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És a nossa Fé!

Virgílio Lopes e honestidade intelectual

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Foto: Paulo Calado/Record 

 

Já se sabe que cada um é como qual. Pessoalmente, muito gostei de saber que ainda há quem seja capaz de assumir as coisas como elas são: erra-se. Às vezes, nem poderemos falar em erro, já que no momento em que somos "obrigados" a fazer escolhas, a decidir, fazemo-lo com base nos indicadores de que dispomos. E os indicadores estão sempre em evolução. Afinam-se. Refinam-se. E, com isto, ajustam-se teorias sobre como fazer. Pelo menos, em teoria.

Serve o introito para dizer que fiquei contente por perceber que ainda é possível ler quem tenha a coragem de vir publicamente assumir as coisas como elas são: Nuno Mendes, há um par de anos, não era craque. Não exibia essas características distintivas. Se calhar, até terá estado na calha para ser dispensado. Vai daí, um dia, ainda ficamos todos a saber que só não recebeu guia de marcha, tendo estado iminente a assinatura da sua dispensa, por não haver defesa esquerdo alternativo e por ser um miúdo (vindo de uma família humilde) que não dava problemas. 

 

Seria bom que se aproveitasse a experiência de quem sabe (e a honestidade intelectual) para... refinar as práticas. E ousar reajustar teorias. Mas que o façamos fora da bolha que são os gabinetes e para além do risco calculado (protegido) que são as apresentações em PowerPoint, não raras vezes, meros espelhos dos manuais, que pouco esclarecem sobre como se faz, apenas apontam o que deve ser o resultado.

 

P.S. Alguém saberá dizer se o Manchester City está feliz com a cláusula de compra de Pedro Porro? 

P.S.2. Alguém reparou que na peça (do ano passado) do Jornal Sporting sobre os futuros craques que despontavam na Academia Sporting, não consta Dário Essugo?

P.S.3. E o FC Barcelona e Ansu Fati?

As juras de Varandas

Num inquérito encomendado, com perguntas à medida das respostas - um módico de deontologia impede chamar a isto "entrevista" apesar de impressa em papel de jornal - o Presidente do Sporting toca três pontos que convém registar.

O primeiro é que "assume" e "dá a cara" pela desairosa época do Sporting. Claro que acto contínuo evoca as mil e uma dificuldades do cargo, justificação que faz ricochete pois é como quem diz que não teve cabeça ou capacidade para acorrer a tudo. Mas isto do "assumir" sem daí tirar consequências decorre de uma ética um bocado torpe, embora esteja na moda. Seria como se perguntando o juiz  ao réu se se declara incoente ou culpado e tendo este dito "culpado" o merítissimo o mandasse em paz pois basta que tenha "assumido" para ficar ilibado.

O segundo e terceiro pontos interessantes é que Varandas se atravessa inequivocamente - repito: inequivocamente - por Rúben Amorim e pela continuação no plantel da época 20/21 dos jovens Quaresma, Nuno Mendes, Matheus Nunes, Joelson e Tiago Tomás. Registe-se e guarde-se para memória futura; cá estaremos para avaliar a credibilidade e idoneidade de quem assim jura.

Esclarecimento

Um Post escrito por uma autora deste blogue, onde para além da inserção de alguma documentação sobre publicações de Miguel Poiares Maduro é incluída uma sua reacção à suposta utilização por si de ideias minhas invocada por outro autor deste blogue, deixou no ar, ainda que residual no sentir conhecedor e cavalheiresco do próprio (MPM), a suspeição de que, a ter havido plágio, o plagiador teria sido eu. Na sequência, em caixa de comentários da autora, vi-me forçado a ter de falar sobre a minha carreira profissional, logo eu que não tenho apreço por quem se ponha em bicos de pés para reinvindicar galões (eles ganham-se todos os dias) mas que também não gosto que me tratem como o Wally ou o John Doe, de forma a justificar a razão da génese destas e de outras ideias que tenho para o clube. Acontece que eu escrevo neste blogue desde Julho de 2017 e lembrava-me de ter perorado várias vezes sobre os temas que originaram o tal meu Post de 24 de Julho de 2018 (complementar a outros 4 sobre Sustentabilidade e Cultura corporativa), posterior a um artigo de 20 de Maio do mesmo ano que vim a saber anteontem ter sido escrito por Miguel Poiares Maduro no Público. Ora, uma simples ainda que incompleta, embora tardia para meu mal-estar ou enfado, consulta do arquivo deste blogue permitiu-me encontrar rapidamente 9(!) Posts meus alusivos a esses temas, quase todos datados do ano de 2017 e anteriores à tal publicação do Público (20 de Maio de 2018), os primeiros dos quais de Setembro de 2017, que mostram a tal intenção por mim referida na caixa de comentários da autora de suscitar reiteradamente a discussão sobre esses temas. Aqui ficam para consulta de quem esteja interessado:

https://sporting.blogs.sapo.pt/etica-isto-so-video-3480979

https://sporting.blogs.sapo.pt/hoje-giro-eu-a-integridade-e-a-3644426

https://sporting.blogs.sapo.pt/etica-opinadores-que-nao-regulam-3465566

https://sporting.blogs.sapo.pt/etica-a-educacao-e-o-desporto-3527170

https://sporting.blogs.sapo.pt/hoje-giro-eu-apaf-de-apito-mudo-ou-3551586

https://sporting.blogs.sapo.pt/hoje-giro-eu-e-galo-3628241

https://sporting.blogs.sapo.pt/hoje-giro-eu-bons-exemplos-3631368

https://sporting.blogs.sapo.pt/hoje-giro-eu-bruno-e-o-futuro-3765606

https://sporting.blogs.sapo.pt/hoje-giro-eu-seleccao-o-iceberg-do-3859491

 

