O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre ADÁN:
- Luís Lisboa: «Com a saída de Pedro Gonçalves tudo se complicou. (...) Valeu então o "santo" Adán.» (30 de Dezembro)
- Vítor Hugo Vieira: «Depois de duas boas épocas iniciais, teve uma bastante fraca no ano passado, e está a ir pelo mesmo caminho este ano. Raramente é mais-valia, por isso nunca conto que ele defenda um grande remate, um livre directo ou uma grande penalidade.» (25 de Fevereiro)
- Eu: «Intranquilo, nervoso, transmitindo insegurança aos colegas, cometeu um penálti indiscutível aos 65', saindo fora de tempo dos postes e derrubando Aziz. Foi a sua segunda saída em falso: já tinha feito o mesmo aos 31' e só por muita sorte nossa o Rio Ave não marcou nesse lance. (...) Esteve igualmente mal na reposição da bola, mandando-a com frequência para fora ou entregando-a ao adversário. E continua incapaz de defender um penálti: faz-nos sentir saudades do Rui Patrício ou até do Renan.» (26 de Fevereiro)
- Isto hoje só nos deitamos lá para as 3, 4 da manhã, há aqui muito trabalho.
Dizia-me o meu avô, quando falávamos ao telefone, antes de eu ir lá passar uns dias de férias, talvez para me convencer que os dias no quintal, no seu barracão cheio de ferramentas - incluindo um torno onde eu insistia, ou teimava, em meter os mini-dedos, entalado-os inevitável e previsivelmente naquela parte que se roda para o apertar - seriam bons e atarefados. Não que fosse preciso, eram sempre dias bem passados, entalões à parte.
O meu avô era do Sporting, como o meu pai, tios, primos e amigos da família. A minha referência vem daqui e muito do meu avô, que no dito quintal tinha um divertido e peremptório "Solar dos Leões" num azulejo. E eu queria pertencer ao solar.
Passando para os dias de hoje, amanhã será a primeira vez que me dirijo a Alvalade (no estádio já-não-tão-novo, claro) para festejar um campeonato. É sabido que em 20/21 o celebrámos em todo o lado menos na nossa casa, devido a confinamentos e dias que nem vale a pena lembrar. Amanhã saio de casa e, mesmo que não o diga, vou o caminho todo a pensar "aqui vou eu, campeã de Portugal, juntar-me a outros campeões, comemorar com os verdadeiros campeões nacionais, na nossa casa". Levo as minhas unhas em verde e branco, entre as quais uma Stromp e uma listada, que estão comigo desde dia 3 de Maio (muita fé no coração, o sportinguista é assim) e já foram ao Marquês, e o colar que fiz, com o mantra que vem desde 2020 "e se corre bem?"
E não será um jogo como os outros, a ordem de trabalhos é extensa. Há um jogo para ganhar, uma taça a receber, jogadores e staff a celebrar, cânticos e aplausos até que a voz e as mãos me doam, despedidas a fazer (pretendo fazer apenas duas, recuso tudo o que não for Neto ou Adán, já referidos pelo míster como fazendo os seus últimos jogos em Alvalade). Merecemos ser felizes e um último jogo em casa vem mesmo a calhar.
Eu não vi todo o Sporting que o meu avô conheceu, ele também já não viu grande parte do meu. Mas amanhã, com a festa que se adivinha, volto a pensar nele: "Isto amanhã só nos deitamos lá para as 3, 4 da manhã."
Muita coisa mesmo a correr mal ao Sporting em Vila do Conde. O resultado final até foi menos mau atendendo a tudo o que se passou em campo.
Desde logo o verdadeiro temporal de chuva e vento que acompanhou a partida. Condições que obviamente favoreceram a equipa da casa. Impossível treinar em Alcochete naquelas condições, que prejudicaram os "levezinhos" tecnicistas do plantel como Pedro Gonçalves, que não acertou um cruzamento, Catamo, Morita e Edwards que pouco renderam.
Depois a arbitragem medíocre, um Narciso esfíngico, incapaz de controlar o jogo, que foi permitindo as marcações cerradas com agarrões constantes dos vilacondenses sem pela admoestação pública aos faltosos nem amostragem de amarelos. Só mesmo no final do jogo eles surgiram para limpar os dois erros grosseiros que cometeu, muito por culpa do VAR Nobre também. O primeiro golo do Rio Ave é precedido de agarrão claro ao Pedro Gonçalves e devia ter sido invalidado, Trincão é alvo duma entrada com o pé alto a varrer que o lesiona dentro da área para penálti, não assinalado. Admito, porque tive a mesma sensação, que julgou ver o Trincão armar o remate e acertar na bota do defensor, mas na câmara lateral é óbvio o movimento da bota com os pitons à vista em direcção ao pé do Trincão. Seja imprudente ou negligente, é um claro penálti de VAR.
Depois os erros também grosseiros de Nuno Santos e Adán. Não são os primeiros, e com erros assim não vamos a lado nenhum. Impossível.
De resto, o temporal inclemente, a atitude competitiva do Rio Ave sempre no risco máximo, e as incidências do jogo, que incluiram as lesões de Inácio e Trincão, desmantelaram todo o modelo de jogo do Sporting, que não conseguiu controlar, nem gerir o ritmo, nem jogar bom futebol, limitou-se a correr atrás dos adversários e do prejuízo, e aí Diomande, Coates, Hjulmand e Gyokeres foram fundamentais.
Ou seja, ficou mais uma vez evidente que o Sporting para ser competitivo numa época precisa duma base de jogadores altos e fortes. Ontem Paulinho fez muita falta no banco, e se calhar Nuno Santos e Catamo não deviam ter ido a jogo no início, dando lugar a Matheus Reis e Esgaio, muito mais adequados àquelas condições. Mas depois existe o tal ciclo infernal, e a gestão do plantel pensada para o ciclo, e não se pode ter sol na eira e chuva no nabal.
Melhor em campo? Gyökeres, mouro de trabalho, um grande golo.
Arbitragem? Uma arbitragem marca APAF do tal 6.º melhor classificado da época passada, com o colega VAR a deixá-lo enterrar-se, se calhar compete com ele na classificação. Uma dupla "à maneira", cumprimentos do Paulo Costa.
E agora? Seguir em frente, temos dérbi quinta-feira em Alvalade e vou lá estar, esperando que desta vez não exista uma seita qualquer a comprar bilhetes da central para os revender aos lampiões. Depois a próxima jornada da Liga vai definir muita coisa.
De ter começado o jogo a perder. Aos 3' já estávamos a sofrer o primeiro golo, marcado por Embaló, que fez o que quis no nosso corredor direito, onde Geny e Diomande nunca conseguiram completar-se com eficácia, deixando todo o campo livre ao jogador rioavista, que pôs a sua equipa a vencer por mérito próprio e demérito dos nossos.
De termos deixado dois pontos em Vila do Conde, os primeiros de 2024.Empate 3-3 em noite de chuva e muito vento, que beneficiou a equipa da casa, muito mais habituada a estas condições climatéricas. Mas demos forte contributo para este tropeção: sofremos dois golos de penálti, aos 31' e aos 67', de forma infantil, quase amadora. Numa partida em que fomos capazes de reagir ao desaire inicial: empatámos aos 9', ganhámos vantagem aos 44', mas voltámos a sofrer um golo, momentos antes do intervalo, num castigo máximo provocado por Nuno Santos sem qualquer necessidade, em lance que estava controlado.
Do nosso segundo tempo. Em vez de entrarmos após o recomeço com força e garra, como tem sido hábito do onze leonino, viemos mais apáticos e entregámos ao Rio Ave a iniciativa de jogo, chegando a estar mais de meia hora sem rematar à baliza. Assim tudo se tornou muito mais difícil. Neste período sofremos o terceiro (67') e a partir daí apostou-se tudo numa solução de recurso que há muito não víamos no Sporting: Coates avançou para a posição de ponta-de-lança. Também porque as alternativas no banco, no capítulo ofensivo, eram nenhumas.
