O jogo de ontem foi enorme prova de vida. Acredito que é daquelas vitórias que podem levar a viragem definitivamente ganhadora. Não é só o meu avassalador optimismo que o diz. São os factos. Ganhámos contra tudo e todos (até contra nós, e falo dos jogadores, não dos adeptos). Sublinho isto porque as minhas expectativas nunca as confirmei e a equipa, jogo a jogo, foi dando mostras da orfandade provocada pela partida de Amorim. Desde a primeira hora que esperei dos jogadores resistência, sabedoria e maturidade necessárias para superarem a perda de um norte que os guiou a tantas glórias. Não tem sido assim. Ontem, finalmente, foi. Fomos justíssimos vencedores. Contra tudo e todos.
Até aqui e daqui para a frente, as lesões são para mim o maior dos obstáculos. Faltam-nos peças-chave para a segurança, controlo e domínio dos jogos. E isso não há novo treinador que resolva.
Ontem batemos com toda a justiça a quarta melhor equipa do campeonato que 15 dias antes nos tinha batido em casa. Ainda que tímida e periclitante, a curva da equipa JP tem sido de ascensão. Melhoramos de jogo para jogo. A ida a Barcelos vai confirmá-lo. Depois venha o Benfica, que connosco líderes treme. E Alvalade é fortaleza! Vivó Sporting
Não tendo o clube podido amararrar e prender Rúben Amorim numa masmorra de Alvalade, umas vezes, na academia de Alcochete, outras, libertando-o apenas para os treinos e idas ao banco; a saída do Sporting daquele grande fazedor de vitórias era inevitável. Perante isso, a interrogação que se colocou à Direcção (o que fazer?) é exactamente a mesma que se coloca hoje.
Eu concordo com a resposta dada. E faço-o com perguntas: Quem teríamos ido buscar? Que bons treinadores, e repito bons, que bons treinadores havia ou há disponíveis no mercado já com as competições em andamento?
João Pereira era e é uma escolha óbvia. Mesmo que os primeiros resultados dêem razão a quem pense o contrário, João Pereira parece-me a solução acertada. Bem sei que contra os factos (3 jogos, duas derrotas e uma vitória) é difícil apresentar argumentos que corroborem a tese aqui defendida. No entanto, permaneço convicto que ao contratarmos um novo treinador os riscos de insucesso seriam ainda maiores. A decisão a ser tomada, como muitos pedem, acredito, podia não ser mais do que uma chicotada psicológica. Estéril.
O modelo de jogo seguido por João Pereira tem sido o mesmo que o antecessor aplicava, o sistema também. Os jogadores não deixaram de saber jogar à bola. Falta liderança? Sim! E essa ausência de comando será sempre imputável em primeira instância ao treinador, claro que sim. Mas como estamos a falar de homens feitos e não de órfãos desvalidos, João Pereira não está sozinho nas responsabilidades do mau futebol praticado, da falta de raça, empenho, intensidade e vontade de ganhar.
Fulo e, até indigando, com o que jogámos este sábado com o Santa Clara, confesso que não aplaudi a equipa no final do jogo. Não porque não acredite na equipa ou porque tenha deixado de a apoiar, nada disso. O silêncio usei-o para sinalizar e reforçar a ausência de razões para aplauso. Os jogadores não podem ser apaparicados depois da figura que fizeram. E o mesmo é válido para a equipa técnica. Não devemos assobiá-los, mas, seguramente, não temos de aplaudi-los quando jogam tão pouco!
Do treinador, aos jogadores, Presidente e estrutura do futebol, este é um momento para líderes. E, julgo, também nós sportinguistas, parte activa da abstracta massa adepta, temos de ter cabeça fria.
Do mal o menos: desabituámo-nos das derrotas. Habituámo-nos a ganhar. E não só. Hoje, temos como hábito a coesão dum clube que tem sabido conquistar a aquilo que se propõe conquistar.
Amanhã em Alvalade perspectiva-se lotação esgotada, num jogo fora da gamebox e fora das borlas doutros temos para as claques.
Se calhar o Sporting vai registar um record de bilheteira, mas o que me apraz realçar é o sentimento dos sócios e adeptos que acreditam como eu que o Sporting pode ultrapassar esta Juventus.
Todos os motivos serão válidos para os que não forem: o preço dos bilhetes, o custo de vida, o ódio ao Varandas, a guerra da Ucrânia, a crise do casamento do Bruno. Mas o que interessa é relevar que estamos quase todos com Amorim e a sua equipa.
Não duma forma acrítica, não duma forma insensível aos maus resultados, não duma forma menos exigente para quem foi contratado e não rendeu o que era suposto, não duma forma de acéfalos seguidores dalgum grande timoneiro.
Amanhã em Alvalade o Sporting vai ter uma oportunidade de ultrapassar muito do que correu pior esta época. Sem o Pinheiro azul a apitar (na calha para Dragão de Ouro ou Platina se realmente conseguir em duas épocas seguidas dar o título ao Porto), mesmo sem o Paulinho essencial para o melhor Sporting, e sem StJuste, eu acredito.
E vou lá estar, doido da cabeca, mesmo tendo 300kms para fazer entretanto e tendo pago quase 100€ para os bilhetes.
Quem vai como eu ao estádio e ao pavilhão e canta a canção "O mundo sabe que", só tem mesmo de ir.