Antes do arranque do campeonato nacional de futebol 2018/2019, relembro os prognósticos sobre a prestação do Sporting em cada jornada da Liga anterior feitos aqui no És a Nossa Fé.
É um passatempo que aqui recomeçará, pelo sexto ano consecutivo, mal soe o apito de saída da próxima Liga.
Houve um vencedor, que cumprimento efusivamente pela pontaria tão certeira: o nosso leitor J. RAMOS, que se destacou com quatro palpites certos. No Aves-Sporting, no Sporting-Estoril, no Sporting-Tondela e no Sporting-Portimonense.
Outra palavra de saudação especial aos leitores LEÃO DE QUELUZ, com três resultados certos (Sporting-Tondela, Tondela-Sporting e Sporting-Boavista) e JOSÉ VIEIRA (igualmente com três vaticínios que se confirmaram acertados (Sporting-Rio Ave, Sporting-Paços de Ferreira e Portimonense-Sporting).
Dos meus estimados colegas de blogue, apenas quatro registaram um palpite certo: EDMUNDO GONÇALVES (Sporting-Tondela), JOSÉ DA XÃ (Sporting-Rio Ave), JPT (Sporting-Marítimo) e RICARDO ROQUE (Aves-Sporting).
Foi pena que ninguém tenha acertado em 13 dos 34 jogos - incluindo todos os jogos disputados contra FC Porto, Benfica e Braga.
Esperemos que no campeonato 2018/2019 a pontaria se revele mais afinada. Não apenas a nossa, mas sobretudo a dos nossos jogadores.
Aproveito para recordar que na Liga 2013/2014 houve por cá sete vencedores: Bruno Cardoso, Edmundo Gonçalves, João Paulo Palha, João Torres, José da Xã, Lina Martins e Octávio.
No campeonato 2014/2015, apenas um: Leão do Fundão.
Em jeito de balanço, aqui fica a lista dos jogadores que receberam a menção de melhores em campo no último campeonato pela soma das classificações atribuídas pelos diários desportivos após cada jornada.
De salientar que Bruno Fernandes lidera as três classificações enquanto Bas Dost e Gelson Martins compartilham os três pódios. Bruno César, que figurou no terceiro posto na temporada anterior, desta vez não mereceu qualquer menção.
Destaque para a referência a Adrien, apesar de ter feito apenas dois jogos de verde e branco. E para o facto de Gelson figurar pelo terceiro ano consecutivo entre os três primeiros. É, aliás, o único jogador a merecer tal distinção.
Só o Record destacou Acuña, Doumbia e Fábio Coentrão. E apenas O Jogo fez alusão a Piccini. Rui Patrício triplicou a pontuação obtida em qualquer dos anos anteriores. E William teve desta vez uma votação mais expressiva. Apesar das críticas que vários adeptos lhe foram fazendo durante a época.
Bruno Fernandes 38
Bas Dost: 18
Gelson Martins: 18
Rui Patrício: 9
William Carvalho: 6
Mathieu: 3
Bryan Ruiz: 3
Coates: 2
Adrien: 1
Doumbia: 1
Acuña: 1
Piccini: 1
Fábio Coentrão: 1
A Bola: Bruno Fernandes (12), Bas Dost (7), Gelson Martins (7), Rui Patrício (4), Adrien, William Carvalho, Mathieu, Bryan Ruiz.
Record: Bruno Fernandes (14), Bas Dost (5), Gelson Martins (5), William Carvalho (3), Rui Patrício (3), Doumbia, Acuña, Fábio Coentrão, Coates.
O Jogo: Bruno Fernandes (12), Bas Dost (6), Gelson Martins (6), Rui Patrício (2), Mathieu (2), William Carvalho (2), Bryan Ruiz (2), Piccini, Coates.
Antes do arranque do campeonato nacional de futebol 2017/18, relembro os meus apontamentos da época passada. Para recordar os jogadores que se evidenciaram mais em cada desafio.
Antes do arranque do campeonato nacional de futebol 2017/18, relembro os meus apontamentos da época passada. Para recordar os jogadores que se evidenciaram mais em cada desafio.
