazinho: 10

Trincão: 10

 

O Jogo e A Bola elegeram Adán como melhor Leão em campo. Record optou por Porro.

Rescaldo do jogo de ontem

 

Não gostei

 

Da derrota. Mais uma. Agora contra o Arouca: foi a nossa quarta, em 11 jogos deste campeonato. E a sétima derrota em 17 jogos disputados nesta temporada em três competições. Pior ainda: nunca tínhamos perdido pontos em Arouca. Resultado histórico, portanto, pela negativa. Como tinha sido a derrota em casa contra o Chaves. E a recente humilhação frente ao Varzim, que nos afastou da Taça de Portugal.

 

Do onze inicial que o treinador pôs em campo. Rúben Amorim mudou meia equipa titular. Fazendo entrar Esgaio, Dário, Nazinho, Arthur e Rochinha enquanto mantinha Porro, Nuno Santos, Ugarte e Edwards no banco. Nem o facto de o FC Porto ter perdido dois pontos horas antes reforçou a ambição do técnico: Amorim abdicou do lema "jogo a jogo" e do princípio "jogam sempre os melhores". Fatal para as aspirações do Sporting, que podia ter saído de Arouca com apenas menos um ponto do FCP e veio de lá com menos quatro. E estamos agora a 12 do Benfica, líder da prova.

 

Da ausência de um ponta-de-lança. Paulinho está novamente lesionado - pela segunda vez em menos de três meses. Como não há outro avançado-centro na equipa A leonina, aparentemente por opção do treinador, Amorim montou uma linha ofensiva composta por... três extremos. Tal como não há omeletes sem ovos, também é difícil haver golos sem pontas-de-lança. Sobretudo contra dois terços das equipas portuguesas, que sabem aquartelar-se muito bem nos redutos defensivos - à semelhança do que nós fizemos há dias contra o Tottenham. A experiência do técnico não resultou: daí esta derrota (1-0) em Arouca.

 

Do recuo de Pedro Gonçalves. O melhor artilheiro da Liga 2020/2021 torna-se banal quando é forçado a jogar nas linhas médias. Perde o seu principal atributo, revelado no Sporting: marcar golos. Ao fazer o nosso n.º 28 actuar vários metros mais atrás, Amorim retirou-lhe essa característica sem obter nada de valioso em troca. Não é a primeira vez que comete este erro, mas vai insistindo nele. Sem que se perceba porquê.

 

Da "falta de eficácia". Assim chama o treinador leonino à nossa incapacidade de jogar com a baliza, metendo a bola lá dentro. Contabilizei oito oportunidades de golo, divididas por igual entre as duas partes: Trincão aos 8'; Gonçalo Inácio aos 18'; Rochinha aos 23'; Esgaio aos 42'; Porro aos 64'; Pedro Gonçalves aos 75' e aos 90'+1; Coates aos 90'. Umas vezes não resultou devido a boas intervenções do guarda-redes adversário, outras simplesmente por inabilidade dos nossos jogadores. De meia-distância, nem uma: Ugarte tentou, mas chutou duas vezes para a bancada.

 

De ver Coates lá na frente. Pensava que não voltaria a acontecer, mas enganei-me: a cerca de um quarto de hora do fim, Amorim lá mandou o nosso capitão plantar-se na grande área ao Arouca, como ponta-de-lança improvisado - precisamente a posição que o treinador não quis preencher quando este plantel foi planeado. Esforço inútil: o internacional uruguaio continua em branco nesta Liga 2022/2023. Mas quase marcou, num disparo de cabeça após um canto, no último minuto de tempo regulamentar, dando origem à defesa da noite, protagonizada pelo seu compatriota Arruabarrena.

 

Das bolas paradas defensivas. Esta equipa treme a cada canto, a cada livre, até a cada lançamento da linha lateral. Voltou a tremer ontem, aos 47': de um canto nasceu o golo do Arouca, com Dário e Nazinho batidos na altura por João Basso. Nós, pelo contrário, fomos incapazes de criar perigo em nove dos dez cantos de que beneficiámos. 

