Antes do arranque do campeonato nacional de futebol 2017/18, relembro os prognósticos sobre a prestação do Sporting em cada jornada da Liga anterior feitos aqui no És a Nossa Fé.
É um passatempo que aqui recomeçará, pelo quinto ano consecutivo, mal soe o apito de saída da próxima Liga.
Houve um vencedor, que cumprimento efusivamente pela pontaria tão certeira: o nosso estimado colega de blogue JOSÉ DA XÃ, que se destacou com quatro palpites certos. No Paços de Ferreira-Sporting, no Boavista-Sporting, no Belenenses-Sporting e no Estoril-Sporting. Curiosamente, sempre com a equipa leonina na condição de visitante.
Ele é já repetente nestas lides: foi um dos triunfadores destes prognósticos na época 2013/14. Merece os redobrados parabéns de todos nós.
Outra palavra de saudação especial ao leitor LEÃO DO FUNDÃO, vencedor em 2014/15, e que desta vez ficou em segundo lugar, acertando três resultados (Sporting-V. Setúbal, Estoril-Sporting e V. Setúbal-Sporting).
Merecem igualmente menção a minha colega CRISTINA TORRÃO e os leitores ORLANDOe PEDRO WASARI, com dois vaticínios certos cada.
Foi pena que ninguém tenha acertado em 16 dos 34 jogos - quase metade, incluindo as últimas cinco jornadas.
Esperemos que no campeonato 2017/18 a pontaria se revele mais afinada.
Aproveito para recordar que na Liga 2013/14 houve por cá sete vencedores: Bruno Cardoso, Edmundo Gonçalves, João Paulo Palha, João Torres, José da Xã, Lina Martins e Octávio.
Em jeito de balanço, aqui fica a lista dos jogadores que receberam a menção de melhores em campo no último campeonato pela soma das classificações atribuídas pelos diários desportivos após cada jornada.
De salientar que Bas Dost lidera as três classificações e Bruno César comparece em dois dos três pódios. Gelson, primeiro ex-aequo na tabela do Record, mais do que duplica a pontuação do pódio 2015/16 (12, então na terceira posição).
Destaque para o quinto posto de Campbell, jogador que Jorge Jesus cedo colocou à margem. E para a ausência de Bryan Ruiz, quarto na época anterior (após Slimani, João Mário e Gelson).
Só o Record destacou Coates. E apenas O Jogo fez menções a William Carvalho e Podence. Rui Patrício teve os mesmos pontos que obtivera há um ano. E Adrien desta vez recebeu mais um.
Bas Dost: 32
Gelson Martins: 28
Bruno César: 11
Adrien: 9
Campbell: 6
Rui Patrício: 3
William Carvalho: 3
Alan Ruiz: 2
Coates: 2
João Mário: 1
Slimani: 1
Podence: 1
A Bola: Bas Dost (11), Gelson Martins (10), Bruno César (5), Adrien (4), Campbell (2), Rui Patrício, Alan Ruiz.
Record:Bas Dost (11), Gelson Martins (11), Adrien (4), Coates (2), Bruno César (2), Slimani, Campbell, Rui Patrício, Alan Ruiz.
O Jogo:Bas Dost (10), Gelson Martins (7), Bruno César (4), Campbell (3), William Carvalho (3), João Mário, Adrien, Podence, Rui Patrício.
Antes do arranque do campeonato nacional de futebol 2017/18, relembro os meus apontamentos da época passada. Para recordar os jogadores que se evidenciaram mais em cada desafio.
13 de Agosto (Sporting, 2 - Marítimo, 0): GELSON MARTINS
Jogámos 80 minutos muito bem no Santiago Bernabéu, silenciando a afición madridista naquele dia 14 de Setembro. Até que Jorge Jesus, com os nervos à flor da pele, se fez expulsar.
Já da bancada, de cabeça perdida, deu ordem ao adjunto para mandar tirar do campo o Adrien e o Gelson, que estavam a ser os melhores em campo, fazendo entrar Elias e Markovic.
Sabe-se o que aconteceu: reviravolta no marcador nos últimos cinco minutos. O Real Madrid passou de uma iminente derrota por 0-1 à vitória por 2-1.
Nas declarações pós-jogo, mais destemperado que nunca, Jesus apontou para si próprio, reclamando os louros da vitória moral. A diferença estava não nos jogadores mas no treinador. A tal ponto - garantiu - que o jogo só foi perdido por ele já não estar no banco.
