Quando já pensávamos ter visto quase tudo em matéria de imbecilidades, eis mais uma, parida no país que acaba de sagrar-se campeão europeu de futebol: a partir da temporada 2022/2023 os equipamentos verdes serão proibidos nos estádios italianos para satisfazer queixinhas dos operadores televisivos que alegam dificuldade em distinguir entre a cor das camisolas e o relvado.
Proibir o verde: eis o sonho totalitário de muita gente também por cá. Em matéria de direitos e liberdades, vamos de restrição em restrição enquanto meio mundo bate palminhas.
As mesmas que puseram paninhos púdicos em cima do Apito Dourado, para fazer de conta que nunca existiu, e assobiaram para o lado no caso das refeiçõezinhas oferecidas aos árbitros em forma de vouchers escandalizam-se agora, rasgando as vestes, por causa de um bardamerda bem sonoro.
Alguém pode levar a sério estas putativas donzelas, prontas a pôr a falsa virgindade em bom recato para parecem aquilo que nunca foram? Quem não as conhecer que as compre, antes que algum surto inflacionário as faça subir de preço.
«Jesus. Um dos heróis do único triunfo do... Boavista sobre o Sporting. Proeza aconteceu há 40 anos e o actual técnico dos 'verde e brancos' entrou nos minutos finais para ajudar a garantir triunfo pela margem mínima.»
Leia o resto da "notícia" aqui. Só lendo é possível acreditar que coisas como esta sejam postas a circular na Rede.
Os mesmos que há um ano criticaram Bruno de Carvalho por ter contestado a exibição da equipa quando foi derrotada em Guimarães são os que o criticam agora por ter permanecido em silêncio, no rescaldo do jogo de ontem na Albânia.
Não me surpreende que nas trincheiras anti-leoninas existam saudosistas do tempo das derrotas, dos vexames, dos cemitérios de treinadores, das contratações falhadas, do pior lugar de sempre no campeonato e da pré-falência das contas leoninas. Quanto pior estivesse o Sporting, mais os nossos adversários se alegravam. O que me surpreende é que entre esses saudosistas se encontrem alguns que dizem ter coração verde e branco
Como acreditar nisso?
Há um ano revelaram sintonia com o advogado de Bruma, um tal Bebiano Gomes, apesar de o jogador estar em litígio com o nosso clube precisamente por influência deste causídico. E resmungaram pragas contra a Comissão Arbitral Paritária quando esta nos deu razão, contra os prognósticos deles.
Depois alinharam com o pai de Dier, que levou o filho a trocar o Sporting pelo Tottenham, traindo as juras de amor eterno ao nosso emblema que professava dias antes. Neste caso torceram pela saída do jogador a troco dos escassos cinco milhões de euros que constavam da absurda cláusula de rescisão aceite por direcções anteriores em vez de torcerem pela sua permanência em Alvalade, onde esta época seria titular indiscutível, marcando presença na Liga dos Campeões.
Agora fazem coro com as teses da Doyen Sports apesar do comportamento doloso dos seus representantes, facto aliás apontado pela direcção leonina como justificação para a denúncia unilateral do contrato que ainda veiculava o Sporting a este "fundo", alegando justa causa. Bastaria aliás a tentativa de venda ao nosso clube por 20 milhões de euros de um jogador que acabou por ingressar num dos nossos rivais por apenas 6,5 milhões para configurar má fé do "fundo".
Tudo quanto opinam, nas linhas e nas entrelinhas, decorre do ódio que dedicam a Bruno de Carvalho. Foram derrotados há um ano e meio mas continuam a alimentar-se deste ódio como poderoso nutriente.
Nada disto espanta. Surpreendente é apenas o facto de ainda não terem percebido que estão a esbracejar na trincheira errada.
Algumas almas alvoroçadas indignam-se por Leonardo Jardim ter anunciado que não "pouparia" Montero e William Carvalho, dois jogadores-chave que correm o risco de receber o quinto cartão amarelo no jogo de hoje contra a Académica. E toca de criticar por esse motivo o nosso treinador, que tão boas provas tem dado.
Essas alminhas padecem de manifesta miopia. Se Leonardo Jardim fizesse o que sugerem daria o pior dos sinais à equipa. Estaria a transmitir aos jogadores que certos desafios devem ser encarados com menos seriedade do que outros. Estaria a inculcar-lhes uma noção de facilidade antecipada que deve estar sempre ausente da competição profissional. Não pode haver nada mais desmotivante do que considerar "fáceis" certas partidas contra adversários situados abaixo de nós na tabela classificativa. Isso é meio caminho andado para a proliferação de situações de desconcentração, é meio caminho andado para o desaire em campo.