 

Do festival de passes falhados. Não consultei os dados estatísticos, nem necessito deles para concluir que ao nível da precisão do passe voltámos a falhar neste Arouca-Sporting, por consecutivas entregas da bola ao adversário. Pior: abdicámos de a disputar vezes a mais, concedendo a iniciativa à equipa da casa. Ficou evidente que precisamos de um patrão no meio-campo - é uma das várias lacunas deste decepcionante Sporting 2022/2023. 

 

De termos dado 53' de avanço ao Arouca. Amorim, mesmo percebendo que nada estava a carburar bem, manteve a equipa intocável ao intervalo, que chegou com 0-0. Só depois de termos sofrido o golo logo no recomeço, aos 47', decidiu fazer alterações mandando entrar Ugarte para o lugar de Dário, Porro para o lugar de Esgaio e St. Juste para o lugar do amarelado Gonçalo Inácio. Podia ter dado certo, mas as falhas de finalização persistiram, agravadas pelo descontrolo emocional dos jogadores: a partir de certa altura a consistência colectiva deu lugar a tentativas individuais de resolver o problema. Que permaneceu sem solução.

 

Da sucessão de lesões. Temos mais dois jogadores fora de combate: Morita e Paulinho. Nunca me recordo de tantos profissionais declarados inaptos para jogar em escassos três meses numa época futebolística. Nem sequer nos conturbados tempos da pandemia. 

 

De Trincão. Começa a ser exasperante a falta de intensidade competitiva deste jogador que tem bons atributos técnicos mas é incapaz de se revelar como reforço na dinâmica colectiva. Ou está sempre uns metros à frente ou mais atrás do que devia, ou dá um toque a mais na bola ou se perde em virtuosismos de futsal. Voltou a acontecer.

 

Do sexto jogo seguido fora de casa a sofrer golos. A nossa defesa continua em estado calamitoso. Em 11 jornadas, sofremos 14 golos. E nos 17 desafios já disputados nesta temporada, encaixámos 23. São números de equipa do meio da tabela, não de equipa grande.

 

Do árbitro Rui Costa. Aos 68', fez vista grossa a uma biqueirada apontada por David Simão ao rosto de Edwards, em claro jogo perigoso - falta digna de amarelo, o que faria o jogador arouquense sair por acumulação de cartões. O mais idoso árbitro do futebol português beneficiou claramente a equipa da casa neste lance.

 

 

Gostei

 

De Adán. Único jogador do Sporting que merece nota positiva. Sem a menor culpa no golo sofrido, ainda impediu dois do Arouca - que podia ter vencido por 2-0 ou até 3-0. Merecem destaque estas defesas, aos 40' e aos 51'.

 

De Porro. Dos que saltaram do banco, só ele foi capaz de agitar o jogo. Entrou cheio de ganas de dar a volta ao resultado, embora nem sempre com o discernimento que se impunha. Quase marcou aos 64', assistido por Ugarte. Devia ter jogado de início.

 

Dos adeptos leoninos. Não foi por falta de apoio que o Sporting saiu derrotado de Arouca. Nunca faltou incentivo das bancadas - mesmo à chuva, nos minutos finais, mesmo com o resultado desfavorável, mesmo vendo vários dos nossos a arrastar-se em campo por cansaço ou falta de inspiração.

Quente & frio

Gostei muito do nosso empate (1-1) ontem, em Londres, contra o Tottenham - terceiro classificado da Premier League. Resultado que nos coloca em segundo no grupo D da Liga dos Campeões, com 7 pontos. Como o Marselha perdeu em Frankfurt, basta-nos um empate no desafio da próxima terça-feira, quando recebermos o Eintracht, para seguirmos rumo aos oitavos-de-final da prova. Com vantagem sobre a equipa londrina em caso de igualdade pontual. Estivemos a vencer entre os 22' e os 80'. Sofremos um segundo golo no último lance do desafio, por Harry Kane, mas acabou anulado após intervenção do VAR. 

 

Gostei dos 45 minutos iniciais, com atitude desassombrada do onze leonino que teve a primeira oportunidade por Paulinho, aos 20', e marcou à segunda. Mérito de Edwards, autor do golo: comprovou no estádio da equipa onde foi formado que merecia ter lugar naquele plantel e talvez até ser chamado à selecção inglesa. Exibições muito positivas também do regressado Coates, comandante da defesa, Porro com o seu habitual dinamismo no corredor direito, Ugarte a trancar o meio-campo. E sobretudo de Adán, com quatro grandes defesas - aos 51', 52', 56' e 69'. Ficou mal no golo dos spurs, marcado por Betancourt, mas mesmo assim merece ser eleito o homem do jogo. Sem ele, sairíamos derrotados. 