Da ausência inicial de Eduardo Quaresma. O treinador deixou-o fora do onze, preferindo apostar em Diomande como central à direita apesar de o marfinense não competir desde Dezembro no campeonato português. Opção inexplicável, que também contribuiu para a nossa insuficiente prestação frente ao Rio Ave. Eduardo acabou por entrar logo após o intervalo, remetendo Diomande para a esquerda, e confirmou que continua em boa forma. O titular ali deve ser ele.
De Adán. Intranquilo, nervoso, transmitindo insegurança aos colegas, cometeu um penálti indiscutível aos 65', saindo fora de tempo dos postes e derrubando Aziz. Foi a sua segunda saída em falso: já tinha feito o mesmo aos 31' e só por muita sorte nossa o Rio Ave não marcou nesse lance. Sorte tivemos também, 5 minutos depois, ao ver uma bola embater no nosso poste esquerdo. O espanhol esteve igualmente mal na reposição da bola, mandando-a com frequência para fora ou entregando-a ao adversário. E continua incapaz de defender um penálti: faz-nos sentir saudades do Rui Patrício ou até do Renan. Jogo para esquecer.
Dos três golos sofridos. Não nos acontecia desde a derrota em Guimarães (2-3), a 9 de Dezembro.
Do penálti perdoado ao Rio Ave. Acção claramente negligente do defesa rioavista pondo em risco a integridade física de Trincão, que tinha a bola dominada junto à linha da pequena área e se preparava para rematar. Aconteceu aos 29': Miguel Nóbrega foi de sola em riste. Sem André Narciso o ter admoestado nem assinalado a grande penalidade que se impunha, beneficiando sem margem para dúvida a equipa da casa. Fomos duplamente prejudicados neste lance, pois Trincão ficou magoado, tendo sido substituído ainda antes do intervalo. Eis como um árbitro pode condicionar um resultado por manifesta impreparação ou incompetência.
De ver Adrien jogar contra nós. Ainda por cima com braçadeira de capitão, pelo Rio Ave. Entrou aos 64', ainda a tempo de demonstrar que conserva várias qualidades que nos habituámos a admirar nele durante os longos anos em que foi profissional do Sporting.
Das lesões. Além de Trincão, que saiu a coxear aos 45', também Gonçalo Inácio se magoou neste Rio Ave-Sporting - lesão muscular, que o impediu de jogar toda a segunda parte, dando lugar a Eduardo Quaresma. Más notícias para o nosso próximo desafio - já na quinta-feira, primeira mão da meia-final da Taça de Portugal, em que recebemos o Benfica. Serão duas baixas muito prováveis, quase inevitáveis.
Gostei
De Gyökeres. Se há jogador que tudo fez para alcançarmos uma vitória neste embate em Vila do Conde foi o internacional sueco: incansável, correu 10,7 km sempre de olhos fitos na baliza. O melhor dos nossos, voltou a fazer o gosto ao pé num remate fortíssimo, na cara do guarda-redes. Assinando o centésimo golo do Sporting nesta temporada, uma das mais produtivas de toda a história do futebol leonino. O seu 17.º golo na Liga 2023/2024.
De Morten. Também ele não merecia estes dois pontos perdidos no vendaval vilacondense. Marcou o nosso primeiro, num remate rasteiro, de ressaca, aproveitando da melhor maneira a bola que foi ter com ele após lance muito embrulhado na grande área. Recuperou bolas, passou com critério, ligou sectores, foi sempre um dos mais inconformados. É um médio com golo: superior a Ugarte - que substituiu no nosso onze titular - pelo menos neste capítulo.
De Coates. Há muito que não o víamos como pronto-socorro de emergência para colmatar lacunas no plano ofensivo. Com Paulinho lesionado, Rúben Amorim deu ordem ao capitão para se plantar lá na frente, como nos velhos tempos em que foi solução improvisada em várias partidas. Desta vez ajudou também, mas só em parte: foi dele o terceiro golo, que nos permitiu empatar quando estávamos a perder 2-3: belo cabeceamento, aos 73', correspondendo da melhor maneira a um cruzamento de Morita por via aérea. Mostrou assim como se faz a alguns colegas ontem mais apáticos - Geny e Edwards, por exemplo. Infelizmente, não bisou: teria sido o ideal.
De ver o Sporting marcar há 31 jornadas. Sempre a fazer golos, consecutivamente, desde o campeonato anterior. Sem eles não há vitórias. E sem vitórias não se conquistam títulos e troféus.
De manter a esperança intacta. Continuamos a depender só de nós depois de uma jornada em que o FC Porto também perdeu dois pontos (empate 1-1 em Barcelos)
Começo por dizer que o empate de hoje em Vila do Conde teve como principal autor o árbitro, que foi André Narciso, tal como aliás já tinha acontecido na última vez que perdemos pontos, em Guimarães. Assim temos de começar por falar sobre isso.
Mesmo em várias das vitórias conseguidas ao longo deste campeonato temos muitas queixas da arbitragem. Segundo li em algumas notícias, parece que é estratégia da "Estrutura" não comentar as mesmas, o que toda a gente sabe que é sempre uma estratégia muito acertada, já que ser roubado quase todas as semanas e estar caladinhos é uma receita vencedora. Agora se vier alguma queixa, mais ou menos tímida, decorrente do empate de hoje, eu diria que vem muito tarde.
Voltando à arbitragem deste jogo, só de memória temos:
Há uma falta evidente sobre Pote no início da jogada que origina o primeiro golo do Rio Ave;
Há um corte perigosíssimo dentro da área do Rio Ave, a tal ponto que provoca um pancada que obriga à saída de Trincão por lesão. Não sei qual é a regra da FIFA invocada esta semana, deve ser aquela que diz que desde que não se arranque a cabeça ao jogador, vale tudo para cortar uma bola. É uma entrada negligente e devia ter sido marcada grande penalidade.
Há mais um penálti evidente sobre Pedro Gonçalvez na segunda parte, quando o jogo estava 2-2. O nosso jogador foi agarrado para o impedir de ir à bola.
Os defesas do Rio Ave tiveram todos margem para poderem efectuar meia dúzia de faltas cada um, isto porque dessa meia dúzia, duas não são marcadas e três ou quatro são feitas à vontade, porque só há lugar a amostragem de cartões ao fim desse número de faltas.
Nos 5 minutos de descontos da segunda parte há uma expulsão de um jogador do Rio Ave, em que este demora mais de um minuto para sair, há a marcação de dois ou três livres e de um canto, mas mesmo assim o jogo acabou assim que se chegaram aos 5 minutos em ponto.
Depis temos de falar de Rúben Amorim.
Não sei por que carga de água achou que um jogo fora, com um adversário difícil e com condições climatéricas más era bom para colocar Diomande a titular pela primeira vez desde 18 de Janeiro. Viu-se que o jogador estava fora de forma, com falta de velocidade e preso de movimentos, e foi precisamente pelo seu lado que sofremos logo aos 5 minutos. Tal como não percebo que Quaresma, em excelente forma, tenha ido para o banco logo neste jogo, para dar lugar ao costamarfinense.
Depois, voltamos ao problema de sempre. Como Paulinho está lesionado, inciámos o jogo só com uma opção de ataque no banco, no caso Edwards. Lesiona-se Trincão durante o jogo, entra Edwards ainda na 1.ª parte e vamos para a 2.ª parte sem nenhuma opção de ataque no banco. Ao fim de quase 200 jogos de Amorim no Sporting, ainda andamos a acabar com Coates a ponta-de-lança.
De seguida temos de falar de Adán. Depois de duas boas épocas iniciais, teve uma bastante fraca no ano passado, e está a ir pelo mesmo caminho este ano.
Raramente é mais-valia, por isso nunca conto que ele defenda um grande remate, um livre directo ou uma grande penalidade. Fio-me na defesa para deixar criar muito poucas ocasiões ao adversário, porque se essa ocasião aparece mais vale confiar na Nossa Senhora do que em Adán para nos safar.
Se o espanhol se ficasse por aí, no não acrescentar nada, já podíamos ficar satisfeitos. Infelizmente tem paragens cerebrais, como uma a meio da 1ª parte em que oferece a bola ao adversário que só não deu golo porque não calhou, ou na grande penalidade que comete, numa saída completamente tonta.