O que dói é que Bruno de Carvalho tem tanto capital emocional e político investido em Jorge Jesus que dificilmente encarará a hipótese de arrepiar caminho e encontrar um treinador mais adequando às nossas atuais capacidades e interesses. O que dói é que JJ é velho demais para mudar genuinamente, percebendo que os riscos que corre com a canalhada dificilmente se compararão pior do que o que “conquistou” com as escolhas feitas este ano. O Sporting termina a época em terceiro, perto do nível de quarto e dando vários passos atrás. Termina a época com menos titulares indiscutíveis do que no ano passado e com um grande ponto de interrogação para o futuro quanto a qual a estratégia a privilegiar.
O que dói é que a relação com o treinador e o plantel vai ter de cair de podre ou estar inteiramente dependente do tal fator que raramente nos tem bafejado.
Três ou quatro contratações galácticas, aparentemente pouco promissoras (três ou quatro Slimanis para diferentes posições, num acerto de scouting que no ano passado esteve longe de se concretizar), uma conjuntura de maior fragilidade nos adversários que não se adivinha (pelo menos o benfica) e uns milagres altamente improváveis nas competições europeias.
A esperança nunca morre, mas arrisca-se a iniciar a próxima época internada no hospital à espera de um renascimento, talvez lá para o natal.
Está difícil sequer conseguir esfregar as mãos com o “para o ano é que é”.
Dito isto, espero que os próximos meses amenizem este estado de espírito e este balanço e que daqui a um ano estejamos aqui a celebrar. Para já, com o realismo possível de quem “só” sabe o que vê em público, é isto que tenho digerido. Imensas dúvida quanto à razoabilidade de manter a aposta no atual treinador. Imensas.
O que dói é que há um ano terminámos o campeonato a jogar o melhor futebol da liga, derrotados por uma nesga de fortuna mas legitimamente confiantes de que iriamos enfrentar a época seguinte num patamar superior àquele com que tínhamos entrado a época que findava.
Terminar melhor do que se começou, avançando mais do que os adversários é a única forma de nos aproximarmos decisivamente da glória e é a única coisa – juntamente com o apoio dos adeptos – que depende estritamente de nós, naquilo que é uma prova longa, cheia de imponderáveis e até de eventuais cartilhas e encartados.
Se o que depende de nós não for bem feito, sobra pouco crédito como capital de queixa e entregamos a uma imensa sorte – que raramente nos bafeja – para atingir aquele que será sempre um sucesso improvável.
Jorge Jesus, ao colo dos seus êxitos benfiquistas, chegou ao Sporting com aquele ar de quem vinha explicar aos bárbaros como se ganha: a "cultura de campeão que eu trouxe", o "Ferrari que montei no outro lado", "o Sporting está muito atrasado", etc. Sempre me fez impressão que imensos sportinguistas engolissem esta conversa: é como aqueles cães vadios que, à força de levarem tanto pontapé, já têm medo de toda a gente e acabam acoitados junto do primeiro sem-abrigo que lhes faz uma festa e os protege. Se isto é mau no sportinguista comum, pior é no presidente. E o presidente passou os últimos dois anos deslumbrado, com o "Jorge" na boca: o "Jorge" está apaixonado pelo Sporting, a "cultura de exigência do Jorge", o "Jorge" isto, o "Jorge" aquilo. O ano passado até pareceu que estava a correr bem.
Este ano é que foi pior. O Sporting do Jorge falhou em todos os momentos decisivos. Em todos, não em alguns:
1) Admitamos que o Real Madrid é uma super-equipa (que é) e que estar a ganhar 1-0 próximo dos 90 minutos não é suficiente para garantir a vitória. A derrota por 2-1 foi o primeiro momento decisivo falhado, embora explicável, para sermos simpáticos.
2) Menos explicável é a barracada da derrota por 3-1 com o Rio Ave: o segundo momento decisivo, logo a seguir à desilusão de Madrid. Ou a barracada dos 3-3 em Guimarães, pouco depois.
3) Admitamos também que era difícil sacar um empate ao Dortmund, mas como explicar a incapacidade para, pelo menos, empatar com o Legia? Outro momento decisivo, pelo qual não continuámos na Liga Europa.
4) Depois, foi o falhanço na Luz. Decisivo.
5) Depois, com o Braga em Alvalade. Decisivo.
6) Com o Chaves, para a Taça. Decisivo.
7) Com o Setúbal, para a Taça da Liga. Decisivo.
8) Com o Porto, nas Antas. Decisivo.
E quando havia o vislumbre de chegar ao segundo lugar, mais uma derrota decisiva e especialmente humilhante em casa com o Belenenses, num estádio cheio de famílias à espera de uma grande festa.