 

Gostei pouco de Trincão, o pior dos nossos no onze titular. Voltou a ser uma figura apagada, sem influência no colectivo. Rúben Amorim manteve-o demasiado tempo em campo, mandando-o sair só aos 71': outra oportunidade desperdiçada. Também gostei pouco das actuações de dois miúdos lançados pelo treinador - Mateus Fernandes (18 anos) e Nazinho (19 anos). O primeiro em estreia absoluta no palco da liga milionária acusando o peso da responsabilidade; o segundo desperdiçando dois golos cantados, aos 76' e aos 77', além de comprometer num lance defensivo crucial. Mas esta é a única forma de Amorim provar que aposta mesmo nos potenciais astros leoninos: lançando-os nos grandes jogos. Não há outro modo de ganharem calo e crescerem. Acabamos este jogo, aliás, com uma equipa extremamente jovem onde se incluía Gonçalo Inácio (21 anos), Porro (23), Ugarte (21), Arthur (24) e Fatawu (18), além dos já mencionados. O brasileiro e o ganês entraram muito bem, o primeiro como agitador lá na frente e o segundo forçando Lloris a uma das defesas da noite, aos 90', em remate fortíssimo que levava selo de golo. 

 

Não gostei do golo sofrido a dez minutos do fim do tempo regulamentar nem da nossa segunda parte, em que estivemos quase todo o tempo remetidos à defesa, embora revelando capacidade de resistência e sacrifício. Mas convém não esquecer que o Tottenham é uma equipa cheia de craques: Kane (segundo melhor marcador da Premier League), Son, Perisic, Romero, Lucas Moura, Ben Davies e o "nosso" Eric Dier, que aliás falhou mais golos no Hotspur Stadium do que Nazinho.

 

Não gostei nada que Morita tivesse saído aos 62', com queixas físicas: oxalá não tenhamos outro jogador lesionado. Nem da ausência de Pedro Gonçalves, ausente por ter visto cartão vermelho, sem qualquer necessidade, no recente Sporting-Marselha. Nem do calafrio que passámos nos últimos segundos da partida ao ver a bola entrar na nossa baliza. Felizmente, após longa espera, foi assinalada deslocação e prevaleceu o empate. Agora está tudo em aberto: só dependemos de nós para nos mantermos na liga milionária. A acontecer, será inédito.

Pódio: Adán, Edwards, Morita

Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Santa Clara-Sporting pelos três diários desportivos:

 

Adán: 20

Edwards: 17

Morita: 17

Nuno Santos: 17

St. Juste: 15

Ugarte: 15

Gonçalo Inácio: 14

Paulinho: 14

Coates: 14

Matheus Reis: 14

Pedro Gonçalves: 14

Esgaio: 13

Trincão: 12

Rochinha: 11

Sotiris: 11

 

Os três jornais elegeram Adán como melhor em campo.

Vitória pálida e muito sofrida

Santa Clara, 1 - Sporting, 2

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Morita: segundo jogo seguido a marcar

 

Mais vale vencer sem mérito do que dominar e mostrar superioridade entregando pontos. Foi esta a conclusão a que muitos de nós chegámos no final desta partida ontem disputada nos Açores. A equipa anfitriã, que nos impôs a primeira derrota no ano em curso, está hoje muito mais debilitada, afundando-se no antepenúltimo lugar na tabela, do que estava em Janeiro. Desde logo pela saída de Morita, entretanto ingressado em Alvalade. Mesmo assim bateu o pé e deu-nos luta. Ao ponto de ter marcado no último lance da partida. Dando a sensação de que se o jogo tivesse mais minutos seria até capaz de arrancar o empate.

É difícil explicar o que se passa com este Sporting. Vários jogadores entram em campo apáticos, sem chama, sem energia, sem vibração. Como se sofressem de cansaço crónico. Alguns arrastam-se em campo implorando banco ou bancada. Mas o treinador insiste em não lhes fazer a vontade, talvez consciente de que o plantel é curto e que os eventuais substitutos se encontram ainda em pior forma.