Não sei se estamos a preparar Franco Israel ou Diego Callai para a sucessão, ou se pensamos que Adán ainda tem condições para ser titular. O que é certo é que continuamos a sofrer um número assustador de golos para a quantidade de lances de perigo que consentimos.
Por fim temos de falar na Rio Ave TV, que fez a transmissão deste jogo. Não sei como é que ainda permitem que jogos da 1.ª Liga sejam transmitidos por canais de clubes, o que dá azo a comentários tendenciosos e a que não se repitam nem se comentem em condições alguns lances duvidosos, como os que referi acima. Um dos comentandores era um tal de Freitas Lobo, que pela maneira como só só via Rio Ave e só falava de Rio Ave, está no sítio certo, a trabalhar no canal do clube do seu coração.
Jogo extremamente complicado em Portimão, contra uma equipa bem orientada por uma velha raposa, o Paulo Sérgio, forte fisicamente, que "montou o autocarro". Até sofrer o golo, 90% do jogo desenrolava-se em 30% do campo. E para onde ia Gyökeres iam dois ou três deles.
Até ao passe magistral de Pedro Gonçalves, já então a coxear devido a uma pisadela dum adversário, para o belo golo de Gyökeres a verdade é que o Sporting teve poucas oportunidades de marcar, muito devido a um flanco direito desarticulado e desinspirado mas também ao desaproveitamento completo dos muitos cantos de que dispôs.
Ao fim e ao cabo a equipa sentiu muito a falta do trio Coates, Inácio e Hjulmand nas duas áreas de rigor. Dos muitos cantos nada resultou, de dois livres laterais resultou o golo adversário. Neto viu amarelo e foi trocado ao intervalo. Ficou o Catamo a marcar... o Relvas.
Com a saída de Pedro Gonçalves tudo se complicou. Aqui se calhar o Catamo devia ter saído também, para a equipa se compensar defensivamente com Esgaio e Bragança, até porque Diomande andava já a ser perseguido pelo medíocre apitador. Daquele lado, de Bragança-Catamo-Quaresma, veio o perigo que podia ter dado uma derrota se calhar mais merecida do que a de Guimarães. Valeu então o "santo" Adán.
E valeu também o grande cruzamento de Morita para o golo de calcanhar de Paulinho, com a sorte no ressalto que que lhe faltou nos dois ou três golos que falhou.
Por isso, para mim, melhor em campo: Adán. Depois Diomande e Morita no jogo, Pedro Gonçalves, Gyökeres e Paulinho nos golos.
Arbitragem? A mediocridade do costume do portuense, incapacidade de segurar o jogo pelo diálogo com os jogadores, sem critério disciplinar entendível, amarelos a granel, para o Sporting ao primeiro toque e ao adversário lá pela meia dúzia, falta mais que discutível de Diomande que está na origem do golo sofrido. Pelo menos não estragou o jogo com penáltis e expulsões. Dizem que foi dos melhores classificados na época passada, o que só prova o estado miserável da arbitragem em Portugal.
No tempo do Apito Dourado era pior? Pois era. E daí?
E agora como vai ser todo um mês sem o "samurai" e o "príncipe"? Vai ter que ser jogo a jogo, ainda nem chegámos ao fim da 1.ª volta. Treinador, temos o melhor da Liga.
Boas passagens e um óptimo 2024 para todos, com o Sporting Campeão!!! Vamos fazer por isso!
De perder. Há cinco anos que o V. Guimarães não vencia uma equipa grande no campeonato português. Interrompeu hoje o jejum derrotando o Sporting por 3-2 no seu estádio, perante mais de 20 mil espectadores. Com 1-1 ao intervalo, num desafio desenrolado sempre debaixo de chuva. Custou ainda mais porque estivemos a vencer, com um golo aos 41'. Mas a vantagem durou escassos minutos, só até aos 45'+7. No segundo tempo a turma minhota marcou aos 73' e aos 80'. Nós ainda reduzimos aos 77', mas fomos incapazes de segurar ao menos o empate. Segunda derrota leonina nesta Liga 2023/2024. São jogos destes que podem custar a perda de campeonatos.
De Gonçalo Inácio. É certo que foi do central esquerdino o nosso golo inaugural, em lance corrido: estreou-se como artilheiro nesta temporada marcando não de cabeça mas com o pé, ainda por cima o direito. Mas a jogada que culmina no penálti (e consequente golo do Vitória) começa com uma perda de bola dele, o mesmo sucedendo no lance do segundo que sofremos. E no terceiro peca por notória falha de marcação em zona que lhe competia vigiar. Anda há várias jornadas muito abaixo do nível a que nos habituou.
De Esgaio. Rúben Amorim apostou nele como central à direita, num sistema híbrido em que se desdobrava como lateral desenhando-se uma linha de quatro defensores. Pouco rotinado nesta manobra, e sem um ala pronto a ir-lhe às dobras, claudicou logo nos primeiros embates. Foi poupado ao cartão numa falta que lhe podia ter valido o amarelo aos 12', mas a sua falta de pedalada era óbvia. Cinco minutos depois, volta a travar o adversário com imprudência: amarelado, jogou condicionado a partir daí. Já não regressou do intervalo, sem deixar saudades.
De Adán. Em estrito rigor, só parece ter responsabilidade num dos golos. No primeiro, é castigado por penálti que não cometeu. No segundo, foi traído por um involuntário desvio da bola em Morita. Mas no terceiro - o que nos custou a derrota - foi mal batido por Dani Silva, que remata com pouco espaço: o guardião espanhol, hoje capitão da equipa, nem o ângulo cobriu. Valha a verdade que protagonizou duas grandes defesas (73' e 88'), mas voltou a aparentar intranquilidade, contagiando os colegas. E continua incapaz de defender um penálti.
De Trincão. Perdeu o estatuto de titular, mas ao que parece nem para suplente vai servindo. Entrou aos 61', com o jogo ainda empatado 1-1: Amorim apostou nele como criativo para romper a muralha vitoriana, algo que Edwards tinha sido incapaz de fazer enquanto Gyökeres permanecia manietado pelos centrais. O ex-Braga foi incapaz de corresponder: presa fácil da turma adversária, sem conseguir ligação com os colegas, voltando a abusar do individualismo. Muito bem servido por Nuno Santos, aos 71', permitiu a defesa de Bruno Varela - o melhor do Vitória - tal como já tinha acontecido com Pedro Gonçalves aos 8'. Falhada esta finalização, voltou a desaparecer: mal se deu por ele.
De Paulinho. É mais fácil marcar três ao Dumiense, último classificado do quarto escalão do futebol português, do que criar um só lance de perigo frente à equipa que segue em quinto na Liga 1. Em campo desde o minuto 61', substituindo Morten, mal rondou a baliza e nem chegou a estar perto do golo. Mais de meia hora de inútil presença em campo, o que não constitui novidade. Amorim abdicou do melhor médio de contenção sem ganhar eficácia na linha avançada. O Sporting ficou mais exposto ao contra-ataque, facilitando a tarefa à equipa orientada por Álvaro Pacheco.
Da ausência de Coates. Afastado deste embate em Guimarães por cumprir castigo, devido à acumulação de amarelos, o internacional uruguaio fez falta. Mesmo lento, algo pesado e um pouco preso de movimentos, continua a ser o patrão indiscutível da defesa leonina. Não restam dúvidas: a equipa fica mais frágil sem ele.
Do penálti inexistente. O árbitro João Pinheiro, sem surpresa, teve influência no resultado. Ao assinalar uma grande penalidade que só ele parece ter visto. Adán, saindo algo inseguro dos postes aos 45'+3, fez uma travagem brusca, ajoelhando para evitar o choque com o portador da bola, Mangas, aliás já em queda não provocada. Nenhuma imagem confirma que tenha havido contacto físico entre os jogadores. Momentos antes haviam sido lançadas tochas para o relvado e permanecia ali muito fumo, dificultando a visão de todos. O VAR Hugo Miguel devia ter sugerido a Pinheiro, pelo menos, que observasse as imagens no monitor. Mas nem isso aconteceu. Assim nasceu a grande penalidade que permitiu ao Vitória empatar no último lance da primeira parte. Sem ter criado verdadeiramente uma situação de golo iminente até esse momento.