Quero deixar claro que não ponho minimamente em causa a honorabilidade de Poiares Maduro, pessoa com uma carreira pública reconhecida e que com toda a certeza terá opinião (bem) formada sobre o tema, e lamento muito o episódio ocorrido que precedeu a sua natural e compreensível reacção pública, mas também não posso deixar de nenhuma forma que penda sobre mim o estilo de torpe insinuação mesclada de toque brasileiro que já li por aí em caixas de comentários, algo perfeitamente incomum antes de ter tomado a posição pública de mostrar disponibilidade para me apresentar a eleições assim que elas sejam convocadas no meu clube. Será uma infeliz coincidência. Também eu tenho o direito à minha honorabilidade e ao meu bom nome. Acrescento que, embora por vezes crítico aos actos de gestão, os Leitores deste e doutro blogue onde escrevo aceitarão que não o faço "ad-hominem" e procuro com contenção um tipo de linguagem que não fira, tendo sempre presente não só a forma como fui educado como o momento especial que vive o clube e a doutrina que entendo se dever fazer nessa matéria. Foi por saber que há muito tempo venho trazendo estes temas que o Tiago Cabral, a quem enquanto colega de blogue devo respeito e a possível solidariedade, revendo-se neles desde o primeiro dia e igualmente desconhecendo o tal artigo do Público tomou uma posição, baseando-se naquilo que escrevi em Julho de 2018. Acresce que num jantar do blogue há uns tempos atrás ambos nos tínhamos dado conta da coincidência de ideias por mim apresentadas com algum grau de complexidade (não estas que motivam esta prosa) andarem a circular por aí sem chancela de autor (compreendam, essa apropriação indevida ao fim de algum tempo causa desgaste, por muito que a feira das vaidades nos diga pouco e encontremos consolo nas ideias poderem ser úteis ao clube), o que me deu a percepção, para além das palavras de um Post, do que poderia ter ocorrido, evitando em sequência ter para com ele uma reacção (julgamento) imediata, porventura desprovida de humanidade, e que ainda o ferisse mais. Eu sei que no fundo o Tiago apenas quis mostrar que estes e outros temas de estratégia que na blogosfera venho trazendo reflectem uma visão original e mereciam ser reconhecidos. Não por uma vaidade, mas pelo Sporting. A razão pela qual não o são, é por mim desconhecida, mas talvez Poiares Maduro, sempre tão solícito em promover a discussão sobre o clube, agora já saiba quem eu sou e me convide para uma troca de ideias que aceitaria de bom grado por serem pró-Sporting. Até porque a minha reflexão compacta de Julho de 2018 já o teria merecido antes. Penso eu, não terão pensado assim os organizadores do Sporting Talks há 2 anos atrás. Também desde já Vos digo: não será por falta de reconhecimento público que deixarei de nos espaços que me são conferidos destes blogues aportar a minha visão para o clube. Da mesma forma que garanto a todos que serei sempre independente e a minha intenção será sempre única: ajudar o clube. Até porque o que eu verdadeiramente gostaria de um dia ver discutido no Sporting era as ideias, não as pessoas. Salvaguardando que atrás da ideia está o pensamento de alguém que a construiu através de um conjunto de ferramentas que foi desenvolvendo ao longo da sua vida profissional. Como eu. Como Poiares Maduro.

 

Obrigado pela Vossa atenção e prometo não voltar ao tema. Os desafios que se colocam ao Sporting são e serão bem mais importantes do que qualquer tipo de protagonismo deste género. Aliás, como digo muitas vezes, as razões do Sporting serão sempre mais importantes do que as minhas razões pessoais.

 

Peço-Vos encarecidamente desculpa por tê-los maçado com estas questões e espero que compreendam o esclarecimento que entendi dar. Fico-me por aqui nesta matéria, mesmo perante a iminência de alguém um dia poder trazer um documento histórico produzido no tempo dos mamutes. (Esta foi só para desanuviar um bocadinho.)

 

Ética e bons costumes, CAL

Andamos a ser lidos, o que é bom para o Sporting.

Vamos ao que interessa.

Hoje ao entrar no blog dei com este post da CAL, em que discorre longamente sobre um post em que disse que Miguel Poiares Maduro utilizou ideias do Pedro Azevedo sobre a gestão do Sporting, sem mencionar o autor das mesmas. Fiquei a saber que a CAL empreendeu diligências junto do autor para o confrontar com este facto. 
A conclusão, da CAL, é que "duvidas houvesse..." Bem, cara colega de blogue, aqui não se tratam de dúvidas. Li com a devida atenção o ensaio publicado no Público, como acredito que a CAL também leu. Estamos a falar de um ensaio sobre o que Miguel Poiares Maduro, decorrente da sua nomeação para um cargo na Fifa, pensa sobre a organização do futebol europeu e mundial e, acima de tudo sobre quem e como circula pelos órgãos de poder, quem efectivamente manda no futebol. O ensaio mostra-nos a opinião do autor, sobre a dificuldade de alguém "sério" singrar neste mundo. No fim aborda e aqui de uma forma superficial, em comparação com a totalidade do ensaio, o panomara dos clubes e menciona o desejo de ver implementadas no Sporting algumas das ideias que explanou.


Não dúvido que Miguel Poiares Maduro não esteja verdadeiramente interessado em contribuir para uma mudança no nosso clube.


Tal como também não tenho quaisquer dúvidas que as propostas do Pedro Azevedo, assim explicadas e organizadas foram de facto dele e foi quem primeiro as formulou de forma tão directa e concreta, fruto da sua experiência profissional e direccionadas em exclusivo para o Sporting.
Aceito que tudo não passe de uma, neste caso, feliz coincidência, porque tudo o que seja para melhorar o nosso clube tem que ser positivo.
Sobre a disponibilidade de Miguel Poiares Maduro connosco debater o futuro do Sporting, penso que é unânime a vontade de todos em faze-lo.

.A CAL devia, enquanto tudo fazia para esclarecer o tema junto de Miguel Poiares Maduro, fazê-lo também junto de mim. Nada me perguntou, nada me disse. No mínimo poderia ter me contactado, se se sentiu assim tão ofendida com a minha publicação. Em último caso deveria ter, pelo menos, no seu post, feito uma ligação à minha publicação.

Acho o seu comportamento deselegante e lamentável.

Por último CAL, a ingenuidade e deslumbramento têm limites. O futuro nos dirá ou não.

Passe bem.