A verdade é que há uma diferença enorme entre a equipa que conquistou o campeonato nacional de futebol apenas há ano e meio e o actual conjunto frouxo, anémico e desgarrado que segue em quinto lugar na Liga 2022/2023 com três derrotas em nove desafios já disputados - tantas como as que sofremos ao longo de todo o campeonato anterior.

 

Durante quase meia hora, nem um remate enquadrado à baliza do Santa Clara. O nosso golo inicial surgiu aos 29', na primeira oportunidade criada. Fruto do esforço de Edwards, que rematou para defesa apertada do guardião estreante, Gabriel, com Morita a cabecear na recarga para o fundo das redes. À ponta-de-lança. Paulinho andava por ali, mas teve de ser o médio japonês a resolver o problema. Nem festejou, por consideração à anterior equipa.

No nosso tridente ofensivo apenas o inglês tentava remar contra a maré: Paulinho e Pedro Gonçalves pareciam só fazer número. O ataque leonino esboçava-se pelos flancos, com Nuno Santos muito mais enérgico do que Esgaio: o canhoto tentava centrar, quase sempre sem sucesso, enquanto o colega da ala direita nem um cruzamento arriscou durante toda a partida. O nosso jogo, naquele corredor, esteve sempre emperrado.

 

Com 0-1 ao intervalo, vimos toda a segunda parte com apreensão crescente. Sentindo que o golo açoriano poderia surgir a qualquer momento, fazendo-nos encalhar pela segunda vez em dez meses no estádio de Ponta Delgada.

Felizmente Nuno tranquilizou as hostes com um potente remate rasteiro, já aos 90', na sequência de um canto. O técnico do Santa Clara, Mário Silva, foi mais feliz nas substituições do que Rúben Amorim. E acabou recompensado pelo golo de Tagawa, que se sobrepôs à defesa leonina para bater Adán no último lance da partida.

O nosso guarda-redes, sintomaticamente, foi o melhor em campo. Recomposto do desastre na Liga dos Campeões, ocorrido quatro dias antes, demonstrou ao técnico que fez bem em optar por ele, mantendo Franco Israel no banco. Com três aparatosas defesas que impediram outros tantos golos. Assim vencemos 1-2. Se tivesse estado entre os postes o Adán de Marselha, teríamos saído de São Miguel derrotados por 4-2.

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - O melhor em campo, com intervenções cruciais aos 47', 68' e 83'. Tentou cortar o ângulo de remate a Tagawa, sem o conseguir, no golo sofrido.

St. Juste - Na partida anterior saltou do banco. Agora foi titular, mas saiu aos 51'. Aos 45'+1, em raide individual, mostrou a Esgaio como deve ser um extremo direito.

Coates - Veio de lesão, devolvendo Marsà ao banco. Trouxe maturidade ao bloco defensivo, mas longe do fulgor de outros tempos. Cabeceamento falhado aos 74'.

Matheus Reis - Um dos jogadores com maior quebra de forma. Entregou a bola aos 4' e aos 15'. Ultrapassado aos 19' e aos 47'. Falha a marcação no lance do golo.

Esgaio - Ala direito, jamais criou um lance ofensivo digno desse nome. Batido em velocidade e em lances aéreos, parece implorar que Porro volte depressa da lesão.

Ugarte - Sempre combativo, distinguiu-se nas recuperações de bola (9', 13', 66', 72', 80'). Faltou-lhe ser influente na ligação entre o meio-campo e o ataque.

Morita - É um dos Leões que resistem melhor à crise psicológica que parece afectar a equipa. Oportuno e rapidíssimo no golo - segundo desafio seguido a marcar.

Nuno Santos - Entrega-se ao jogo como poucos. Quando falha o talento, nunca falha a vontade. Como se viu ao marcar o golo que nos valeu três pontos.

Edwards - Em pezinhos de lã, cria oportunidades. Foi dele o remate inicial no lance do primeiro golo. Grande lance individual aos 55': driblou vários mas atirou ao lado.

Pedro Gonçalves - Amorim autorizou-o a deambular lá na frente para protagonizar acções de ruptura, mas o criativo parece ter ficado por Lisboa. Passou ao lado do jogo.