Daquele desespero final. Últimos dez minutos de pressão contínua mas desordenada e muito caótica da nossa equipa contra a baliza vimaranense, mais com o coração do que com a cabeça, parecendo obedecer ao "sistema táctico" tudo ao molho e fé em Deus. Com estrelinha, talvez resultasse. Mas - talvez por causa da chuva intensa - desta vez ela andou ausente. E, valha a verdade, o Vitória foi sempre uma equipa bem arrumada, bem organizada, tenaz e batalhadora. Com elementos em grande nível, como Varela, Händel, André Silva e Tomás Silva. Num jogo que não merecíamos ganhar.
De termos perdido a vantagem. Deixámos de estar isolados no topo do campeonato e fomos incapazes de ampliar a distância face ao Benfica, que empatou em casa com o Farense. Os encarnados estão agora um ponto atrás de nós, o Braga com menos dois e o FCP igualou-nos na pontuação ao vencer o Casa Pia no Dragão por 3-1, resultado insuficiente para nos destronar do comando. Um triunfo em Guimarães deixar-nos-ia com mais quatro do que o SLB e três acima dos portistas imediatamente antes do clássico. Parecemos optar sempre pela via mais difícil.
Gostei
De Diomande. Com Coates ausente, fez ele de patrão da nossa defesa. E cumpriu no essencial, embora não isento de reparos. Perante um Esgaio longe de cumprir os mínimos e um Gonçalo que tem fases de inexplicável desconcentração, foi ele - sendo o mais novo dos centrais - a fazer de adulto naquela zona do terreno. Desarmes perfeitos aos 23' e aos 34'. Grandes cortes aos 63' e aos 70'. Ganhou praticamente todos os duelos neste duro e difícil confronto em Guimarães.
De Nuno Santos. Voto nele como o nosso melhor em campo. Não apenas pelo golo que marcou, com assistência de Pedro Gonçalves, mas sobretudo por ter dado sempre mostras de ser o mais inconformado do onze leonino. Fez tudo para empurrar a equipa para a frente, com fibra de lutador. Se há jogador que não merecia esta derrota, é ele.
De podermos defrontar o FC Porto sem jogadores castigados. Coates "limpou" os cartões neste V. Guimarães-Sporting. E os três colegas que estavam à bica, quase tapados com amarelos, não foram admoestados por João Pinheiro. Edwards, Morten e Gonçalo Inácio poderão assim integrar o onze titular que defrontará a turma portista em Alvalade no próximo dia 18.
- Gonçalo Inácio foi extremamente imprudente no lance do segundo amarelo. Não sei que percentagem da falta é um toque efetivo do nosso jogador e o que é aproveitamento do adversário, mas realmente existe a entrada, que foi muito precipitada;
- Em relação ao segundo golo, entendo que é de muito difícil análise, mas temos de constatar que as imagens que temos, que serão as mesmas que o VAR usa nas suas análises, são fornecidas pelo próprio Benfica, clube que é responsável pela transmisão dos seus jogos em casa;
- João Neves recebe um amarelo aos 75 minutos, Constanto que depois disso faz mais duas faltas, uma delas uma rasteira por trás a Hjulmand, outra numa disputa com Nuno Santos. Não vê amarelo nenhum neste lances e acaba por marcar o primeiro golo do Benfica.
- A equipa jogou tão bem ou melhor com 10 do que com 11. O Benfica limitou-se a bombear bolas na segunda parte e, com excepção do grande remate de Di María que Adán defendeu, não criou perigo até aos 94 minutos.
- Coates e Adán estão numa fase descendente das duas carreiras e, gradualmente ao longo desta época, terá de se ir tratando da sua sucessão. Para mim o melhor trio de centrais neste momento já é St. Juste, Diomande e Inácio;
- Os golos e as jogadas de perigo do Benfica foram todos em resultado de erros de jogadores do Sporting:
O 1.º lance de perigo, um remate de Rafa a rasar o poste direito, resulta de um conjunto de bolas divididas que foram ressaltando, até que a bola lhe chegou aos pés à frente da baliza;
A bola ao poste resultou de um mau passe de Gonçalo Inácio (salvo erro);
O 1.º golo do Benfica resulta de um má organização defensiva na marcação do canto: oito dos nove jogadores de campo estavam todos ao monete dentro da pequena área, não ficando ninguém para marcar João Neves um pouco mais atrás. O Benfica, apesar de ter o guarda-redes lá à frente, só tinha seis jogadores dentro da área, por isso não sei quem é que os nossos nove jogadores estavam a marcar.
O 2.º golo do Benfica veio na consequência de um mau passe de Hjullmand, que podia ter mantido a posse de bola mas teve a tentação de arriscar em criar uma jogada de perigo aos 96 minutos, quando estava empatado em casa do rival e com menos um jogador.
O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre ADÁN:
- António de Almeida: «Seria sempre difícil vencer o campeão no seu estádio, até criámos oportunidades para marcar, mas a diferença esteve nas balizas, de um lado, Diogo Costa, com excelentes intervenções, do outro, Adán, clamorosamente batido em duas saídas, que resultaram em golo e grande penalidade, respectivamente.» (20 de Agosto)
- João Goulão: «Não culpem o nosso guarda-redes dizendo, como alguns órgãos de comunicação já o fizeram, que a diferença entre as duas equipas esteve nos guarda-redes.» (21 de Agosto)
- Pedro Belo Moraes: «Não vale a pena crucificar o Adán (que já nos deu muitos pontos!) e menos ainda o Rúben Amorim.» (21 de Agosto)
- Luís Lisboa: «Com Adán como protagonista vieram 20 minutos de total descalabro, a expulsão do próprio por uns inúteis centímetros, a saída daquele que estava a ser o melhor do Sporting, a entrada a frio de Israel, e o jogo perdido com 3-1 ao intervalo e três jogadores amarelados.» (4 de Outubro)
- CAL: «O que acontece a Adán, com Adán, cai numa categoria suis generis. Ainda não digeri, confesso.» (4 de Outubro)
- Eu: «Não gostei nada da catastrófica exibição de Adán, responsável máximo por esta humilhante goleada que sofremos. Foi dele a "assistência" directa para o golo de Alexis Sánchez (13'), uma entrega de bola em zona proibida de que resultou o segundo do Marselha (16') e uma absurda saída dos postes com toque da bola com a mão fora da grande área que lhe valeu o vermelho (23'). Enterrou a equipa de alto a baixo nestes dez minutos fatais.» (6 de Outubro)
- Pedro Boucherie Mendes: «Tanto Adán, como Esgaio, como Pote, tiveram lances estúpidos, próprios de escola secundária.» (13 de Outubro)
- José Navarro de Andrade: «Então o Adán, coiso e tal, queriam a cabeça dele, estava velho, desatinado. Pois...» (26 de Outubro)
- Edmundo Gonçalves: «Os destaques individuais vão para Pedro Gonçalves e Adán, o primeiro pelo golo marcado e o segundo pela exibição conseguida. Todos os restantes estiveram a grande nível. Raios, que assim dá gosto ver o Sporting jogar à bola.» (17 de Março)
- João Távora: «Esta manhã, no café e no ginásio, nas ruas, lojas, escolas, fábricas, escritórios e nas paragens de autocarros, toda a gente falava do mesmo assunto: o extraordinário golo de Pote que dá a volta ao mundo, as defesas de Adán, e da exibição dos miúdos do Sporting contra o Arsenal.» (17 de Março)
Morita, dínamo da nossa equipa com exibição de luxo contra a Juventus em Turim
Foto: Marco Bertorello / AFP
Gostei muito da nossa grande exibição em Turim. Neutralizámos a Juventus na primeira parte, vulgarizando-a. A histórica equipa italiana - vencedora de duas Ligas dos Campeões e 36 vezes campeã do seu país - mal conseguiu sair da sua área, empurrada pelos nossos jogadores em constante posse de bola e domínio claro nos dois corredores, com Esgaio a deter Chiesa e Nuno Santos a pôr Cuadrado em sentido. No primeira metade do segundo tempo, até por opção táctica após o empate a zero que se mantinha ao intervalo, a partida esteve equilibrada, mas com o Sporting a manter mais posse, a construir mais oportunidades e a beneficiar de mais cantos. O jogo terminou, após terem-se escutado assobios das bancadas à turma liderada por Massimiliano Allegro, com a vecchia signora toda remetida à sua área, como equipa pequena, sob pressão intensa do onze leonino.