Ser Sporting - A ética

Eu não sou eu nem sou o outro,
Sou qualquer coisa de intermédio:
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o Outro.

(Mário Sá-Carneiro)

 

Ontem ne edição escrita do Record, Miguel Poiares Maduro, político, ex-ministro, professor, comentador de temas vários, deu a sua opinião sobre o estilo de governação que deverá ser a ideial para o nosso clube. Como gosto sempre de ler, lá fui e qual não foi o espanto quando, ao ler, ficar com a sensação que nada do que lia era novidade. Como podem ver aqui Pedro Azevedo numa publicação neste blog, em 2018, sim em 2018, leram bem, já tinha elencado, e de forma original, a sua visão, o caminho que ele próprio, com as suas ideias, achava, e sei que continua a achar, ser o caminho ideal para o nosso clube, sobre o que deve ser um presidente, o que se deve esperar dele.

Custa um pouco, admito, porque não é a primeira vez que alguém que "mete a cabeça de fora" numa putativa candidatura não anunciada, utiliza ideias publicadas pelo Pedro Azevedo. Não estou a afirmar que as ideias quando tornadas publicas não devam ser utilizadas por outros. É alias essa umas das intenções de as publicar. Mas não custa, deve ser sempre assim, reconhecer a sua autoria. 

Até porque o original é sempre melhor que a cópia. Sempre.

Hoje giro eu - Princípios/Ética

Um presidente do Sporting deve observar, na minha opinião, um conjunto de Princípios durante o(s) seu(s) mandato(s). Eis alguns dos que considero mais relevantes:

  • Princípio da transitoriedade presidencial: a um sócio, adepto ou simpatizante do Sporting aplica-se o verbo Ser. A um presidente ou a qualquer títular de cargo directivo no clube aplica-se o verbo Estar. Uma pessoa não é presidente, está em presidente, exactamente da mesma forma que quando não trabalha está desempregado. Não é uma questão de semântica - um presidente serve o clube e os seus sócios - e torna-se muito importante a um candidato ter consciência disto para que não se venham a verificar situações futuras de excessivo apego ao poder;
  • Princípio da perenidade do clube: um presidente de uma instituição centenária como é o Sporting tem de criar condições que garantam a continuidade, estabilidade e inextinguibilidade do clube. Tal como um facho que passa de mão em mão, de geração em geração, cada novo presidente tem de sentir a responsabilidade de futuramente passar o clube a outrém em melhor situação do que a que encontrou;
  • Princípio da adequabilidade do candidato: sendo certo que qualquer sócio do Sporting que reúna as condições definidas nos Estatutos do clube se pode candidatar a presidente, uma candidatura presidencial deve obedecer a uma introspecção do próprio no sentido de perceber se tem a experiência, a idoneidade e o conhecimento necessários ao exercício do cargo e pode, mesmo, futuramente vir a ser préviamente sujeita a escrutínio de Orgão competente (Compliance). Sendo presidente, o não preenchimento destes requisitos pode afectar seriamente a reputação da instituição e causar-lhe prejuízos patrimoniais significativos;
  • Princípio das boas práticas de gestão: o líder deve reunir a informação de gestão necessária à boa decisão e assegurar formas de monitorização contínua dos processos, corrigindo desvios e identificando oportunidades de melhoria, sempre no escrupuloso respeito das regras, procedimentos, regulamentos e leis aplicáveis. Independentemente do escrutínio próprio a que está sujeito pelo Conselho Fiscal e Disciplinar ( e pelos sócios), o presidente deve saber reunir-se de um conjunto de mecanismos que lhe permita autodisciplinar-se e garanta a necessária transparência dos processos. Nesse sentido, deve ser dada toda a liberdade e independência na estrutura aos orgãos de Controlo Interno, Auditoria Interna e Compliance (a criar). Garantida a integridade dos processos e eliminado a montante todo e qualquer tipo de suspeição, o presidente pode concentrar-se no essencial: voltar a colocar o Sporting no topo do futebol português;
  • Princípio da limitação dos mandatos: um presidente do Sporting só poderá liderar o clube em 2 mandatos, seguidos ou não;
  • Princípio da democraticidade interna: o presidente do clube está sempre ao serviço dos sócios e não deve cometer actos que impeçam a expressão do desejo legítimo dos mesmos, assegurado o cumprimento dos devidos formalismos estatutários previstos para o efeito;
  • Princípio de congregação: ao presidente compete estimular a participação dos sócios e a boa recepção das suas ideias;
  • Princípio da Igualdade: para o presidente, todos os sócios são iguais nos seus direitos e na sua liberdade de expressão, não devendo em nenhuma circunstância contribuir para um ambiente maniqueísta, de divisão interna e/ou de criação de castas de leoninidade;
  • Princípio do controlo societário (SAD): o Sporting, directa ou indirectamente através de SGPS, deve manter-se sempre maioritário na SAD;
  • Princípio de governação (SAD): o presidente do Sporting deve ser também presidente da SAD, por uma questão de não fazer sentido haver uma visão distinta nas duas instituições. O "problema" da concentração de poderes, é um falso problema, fundamental é existirem orgãos de controlo. Se o futebol não estivesse na SAD, haveria um presidente para as modalidades e outro para o futebol, dentro do clube? 
  • Princípio do ecletismo: ao presidente cabe garantir a perpectuidade da aposta nas modalidades, elemento distintivo e singular da afirmação da Cultura Sporting em Portugal e no mundo;
  • Princípio do clube formador: outro elemento distintivo e singular da Cultura Sporting que caberá a cada presidente não desvirtuar;
  • Princípio da exigência máxima: ao presidente cabe zelar pela instauração de uma cultura de exigência máxima no clube e pela sua correcta implementação junto de colaboradores, atletas e sócios, no mais rigoroso respeito pela pessoa humana e pela história e pergaminhos do clube. Aos sócios caberá tomar decisões informadas sempre que forem chamados a pronunciar-se sobre a actualidade do clube;
  • Princípio do "Sporting centric": um presidente deve ter consciência que o Sporting é sempre o mais importante, o bem maior e deve estar sempre no centro de tudo;
  • Princípio da ética (em resumo): o presidente deve agir com respeito por sócios e colaboradores, dignidade, solidariedade institucional, comprometimento pelo desenvolvimento do clube, responsabilidade, consciência de alguns dos factores de diferenciação (ecletismo, Formação) que nos distinguem, entre outros valores e atitudes que devem ser apreendidos por qualquer pessoa. O Sporting tem de ser sempre percepcionado como um clube ético, cujas acções visam garantir a integridade das competições em que está inserido, integridade essa pela qual estará disposto a lutar tendo em vista a eliminação de todas as inconformidades. 