6 de Agosto (Aves, 0 - Sporting, 2): GELSON MARTINS
Já hoje de manhã o dissera, depois do jogo com o Marítimo pode-se fazer o rescaldo do ano. Dizer isso é afirmar sem rebuço que a Taça é relativamente insignificante. É a "festa do futebol", mas é mais uma sobrevivência de outros tempos, qual visita do circo na aldeia, quando os pequenos lugares tinham assim a oportunidade (sorteada) de receber os ídolos. Honestamente, em tempos de "live streaming", isso já é muito pouco relevante (e muito menos a taça da Liga). Principalmente para os "grandes clubes", os clubes nacionais, e seus adeptos. Estamos na via da globalização futebolística, há anos que se teme a enorme fractura que será a Liga Europeia, o fundamental é jogar o acesso à actual Liga dos Campeões, a qual, com toda a sua crescente disparidade, ainda é relativamente democrática. Relativamente, sublinho. Pois estar presente nela é não cair na ... III divisão europeia. Este é o contexto do rescaldo, do hoje e do ano.
0. Antes de avançar uma nota sobre o quadro mental dos opinadores: leio aqui nos comentários que a equipa perdeu no Funchal e, nisso, o acesso à Liga dos Campeões porque os jogadores quiseram prejudicar o presidente. Comentar num blog, e escrever sobre futebol, não é muito importante, de facto é apenas um placebo que nos ajuda a julgarmo-nos vivos. Mas, ainda assim, convém ter algum tino quando se bota, o qual inexiste quando se pensa que um tipo como Piccini, mais ou menos suplente num médio clube espanhol que vem para o Sporting, onde se valoriza a ponto de ser anunciado o interesse dos grandes do seu país, de repente joga daquela péssima maneira para chatear o BdC; ou que Mathieu, saído sem particular glória do Barcelona para a quase reforma, vai perder a hipótese de prosseguir na liga celebrizada; ou Battaglia, que jogava no Chaves emprestado pelo Braga e que um ano depois já se fala como possível na selecção argentina?, ou Fábio, proscrito em Madrid, a querer ter que para lá voltar sem qualquer sucesso de relevo, ainda para mais no clube de que é adepto?, ou Acuña, no seu primeiro ano de Europa, a deitar fora um apuramento para a Liga celebrizadora, devido a uma birra?; e etc. É certo que o Sporting jogou muito mal no Funchal, mas atribuir isso a uma má-vontade dos jogadores é estapafúrdio. E as pessoas deviam ter vergonha de opinarem em público de forma estapafúrdia (e é também por isso que tanto me desagrada este velho tique blogal do comentário anónimo. Pois quando as pessoas assinam dizem menos nulidades).
1. Este jogo foi o óbvio fim de ciclo de Jorge Jesus. Ele foi contratado por três anos - depois houve um alargamento do prazo contratual. O insucesso é visível. Reconfigurou o plantel à sua medida. E o Sporting tem um futebol limitado, nem atractivo nem vencedor. E deixou de apostar na formação, que era não só o ideário do clube como a perspectiva de salvaguarda económico-financeira. É significante ver que no último derbi com o Benfica quando se gizaram as substituições este lançou três opções que anunciavam rupturas (Salvio, Cervi, Jonas), incomparáveis com o tipo de capital humano que o Sporting tinha no banco. Isto num ano de grandes constrangimentos económicos na Luz e de evidentes erros na construção do plantel. O ciclo de Jesus acabou - eu escrevi-o num texto longo de 4 de Março, que parece tão longínquo tão demenciais foram os tempos que se seguiram. Até porque a relação com os adeptos está gasta, ele já não produzirá a crença em vitórias como o fez nos anos anteriores. Como eu dizia no início de Março, nem uma improvável vitória na Liga Europa comprovaria que o seu modelo (de jogo, de gestão de plantel) se adequa ao necessário para o futuro do clube. E depois há as trapalhadas em campo - hoje foram demasiadas - que maculam o necessário apreço dos adeptos pelo seu treinador.
Ou seja, Jesus veio por três anos. Razões várias (comunicacionais, congregadoras) fizeram alargar o contrato. Mas elas pereceram. Está no tempo de partir. Ou será qual Wenger no Arsenal. Respeitado, porventura. Mas sofrido.
