Antes do arranque do campeonato nacional de futebol 2024/2025, recordo os prognósticos sobre a prestação do Sporting em cada jornada da Liga anterior feitos no És a Nossa Fé.
É um teste à vossa perspicácia que aqui recomeçará, pelo décimo-segundo ano consecutivo, mal se escute o apito de saída da próxima Liga.
A vitória, nesta temporada, coube a um estreante que aproveito para cumprimentar agora: o nosso prezado leitor Paulo Batista. Com cinco palpites certos nesta Liga dos Prognósticos, já tradição antiga aqui no blogue.
Seguiram-se, com quatro previsões correctas, os leitores Fernando, Leão 79 (co-vencedor em 2022 e 2023), Luís Ferreira (vencedor em 2019) e Maximilien Robespierre.
Ninguém acertou em nove jogos. Menos do que os 12 da época anterior, repetindo-se o número registado na temporada 2021/2022.
Mais surpreendente: sete partidas ganhas pelo Sporting ficaram em branco. Por dois motivos antagónicos. Por um lado, algumas goleadas que ninguém previu (5-1 ao Estoril, 8-0 ao Casa Pia). Por outro, as elevadas expectativas que estas cabazadas provocaram nos adeptos: a partir de certa altura muito poucos concebiam triunfos tangenciais (como a nossa vitória por um golo no Estoril).
Destaco ainda que este ano, tal como já tinha ocorrido no campeonato anterior, nenhum dos meus colegas de blogue triunfou nesta "Liga de Vaticínios". Depois de três épocas consecutivas a triunfarem.
Espero que no próximo campeonato a pontaria de uns e outros ande mais certeira.
Aproveito para recordar que na Liga 2013/2014 houve por cá sete vencedores: Bruno Cardoso, Edmundo Gonçalves, João Paulo Palha, João Torres, José da Xã, Lina Martins e Octávio.
No campeonato 2014/2015, apenas um: Leão do Fundão.
Em jeito de balanço, aqui fica a lista dos jogadores que receberam a menção de melhores em campo no último campeonato, em resultado da soma das classificações atribuídas pelos diários desportivos após cada jornada. Num total de 102 votos.
Gyökeres, sem surpresa, foi o jogador mais pontuado pela imprensa especializada em futebol ao longo da temporada que decorreu de Agosto a Maio. A larga distância dos seus companheiros. Relegando para o segundo posto Francisco Trincão, que havia chegado ao topo na época anterior.
Todos os jornais lhe atribuíram o primeiro posto. Com Trincão também a suscitar unanimidade no segundo lugar.
Poucos adeptos contestarão estas escolhas. Pelo brilhantismo do craque sueco ao longo de toda a Liga 2023/2024 e pela excelente forma do avançado minhoto na segunda volta, em que registou vários momentos de indiscutível brilhantismo.
Face ao balanço aqui feito em 2023, vale a pena salientar a subida de Paulinho, desta vez com entrada directa no pódio, algo inédito: há um ano não conseguiu melhor do que a 10.ª posição. Há dois, ficou em sexto.
Em sentido inverso, caem Pedro Gonçalves (de segundo para quarto), Edwards (de terceiro para quinto) e Morita (de quinto para oitavo). Coates manteve-se em último (em 2021/2022 fora quinto). Enquanto Morten - estreante, como Gyökeres - fica em sexto. Nada mal.
A queda mais abrupta - e, de algum modo, difícil de entender - ocorreu com a saída de cena de Nuno Santos. Quarto classificado na votação da época anterior, em que obteve 11 pontos, desta vez não foi distinguido como melhor em campo em nenhuma das 34 jornadas.
O jornal A Bola revelou um toque de originalidade: destacou Neto como melhor Leão em campo. Na última jornada, contra o Chaves. Que assinalou também a despedida deste veterano defesa como jogador profissional de futebol
O Record foi o único desportivo que não esqueceu Coates, agora também já fora do Sporting.
O diário portuense atribuiu pontos solitários a dois jogadores que os jornais concorrentes não mencionaram: Diomande e Gonçalo Inácio.
Nem só Nuno Santos ficou esquecido. O mesmo aconteceu com a dupla de guarda-redes: nem uma alusão a Adán ou Israel.
De St. Juste, Esgaio e Matheus Reis também ninguém falou.