 

 

Para além destes Princípios, estas seriam as funções do futuro Comité de Compliance:

  • Zelar pelo cumprimento de todos os procedimentos regulamentares, nomeadamente pela prevenção de conflito de interesses e pelo cumprimento da legislação de branqueamento de capitais, nas operações efectuadas com as diversas entidades envolvidas;
  • Estabelecimento de um Código de Conduta que regule treinadores, jogadores de futebol e atletas das modalidades;
  • Estabelecimento de um Código de Conduta que regule a actividade das claques (anexo ao Protocolo existente), com pesadas sanções (que podem ir até à sua erradicação) caso a sua actuação venha a provocar prejuízos patrimonais e/ou danos reputacionais ao clube;
  • Garantir a transparência dos processos de transferência de jogadores de futebol;
  • Garantir e acompanhar a adopção e cumprimento em todo o grupo Sporting dos valores éticos das várias instituições, de forma a contribuir para a mitigação do risco de imputação a essas instituições de danos reputacionais, sanções ou prejuízos patrimoniais significativos;
  • Acompanhamento de toda a actividade do grupo;
  • Propor à Liga de Clubes e FPF um Código de Conduta e de Ética que regule a relação entre todos os agentes desportivos e que foque primordialmente na prevenção de casos de conflito de interesses, promiscuidade, tráfico de influências e corrupção.

 

 

 

Termina aqui esta série que iniciei na pretérita Quinta-Feira. Foi algo que quis fazer por um dever de cidadania sportinguista e que espero possa ter sido de alguma maneira útil. Gostaria que os sócios pudessem votar em consciência, sem influência de ruído comunicacional, e escrutinando candidatos, ideias e sua implementação, curricula e equipas. Isso seria uma prova inequívoca de maturidade democrática. 

 

Saudações Leoninas

Ética - Voando sobre um ninho de cucos

Os Cucos são espécies parasitas que depositam os seus ovos nos ninhos de outras aves. A estas dá-se o nome de hospedeiros, na medida em que são elas que cuidam dos jovens cucos.

Dadas estas características, existe, em português corrente, a expressão "armar (-se) aos cucos", ou seja, armar-se em esperto e portar-se como se fosse superior, quando não se é.

 

O futebol português, dando como bom aquilo que a imprensa tem vindo a noticiar relativamente ao que se pode designar como Caso dos Emails, parece conter um conjunto de cucos, uma forma estranha de agentes, directa ou indirectamente ligados ao desporto-rei, com muita vontade de agradar ao seu hospedeiro e de se constituirem como "meninos bonitos" aos seus olhos. 

Não me cabe a mim definir se tal é legal ou ilegal, mas certamente não será um comportamento ético muito aceitável aquilo que vem, alegadamente, descrito nos emails, surpreendendo o à-vontade com que estes parasitas circulam nos corredores do poder. 

Caberia às autoridades reguladoras do sistema - FPF e Liga - explicar a todos nós como foi/é (?) possível que estes xicos-espertos tenham, alegadamente, enviado a um clube classificações de árbitros da Segunda Categoria que iriam para estágio para eventualmente passarem à Primeira Categoria, pedidos de melhoramento da nota do árbitro Manuel Mota ou cunhas para realização de jogos enquanto delegado da Liga, entre outras situações. Também está por explicar como os mesmos cucos fizeram, alegadamente, chegar a Pedro Guerra, correio electrónico contendo sms privados trocados pelo antigo presidente da Liga, Dr Fernando Gomes, ou aspectos da vida íntima dos árbitros de futebol.

Esperar-se-ia uma reacção dos reguladores. É certo que Fernando Gomes encaminhou sempre as suspeitas de irregularidades ou de crimes para as autoridades competentes (PGR). Assim foi no caso dos vouchers ou dos sms, assim terá sido também com os emails. Mas, até por isso causou estranheza a sua intervenção pública em que denunciou o clima de ódio no futebol português e as ameaças sobre os árbitros, o que pareceu a muitos observadores, um ataque aos que protestam a jusante contra o "status-quo", em detrimento da censura a quem terá estado na origem e dado azo ao coro de protestos a que se vem assistindo por parte de Porto e Sporting. Da Liga, ficámos agora a saber de umas alegadas mensagens - de conforto (?), de solidariedade (?) - enviadas por Pedro Proença a Pedro Guerra e Luis Filipe Vieira - que, no entretanto, questiona porque Manuel Mota (!!!), mas também Fábio Veríssimo e João Pinheiro não apitam o Benfica -, mas sobre o papel dos cucos, nada. 

Quanto aos árbitros, também não houve uma tomada de posição firme sobre a alegada exposição da sua vida privada ou sobre um alegado pedido de melhoramento de nota a um dos seus colegas (que na prática poderia ter tido implicações na classificação de cada um deles), apenas uma ameaça de não disponibilidade para serem convocados para uns jogos da Taça da Liga, supostamente devido às ameaças que têm sentido, embora uma boa parte da imprensa tenha sugerido que estaria mais relacionada com exigências salariais.

No meio disto tudo, embora continue em desacordo quanto à forma como são transmitidos, como não entender os protestos por parte do presidente do Sporting, Dr Bruno de Carvalho? Mesmo ultrapassando limites e quase passando por louco, condena-se, qual Jack Nicholson no imortal filme de Milos Forman homónimo do título deste "post", a não conseguir alterar o modus-operandi do hospício onde reside o actual futebol português. É que sobre os ninhos de cucos nada lhe dizem e o leão, apesar de combativo e fogoso, não tem asas.