2. Os últimos dois meses (após o tal meu texto que refiro, Jorge Jesus para o futuro?) foram demenciais, devastando a relação do presidente com os jogadores e, decerto, poluindo a tida com o treinador. E alquebrando a quase unanimidade que BdC tinha na comunidade Sporting. Não vou chover no molhado, todos sabemos os inúmeros episódios. Mas, honestamente, este final é catastrófico, e mesmos os mais arreigados defensores do presidente têm que se interrogar. Na sequência destes eventos não é normal que o Senhor seu pai, habitualmente retirado da praça pública, tenha vindo criticar o treinador. Como também não é uma entrevista substantiva, neste contexto ainda para mais, na véspera do jogo decisivo.
Mas o fundamental é a ausência do presidente do jogo no Funchal. Note-se, se BdC fosse um presidente "presidencial", cultor da "gravitas", de uma pose eclética e distanciada, seria aceitável, ainda que algo excêntrico nas décadas que correm, que trocasse o jogo de futebol sénior fundamental para a próxima época por uma final de uma qualquer "modalidade", hóquei em campo, em patins, andebol de 7 ou de 11, natação sincronizada, dressage ...
Mas o futebol masculino sénior é o trampolim do clube, em torno do qual giram as finanças e as economias, e é o grande motor das paixões neste país futebolizado. E BdC foi desde o princípio disso participante, o presidente-adepto que ia para o banco. Incomparecer no jogo decisivo - não sendo por recomendação médica, dado o síndrome vertiginoso que o acometeu há algum tempo e que o impediu de voar - não provocou pior futebol na equipa. Mas mostra a ruptura do presidente com essa fundamental equipa do clube num momento decisivo. Não há ruptura, dirão alguns. Mas a incomparência mostra-a ou, pelo menos, aparenta-a. É um desastre, em termos presidenciais. Mais um, nestes últimos péssimos meses. E, tal como acontece com JJ, também BdC não conseguirá criar o capital de crença que conseguiu em anos transactos. Por mais que "anime" as claques organizadas, que agite através das "modalidades". Agora já não chegará. É uma estratégia, mas será insuficiente. Por mais que custe a quem tanto creu, o ciclo de BdC também caminha, voa até, para o fim.
3. Plantel. O postal vai longo, não me alongarei. O plantel não é curto, é estreito. Escasseiam alternativas, inexistem agentes de rupturas. Seria precioso, será preciso, contratar para poder diversificar o jogo. E teremos a partida de alguns dos melhores jogadores. Com pecadilhos? Com toda a certeza. Mas que têm sido bons profissionais - não há notícias de problemas disciplinares no plantel, e JJ nunca foi conhecido por ser um deixa-andar. Como tal saídas que deveremos lamentar, pois enfraquecerão o plantel, e o seu capital simbólico, a tal "mística". Ora as últimas notícias mostram a realidade, um clube esmagado por constrangimentos económicos - tal como os rivais, mas estes, pelo menos, com o olho nas dezenas de milhões da liga campeã. E com o molde de JJ, com o seu particular filtro contratador, muito duvido que neste contexto se possa contratar a contento do treinador e de molde a "rejuvenescer" o plantel, tornando-o mais polivalente.
4. Enfim, para o ano vai ser muito difícil. Tudo parece pior do que para este ano se antevia. E com duas personalidades como JJ e BdC na frente do futebol, não há muito espaço para auto-críticas e mudanças de rumo. O descalabro anuncia-se. O que nos sobra é que no futebol (quase) nunca é como se previra.