Gyökeres: 39
Trincão: 16
Paulinho: 12
Pedro Gonçalves: 8
Edwards: 7
Morten: 6
Daniel Bragança: 4
Morita: 3
Geny: 3
Gonçalo Inácio: 1
Coates: 1
Diomande: 1
Neto: 1
A BOLA: Gyökeres (13), Trincão (6), Paulinho (4), Edwards (3), Pedro Gonçalves (2), Morten (2), Daniel Bragança, Morita, Geny, Neto.
RECORD: Gyökeres (14), Trincão (6), Paulinho (4), Pedro Gonçalves (3), Edwards (2), Morten, Daniel Bragança, Morita, Geny, Coates.
O JOGO: Gyökeres (12), Trincão (4), Paulinho (4), Pedro Gonçalves (3), Morten (3), Edwards (2), Daniel Bragança (2), Morita, Geny, Gonçalo Inácio, Diomande.
Há um ano foi assim: Trincão, Pedro Gonçalves, Edwards.
Há dois anos foi assim: Sarabia, Porro, Nuno Santos.
Há três anos foi assim: Pedro Gonçalves, Palhinha e Coates.
Há quatro anos foi assim: Bruno Fernandes, Jovane, Vietto.
Há cinco anos foi assim: Bruno Fernandes, Raphinha, Nani.
Há seis anos foi assim: Bruno Fernandes, Bas Dost, Gelson Martins.
Há sete anos foi assim: Bas Dost, Gelson Martins, Bruno César.
Há oito anos foi assim: Slimani, João Mário, Gelson Martins.
Balanço dos jogadores do Sporting que mais se destacaram em cada desafio do campeonato 2023/2024:
Gyökeres: 15 (Vizela, Moreirense, Farense, Arouca, Benfica, Gil Vicente, FC Porto, Portimonense, Estoril, Vizela, Casa Pia, Rio Ave, Boavista, FC Porto, Chaves)
Pedro Gonçalves: 5 (Braga, Boavista, Chaves, Famalicão, V. Guimarães)
Trincão 4 (Braga, Moreirense, Estrela da Amadora, Gil Vicente)
Com uma segunda volta fantásica e várias goleadas, Sporting sagrou-se campeão nacional
Antes do arranque do campeonato nacional de futebol 2024/2025, relembro os meus apontamentos da época passada. Para recordar os jogadores que se evidenciaram mais em cada desafio. Esta é a última de quatro partes.
29 de Março (Estrela da Amadora, 1 - Sporting, 2): TRINCÃO
Apoio inequívoco das claques na goleada por 6-1 ao Boavista em Alvalade (17 de Março)
Antes do arranque do campeonato nacional de futebol 2024/2025, relembro os meus apontamentos da época passada. Para recordar os jogadores que se evidenciaram mais em cada desafio. Esta é a terceira de quatro partes.
Gyökeres no Sporting-Gil Vicente: um dos melhores avançados que passaram por Alvalade
Antes do arranque do campeonato nacional de futebol 2024/2025, relembro os meus apontamentos da época passada. Para recordar os jogadores que se evidenciaram mais em cada desafio. Esta é a segunda de quatro partes.
30 de Outubro (Boavista, 0 - Sporting, 2): PEDRO GONÇALVES
Gyökeres e Morten: grande dupla contra o Moreirense (vitória em casa por 3-0)
Antes do arranque do campeonato nacional de futebol 2024/2025, relembro os meus apontamentos da época passada. Para recordar os jogadores que se evidenciaram mais em cada desafio.
Numa votação levada junto dos treinadores e capitães do campeonato, foi eleito o melhor onze da Liga e a maioria dos jogadores são do Sporting. Do Porto nenhum, porque o 12.º jogador não fazia parte da votação.
O onze é o seguinte:
Ricardo Velho (Farense); Costinha (Rio Ave), Coates, (Sporting), Diomande (Sporting) e Gonçalo Inácio (Sporting); João Neves (Benfica), Hjulmand (Sporting) e Pedro Gonçalves (Sporting); Mújica (Arouca), Gyokeres (Sporting) e Jota Silva (V. Guimarães).
As escolhas são lógicas e consensuais, e no caso do Sporting aqueles seis foram mesmo os jogadores mais importantes da temporada. Dos outros há ali dois que muito gostaria de ver de verde e branco.