Gostei das exibições de vários jogadores. Com destaque muito especial para Morita, que parecia ocupar o campo inteiro. Sem Ugarte, ausente por castigo, o internacional japonês foi dono e senhor da zona intermédia, cortando numerosas iniciativas de construção atacante dos italianos, mas também se assumiu como médio criativo, aparecendo com frequência em posições mais adiantadas, e funcionou como pronto-socorro em missões defensivas: calou de vez aqueles que ainda suspiram por Matheus Nunes. Também gostei de Coates, irrepreensível como patrão da defesa (até no lance do golo que sofremos) e a mandar a equipa para a frente, dando ele próprio o exemplo. Nuno Santos esteve em grande nível, Pedro Gonçalves foi batalhador do princípio ao fim em duas posições diferentes e Arthur voltou a dar sinais de ser um elemento positivo ao saltar do banco. Sem esquecer a extrema mobilidade de Trincão, disponível como nunca para apoio à defesa, algo que ainda não lhe tínhamos visto.
Gostei pouco das excelentes oportunidades de golo que desperdiçámos na noite de anteontem. Umas por mero azar, algumas por imperícia no momento da decisão e outras tantas devido a grandes defesas dos dois guarda-redes da equipa anfitriã presentes neste desafio dos quartos-de-final da Liga Europa - primeiro o polaco Szczesny, depois o italiano Perin. Contei oito: Morita aos 19', Coates aos 29', Pedro Gonçalves aos 30', Nuno Santos aos 33', Pedro Gonçalves aos 47', Morita aos 89', Pedro Gonçalves e o reaparecido Bellerín em sequências do mesmo lance, aos 90'+1. As duas últimas, sobretudo, foram de bradar aos céus: disparos à queima-roupa a curtíssima distância da baliza e com o guarda-redes em desequilíbrio. Devemos a nós próprios não ter saído de Turim com um empate ou até com uma vitória folgada. Viemos de lá com uma derrota tangencial (1-0), mas mantêm-se em aberto as expectativas para irmos às meias-finais.
Não gostei da troca de Nuno Santos, que estava a ser um dos nossos melhores, pelo trapalhão e desastrado Matheus Reis. Incompreensível decisão de Rúben Amorim - que esteve muito bem em quase tudo o resto, começando pela leitura minuciosa da equipa adversária - assumida aos 62', quando o 0-0 inicial se mantinha. Nuno saiu visivelmente insatisfeito e compreende-se porquê. Tinha a noção clara de que estava a desempenhar muito bem a missão, municiando o ataque a partir da ala esquerda e tentando também ele o golo, com os italianos postos em sentido. A nossa equipa piorou com o brasileiro em campo.
Não gostei nada de Adán. Após a brilhante exibição em Londres, frente ao Arsenal, o guarda-redes volta a prejudicar a equipa - como já tinha feito nas duas partidas da Liga dos Campeões, contra o Marselha, no jogo inicial do campeonato, no estádio do Dragão, e na final da Taça da Liga, entre outros jogos. Agora com uma saída em falso, abandonando a baliza numa tentativa falhada de socar a bola sem estar sequer sob forte pressão adversária, permitindo o golo de Gatti (73'). Estes lapsos em momentos decisivos começam a ser demasiado frequentes, ao ponto de se tornar necessário prepararmos desde já um sucessor para o espanhol na baliza leonina.
Ramsdale voa sem sucesso, minuto 62: Pedro Gonçalves marcava ao Arsenal num disparo de 48 metros
Foto: Vince Mignott / EPA
Quente
A nossa brilhante prestação em Londres, contra o Arsenal. Seguimos em frente, rumo aos quartos-de-final da Liga Europa. Num emocionante desempate por penáltis, com 1-1 após o tempo regulamentar, seguido de meia hora alucinante que manteve o resultado dos 90 minutos. Na sequência, por sua vez, do empate 2-2 em Alvalade. E beneficando das novas regras da UEFA, em que os golos marcados fora de casa deixam de valer a dobrar. Houve estrelinha? Sim. Mas, acima de tudo, houve muito mérito.
Esta sensação de orgulho. Derrubámos o Arsenal, hoje a melhor equipa do melhor campeonato do mundo. Uma equipa com mais de mil milhões de euros no seu orçamento para o futebol, que lidera a Premier League e está cheia de estrelas: Oregaard, Trossard, Jorginho, Gabriel Jesus, Martinelli, Xhaka, Ben White, Zinchenko, Saka, Gabriel Magalhães e o ex-portista Fábio Vieira. Sem nunca tremermos perante os pergaminhos dos gunners.
Os penáltis. Quem diz que os nossos vacilam nos momentos culminantes? Caramba, jamais poderão repetir tal frase após a impecável ronda dos penáltis - a que alguns chamam "lotaria", mas que eu insisto em chamar competência - com todos os jogadores leoninos a converterem, cumprindo a ascensão à glória no estádio Emirates. Aqui ficam os nomes deles, pela ordem de marcação: St. Juste, Esgaio, Gonçalo Inácio, Arthur e Nuno Santos. Quando o nosso ala esquerdo a meteu lá dentro, houve uma explosão de alegria: milhões de nós, em todo o mundo, celebrámos nesse omento. 5-3 nos pontapés de penálti.
Adán.Gigante na baliza. Fez aquilo que para muitos seria tarefa impossível: várias defesas monstruosas, impedindo a vitória do Arsenal. Destaco as suas intervenções aos 30' (Gabriel Jesus), 79' (Fábio Vieira), 90'+7 (Trossard, num desvio para o poste) e 117' (Gabriel Magalhães). Mesmo no golo sofrido de recarga por Xhaka, aos 19', faz inicialmente uma defesa enorme. E é ele o autor de uma quase-assistência, num passe vertical a partir da baliza, no lance do nosso golo. Cereja em cima do bolo: defendeu um dos quatro penáltis finais, travando o remate de Martinelli. Um herói.
Pedro Gonçalves. Aconteceu com ele frente aos gunners o que tantas vezes lhe sucede: parecia alheado do jogo, algo escondido, pouco interventivo. Não lhe peçam para correr atrás da bola: ele funciona sobretudo com ela no pé. Aconteceu aos 62': pegou nela logo após a linha do meio-campo, ainda dentro do círculo central, e quase sem balanço, a 48 metros de distância, desferiu um remate mortal para as redes anfitriãs, num magnífico chapéu ao guarda-redes Ramsdale. Golaço de fazer abrir a boca, conforme as imagens documentam, e até valeu aplausos de alguns adeptos adversários. Um golo que disparou a quotação do nosso melhor artilheiro e o projecta como sério candidato a ingressar nas fileiras da Premier League a partir da próxima temporada. Desde já o mais belo golo do ano. Obra-prima do futebol.
Ugarte. Baluarte nas recuperações. Foram em série: aos 28', 52', 53'', 58', 81' (duas), 99'. Mesmo sem ter por perto o seu parceiro Morita, ausente por castigo. Há quem lhe chame o novo Palhinha, há até já quem o considere superior a Palhinha. Uma coisa é certa: com a mesma idade, Palhinha não fazia ainda o que ele hoje faz. Médio defensivo com superior qualidade técnica e insuperável entrega ao jogo.
Defesa. Enfim, solucionados os problemas no nosso reduto defensivo. Com dois jogadores destros que puseram fim ao domínio de canhotos: St. Juste e Diomande. Magníficos desempenhos no estádio londrino, ambos grandes obreiros deste empate transformado em vitória. O holandês, veloz nas movimentações e muito útil nos cortes e recuperações - além de ter sido o primeiro a converter a decisiva série de penáltis finais. O marfinense, muito seguro e com inacreditável maturidade do alto do seu 1,92m, fez de Coates sem tremer e salvou um golo aos 118' já com Adán batido. Caloroso aplauso para ambos.