 

Ética - A educação e o desporto

Este postal ocorreu-me após um confesso adepto de um clube rival ter afirmado numa nossa caixa de comentários que as suas visitas a este blogue não eram de cortesia, significando isso que os seus comentários não seriam delicados, amáveis, educados ou civilizados, como se não fosse dever de uma pessoa que visita a casa de alguém portar-se de forma cortês, com elegância.

De facto, o desporto hoje está à mercê de um conjunto de energúmenos que confundem o que deveria ser a sã rivalidade entre 2 grandes emblemas com a guerra, a picardia com a bravata, o humor com o ódio, a troca de ideias com a violência verbal e física, a liberdade de pensamento com o totalitarismo de cartilhas.

Mais do que um problema do desporto, este é um drama das sociedades modernas. O desporto acaba por sublimar a falta de educação, de urbanidade, de boa formação humana, de valores, por ser uma válvula de escape, o circo romano dos nossos dias.

A ajudar a festa, a política de comunicação dos clubes agudiza o problema. Em vez de realçar os méritos do que faz e como faz, a comunicação incide sobre o adversário, dir-se-ia (erradamente) inimigo, deitando continuadamente lama para a ventoinha, sem qualquer eficácia e ao arrepio do mais elementar bom-senso, descurando o efeito das suas palavras nos adeptos. 

Uma comunicação eficaz deve basear-se essencialmente no "porquê" das coisas. A bandeira da verdade desportiva, por exemplo, é meritória, na medida em que antagoniza na cabeça dos adeptos com o ganhar a qualquer preço. As pessoas entendem porque é que se persegue esse caminho, compreendem o valor da ética e do "fair-play" e está a ser dado um bom exemplo para a sociedade.

Nem tudo o que é legal, é ético. Mas, necessáriamente, o que é ético tem de ser legal. A verdade desportiva tem de ser acompanhada por um conjunto de regras definidas pelos supervisores desportivos - impõe-se um Código de Ética do agente desportivo - e pela actuação das autoridades, na certeza de que o desporto e, em concreto, o futebol, não pode ser visto pelos seus cidadãos como um fenómeno à parte da sociedade. 

Neste marasmo, cumpre-me registar o exemplo de comportamento civilizacional dado por Miguel Maia e pelo médico do Sporting - Dr Miguel Costa - no último Domingo, por ocasião do derby que marcou o regresso (vitorioso) do nosso clube ao voleibol, que prontamente auxiliaram e prestaram assistência ao atleta benfiquista Ary Neto, lesionado com gravidade, enquanto o público, esmagadoramente afecto ao Sporting, com "fair-play", aplaudia o voleibolista encarnado. O Benfica, no Twitter, agradeceu o apoio prestado pelo médico leonino, um gesto igualmente de salientar. Bons exemplos!

 

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Ética - Detalhe das movimentações do mercado de Verão

A divulgação ontem, pela SAD do Sporting, do detalhe das operações de compra, venda e empréstimo de jogadores durante o mercado que fechou a 31 de Agosto é uma boa prática de gestão, a qual se insere numa política de transparência que, em meu entender, deveria ser seguida por todos os clubes/sociedades desportivas. 

A Sporting SAD pode orgulhar-se de, mais uma vez, ter sido pioneira neste tipo de "report", o qual, até por não ser a primeira vez que ocorre (anteriormente divulgado a 10/2/2017 - mercado de Inverno - e a 9/9/2016), cria um novo paradigma nas relações da sociedade com os seus accionistas e público em geral, destacando-se neste último, os sócios, adeptos e simpatizantes do Sporting Clube de Portugal.

Analisando o detalhe daquilo que foi comunicado, temos a seguinte situação (de notar que no R&C de 2016/17 aparece referência a uma cláusula de compra obrigatória e um prémio, referentes ao atleta Doumbia, de 3M€ e 3,5M€, respectivamente, valores que deverão ser deduzidos ao "Saldo após Comissões"; por outro lado existem bónus contingentes associados às vendas até um valor máximo de 7,8M€):

 

  Valor (M€) Comissões (M€)
Compras -28,2915 -5,15
Empréstimos sem opção de compra -1 0
Empréstimos com opção de compra -1,65 -0,345
Vendas 51,825 -3,15
Saldo 20,8835 -8,645
Saldo após Comissões 12,2385  

Ética - Opinadores não regulam

A Regulação, no futebol e não só, deve estipular um conjunto de regras e de procedimentos que visam encorajar boas práticas de gestão (dos clubes), tais como respeito pela concorrência, ausência de conflito de interesses, transparência, fiscal e nas transacções, entre outras.

Nas entidades cotadas, além da Liga de Clubes e da FPF, existe a supervisão por parte da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM),  a quem cabe garantir o bom funcionamento do mercado de valores, donde se conclui haver 3 reguladores no futebol português.

Vem isto a propósito de um emergente conjunto de opinadores que defende que os reguladores (Liga e FPF são os habitualmente mencionados) já deveriam ter intervido para pôr fim aos actos "incendiários", alegadamente perpetrados por presidentes e directores de comunicação de clubes.

A Regulação não é essencialmente isso e custa-me a crer que opinadores como, por exemplo, Pedro Adão e Silva (ontem, no Record), mostrem desconhecê-lo e peçam celeridade na punição, no castigo destes agentes desportivos, que não encontra equilibrio, nem paralelo (pelo menos no supracitado artigo) na avaliação dos factos que os suscitam, que lhes estão na origem. Em primeiro lugar, há que observar se as boas práticas estão a ser cumpridas. Nesse sentido, é público que o Ministério Público (MP) está a investigar um conjunto de denúncias às quais o director de comunicação do FC Porto e o Porto Canal deram eco. Sobre isso, direi apenas que, a ser verdade o que ouvimos, independentemente da legalidade ou não dos actos praticados, do ponto-de-vista ético há uma sentença pública sobre o ocorrido, à semelhança do que aconteceu com o caso Apito Dourado, este mais centrado numa classe, aquele, alegadamente, com algumas "camadas de Bohr" a envolvê-lo. A ser verdade, repito! Não sendo, o ônus da responsabilidade recairá sobre quem trouxe para a ribalta este caso.