Rúben Amorim é claramente o treinador de referência nestes anos 20 do futebol português: duas vezes campeão. Roger Schmidt e Sérgio Conceição ocupam os restantes lugares do pódio, cada qual só com um título na Liga desde o início da década.
Dos outros clubes não sei nem quero saber. Interessa-me o Sporting apenas.
Fica o registo dos últimos 60 anos, não me apetece recuar mais no tempo:
1965/1966 - Fomos campeões com mais 9 pontos (1 SLB + 8 FCP) 1969/1970 - Fomos campeões com mais 18 pontos (8 SLB + 10 V. Setúbal) 1973/1974 - Fomos campeões com mais 6 pontos (2 SLB + 4 V. Setúbal) 1979/1980 - Fomos campeões com mais 7 pontos (2 SLB + 5 FCP) 1981/1982 - Fomos campeões com mais 5 pontos (2 SLB + 3 FCP) 1999/2000 - Fomos campeões com mais 12 pontos (4 FCP + 8 SLB) 2001/2002 - Fomos campeões com mais 12 pontos (5 Boavista + 7 FCP) 2020/2021 - Fomos campeões com mais 14 pontos (5 FCP + 9 SLB) 2023/2024 - Fomos campeões com mais 28 pontos (18 FCP + 10 SLB)
Faz grande diferença.
Foi brutal agora.
Há quem não goste deste Sporting treinado por Rúben Amorim?
Paciência, vão afogar as mágoas à tasca mais próxima.
A época de 2023/2024 não terminou da melhor forma, mas nem por isso deixou de ser uma das nossas melhores deste século:
- Campeão Nacional com record do clube de pontos
- Finalista vencido da Taça de Portugal
- Eliminado na meia-final da Taça da Liga
- Passagem da fase de grupos da Liga Europa, eliminado nos oitavos de final pela equipa que venceria a competição.
Assim sendo :
Em 11 anos de Frederico Varandas/Bruno de Carvalho, conquistámos 2 títulos nacionais, 2 taças de Portugal, 4 taças da Liga e 2 supertaças.
Em 6 anos de Frederico Varandas, conquistámos 2 títulos nacionais, 1 taça de Portugal, 3 taças da Liga e 1 supertaça.
Em 4 anos de Frederico Varandas / Rúben Amorim conquistámos 2 títulos nacionais, 2 taças da Liga e 1 supertaça.
Este padrão de crescimento desportivo está intimamente ligado com o crescimento financeiro e a conclusão da reestruturação financeira permite outro conforto de gestão e nível de investimento.
Desportiva e financeiramente foi uma época de ultrapassagem do FC Porto no pódio, e não vai ser fácil ao novo presidente dar conta de todos os buracos e minas que herdou, as protecções políticas irão caindo à medida que a justiça for intervindo e os nomes aparecendo na comunicação social.
Também na FPF é hora de mudança com a saída de cena do ex-vice-presidente do FC Porto.
No que respeita à arbitragem, existem também ventos de mudança, com uma nova geração de árbitros a assumir protagonismo e os comprometidos anos a fio com as máfias dos rivais mais condicionados. Mas falta ainda muito para termos uma arbitragem isenta e uma promoção pelo mérito. Os árbitros mais corrompidos de ontem hoje estão no VAR, são dirigentes da arbitragem ou comentadores nos jornais e nas Tvs.
O Sporting continua a não ter o peso institucional correspondente à sua dimensão de segundo maior clube nacional. Governo, Secretaria de Estado do Desporto, FPF, Liga, arbitragem - dificilmente se encontra por ali um sportinguista confesso, muito menos alguém que tenha passado pelos órgãos sociais do nosso clube. A excepção é Rui Caeiro que chegou à direcção da Liga para pagar o apoio de Bruno de Carvalho a Pedro Proença.
Quer queiramos quer não, isto tem um preço. Que sentimos esta época de diferentes formas. Na nomeação do João Pinheiro para VAR no Jamor. Até na convocatória do seleccionador Martínez para o Europeu.
O futuro com sucesso passa muito por aqui. Juntar ao crescimento desportivo e financeiro o crescimento institucional, o que requer muito trabalho e saber fazer as coisas. Ser um clube honesto e de bem não quer dizer ignorar as máfias e não lutar para acabar com elas. Isto só se consegue tendo voz activa nas instituições.