O Sporting do Jorge podia ter falhado algumas destas coisas. Mas todas, sem excepção? Repare-se que isto acontecia ao mesmo tempo que o Sporting do Jorge ia apresentando um futebol deprimente, que toda a gente via. Toda a gente, menos o Jorge, a avaliar pelas conferências de imprensa.
Dito isto, acho que o Jorge Jesus deve continuar a ser o treinador do Sporting. Sempre fui contra saídas precoces de bons treinadores, como Leonardo Jardim ou Marco Silva. O mesmo acontece com Jesus. E provavelmente até se terão criado condições para tudo correr melhor: o Jorge com a crista mais baixinha, o Sporting menos deslumbrado. Com uma relação mais igual entre si, um pode potenciar o outro. É preciso é chegar lá.
Raio de época esta. Só conseguimos uma goleada - por 5-1 frente ao modestíssimo Praiense, que disputa o Campeonato Nacional de Seniores. Parece que caiu um bruxedo na equipa depois do abortado brilharete no Santiago Bernabéu.
O Markovic. Vai marcar golos, fazer assistências e levantar Alvalade, cada vez que Jesus o passar da condição de titular para substituído. Vamos gritar "Marko, Marko, Marko" ao mesmo tempo que fazemos vénias sucessivas como ontem fizemos ao Gelson e ao Adrien. Ele precisa de tempo (3/4 jornadas e está no ponto), a magia está lá toda. Que L'azar vão ter as defesas contrárias lusas. E polacas. E alemãs. Os outros têm muita sorte, não contam.
Faz hoje apenas um mês, a selecção nacional conquistou a nossa maior proeza de sempre no futebol. Uma vitória há décadas sonhada por milhões de portugueses apreciadores da modalidade que mais apaixona o planeta desportivo. E no entanto parece ter já acontecido há bastante mais tempo. E poucas lições terão sido extraídas deste feito inédito, conseguido com dez jogadores formados na Academia de Alcochete, incluindo quatro do actual plantel leonino.
Como se fosse algo banal. Como se isto estivesse sempre ao nosso alcance.
Num país que andou meio século a entoar hossanas a um terceiro lugar num Mundial como se fosse a última coca-cola no deserto, verdadeiro paradigma das "vitórias morais", confesso o meu espanto por esta tentativa de esquecer tão depressa uma vitória bem real.
2
Lamento, mas eu não esqueço.
Quanto mais revejo as imagens dos desafios do Euro 2016, mais me convenço que com Fernando Santos a treinar nunca teríamos perdido em 1984 a meia-final do Campeonato da Europa frente à França de Michel Platini e Alain Giresse. Desperdiçada porque em momentos cruciais vários dos nossos jogadores não souberam segurar a bola nem integrar-se nas missões defensivas que se impunham.
Esta foi também a lição que o Euro 2016 nos transmitiu: o rigor técnico - ter o adversário bem estudado, anular-lhe a manobra ofensiva - é uma componente essencial do futebol moderno.
Porque o futebol também é xadrez, não é só pugilismo, ao contrário do que alguns imaginam.
3 Manuel Fernandes, eterno capitão do Sporting, declarou que um dos melhores jogos do Campeonato da Europa foi o Alemanha-Itália, que terminou empatado 1-1, ao fim de 120 minutos. Com apenas um golo marcado em lance corrido.
Ele, homem do futebol, sabe bem do que fala. Porque de nada vale a técnica sem a táctica, de nada vale o poderio físico sem a inteligência para utilizá-lo no instante exacto (como Cristiano Ronaldo demonstrou naquela cabeçada certeira contra o País de Gales, que passará a figurar em todas as antologias dos melhores golos de sempre).
4 Não por acaso, Portugal teve quatro dos seus jogadores no onze ideal do Europeu.
Não por acaso, Portugal teve dois golos nos cinco melhores do Euro 2016 seleccionados pela UEFA. Não por acaso, Portugal teve o melhor jogador jovem do torneio. Não por acaso, Cristiano Ronaldo prepara-se para receber a Bola de Ouro pela quarta vez.
5 Isto não resulta de fé, nem de fezadas. É trabalho continuado, que a Federação Portuguesa de Futebol tem desenvolvido. Não por acaso, já vencemos quatro europeus sub-16 e três europeus sub-19.
Não por acaso, somos vice-campeões europeus sub-21 (final perdida há um ano, contra a Suécia, por grandes penalidades).
6 Isto é produto de um plano rigoroso, de muito esforço, de muito trabalho. É também produto do bom planeamento desenvolvido nos clubes. Nunca em Portugal se trabalhou tanto e tão bem no futebol. Quando Manuel José vem dizer que prefere o tempo em que se "jogava à bola" está a insultar demasiada gente ao mesmo tempo. Está a insultar alguns dos melhores profissionais que temos em Portugal. Porque em nenhuma outra actividade europeia ou mundial podemos competir tão bem com qualquer outro país como no futebol.