Neste compasso de espera pela Justiça, do meu ponto-de-vista, não deveria caber à Liga ou à FPF sobrepor-se, neste momento, às autoridades competentes, nomeadamente penalizando os denunciantes dos alegados actos que estão a ser agora analisados pelo MP. Não só não vivemos num Estado totalitário, como a liberdade de expressão e o direito à resistência estão consagrados na Constituição. 

Falando apenas da Regulação exercida por Liga e Federação, é urgente um Código de Ética e de Conduta do agente desportivo que puna exemplarmente o conflito de interesses e a promiscuidade que estão geralmente na base do tráfico de influência, e até, da corrupção. Querem exemplos? Um delegado da Liga deve corresponder-se sem limitações de qualquer espécie com um quadro dirigente de um clube? Árbitros e delegados devem manter relações em matéria do seu interesse profissional? Um ex-observador, que teve como missão avaliar árbitros, pode constituir-se como "pseudo-empresário" dos mesmos, movendo ou tentando mover influências a seu favor? Informações, de índole pessoal, relativas a pessoas e familias podem ser "traficadas" sem consequências, neste caso em clara violação da Constituição portuguesa? São apenas alguns exemplos suscitados pelos alegados emails, outros poder-se-iam apresentar aqui.

Havendo este Código, qualquer clube que o infringisse desceria de divisão e evitar-se-ia andar a  dirimir pelos Tribunais Cíveis. Isso é que seria atacar o problema, evitando à nascença situações passíveis de desvirtuar a integridade das competições e condicionando na fonte a possibilidade de qualquer clube tomar as rédeas do poder. Sim, porque também não podemos caír na ingenuidade de supôr (ou formular) que por detrás de uma denúncia não se possa esconder uma tentativa de açambarcamento do mesmo Poder.

A montante, adoptar a profilaxia, a jusante penalizar os incumpridores ou caluniadores, se for esse o caso. Perante tudo isto, "matar" o mensageiro, neste trâmite do processo, seria só um "fait-divers", como Pedro Adão e Silva bem deveria saber. 

Precisamos de regras, de procedimentos, de mais e melhor Regulação por parte de Liga e FPF e, com isso não dúvidem teremos um melhor futebol, sem ruído, e a Liga poderá vender melhor o seu produto aos patrocinadores. Os clubes terão muito a ganhar (mesmo quando perderem campeonatos) quando entenderem isto.

Ética - O negócio da bola e o amor à camisola

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Não é mais possível pedir a um futebolista para, em nome do amor ao clube que representa, abdicar de procurar melhores condições para a sua carreira. Hoje, o futebol é visto como um negócio, uma indústria - desde logo pela entidade patronal -, e os jogadores são uma mercadoria que se compra/venda, sob o título de "direitos económicos", o passe dos jogadores de futebol. 

No tempo em que a bola era um jogo, os jogadores criavam laços com o clube que representavam e era possível ver quase um plantel inteiro manter-se durante mais de uma década. Evidentemente, tal permitia criar uma identificação, uma identidade, uma rotina, um laço biunívoco entre jogadores e clube (e os seus adeptos), o "amor à camisola".

No entanto, amarrados à Lei da Opção, os jogadores não eram mercadoria, mas sim escravos dos seus clubes, uma mão-de-obra relativamente barata para a arte que produziam em campo. Em consequência, diversos craques do passado encararam dificuldades financeiras mal "penduraram as chuteiras", algo difícil de acontecer com os ídolos do presente, caso a cabeça acompanhe minimamente a arte que alardeiam nos pés.

Por tudo isto, mais do que pedir juras de amor eterno a um clube, o que devemos exigir é profissionalismo e compromisso, algo que vimos em todo o mundo Sporting durante este fim-de-semana, em que ficou bem patente o espirito de grupo (ou corporativo) entre as modalidades, com declarações cruzadas de apoio. Embora perceba o mote, não aceito lemas do tipo "zero ídolos", porque isso cai num paradoxo: o futebol é paixão, é emoção, é arte, e quem as transmite são os jogadores, sem eles não há assistência nas bancadas, não há jogo, nem espectáculo, nem negócio. 

Assim, em vez de ficarmos irados porque um determinado jogador mostrou vontade de abandonar o nosso clube, devemos, isso sim, exigir-lhe que dê tudo em campo enquanto nos representa, que ponha a cabeça no lugar, se focalize e entenda que este é o clube que lhe paga, por quem tem de suar a camisola e estar à altura das expectativas dos adeptos.

Tenho a certeza de que essa será a postura de William Carvalho, o nóvel capitão do ENORME Sporting Clube de Portugal. Independentemente do seu desejo natural de ir ganhar mais dinheiro - a sério, Sir, como poderias enquadrar o teu talento num "presunto ocidental" londrino? -, das promessas e pressões de empresários, esses sim a viver a 100% da "mercadoria", William saberá compreender o desígnio de representar uma grande instituição e, como pérola que é da nossa Formação, dar o rendimento desportivo que se espera dele.

Haveria melhor forma de ficar na história do clube do que, envergando a braçadeira de capitão, oferecer à nossa indefectível massa adepta o título de campeão nacional?

Will-I-am? You will!

Ética - o VAR, o Vasco e o vazio

Com apenas o apoio expresso do presidente do Sporting, desde o primeiro momento, e a diligência do presidente da FPF, apostado em eliminar (ou pelo menos diminuir) o ruído à volta do futebol português, a Federação decidiu realizar um investimento de cerca de 1 milhão de euros e apostou na implementação imediata do Vídeo-árbitro. Uma boa prática!

O VAR é muito mais do que a pessoa que diz que "entendeu no momento" algo que todos vimos de outra forma. Existe um "replay operator" - RO -, uma "video operation room" - VOR-, um VAR e um AVAR (assistant VAR). Num mundo ideal, em que as pessoas envolvidas no processo têm padrões de comportamentos que seguem uma normalidade, o VAR apenas não resolveria a questão da intensidade dos puxões, empurrões, agarranços na área, os quais estariam à mercê da interpretação do árbitro. Mas, o agente VAR é constituido por homens e, como tal, deve estar sujeito a avaliação (Conselho de Arbitragem) e a correcção das suas decisões em sede de matéria disciplinar (Conselho de Disciplina).