Noite inesquecível em Alvalade, sábado passado: desta vez não houve limites à celebração
Foto: António Pedro Santos / Lusa
Fomos campeões, sim. Mas já não havia novidade nisto: o título estava garantido há duas semanas. Repetimos a proeza de há três anos, desta vez com maior brilhantismo. E uma diferença fundamental: com público no estádio, o que não aconteceu em 2021 devido às severas medidas sanitárias que vigoravam durante a pandemia, de tão má memória.
Este Sporting-Chaves da 34.ª e última jornada do campeonato era, portanto, um jogo para cumprir calendário. Mas também para servir de novo pretexto para acrescidos festejos, desta vez no José Alvalade. E ainda para reforçarmos outras estatísticas desta época tão bem-sucedida - a melhor deste século, a melhor do último meio século.
Terminámos pela primeira vez o campeonato com 90 pontos - segunda melhor marca absoluta de sempre no futebol português, quatro pontos acima do nosso anterior recorde, fixado em 2016, com os 86 conquistados na primeira época de Jorge Jesus.
Chegámos ao fim com 96 golos marcados, tantos como os da gloriosa época 1973/1974, a do Título da Liberdade, faz agora 50 anos. Terceira melhor na história da nossa participação na principal prova de futebol a nível nacional, superada apenas pelos 123 golos de 1946/1947 e pelos 100 de 1948/1949, ambas alcançadas em plena era dos Cinco Violinos.
E nunca antes tínhamos chegado ao fim com tanta diferença em relação aos nossos dois rivais históricos: mais 28 pontos que eles. Feitas as contas finais, temos mais 18 do que os portistas e mais dez do que os encarnados. Números que dizem tudo sobre a inequívoca superioridade leonina, sem concorrência possível em 2023/2024.
Outras marcas justificam registo. Pela primeira vez numa competição em 34 rondas, vencemos todos os jogos disputados em casa. Triunfámos em 29 das 34 partidas - outro máximo superado. Marcamos há 42 jornadas consecutivas - contabilidade iniciada ainda na época 2020/2023. E Rúben é o primeiro técnico leonino a sagrar-se campeão duas vezes com as nossas cores.
Outro registo: nunca a Liga teve oito campeões em oito anos. Alternância inédita, o que muito valoriza a competição. E o próprio futebol português.
O sinal mais foi dado, nesta recepção ao Chaves, logo ao minuto 4, quando Gonçalo Inácio, após cobrança de livre lateral por Pedro Gonçalves, cabeceou ao poste. Foi desafio quase de sentido único durante a primeira parte. Com o nulo inicial a ser desbloqueado quando Morita, em acção ofensiva dentro da área, levou um central adversário a desviar com o braço. Penálti. Convertido aos 23' pelo suspeito do costume: Viktor Gyökeres. Que só queria marcar o golo seguinte, percebia-se bem.
E assim fez. Aos 37', em rotação após receber a bola, libertando-se de qualquer marcação no termo de excelente lance colectivo do Sporting - o melhor do encontro, com participações de Trincão, Pedro Gonçalves e Esgaio. Não havia hipótese: o craque sueco perseguia a meta dos 30 golos no campeonato. Não lhe bastava o troféu como goleador supremo da competição: tinha também em vista aquele número redondo. Que não chegou a alcançar, mas andou lá muito perto. Conseguiu 29.
Ao intervalo, 2-0. No segundo tempo houve menos intensidade, notando-se já o desejo dos jogadores de abrandarem a velocidade. Com excepção de Gyökeres, que nunca tirou o pé do acelerador. A tal ponto que no fim foi protestar junto do árbitro por ter concedido apenas dois minutos de tempo extra. Melhor em campo? Ele, claro.
Neste período, houve um lance de magia absoluta, digno de ser visto e revisto. Aconteceu ao minuto 55, quando o incansável Nuno Santos correu para impedir a bola de ultrapassar a linha de fundo na meia-esquerda. Conseguiu dominá-la e logo a tocou para Paulinho, que num fantástico pontapé de vólei a meteu lá dentro, sem a menor hipótese para o guarda-redes Gonçalo Pinto, por sinal formado na Academia de Alcochete.
O estádio aplaudiu, em ondas de alegria e emoção, com milhares de gargantas entoando o nome de Paulinho. Que chegou ao fim com 15 golos - quarto melhor artilheiro da Liga. Cumprindo assim a sua melhor época de sempre, orgulhosamente de leão ao peito.