Estádio muito cheio, claro, um dérbi, contra o 4º grande (ó Salvador, atenta bem nisto). Fui com o Miguel, meu afilhado, pastel. Aliás, ele e o cunhado dele, lagarto, levaram-me. É o 1º de Dezembro, cantou-se o hino, foi bonito e esteve bem. A sportinguista sentada exactamente à minha frente, acompanhada do seu pequenote e de uma amiga, é uma jovem senhora lindíssima, casaco branco cintado que lhe fica mais-que-bem, loura acobreada intensa - sim, intimidades que a vizinhança de bancada permite comprovar - que refulge. Raisparta, tivesse eu menos 20 anos (faria nada, claro, mas fica bem dizer isto) ... O Sporting é solidário e os nomes dos jogadores nas camisolas hoje estão em braille. O defesa do Beleneses quis ler o nome do Podence e foi penalti. Golo! Levanto-me e sento-me. Cabeceio na primeira parte - está visto, não devia ter bebido tantas imperiais com a entremeada debaixo do viaduto da segunda circular. Ai que saudades, ai, ai, do nougat ao intervalo. E da queijadinha de Sintra. O meu querido pastel está há horas a chatear-me com o 1-3 do ano passado, que veio ver. E agora diz-me que os três golos (deles) foram "naquela baliza", a nossa da segunda parte. Joga-se. O casaco branco tão bem cintado agita-se, o cabelo ainda mais refulge. Os jogadores do Belenenses são rapazes jeitosos, esforçados, vindos do Atlético e do Oriental ("e do Olivais e Moscavide", completo), mas não jogam nada, já resmunga o referido pastel, ali ao meu lado. Cabeceio mais, acho que passo pelas brasas, estremunho-me com os assobios aos nossos, regresso ao sono, acho que um dos brunos (o carvalho?) falhou um golo, o brian também, que esse vi, mas mal, já por causa das ramelas. Saímos depressa, eles para um jantar, eu para o metro, para não ver o Porto-Benfica, antes do "até amanhã" o Miguel pede-me desculpa de me ter convidado para um jogo destes, eu respondo que o Sporting merecia ter empatado e que eles mereceram a derrota. Agora é ganhar ao Barça e ninguém nos segura até Kiev. Pois há quanto tempo não temos sorte? Daquela verdadeira sorte? Este Ano É Que É.
Cada vez me convenço mais que o principal candidato é o Benfica. No futebol a que chegamos hoje, cheio de competições e selecções, os encarnados têm de longe mais soluções em todos os lugares, incluíndo jovens da B que podem subir se for preciso (veja-se este ótimo central que apareceu vindo do nada e que ainda nem teve direito à diarreia de manchetes). Para o Sporting lá chegar será necessário um nível de cuidado e concentração altíssimos, sendo que o VAR já nos está a ajudar. Ou, ao contrário, se não houvesse VAR já estaríamos provavelmente na conversa do pró ano é que é. Cada jogo é uma final, como se viu em Paços, mas em competição directa com Porto e Braga não conseguimos ganhar. A parte boa é que não perdemos. O verdadeiro campeonato começa em janeiro para os três grandes, com as dispensas e contratações (se houver $), e com a gestão física e consolidação das aquisições do início da temporada. É bom haver três equipas na competição pelo caneco e esperemos que no fim ganhe o Sporting, o clube que melhor esteve nas aquisições (sem que os críticos e jornais se lembrem disso porque tal implicaria elogiar BdC) e o clube mais favorecido pela existência de VAR (porque era o mais prejudicado pelo erro humano). Mais uma vez sem que os críticos e jornais se lembrem que o VAR foi cruzada de BdC (falando de presidentes de clubes). A grande figura do campeonato é para já Conceição, até pelo discurso e pela garra que transmite a todos. Mas é por iso quem tem mais a perder daqui em diante. Quem tem mais a ganhar é Rui Vitória (porque é quem tem estado pior) e veremos se o Vieirismo o ajuda. E quem está mais calminho, discreto e a recuperar Coentrão, Mathieu, a ensinar Battaglia e a formar Bruno Fernandes, é o nosso amadorense favorito. Como sempre, vivó Sporting e boas festas a todos!
Esta coisa da reintegração do Bryan Ruiz deixa-me em pânico. Das duas uma: ou é para expulsar a malapata de há dois anos ou é para o homem continuar a funcionar como boneca de vudu. Nem sei o que faço se perdemos o campeonato outra vez por causa dele. Também não sei o que faço se o ganharmos por causa dele.
O Jimmy Hagan, o do "no comments", foi campeão sem derrotas. E também o Vilas Boas, que agora anda na árvore das patacas. Mas até eles empataram.