Ao lavar as suas mãos como Pôncio Pilatos (como atentamente referiu Pedro Correia neste blogue), o presidente do Conselho de Disciplina, José Manuel Meirim, alegou que tendo esse lance do jogo sido observado e avaliado pelos agentes da arbitragem, o CD não iria sobrepor-se a esse juizo qualificado. Não conheço o acordão por inteiro, mas será que o CD não considera o CA, um agente da arbitragem? É que este organismo reconheceu o erro protagonizado por árbitro e VAR. Por outro lado, não é por os Tribunais não produzirem, na sua maioria, sentenças com base em juízos qualificados que não existem na lei mecanismos que permitam correcção. Por isso, além do Tribunal de 1ª Instância, existem o Tribunal da Relação, o Tribunal Constitucional e, para certos casos, o Supremo. Meirim, como jurista, sabe-o perfeitamente e não deveria partir dele a abertura das portas pare que se possam observar mecanismos que violem o princípio do Direito, que é o de regular, criar leis que, no caso, possibilitem que os direitos e as obrigações dos agentes desportivos serão salvaguardados e, caso não o sejam, poder haver forma de o corrigir.

Ao não permitir que o CD seja um instrumento de correcção de más decisões em matéria disciplinar, Meirim abre as portas à discricionariedade do VAR, não o sistema, o agente, mas sim o homem. Que sentido faz este ser avaliado pelo CA, se depois o CD não repõe a justiça sobre a (má) decisão? Provavelmente, Vasco Santos terá tido uma nota negativa (alguém sabe, isso é público?) por ter interpretado mal o lance "no momento" (se fosse hoje seria diferente?), mas Eliseu continua a jogar, o que interfere objectivamente com a integridade da competição. Isto é um "non-sense"!

Agora, imaginemos que o VAR, o homem, começa a cometer um desvario de erros, tantos erros que, inevitavelmente, a opinião pública vira-se contra o VAR, o agente, e o sistema é desmantelado. Na minha opinião, Meirim e o CD, com esta decisão, deixam um vazio que põe o futuro do VAR, o agente, nas mãos exclusivas de Fontelas Gomes.

Olvidem a árvore e vejam a floresta, esqueçam o caso Eliseu, o que está aqui em causa é o futuro do VAR, um sistema pelo qual vale a pena lutar, na medida em que adiciona verdade desportiva, logo integridade, às competições. E o que tem a dizer sobre tudo isto, o homem que propôs tão avultado investimento, o Dr. Fernando Gomes?

Ética - A Tonga da Mironga do Kabuletê

"Eu caio de bossa, eu sou quem eu sou.

Eu saio da fossa, xingando em nagô.

Você que ouve e não fala, você que olha e não vê.

Eu vou lhe dar uma pala, você vai ter que aprender.

A tonga da mironga do kabuletê.

Você que lê e não sabe, você que reza e não crê.

Você que entra e não cabe, você vai ter que viver,

na tonga da mironga do kabuletê."

 

Com esta canção, Vinícius de Moraes e Toquinho, em plena ditadura (lá no Brasil como cá), afrontavam os militares sem que eles tivessem consciência. Estávamos em 1970...

 

Agora em democracia, quebrando o politicamente correcto e reportando-me ao panorama futebolistico, pisco o olho aos nossos Leitores. Está aqui tudo, ou não? Em 2017...

É necessário dizer mais alguma coisa?

Saravá, Vinícius, poeta imortal!

 

 

Ética - Svilar das Perdizes, parece que és bruxo!

Vilar das Perdizes é uma aldeia do concelho de Montalegre, distrito de Vila Real, conhecida por aí se realizar um congresso anual subordinado ao tema da medicina popular, mesclando o sagrado ao profano, onde se juntam curandeiros, ervanários, adivinhos e bruxos.

Vem isto a propósito de, no rescaldo da retumbante vitória leonina em Bucareste, um amigo sportinguista ter-me dito que as próximas capas dos jornais desportivos conteriam sempre manchetes predominantemente alusivas ao Benfica. Para dar moral, argumentava ele.

Deve ser adivinho (ou bruxo) esse meu amigo. A verdade é que, na Sexta-feira, no Record, lá aparecia na capa, com enorme destaque, o jovem (17 anos) guarda-redes belga, Svilar, apresentado como novo reforço do Benfica (equipa B?). O mais intrigante foi que nesse dia a notícia deveria ter sido o prémio atribuido a Cristiano Ronaldo, pela UEFA, de melhor jogador da Europa na temporada 2016/17. Mas não, o português teve direito a um espaço de primeira página pequenininho.

Entretanto, Sábado verifiquei que o Benfica comprou uma "bomba". Só pode ser, então não é que Svilar ainda tinha mais protagonismo no Jornal A Bola, em manchete de quase página inteira, onde se podiam ler coisas como "miúdo maravilha" e "prodígio" e eram estabelecidas comparações com Preud`homme e Courtois. É certo que o moço era o terceiro guarda-redes do Anderlecht e nunca foi titular, mas acredito que se fosse ciclista seria o novo Eddy Merckx, se porventura cantasse seria, inevitavelmente, o novo Jacques Brel. "Ne me quitte pas", dirá então o Benfica na hora da assinatura do contrato.

No fim disto tudo tive de reconhecer os dotes de advinhação do meu amigo. Como dizem os espanhóis, "yo non creo en brujas, pero que las hay, las hay"...

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Ética - a linguagem de Jorge Sousa

A linguagem empregue hoje pelo árbitro Jorge Sousa para com o jogador Vladimir Stojkovic, durante o Real Massamá - Sporting B, deveria merecer por parte do Conselho de Arbitragem da FPF um conjunto de acções de formação destinadas a criar um padrão de comportamento dos árbitros no seu relacionamento com os jogadores de futebol.