Vencemos, convencemos. Faltava receber o troféu correspondente a esta nova conquista. Terceiro campeonato do Sporting no século XXI, Rúben Amorim conduziu a equipa em duas destas três épocas vitoriosas. Desde a década de 50 que não havia um treinador tão associado a triunfos no Sporting.
No estádio cheio, transbordando de entusiasmo, prestou-se justa homenagem a dois bicampeões que se preparam para deixar Alvalade: Adán e Luís Neto. Ambos capitães. O Clube deve-lhes muito.
Foi um sábado tingido de verde, este de há três dias.
Foi bonita a festa. Ninguém queria arredar pé. Cheio de cenas memoráveis, com a do filho mais velho de Neto com lágrimas nos olhos. Como se quisesse que o pai ali permanecesse para sempre. Herói perpétuo da nação leonina.
Breve análise dos jogadores:
Diogo Pinto - Invicto no segundo jogo a titular. Agarrou pela primeira vez a bola aos 43'. Saiu aos 82' sem ter feito uma defesa digna desse nome.
Neto - Titular como capitão: mereceu a homenagem. Quase marcou de cabeça aos 33'. É ele a iniciar o terceiro golo, num passe longo. Ovacionado ao sair (58').
Coates - VAR descobriu uma falta que terá feito aos 45'+1 invalidando golo de Gyökeres. Despediu-se da Liga em boa forma: venceu todos os duelos aéreos.
Gonçalo Inácio - Esteve a centímetros de marcar logo aos 4', quando encaminhou de cabeça a bola contra o ferro. Pena: merecia aquele golo.
Esgaio- É dele a assistência para o segundo golo. Grande centro aos 45'+1: Pedro Gonçalves devia ter marcado. Saiu aos 73'.
Morten - Regressou ao onze em forma: excelentes recuperações aos 14' e 30'. Falta sobre ele (45'+6) deixou Chaves reduzido a dez.
Morita - Com o seu talento para se movimentar entre linhas, sacou penálti (20'). Grande passe para Trincão (41'). Saiu aos 73'.
Nuno Santos - Lançou Morita no lance do penálti. Assistiu no terceiro golo e quase repetiu a dose aos 81'. Termina Liga com 10 assistências.
Trincão - Soberbo lance individual (14'). Passe para quase-golo de Neto (33'). Inicia o segundo golo. Remate em arco, ligeiramente ao lado (41').
Pedro Gonçalves - Cruzou para Gonçalo (4'). Interveio no segundo golo, com pré-assistência. Falhou emenda aos 45'+1. Atirou à trave (83'). Rei das assistências na Liga (12).
Gyökeres- Mais dois golos. E outro, aos 45+1, invalidado. Quase outro, aos 60'. Total na Liga: 92. Desde Bas Dost (34 em 2018) ninguém no SCP marcava tanto.
Paulinho - Substituiu Morten na segunda parte. Golaço aos 55'. Ofereceu golo a Gyökeres aos 60'. Três jogos seguidos a facturar.
St. Juste - Entrou para o lugar de Neto aos 58'. Notável na precisão dos passes.
Daniel Bragança - Substituiu Morita aos 73', mantendo a solidez do nosso meio-campo.
Edwards - Rendeu Esgaio aos 73'. Tentou alguma coisa, conseguiu muito pouco. Apagadíssimo.
Francisco Silva - Substituiu Diogo Pinto aos 82'. Dez minutos em estreia na equipa A para se sagrar também campeão nacional de futebol.
Luís Neto, esta tarde, na comovente homenagem que lhe foi prestada por quase 50 mil adeptos no Estádio José Alvalade. Um pormenor, entre tantos outros, da inesquecível festa verde-e-branca de que ele foi um dos obreiros.
Vai retirar-se após cinco épocas no Sporting e 107 jogos de leão ao peito - quinze dos quais nesta temporada.
Retira-se em apogeu, como campeão. Um dos nossos 11 bicampeões sob o comando de Rúben Amorim. Convém lembrar os outros, por ordem alfabética: Adán, Coates, Daniel Bragança, Dário, Eduardo Quaresma, Gonçalo Inácio, Matheus Reis, Nuno Santos, Paulinho e Pedro Gonçalves.