Aposta na juventude. Nunca fomos tão longe com jogadores tão jovens. Eis a prova, olhando para os 16 que participaram nesta partida épica: Diomande (19 anos), Gonçalo Inácio (21), Ugarte (21), Chermiti (18), Dário (18) e Tanlongo (19). Além de outros que estão longe de ser veteranos, como Trincão (23 anos), Pedro Gonçalves (24), Edwards (24), Arthur (24) e St. Juste (26). Lugar aos novos neste Sporting 2022/2023.
Aposta na formação. É mito? De forma alguma. Voltou a comprovar-se neste enorme desafio de anteontem, quinta-feira. Terminámos com quatro elementos formados na Academia leonina: Gonçalo Inácio, Esgaio, Dário e Chermiti. Venham mais.
Árbitro. Boa actuação do juiz da partida, o espanhol Mateu Lahoz. Devia servir de exemplo aos apitadores portugueses: deixou jogar, não interrompeu o tempo todo, não tentou ser ele o protagonista, ignora as fitas de quem adora mergulhar para a relva simulando falta, percebe que o futebol é desporto de intenso contacto físico. Valorizou o espectáculo.
Adeptos. Excelente "moldura humana" nas bancadas do Arsenal: quase 60 mil pessoas. Com natural destaque para cerca de quatro mil adeptos do Sporting, que souberam puxar pela equipa o tempo todo, incluindo nos 43 minutos (entre os 19' e os 62') em que estivemos a perder.
Gratidão. Pedro Porro passou de manhã pelo hotel onde a nossa equipa esteve alojada, distribuindo abraços e palavras de incentivo. João Palhinha e Cédric Soares assistiram à partida nas bancadas. Não esquecem o clube que os projectou e valorizou. A gratidão é uma das maiores virtudes.
Rúben Amorim. O nosso treinador merece especial realce. Por estar a formar uma equipa em crescendo, que vem superando obstáculos após um período menos feliz. Por estar a indicar reforços que merecem mesmo receber este rótulo. Por ter introduzido alterações pontuais ao seu sistema táctico de raiz que foram muito bem-sucedidas nos 210' de futebol jogado contra o Arsenal. Por confiar no seu onze ao ponto de só ter feito agora a primeira substituição (troca de Paulinho por Chermiti) ao minuto 89, quando o técnico dos gunners já fizera as cinco alterações regulamentares. E pela sua inegável competência, que o põe no mapa europeu dos futuros técnicos da Premier League após quatro partidas sem derrotas contra clubes ingleses nesta temporada: uma vitória (Tottenham) e três empates (Tottenham e dois frente ao Arsenal). Merece este destaque. É o melhor técnico leonino em muitas décadas.
Morno
Esgaio. Esteve no pior, ao perder a bola e colocando em jogo Martinelli no lance do golo que sofremos, mas redimiu-se depois disso com um passe fabuloso para Edwards, aos 62', autêntica assistência para golo, infelizmente falhado. E sobretudo ao assumir protagonismo nos penáltis finais: converteu o segundo, de modo irrepreensível. E cerrou o punho, com determinação. Também obreiro desta passagem aos quartos da Liga Europa.
Trincão. Boa primeira parte: é dele a primeira oportunidade de golo do encontro, aos 13', num remate cruzado ao poste direito de Ramsdale. Sacou um amarelo a Xhaka (45'+2). Apagou-se durante o quarto de hora inicial da segunda parte, mas tem intervenção no golo. Balanço: pode e deve fazer melhor. Continua intermitente.
Edwards. Noite de desperdício para o avançado inglês, que regressou ao futebol da cidade onde nasceu e se formou para o desporto mais apaixonante do planeta. Estava escrito, porém, que esta não seria a sua noite de glória. Esteve quase a acontecer, mas Edwards, isolado por Esgaio aos 72', conseguiu acertar na cara do guarda-redes, como se a baliza tivesse subitamente encolhido. Convém referir, no entanto, que trabalhou e batalhou muito.
Dário. O mais jovem em campo. Ter-se-á deslumbrado quando entrou, aos 94', para substituir um exausto Pedro Gonçalves? É bem possível. Três minutos depois, foi protagonista pela negativa, entregando a bola em zona proibida - o que só por centímetros não proporcionou golo a Trossard. Único deslize seu digno de nota naquele electrizante prolongamento, mas esteve quase a ser-nos fatal.
Dinheiro da UEFA. A SAD leonina recebe 1,8 milhões de euros nesta passagem à fase seguinte da Liga Europa. Melhor que nada, obviamente. Mas a uma distância enorme dos valores que se praticam na Liga dos Campeões.
Frio
Sem Ugarte nos quartos-de-final. Não poderemos contar com o talentoso médio uruguaio no próximo confronto, já em Abril, frente à Juventus. Expulso por acumulação de amarelos mesmo no fim da partida, aos 118', num lance em que até arriscou o vermelho directo. Será uma baixa relevante: nada fácil de substituir.
Tochas. Voltaram a marcar presença, lamentavelmente. Momentos antes do apito inicial e logo após o nosso golo do empate. Por mais que se repitam os sérios avisos da UEFA, por mais que se renovem os apelos da Direcção leonina, por mais que vão pesando as multas, estes energúmenos continuam apostados em associar o Sporting à imagem de um clube desordeiro, incapaz de respeitar as normas. Nada a ver com os valores leoninos.
Letais. Passaram toda a semana a mandar farpas envenenadas ao treinador nas redes ditas sociais, nos seus blogues de estimação e até em algumas caixas de comentários do És a Nossa Fé. Zurzindo Rúben Amorim por causa de Fatawu, reforço do Sporting nesta temporada 2022/2023 que não chegou a ser utilizado no desafio da primeira mão frente ao Arsenal. Eles estão-se marimbando para o miúdo ganês. Só fazem questão em inventar motivos para cumprirem o seu lema: Letais ao Sporting.
Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Arsenal-Sporting, da Liga Europa, pelos três diários desportivos:
Adán: 24
Pedro Gonçalves: 24
Ugarte: 20
Diomande: 20
Gonçalo Inácio: 19
St. Juste: 19
Matheus Reis: 17
Edwards: 17
Esgaio: 17
Paulinho: 16
Trincão: 16
Nuno Santos: 14
Chermiti: 14
Dário: 11
Arthur: 7
Tanlongo: 1
Os três jornais elegeram Adán como melhor em campo.
Era assim que os gunners pensavam que iria correr o jogo de ontem. De tal forma que o treinador dos gajos até fez uma pequena gestão do plantel, deixando de fora dois ou três dos habituais titulares.
A coisa correu-lhes mal desde o início do jogo e nos primeiros 15 minutos apenas cheiraram a bola, tal o domínio dos nossos rapazes.
A partir daí conseguiram equilibrar até ao intervalo, tendo aproveitado um (co)lapso de Esgaio, mais um, para marcar um golo que nada fizeram por merecer. Logo ali me ocorreu que a coisa se resolveria nos penaltis, vá-se lá saber porquê. Também me poderia ter ocorrido os números do Euromilhões, mas saiu-me por assim dizer a terminação, o que dado o resultado, não deixou de ser uma premonição de luxo.
A segunda parte foi uma lição de como jogar bem à bola contra um adversário que já tinha acordado e já se tinha apercebido que pela frente tinha um conjunto coeso, disciplinado tacticamente e muito motivado.
Depois o meu homónimo decidiu criar um conflito com o colega Nuno Santos e roubou-lhe a possibilidade de vencer o prémio Puskas, assinando um quadro a óleo sobre tela, com assinatura reconhecida, digno de figurar no Tate Britain. Um golaço de meio-campo mesmo na gaveta, o golo de uma vida.
A segunda parte foi toda do Sporting, que não resolveu o jogo por manifesta falta de jeito de Edwards e também de competência do redes contrário, que lhe roubou o golo com uma (pega) defesa de cara(s).