Paulinho - Continua sem se estrear como artilheiro nesta Liga. Mais de uma hora em campo sem sequer se atrever a rematar à baliza.

Gonçalo Inácio - Substituiu St. Juste aos 51' para poupar o holandês a maior desgaste físico. Partilha com Matheus a falha de marcação no lance do golo anfitrião.

Trincão - Rendeu Paulinho aos 66': o melhor que conseguiu foi um longo passe cruzado aos 79'. Remate para a bancada aos 81'.

Rochinha - Contra o Gil Vicente, estreou-se a marcar. Desta vez, substituindo Edwards (73'), nem andou lá perto. Passe para ninguém aos 85'. Irrelevante. 

Sotiris - Substituiu Morita aos 73'. Demonstra vontade, revela energia, exibe saúde física. Mas ainda não foi desta que fez o suficiente para ser titular.

Rescaldo do jogo de hoje

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Foto: Hugo Moreira / Lusa

 

Gostei

 

Da vitória contra o Santa Clara. Em Janeiro fomos aos Açores e perdemos por 2-3. Desta vez trouxemos uma vitória: 2-1. Escassa, tangencial, num jogo feio, com uma exibição medíocre em largos trechos, mas arrancámos os três pontos. Amealhamos agora 16 à nona jornada. Foi apenas a nossa segunda vitória fora em cinco partidas disputadas como visitantes nesta Liga 2022/2023.

 

De Morita. Novamente influente. Marcou pelo segundo jogo consecutivo - desta vez sem festejar, pois defrontava a sua anterior equipa, o que só lhe fica bem. O japonês desbloqueou a partida ao cabecear numa recarga bem sucedida, à ponta-de-lança, em posição frontal. Estavam decorridos 29': graças a ele, o Sporting adiantava-se no marcador no primeiro remate à baliza.

 

De Adán. Rúben Amorim teimou em apostar ainda nele como guarda-redes, sem conceder minutos a Israel - que será forçosamente o titular da nossa baliza na partida de quarta-feira contra o Marselha. A teimosia do técnico foi recompensada: o guardião espanhol revelou-se fundamental para segurar a magra vitória leonina em Ponta Delgada. Com três grandes defesas - segurando remates que levavam selo de golo aos 47', 68' e 83'. Sem culpa naquele que sofremos, mesmo ao cair do pano, parece ter-se redimido da sua caricata actuação em Marselha que nos custou uma pesada derrota e o acesso a 2,8 milhões de euros da UEFA. Melhor em campo, dado o fraco desempenho de quase todos os seus colegas - o que já diz quase tudo.

 

De Nuno Santos. Foi dele o golo da vitória, aos 90', num disparo fortíssimo com o seu pé-canhão (o esquerdo) em que o guarda-redes, estreante como titular da turma açoriana, pareceu mal batido. Melhor momento num jogo em que não foi muito feliz naquilo que costuma fazer melhor: os cruzamentos com perigo para a grande área. 

 

De St. Juste. Amorim escolheu-o para titular na linha central, do lado direito. O holandês correspondeu à confiança do treinador com uma actuação positiva. Conduziu muito bem dois lances de ataque, galgando linhas com a bola dominada, aos 27' e aos 45'+1. Neste último, fez tudo bem, agindo como um extremo não apenas na condução mas também no cruzamento atrasado (para Edwards). Mostrando assim a Esgaio como se faz. Aos 51' deu lugar a Gonçalo Inácio por aparente precaução, dado vir de lesão muito recente.

 

De Coates. Em boa hora regressou ao nosso onze, após lesão. Deu estabilidade e organização ao reduto defensivo. Pena ter visto dois colegas - Gonçalo Inácio e Matheus Reis - falharem em simultâneo a marcação a Tagawa, autor do golo do Santa Clara, no último lance do desafio (90'+5).

 

Do 1-0 que se registava ao intervalo. Resultado que traduzia domínio do Sporting, embora não traduzido em remates enquadrados. De algum modo sabia a pouco.

 

Que tivéssemos subido ao quinto lugar. Agora só temos Benfica (mais nove pontos), FC Porto (mais seis pontos), Braga (mais três pontos com menos um jogo) e Casa Pia (mais um ponto) à nossa frente.