A gente tem um bom plantel, "profundo", como se diz agora; houve belas contratações e bom saldo bancário, e tudo feito no tempo devido; não deixámos sair a torto e a direito, e ficou o Ruiz que devia ficar, que tão bom futebol mostrou no final da época passada, e o Iuri não foi lá para a Rússia, que tem muito para nos encantar; o JJ não foi para Paris, como "A Bola" tanto quis, e ainda bem, qu'é meio maluco mas sabe da poda; ganhámos os 6 jogos iniciais, coisa não vista há não sei quanto tempo, e melhor só o bom do grande Marinho Peres, no milénio passado; chegámos-nos (uff!!) à xampions: g'anda jogo em Bucareste e ainda melhor em Atenas; vêm aí os aviões Barça e Juve mas ... será que?, se jogarmos como em Madrid o ano passado porque não?, a equipa concentrada, bem rodada, esmifradinha até, se calhar até passamos; ou então, paciência, que eles também são gigantes, venha a liga Europa; e troféus são necessários, que andamos à míngua, e há muito, venha adi Lucílio e a Nacional (a última foi a do Iordanov, não foi?), e nessas até o filho do Bebeto ( do Romário, pá, ... não, do Bebeto) joga. Este ano é que é! Um gajo empata? É a desgraça, "eu bem dizia", "a mesma merda de sempre", o plantel é curto, estreito como o campo dos Cónegos, o Jesus afinal é Judas ("sempre me pareceu, o gajo a mim nunca me enganou"), o Doumbia é dúbio, o Bas Dost é pior que o Maniche, o original, o Toscanini é tosco, o Mateus é velho, o Battaglia não ganha guerras, o Gelson já se julga Figo, e o pior de tudo é o Bruno, o César que já não pode, o Carvalho que é uma besta, e o Fernandes que se esconde. Ontem vi um jogo. Um campo à antiga portuguesa, bom para jogos rasgadinhos, que o foi; o sempiterno professor Manuel Machado, treinador da bola, e a sua equipa, sem nomes mas com cabeça e alma. E um fiscal de linha (o da esquerda do ecrã) daqueles que "um grande é um grande", que até eu saltei no sofá (que querem?, o Moreirense veste verde e branco, é mais forte que eu) com o fora-de-jogo que lhes inventou, o gatuno (foi a nosso favor? Ok, foi um erro, é humano, só não erra quem não vai a jogo). E vi o Sporting, a jogar à bola, não muito bem bem, mas também é assim, a ir até ao chuveirinho, porque era preciso. Mais um jogo neste caminho desta época, o do(s) título(a). Porque Este Ano É Que É!
Sai Paulo Oliveira, Adrien parece já uma carta fora do baralho, Domingos Duarte volta a ser dispensado. O mesmo deverá acontecer a Tobias Figueiredo, João Palhinha, Matheus Pereira, Francisco Geraldes e Iuri Medeiros.
Hão-de vir ainda um extremo-esquerdo, um novo defesa central, um lateral direito, um novo médio defensivo e talvez outro avançado. Quase meia equipa, o que torna este estágio na Suíça pouco menos que inútil para criar automatismos e fomentar espírito de grupo.
Eis o Sporting neste início do terceiro ano do reinado de Jorge Jesus.
Quem acham que integrará o plantel definitivo do Sporting nesta nova época 2017/2018?
No final, destacarei aqui o leitor que acertar em cheio ou que mais se aproximar da última escolha de Jorge Jesus. O teste, obviamente, abrange também os meus colegas de blogue.
Em tempo de guerra não se limpam armas, mas chegado este intervalo é a hora de fazer o balanço e de afirmar muito do que foi calado durante a época.
No final de um jogo onde alguns dos jogadores da Academia que andaram a rodar para ganhar estaleca deram a melhor conta possível no tempo e espaço que lhes foi oferecido, ouço o nosso treinador, com ar pesaroso e fatalista, a lavrar sentença procurando evangelizar o povo créu na religião da Academia, no sentido de que esta tem tido demasiado peso no plantel e que com ela e sem recorrermos a craques - como "os outros que contratam jogadores de €20 milhões" - nunca teremos hipóteses de passar do que temos sido ao longo da última década e meia.
Foi há 24 horas e ainda estou de queixo meio caído.
Os "culpados"
Gelson, Ruben Semedo, Rui Patrício, Adrien, William, Beto, Esgaio mais tarde Podence são dos últimos a que me ocorre atribuir responsabilidades especiais pela má época. A estes juntaria Bruno César, Bas Dost, Alan Ruiz, Coates e Paulo Oliveira.
Junto a isto outro dado que me ocorreu pouco depois de ouvir o nosso treinador: Iuri Medeiros foi o segundo melhor marcador de entre os quadros do Sporting Clube de Portugal, marcou mais um do que Gelson e não se fez rogado em assistências.