No prolongamento a coisa pendeu mais para o lado dos ingleses, mas na baliza esteve um Adán enorme que defendeu tudo e quando ela, a bola, lhe passou ao lado, contou com a prestimosa ajuda de um puto que há pouco mais de um mês estava a jogar aqui ao lado em Mafra, na segunda liga e que foi um esteio no centro da defesa.
Nos penaltis, sem os habituais marcadores em campo, os cinco que foram chamados, Ste Juste, Esgaio (que não se deixou influenciar pelo lapso do golo do Arsenal e acabou fazendo um belo jogo), Inácio, Arthur e Nuno Santos, foram irrepreensíveis e Adán redimiu-se de algumas exibições menos conseguidas e deu-lhe para agarrar o quarto remate dos ingleses.
Se há coisas perfeitas, ontem a exibição do Sporting chegou lá, numa noite de sonho.
Os destaques individuais vão para Pedro Gonçalves e Adán, o primeiro pelo golo marcado e o segundo pela exibição conseguida. Todos os restantes estiveram a grande nível. Raios, que assim dá gosto ver o Sporting jogar à bola.
Foi mesmo uma grande noite do Sporting em Londres, que deixou pelo caminho mais do que justamente o lider da Premier League. E se havia alguém que merecia isso, chama-se Rúben Amorim. O melhor treinador do Sporting desde há muitos, muitos, muitos anos.
Com Diomande a fazer excelentemente o papel de Coates, com um 3-4-3 muito bem equilibrado defensiva e ofensivamente, o Sporting foi superior ao Arsenal durante os 90 minutos. Recuperámos a desvantagem criada por um lance infeliz de Esgaio num lance genial de Pote (um daqueles que marcam a carreira dum jogador, quando for velhinho ainda vai ter toda a gente a lembrá-lo daquele golo que marcou em Londres contra o Arsenal), e apenas a noite muito infeliz de Edwards fez com que a eliminatória não ficasse resolvida. Depois veio o prolongamento, o cansaço começou a imperar, os que entraram não fizeram esquecer os titulares, e foi mesmo preciso um grande Adán para nos levar aos penáltis.
E nos penáltis foi o mesmo Adán que defendeu um enquanto St. Juste, Esgaio, Inácio, Arthur e Nuno Santos não falharam.
Hoje estiveram em campo St. Juste, Diomande, Trincão, Chermiti, Arthur e Tanlongo, todos novidades de Amorim para esta época. Foram eles, com os outros "mais antigos" na A, que construíram esta grande vitória. E se alguns foram muitas vezes menosprezados internamente, hoje todos temos de perceber que existe um scouting que selecciona, um Amorim que escolhe, e um presidente que "banca" as escolhas e não se arma em iluminado. Só assim existem decisões difíceis que se revelam fantásticas. Como fantástica foi a contratação do próprio Amorim.
Quando falo em aquisições fantásticas falo em St. Juste e Diomande. O holandês é um defesa assombroso, extremamente veloz e muito efectivo quando sobe no terreno, pena só ter podido chutar com o pé que tinha mais à mão. Diomande é um colosso no centro da defesa. De repente com esses dois, Inácio, Coates e Matheus Reis, ficámos com uma super-defesa. Quem diria pelo que foi o a primeira metade da temporada...
Dos outros destaco Esgaio, que depois dum lance infeliz que custou o golo contrário, soube reencontrar-se e fazer um resto de jogo em grande, penálti incluido; Ugarte, que mais uma vez foi um leão indomável em campo; e o genial Pote, mais uma vez fora da sua posição, numa missão de grande sacrifício e que mesmo assim marcou o golo da sua vida. Também Adán, que merecia uma noite assim.
Grande vitória de Rúben Amorim, que continua a pôr os olhos no chão e a não olhar para os penáltis. Onde estão hoje aqueles exigentes da treta que andaram a acenar os lenços em Alvalade?
E agora? Há festejar, depois treinar, pois há que ganhar ao Santa Clara e ao Gil Vicente, quando o campeonato recomeçar. E logo se vê o resto.
Vitória épica em Londres: derrubámos a melhor equipa do melhor campeonato do mundo. Primeira vitória leonina de sempre na capital inglesa: o Arsenal foi ao tapete. Caiu nos oitavos da Liga Europa.
Nós seguimos em frente, com todo o mérito. Três golos marcados nas duas mãos desta eliminatória. Sem derrotas, melhores nos penáltis. Com cinco artilheiros que não falharam: St. Juste, Esgaio, Gonçalo Inácio, Arthur e Nuno Santos.
Pedro Gonçalves: um golo extraordinário, que vai ser visto e aplaudido a partir de agora em todo o mundo.
Adán - com uma exibição fantástica no estádio Emirates, perante quase 60 mil espectadores - defendeu uma grande penalidade.
O onze com que o Sporting entrou em campo parecia uma resposta de Rúben Amorim e da equipa ao comentário de Abel Xavier uns dias antes na TV, onde dizia: "Os jogadores de peso do Sporting não têm correspondido." E assim entraram hoje em campo Adán, Coates, Nuno Santos, Trincão e Paulinho, que esta época têm deixado a desejar em termos dos deslizes que cometem em campo e da influência ou liderança que demonstram no seio da equipa.
Por outro lado, mais uma vez, Amorim teimou em Pedro Gonçalves a 8, e se ainda o tivemos a médio nos início da partida, com um amarelo escusado por uma entrada por detrás já depois de termos ficado em vantagem no marcador, ficámos sem ele, passámos a jogar quase em 3-3-4. Com isso o Chaves subiu no terreno, conseguiu lances perigosos e marcou um golo consentido por Adán, depois duma enorme defesa do nosso guarda-redes num lance em que Coates foi facilmente batido.
Já tinha falado dos deslizes de Adán e Coates nesta época?
A segunda parte foi toda nossa. O Chaves encostou atrás e Pedro Gonçalves pôde fazer o que faz melhor, marcou o segundo golo e sofreu um penálti. Que devia ter convertido, porque o que fez em Alvalade devia ter repetido em Chaves. Teria sido talvez um "hat trick" que o valorizava e valorizava o Sporting. Obviamente nada contra Chermiti, como nada haveria contra Esgaio se tivesse falhado em Alvalade, mas são coisas que não fazem nenhum sentido em alta competição profissional.
O jogo não acabou sem que o Chaves tivesse chegado ao 3-2 num brinde do Nuno Santos, que ainda estava a comemorar o golo marcado.
Paulinho merece um parágrafo só para ele. Cavou o primeiro penálti, claríssimo para os critérios utilizados no futebol português, acertou na barra a 3 metros da baliza num centro de Nuno Santos, viu dois golos anulados por foras de jogo estúpidos, onde teve mais que tempo para procurar o alinhamento correcto, e assistiu para o terceiro golo num lance que esteve quase a invalidar pelos mesmos motivos.
Se fosse a Amorim, trocava o treino do campo por um quadro e um giz, e obrigava-o a escrever 1000 vezes qualquer coisa como: "Quando estou à frente do último defesa e me passam a bola anulam-me a jogada por fora de jogo." Assim, para mim de potencial melhor jogador em campo, passou para potencial maior... em campo.
Melhor jogador, apesar do que não fez no meio-campo, foi isso sim o rapaz ali de perto, o Pedro Gonçalves. Que não tem culpa que o coloquem ali, e que não devia ter prescindido de bater o penálti.
Diomande esteve muito bem mesmo, e a jogar assim o lado direito da defesa entre ele e St.Juste está assegurado, o que permite que Gonçalo Inácio volte à sua posição natural, e consequentemente que Matheus Reis seja um sério candidato a ala esquerdo. Uma bela aquisição que vem resolver muita coisa no plantel.
O árbitro esteve muito bem, deixou jogar e apitou o que viu e o VAR respeitou como devia a opinião dele.