 

Da hora a que começou o jogo. Às 15.30, como noutros tempos. Horário propício a futebol visto ao vivo em família numa tarde de sábado. Devia haver mais assim.

 

 

Não gostei

 

Da nossa falta de intensidade. Deixámos correr o marfim em grande parte do jogo, sobretudo na segunda parte, em que concedemos muita iniciativa ao adversário, com notória displicência, falhando passes, com vários jogadores a chutar para onde estavam virados. Mesmo desfalcado, só com dois dos habituais defesas e um guarda-redes novato, a equipa açoriana podia ter empatado ou até vencido a partida. Perante a apatia de vários titulares leoninos e a escassa eficácia de alguns que saltaram do banco. O resultado foi superior à exibição.

 

De Paulinho. Amorim continua a confiar nele, mas ele persiste em manter o prolongado jejum de golos: nem um para amostra quando está decorrida mais de uma quarta parte do campeonato. Em Ponta Delgada, nem sequer tentou um remate. Saiu aos 66' sem fazer o gosto ao pé - ou à cabeça. Outro jogo em que passou ao lado.

 

De Esgaio. Chega a ser confrangedora a sua inépcia, jogue onde jogar. Ala direito, com Porro ainda lesionado, não fez um único cruzamento digno desse nome: limitou-se ao passe curto, lateralizando acções de ataque, ou ao toque inócuo para trás, sem tentar um drible ou uma acção de ruptura. Batido no jogo aéreo, deixou-se ultrapassar por Gabriel Silva aos 78, gerando perigo na nossa área.

 

De Pedro Gonçalves. Deu a sensação de nem estar em campo durante grande parte do jogo. Manteve-se no relvado durante os 90' sem que se perceber por que motivo não deu lugar a outro.

 

De mais um golo sofrido. Somos a quinta equipa com pior defesa. Só Rio Ave, Arouca, Paços de Ferreira e Marítimo encaixaram mais que nós.

O dia seguinte

"O bom do jogo foi o resultado, e foi o Adán" disse Amorim, mas eu acrescento mais alguma coisa de bom, ninguém se lesionou. St. Juste e Coates fizeram recuperação activa, Trincão e Edwards equilibraram minutos, Sotiris teve mais uns minutos e ocasião para entender o futebol português, Soares Dias roubou o que pôde mas não impediu o resultado final, e a equipa B desfalcada de três que estiveram a aquecer o banco conquistou mais uma vitória. O golo foi de Diogo Abreu, que tem tudo para daqui a uns meses ser o patrão deste meio-campo do Sporting.

 

E não vale a pena dizer mais nada sobre um jogo horrível, o pior da temporada, duma equipa "entalada" entre dois confrontos com o Marselha, contra um adversário que "estacionou o autocarro" na primeira parte, para na segunda "lançar os cavalos", uma estratégia que qualquer burro promovido a treinador se teria de lembrar, e que só por muita incompetência do Sporting não foi liquidada na primeira parte.

Tudo extremamente lento atrás, para depois tentar impossíveis contra um adversário expectante. Depois, na segunda, foi sofrer, o desgaste de Marselha a fazer-se sentir por um lado, a gestão do esforço para quarta-feira em Alvalade por outro, disparates a defender, idiotices a atacar, só mesmo com um grande Adán, contando também com uma grande contribuição do "charuto" do Nuno Santos que entre dez disparates (como por exemplo aquela situação em que surge desmarcado e com tudo para centrar, adianta a bola para depois centrar com todas as linhas de passe fechadas, ou a outra onde entende passar displicentemente para o meio do terreno, abrindo terreno a um contra-ataque perigoso) faz uma coisa daquelas, conseguimos sair de São Miguel com 3 pontos.

 

Melhor em jogo? Adán.

Piores em jogo? Todos os outros menos Morita, desgraçado dele que não sabia para onde se virar e mesmo assim ainda conseguiu marcar um golo.

SL

Adán ou Israel?

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Foto: Ricardo Nascimento / Record

 

Temos um problema sério. Mais um, nesta época que está a ser de pesadelo.

Agora, na baliza. 