Afinal porque tivemos uma época tão abaixo das expectativas?
Não sou fundamentalista da Academia. De todo.
Sou fundamentalista de ter no Sporting Clube de Portugal os melhores que podemos contratar e manter de forma sustentável. Sou fã de Bas Dost e acho que foi uma excelente aposta. Sei até que é impossível acertar em todas as contratações ou até na maioria. Mas também consigo ver quando a conversa atinge um patamar alheio aos factos.
A verdade é que este ano foi um daqueles anos em que mais suspirei por vários jogadores que já são nossos, da Academia e que, ou não estavam ao nosso serviço, ou permaneciam arredados do plantel.
Fi-lo sempre que Castaignos tocou na bola, sempre que no banco ou na bancada via jogadores que nem calçavam - como Meli. Sempre que Bryan Ruiz destruia mais um pouco a excelente imagem que tinha deixado e que o treinador teimava em exibir.
Fi-lo quando Campbell demonstrava que já tinha dado tudo o que tinha para dar e se mantinha entre os eleitos; sempre que Markovic tinha ainda mais uma oportunidade para revelar que já não era o que foi; sempre que Petrovic ocupava posição no meio campo. Sempre que Elias.... Aí cheguei a chorar (tal como quando Schelotto renovou em janeiro). Sempre que Douglas... quem? Sempre que Marvin fazia 10 jogos péssimos por cada um brilhante.
Saudades do Futuro
Foi uma época dolorosa, amenizada pela perspetiva de termos jogadores que estavam a amadurecer e a dar genuínas provas de que serão excelentes reforços.
Foi uma delícia ver o Francisco Geraldes e ficar com água na boca para o ver jogar mais. Foi muito bom ver Podence a conseguir aproveitar uma rara oportunidade que acabou por ter. É muito bom ver que Palhinha tem lugar nos 23. É muito bom imaginar Iuri a ser o segundo melhor marcador dos quadros do Sporting e a poder marcar os golos com a camisola certa.
Não fazem um plantel completo? Não. Nem todos serão titulares? Não. Mas atirar para fecho de época uma atorda de "ou compras jogadores de €20 milhões ou não chegas lá", também não engulo. Engulo... Faz-me lembrar o Imbula. Valha-me São Sinama-Pongolle!
Quanto investimos na época passada em assinatura, salários e passes de André, Elias, Markovic, Petrovic, Douglas, Campbell, Meli e outros que tais?
A camioneta de jogadores
Não, o Sporting não tem dinheiro para comprar uma camioneta de jogadores de 5 a 20 milhões cada para ter deles a mesma taxa de sucesso que tivemos este ano (de caras ficam para o ano Bas Dost e Alan Ruiz). Temos que conseguir fazer melhor, muito melhor com o que temos e com o que pagamos à nossa equipa técnica.
Bas Dost custou €10 milhões. Slimani €300 mil. Ambos craques, ambos matéria-prima para clubes campeões.
O que interessa não é comprar caro, é comprar bem e escolher bem em cada domingo.
Enquanto assim não fizermos, e pegando no exemplo da época que termina, hei-de continuar a "chorar pelos meninos".
O que dói é que Bruno de Carvalho tem tanto capital emocional e político investido em Jorge Jesus que dificilmente encarará a hipótese de arrepiar caminho e encontrar um treinador mais adequando às nossas atuais capacidades e interesses. O que dói é que JJ é velho demais para mudar genuinamente, percebendo que os riscos que corre com a canalhada dificilmente se compararão pior do que o que “conquistou” com as escolhas feitas este ano. O Sporting termina a época em terceiro, perto do nível de quarto e dando vários passos atrás. Termina a época com menos titulares indiscutíveis do que no ano passado e com um grande ponto de interrogação para o futuro quanto a qual a estratégia a privilegiar.
O que dói é que a relação com o treinador e o plantel vai ter de cair de podre ou estar inteiramente dependente do tal fator que raramente nos tem bafejado.
Três ou quatro contratações galácticas, aparentemente pouco promissoras (três ou quatro Slimanis para diferentes posições, num acerto de scouting que no ano passado esteve longe de se concretizar), uma conjuntura de maior fragilidade nos adversários que não se adivinha (pelo menos o benfica) e uns milagres altamente improváveis nas competições europeias.