Campeões já o éramos. O Sporting é há décadas campeão. O que arrepia e sempre arrepiará é o reforço da certeza da grandeza do nosso clube que é fora de série, especial. Único. É de estirpe rara o Sporting.
A nossa grandeza não se mede pelos títulos conquistados. Pelas taças levantadas. A nossa grandeza é conferida pela militância, pela entrega, pela crença, pela nossa fé no Sporting e no sportinguismo, o de cada um e o de nós todos. Essa tantas vez cantada força brutal.
Extraordinário como o aparentemente redundante lema fundacional do clube inscreve toda a nossa genética: Esforço, Dedicação, Devoção e Glória.
E que gloriosa noite a que vivemos, a que se viveu no Marquês. Iluminada pela claríssima evidência de que o gigante adormecido acordou. De infindável alegria e orgulho, a noite, a festa de campeão, a consagração do dono do trono, do rei do futebol nacional, foi arrebatadora, mas, ao mesmo tempo - é assim a beleza de tudo o que é complexo e profundo -, a noite glorificante nem por isso foi menos conciliadora, apaziguadora, serena. Natural. Afinal, campeões já o éramos. O Sporting é há décadas e décadas e décadas campeão. É um dos grandes de Portugal, dizem alguns, eu digo que é o maior.
Só uma grande, imensa força identitária como a nossa resistiria a tantas frustrações, sonhos gorados, roubos e corrupção, atentados constantes à verdade desportiva. Só um gigante como nós sobrevive, poderia sobreviver, a anos e anos de quases. Quase vencedor. Quase campeão. Época atrás de época.
Só o Sporting Clube de Portugal era capaz de aguentar as imemoriais campanhas de apoucamento da nossa grandeza lançadas por históricos rivais e pretendentes a sê-lo, sem perder a noção de que o passado não é museu mas sim identidade, capital, património, herança, legado. E não nos apoucaram porque o Sporting somos nós! Fiéis depositários de glórias antigas. Temos sido nós os portadores dessa tocha. Nunca a apagámos e sempre a alimentámos. Um clube com adeptos como nós é eterno.
E que festa tão bonita. Inesquecível. Que sintonia entre nós, guardiães do emblema, entre nós que nos abraçámos uns aos outros, com uns e outros cantámos e nos emocionámos, forças da mesma raiz, em plena harmonia com eles, leões ao serviço do Leão.
Tenho 50 anos e nunca vi o nosso Sporting Clube de Portugal tão poderoso. Tão unido. Com um rumo tão claro. Gerido pelas pessoas certas. Nunca vi o Sporting tão bem presidido e dirigido. Com tanto amor-próprio, assertivo, sempre dando-se ao respeito. Tudo conquistando por direito e observando o seus deveres. Um Sporting verdadeiramente leonino.
Fã de Rúben Amorim, o artífice de uma equipa demolidora, temida, respeitada, elogiada, exemplar; o obreiro, afinal, de uma verdadeira equipa feita de entrega, na qual as peças sabem o que é a responsabilidade, o compromisso, a humildade, a capacidade de sacrifício e de trabalho; a Rúben Amorim serei para sempre grato, mas ao presidente Frederico Varandas também.
Sem o nosso presidente não teríamos aqui chegado. Foi este Varandas quem trouxe Amorim, contra quase tudo e contra quase todos. Estava certo. Certíssimo. Viu o que muito poucos viram. Vislumbrou o sucesso por chegar. E estava certo. Certíssimo. Líder de gestos medidos, liberto de humores ou vaidades vãs, a presidência tem-na exercido com determinação.
Também ele porta-estandarte da imensa importância, valor e responsabilidade que o clube tem para e com a sociedade nacional, a liderança de Varandas é também ela inspiradora. Exemplo disso foi-nos dado ontem quando, a desafio do nosso Paulinho, Varandas recusou discursar, optou por dar o palco aos heróis que marcam golos e evitam que os soframos. Que nos fazem vibrar. O presidente podia ter falado, eu gostaria que o tivesse feito, mas optou pelo silêncio. Liderou pelo exemplo. Sportinguista, militante, humilde, grato, rendido à grandeza do Sporting, festejou como nós. Que grande, grande clube.
O gigante adormecido acordou. Voltaremos ao Marquês muitas e muitas mais vezes. Muitas! Cimeiro. Rei. Já lá está, sempre esteve e estará o leão.