Somando aos que já tínhamos na frente do ataque, no centro da defesa, na ala direita e na posição de médio defensivo - tudo preso com arames, tudo periclitante, tudo rezando para que as contínuas lesões não nos obriguem a ir buscar o substituto do substituto do substituto.

 

Mas o que mais me preocupa, no plano imediato, é quem vai actuar entre os postes.

Não me recordo, sinceramente, de nenhum outro desempenho individual tão desastroso de um guarda-redes do Sporting num só jogo - ainda por cima com a importância que este desafio em Marselha tinha.

Há que dizer as coisas sem subterfúgios nem rodriguinhos: foi uma vergonha. Algo totalmente inaceitável.

 

Neste contexto, questiono-me quem deve integrar o onze titular leonino na próxima partida, que vai disputar-se amanhã em Ponta Delgada.

Deverá ser o guarda-redes que nos enterrou em Marselha?

Deverá ser o seu frágil substituto, Franco Israel, sem qualquer rodagem nem experiência no futebol profissional?

Deverá ser André Paulo, incógnita absoluta que vai aquecendo o banco jornada após jornada sem jamais merecer a confiança do técnico seja em que jogo for?

 

É um problema muito complicado. Que deixo à consideração dos leitores.

Com duas perguntas:

- Quem deve defrontar o Santa Clara na nossa baliza?

- O Sporting deve trazer já outro guarda-redes, que esteja eventualmente sem clube? 

Quente & frio

Gostei muito do primeiro-minuto do Marselha-Sporting de anteontem. Estavam decorridos apenas 52 segundos quando Trincão, coroando excelente jogada individual, introduziu a bola na baliza - daí ser considerado, sem favor, o nosso jogador menos mau. Começava aí aquilo que parecia a terceira vitória consecutiva do Sporting na liga milionária, contra uma equipa que nem tinha marcado ainda qualquer golo na competição. Infelizmente, esse magnífico segundo inicial foi também o zénite da exibição leonina no Vélodrome marselhês. A partir daí foi-se descendo - até ao abismo.

 

Gostei de Edwards, que fez a assistência para o golo e ainda ofereceu a bola em condições propícias novamente a Trincão (4') e também a Pedro Gonçalves (9'). Estava a candidatar-se a ser o nosso melhor em campo quando o pesadelo colectivo provocado pelos erros de Adán forçaram Rúben Amorim a retirá-lo para meter Israel. O inglês saiu cabisbaixo, visivelmente decepcionado por sair tão cedo. Não custa entender tal decepção.

 

Gostei pouco que o jogo tivesse acontecido sem público, como se voltássemos ao tempo da pandemia. Consequência de um castigo merecido de que foi alvo o clube francês, mas não deixa de ser esquisito assistir a um desafio nestas circunstâncias. O futebol precisa de ter público para se mostrar realmente vivo.

 

Não gostei do desempenho de vários futebolistas do Sporting: em graus diferentes, oscilaram entre o medíocre e o péssimo. Refiro-me a St. Juste, Gonçalo Inácio, Matheus Reis, Ugarte, Nuno Santos, Pedro Gonçalves e Paulinho. Alguns deles até pareciam sem a menor vontade de jogar na Liga dos Campeões.

 

Não gostei nada da catastrófica exibição de Adán, responsável máximo por esta humilhante goleada que sofremos. Foi dele a "assistência" directa para o golo de Alexis Sánchez (13'), uma entrega de bola em zona proibida de que resultou o segundo do Marselha (16') e uma absurda saída dos postes com toque da bola com a mão fora da grande área que lhe valeu o vermelho (23'). Enterrou a equipa de alto a baixo nestes dez minutos fatais. Franco Israel, em estreia absoluta numa prova profissional de futebol, esteve também muito mal, com responsabilidades evidentes nos outros dois golos que sofremos (23' e 82'). Falta mencionar Esgaio, agora com novo desempenho inenarrável: partilhou culpas com Adán no lance do penálti e ofereceu a bola a Alexis Sánchez aos 86', em lance de que quase resultou o quinto golo do Marselha. Aos 43' merecia ter visto o vermelho por pontapear Nuno Tavares sem bola. O árbitro foi amigo: se aplicasse a lei com rigor, passaríamos a jogar só com nove.

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