A esperança nunca morre, mas arrisca-se a iniciar a próxima época internada no hospital à espera de um renascimento, talvez lá para o natal.
Está difícil sequer conseguir esfregar as mãos com o “para o ano é que é”.
Dito isto, espero que os próximos meses amenizem este estado de espírito e este balanço e que daqui a um ano estejamos aqui a celebrar. Para já, com o realismo possível de quem “só” sabe o que vê em público, é isto que tenho digerido. Imensas dúvida quanto à razoabilidade de manter a aposta no atual treinador. Imensas.
O que dói é que há um ano terminámos o campeonato a jogar o melhor futebol da liga, derrotados por uma nesga de fortuna mas legitimamente confiantes de que iriamos enfrentar a época seguinte num patamar superior àquele com que tínhamos entrado a época que findava.
Terminar melhor do que se começou, avançando mais do que os adversários é a única forma de nos aproximarmos decisivamente da glória e é a única coisa – juntamente com o apoio dos adeptos – que depende estritamente de nós, naquilo que é uma prova longa, cheia de imponderáveis e até de eventuais cartilhas e encartados.
Se o que depende de nós não for bem feito, sobra pouco crédito como capital de queixa e entregamos a uma imensa sorte – que raramente nos bafeja – para atingir aquele que será sempre um sucesso improvável.
Jorge Jesus, ao colo dos seus êxitos benfiquistas, chegou ao Sporting com aquele ar de quem vinha explicar aos bárbaros como se ganha: a "cultura de campeão que eu trouxe", o "Ferrari que montei no outro lado", "o Sporting está muito atrasado", etc. Sempre me fez impressão que imensos sportinguistas engolissem esta conversa: é como aqueles cães vadios que, à força de levarem tanto pontapé, já têm medo de toda a gente e acabam acoitados junto do primeiro sem-abrigo que lhes faz uma festa e os protege. Se isto é mau no sportinguista comum, pior é no presidente. E o presidente passou os últimos dois anos deslumbrado, com o "Jorge" na boca: o "Jorge" está apaixonado pelo Sporting, a "cultura de exigência do Jorge", o "Jorge" isto, o "Jorge" aquilo. O ano passado até pareceu que estava a correr bem.
Este ano é que foi pior. O Sporting do Jorge falhou em todos os momentos decisivos. Em todos, não em alguns:
1) Admitamos que o Real Madrid é uma super-equipa (que é) e que estar a ganhar 1-0 próximo dos 90 minutos não é suficiente para garantir a vitória. A derrota por 2-1 foi o primeiro momento decisivo falhado, embora explicável, para sermos simpáticos.
2) Menos explicável é a barracada da derrota por 3-1 com o Rio Ave: o segundo momento decisivo, logo a seguir à desilusão de Madrid. Ou a barracada dos 3-3 em Guimarães, pouco depois.
3) Admitamos também que era difícil sacar um empate ao Dortmund, mas como explicar a incapacidade para, pelo menos, empatar com o Legia? Outro momento decisivo, pelo qual não continuámos na Liga Europa.
4) Depois, foi o falhanço na Luz. Decisivo.
5) Depois, com o Braga em Alvalade. Decisivo.
6) Com o Chaves, para a Taça. Decisivo.
7) Com o Setúbal, para a Taça da Liga. Decisivo.
8) Com o Porto, nas Antas. Decisivo.
E quando havia o vislumbre de chegar ao segundo lugar, mais uma derrota decisiva e especialmente humilhante em casa com o Belenenses, num estádio cheio de famílias à espera de uma grande festa.
O Sporting do Jorge podia ter falhado algumas destas coisas. Mas todas, sem excepção? Repare-se que isto acontecia ao mesmo tempo que o Sporting do Jorge ia apresentando um futebol deprimente, que toda a gente via. Toda a gente, menos o Jorge, a avaliar pelas conferências de imprensa.
Dito isto, acho que o Jorge Jesus deve continuar a ser o treinador do Sporting. Sempre fui contra saídas precoces de bons treinadores, como Leonardo Jardim ou Marco Silva. O mesmo acontece com Jesus. E provavelmente até se terão criado condições para tudo correr melhor: o Jorge com a crista mais baixinha, o Sporting menos deslumbrado. Com uma relação mais igual entre si, um pode potenciar o outro. É preciso é chegar lá.
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