E assim o Sporting ganhou em Chaves, com a equipa com quem perdemos em Alvalade na 1.ª volta, num estádio que não deixa boas recordações. Foi lá, no balneário, na ausência do treinador castigado Jorge Jesus, que o ex-presidente começou a cavar o seu triste fim em 17/1/2017 em guerra aberta com os capitães Rui Patrício e William Carvalho, logo depois de termos sido eliminados da Taça e dias depois de termos consentido o empate nos ultimos minutos para a Liga. Foi lá também que empatámos por 2-2, em Janeiro de 1999, o jogo da "grande azia" do Jorge Coroado. Quem quiser ir ao passado e fazer as contas vai descobrir que é um dos estádios deste país mais ingratos para o Sporting.
Assim também o Sporting consegue nesta segunda volta mais 5 pontos do que na primeira com os mesmos adversários. É por aqui que temos de prosseguir se queremos chegar aos lugares que conduzem à Champions. Na prática, vencer os jogos que faltam.
E agora? Agora é ir na quinta-feira ganhar à Dinamarca, com toda a confiança em Rúben Amorim.
Apesar da análise do Abel Xavier, apesar de continuarmos a ter uma falha grave no plantel que salta à vista de todos.
PS: Quantas vezes é que desta vez passaram a bola ao Adán?
No Sporting-Midtjylland, de quinta à noite, os nossos jogadores de campo fizeram nada menos do que 25 passes ao próprio guarda-redes. Até parecia que não queriam progredir no terreno rumo à baliza contrária.
Isto explica muito da péssima exibição dos homens sob o comando de Rúben Amorim neste desafio da Liga Europa que estivemos prestes a perder. O golo salvador de Coates, que fixou o resultado em 1-1, foi marcado aos 93' 50". Quando só faltavam dez segundos para o apito final.
Anotei esses 25 atrasos ao guarda-redes. Para mais tarde recordar.
Fica o registo:
00' 16'' (Matheus Reis)
04' 22'' (Coates)
04' 36'' (Matheus Reis)
16' 37'' (Matheus Reis)
18' 21'' (St. Juste)
23' 02" (St. Juste)
23' 15'' (Matheus Reis)
24' 49'' (Nuno Santos)
25' 08'' (Nuno Santos)
28' 50'' (Matheus Reis)
28' 58'' (St. Juste)
29' 09'' (St. Juste)
29' 16'' (Matheus Reis)
37' 15'' (St. Juste)
37' 21'' (Coates)
37' 28'' (Matheus Reis)
40' 05'' (Coates)
41' 22'' (St. Juste)
67' 29'' (St. Juste)
72' 15'' (St. Juste)
74' 58'' (St. Juste)
75' 06'' (St. Juste)
76' 16'' (St. Juste)
76' 26'' (Nuno Santos)
83' 47'' (St. Juste)
O que dizer a isto? Será atitude de equipa que quer vencer um jogo decisivo em termos desportivos e reputacionais?
Coates festeja no último lance: golo caído do céu salva naufrágio em Alvalade
Foto: Lusa
Gostei muito de dois jogadores do Sporting - ambos uruguaios, ambos dignos de envergar o símbolo do Leão ao peito. Sebastián Coates e Manuel Ugarte. O primeiro pelo exemplo de tenacidade que dá aos colegas, tanto à frente como atrás - com cortes providenciais perante ataques promissores do adversário, como aconteceu aos 7', 20' e 87' (este valeu-lhe um amarelo) e sobretudo pelo modo como superou o cansaço e foi de novo capaz de se transfigurar nos minutos finais, recriando-se como ponta-de-lança. O segundo pela eficácia e capacidade de resistência que revela como médio mais recuado, trabalhando por dois, quase sempre sem apoios nem dobras, vital na recuperação de bola - assim foi aos 27', 36' e 62'. Fizeram ambos tudo para conseguirmos a vitória no desafio de ontem, frente ao Midtjylland. Sem eles, nem ao empate (1-1) teríamos chegado numa partida que soava a derrota até aos 94'.
Gostei do golo alcançado na nossa única verdadeira oportunidade nesta partida da Liga Europa. Golo com um toque miraculoso, no último momento do desafio, com uma recarga de Coates como ponta-de-lança improvisado num lance que o fez entrar na baliza junto com a bola após centro de Edwards que carambolou em Gonçalo Inácio dentro da área e um primeiro remate que foi devolvido ao nosso capitão agora em estreia como artilheiro na época em curso. Já vai tarde, mas soube muito bem este golo do empate que pareceu caído do céu aos 90'+4, segundos antes do apito final, e mantém a eliminatória em aberto. Após uma repescagem para a Liga Europa em que nos qualificámos, vindos da Liga dos Campeões, graças a um golo no último minuto marcado pelo Tottenham em Marselha. Entre tanta mediocridade, parece que pelo menos a estrelinha de Rúben Amorim voltou a acender-se.
Gostei pouco da nossa confrangedora incapacidade para superar o vice-campeão dinamarquês, que só cumpriu agora, em Alvalade, o primeiro jogo oficial após um longo interregno: não competia desde 13 de Novembro devido ao Mundial e à paragem de Inverno no futebol do seu país. O Midtjylland, que em Agosto havia sido goleado duas vezes pelo Benfica nas pré-eliminatórias de acesso à Liga dos Campeões, impôs o seu jogo em largos momentos desta partida e abriu mesmo o marcador, por Ashour, aos 77', após monumental fífia de Adán. Foi a primeira vez que a turma dinamarquesa - em sétimo no campeonato do seu país - conseguiu pontuar em cinco jogos europeus disputados em Portugal. E este foi o quinto jogo seguido do Sporting sem vencer em desafios europeus. Dado factual preocupante, entre tantos outros.
Não gostei do onze escalado por Rúben Amorim para este jogo europeu do Sporting. Sinal errado transmitido à equipa, uma vez mais, com dois jogadores que têm demonstrado uma vez e outra a sua inutilidade, por motivos diferentes. Ricardo Esgaio, o ala direito que não cria desequilíbrios nem cruza com perigo, e Paulinho, o avançado-centro que passa jogos consecutivos sem rondar o golo. Chermiti estranhamente no banco após três partidas com bons números: dois golos e uma assistência. St. Juste, desta vez titular num constante entra-e-sai que não confere a menor estabilidade ao reduto defensivo. Matheus Reis sempre fora de posição (actua como central quando é lateral de raiz). Pedro Gonçalves, o jogador leonino com mais golo, novamente empurrado para longe da baliza. Ugarte quase sempre só no meio-campo. Equívocos em catadupa presenciados ao vivo por uma das mais fracas molduras da temporada: apenas 23 mil em Alvalade. Os primeiros assobios aconteceram ao intervalo. Nos minutos finais, sobretudo após o golo dinamarquês, já não eram só assobios: choviam insultos das bancadas. Quase um filme de terror. Que felizmente não atemorizou o nosso capitão.
Não gostei nada de Adán: está sem condições para garantir tranquilidade e segurança à baliza leonina. Precisa de concorrente: nunca o teve, foi-se desleixando. "Despediu" Luís Maximiano, levando a SAD a contratar Franco Israel. Mas o jovem uruguaio, de apenas 22 anos, nunca conseguiu uma verdadeira oportunidade para mostrar o que vale: passa o tempo no banco. Se não tem qualidade, para que o foram buscar? A verdade é que o espanhol enterrou a equipa na derrota sofrida no Dragão (0-3) no início do campeonato, no duplo desaire contra o Marselha na Liga dos Campeões (1-4 lá, 0-2 em Alvalade) e na recente final da Taça da Liga perdida frente ao FC Porto (0-2). Ontem, numa péssima reposição, ofereceu de bandeja a bola a Ashour, que não perdeu a oportunidade. É excessivo, é de mais. Custará assim tanto ao treinador perceber que este já não é o guarda-redes campeão? Custará assim tanto ao treinador perceber que Paulinho (substituído por Chermiti só aos 79') é um fracasso como avançado-centro? Custará assim tanto ao treinador perceber que Trincão (substituiu Arthur aos 65') é uma inutilidade em campo? Custará assim tanto ao treinador perceber que os mesmos processos conduzem fatalmente aos mesmos tristes resultados quando qualquer equipa de vão de escada já está farta de saber como o Sporting se movimenta em campo e quais são os nossos pontos fracos mais notórios?
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