7 Quanto ao nosso Sporting: eu quero é vê-lo campeão. Quer jogue bonito ou jogue feio. Esta deve ser, para os sportinguistas, a principal lição a extrair do Europeu que conquistámos. Quinze anos de jejum já bastam.
Dentro de um mês, os principais mercados de transferências estarão a fechar. Até lá, a expectativa sobre o que podemos fazer na época 2016/17 é ainda incerta. Quem sai, quem substitui, quem NOS paga os reforços, etc. Nos últimos anos, não me lembro de um começo de época assim, com tanto a poder mudar com a saída de 2/3 atletas. Se o presente está assim, só o está porque o passado recente tem sido digno de boa nota. De outra forma, ninguém quereria levar uns cepos. Para rematar, dizer que são bons, têm qualidade e ajudam muito o Sporting. Se ficarem, ficaremos mais fortes, mais próximos dos objetivos. Se saírem, não sendo o Apocalipse verde-e-branco, a época será, com certeza, mais difícil.
Se isto for pressão, pois bem: considerem-na como tal. Eu não exijo a Jorge Jesus - décimo melhor treinador do mundo - nada menos do que exigi a Fernando Santos no Campeonato da Europa: a conquista do título.
Chega de paleio, basta de desculpas, nem tolero ouvir falar nas famigeradas vitórias morais: 15 anos de jejum já bastam.
Quero o Sporting campeão nacional em Maio de 2017.
Quando faltam poucas horas para vermos em acção o mais importante reforço para a equipa de futebol de 2016/2017, à semelhança de Pedro Correia, deixo aqui o meu voto para esta época futebolística.
Esqueçam a forma empatativa como a selecção de futebol foi campeã europeia e imitem antes a selecção de hóquei em patins.
Um futebol onde se joga para o empate e se espera que um milagre resolva pode ser suficiente para vencer uma competição a eliminar (quando as equipas mais fortes se vão eliminando entre elas. Itália elimina Espanha. Alemanha elimina Itália. França e arbitragem eliminam Alemanha) mas é, manifestamente, insuficiente para se vencer um campeonato.
Vejamos em 7 jogos em França, Fernando Santos conseguiu 9 pontos, vitória com o País de Gales e empates com a outra meia dúzia de equipas que defrontámos; Islândia, Áustria, Hungria, Croácia, Polónia e França.
Como seria num campeonato com 34 jornadas se os resultados fossem iguais?
Ora bem, conseguiria, 43.71 pontos, vá 44, para facilitar as contas, ficaria em nono lugar à frente do Belenenses, atrás de clubes como o Arouca, o Estoril, o Rio Ave e o Paços de Ferreira, com menos 44 pontos (metade, portanto) que o Benfica e com menos 42 pontos que o Sporting.
O importante reforço que referi acima, é o relvado. Espero que, finalmente, tenhamos um relvado à altura do futebol que gosto de ver praticado, um futebol rápido, com passes de risco, com a bola a ir para extremos colados à linha, mas que não tenham medo de arriscar no um para um, que driblem para o meio e rematem, que não tenham medo de correr com a bola, que não tenham medo de ser felizes. Um futebol bem jogado em todo o campo, na horizontal e não na vertical como os comentadeiros apregoam (a única coisa vertical num campo de futebol são as bandeirolas de canto e os postes de iluminação).
Parafraseando o meu colega Pedro "Quero jogadores que conquistem o campeonato."
Mesmo a jogar bonito.
(ao fim ao cabo todos os sportinguistas querem o mesmo: o Sporting campeão).
Em 2016/17 não quero jogadores a jogar bonito nem a adornarem os lances sempre com um toque a mais, à espera do aplauso fácil das bancadas. Quero jogadores que conquistem o campeonato. Mesmo a jogar feio. Exactamente como fez a selecção nacional.
Na minha opinião, de momento, há nove no plantel do Sporting para enfrentarmos as diversas frentes da temporada 2016/17.
Eis os nomes deles:
Adrien
Bryan Ruiz
Coates
Gelson Martins
João Mário
Rúben Semedo
Rui Patrício
Slimani
William Carvalho
Isto é: quatro campeões europeus, dois outros valores da nossa formação e três verdadeiros reforços.
Não bastam estes, claro. Mas quanto aos restantes, veremos. Leões a sério têm de provar que o são em campo, não em bravatas nas redes sociais. Sempre em campo.