O caso é ainda mais grave porque Jorge Sousa foi eleito o melhor árbitro da temporada 16/17, tem as insígnias da FIFA e, no dealbar da referida partida expulsou um jogador da equipa leonina, Abdu Conté, por motivos que os comentadores SportTV não conseguiram descortinar e que, tanto quanto se vai lendo, se prenderiam com "palavras".

É certo que Jorge Sousa, segunda o mesma Estação, já se terá retratado das palavras usadas, em telefonema feito a Luis Martins (treinador do Sporting B), o que certamente será uma atenuante no julgamento que se poderia fazer sobre o seu carácter, mas a verdade é que errou e, tal como o jogador leonino expulso, deveria ser penalizado pela Justiça desportiva.

Mais uma vez se insiste: a maior parte dos problemas resultam da falta de regras e procedimentos. A quem interessa isso? Não acredito que o CA da FPF fique contente com o que aconteceu, considero até elogiável o esforço que têm feito de divulgação do protocolo do Vídeo-árbitro e a justificação das decisões tomadas após as jornadas, mas impõe-se uma explicação de Fontelas Gomes sobre esta matéria.

E o nosso auditório, o que pensa destes acontecimentos?

 

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Ética - a morosidade da (in)justiça desportiva

Num país onde, infelizmente, o dinheiro é praticamente a única fonte de reconhecimento, os valores estão em profunda crise e a educação, sentido de cidadania e boa formação humana já há muito foram mandadas às malvas e passaram para segundo plano, o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol (a)parece muito preocupado com a "lesão de honra e de reputação".

Entretanto, sobre o famigerado caso dos emails (e dos sms) continuamos a não saber nada, como se a demora, essa sim, não ferisse, aos olhos dos adeptos (no final do dia, o consumidor do "produto"), a reputação das competições profissionais e dos alegadamente envolvidos (que também têm o direito a um esclarecimento cabal dos factos). Observo que, enquanto no caso do túnel foram sendo produzidas diversas fugas (de onde, não sei) que permitiram à Comunicação Social ir acompanhando os seus desenvolvimentos, informando o público, alvitrando cenários penais, sempre pondo a espada sobre o Dâmocles do costume (o qual, durante esse tempo, também deveria ter tido o seu direito a "honra e reputação"), sujeito ao anátema da "cuspidela", estranhamente sobre o caso dos emails ainda não surgiu qualquer "noticia".

Em que mundo vive este CD? Um mundo onde Bruno de Carvalho viveu nove meses "lesionado" na sua honra e reputação, acusado na opinião pública de ter praticado um acto infame.

Pouco interessa que o (outro) presumível lesado na sua honra e re-pu-ta-ção tenha sido apanhado pelas câmaras do estádio gesticulando abundantemente e apontando o dedo ao opositor, atitudes tipicamente marialvas de um lutador durante as pesagens, que posteriormente, durante o "combate", tenha mostrado uma perícia de "boxeur", perante dois stewards de serviço, de fazer corar um Mike Tyson, tudo isto em simultâneo com uma atitude desafiante que expôs à saciedade o seu talento enquanto sentinela de porta-de-armas, arregimentando ao grito todo o balneário arouquense, e, ainda (uff,uff), a sua codícia no lançamento do martelo, perdão, da garrafa de água, muito embora o seu ensaio tenha sido invalidado pelos jogadores da sua equipa.

O resultado final disto tudo foi esta semana apresentado: uma suspensão de vinte meses para o senhor e de seis meses para o presidente leonino. Bem feito, Bruno, quem o mandou "atentar" contra o acima descrito? Claro que Bruno não joga, nem no campo, nem fora dele, presumo, pelo que os efeitos da referida suspensão são quase nulos. Já irreparáveis foram as perdas e danos para a imagem do presidente e do próprio clube, expostos ao "anátema da cuspidela" devido à falta de uma decisão célere da justiça desportiva, tudo isto para no fim se provar que estava inocente desse acto.

Vá lá que Bruno de Carvalho ainda é um rapaz jovem e goza de boa saúde porque, se já tivesse uma provecta idade, dado os factos reportarem a 6 de Novembro do ano transacto, muito provavelmente já teria falecido e a sua familia, em vez de um cartão de condolências, estaria agora a receber uma carta informando a sua suspensão, dir-se-ia, eterna ou etérea.

Ética - Porque hoje (não) é Sábado

Cresci com o jornal A Bola. Vivi aventuras extraordinárias, transportado para o imaginário da Volta a França a bicicleta - como não recordar as célebres entrevistas a Joaquim Agostinho? - pelo grande Carlos Miranda. Aprendi o bom uso da palavra com o "professor" Carlos Pinhão, vibrei com as colunas de opinião de Vitor Santos, experienciei múltiplas emoções através da objectiva de Nuno Ferrari. Outros nomes, como Aurélio Márcio, Alfredo Farinha ou Homero Serpa também fazem parte do meu espólio desses tempos esplendorosos do jornal.

Hoje, é com pesar que não reconheço a mesma qualidade, credibilidade e, sobretudo, independência a A Bola. É certo que ainda existem bons jornalistas como António Simões, Rogério Azevedo ou André Pipa (para mim, o melhor), mas o jornal claramente perdeu fulgor e deixou de ser a referência.

Vem este arrozoado a propósito da crónica que Vitor Serpa vem assinando denominada "Porque hoje é Sábado". Esta rubrica tem apensas duas pequenas colunas denominadas "Dentro da Área" e "Fora da Área".

Começando pela fim (!?), nesta última, Serpa decidiu comparar a ameaça de uma guerra nuclear (!) com o tipo de discurso "desabrido", habitual no futebol português. Ora, por muito que percebamos quem o Director do jornal pretenda atingir e transformar no "monstro que come pequeninos"- até porque quem ganha, geralmente, está calado - a comparação que estabeleceu enferma de leveza e constitui uma estultice e uma ignomínia para todos os que viveram, ou continuam a viver devido às consequências da radioactividade, o pesadelo de Hiroshima ou Nagazaki. Já passaram três dias, aguardo que Vitor Serpa, após serena reflexão, apresente um pedido de desculpas a todos os que envolveu no supracitado texto. Em nome da razoabilidade.

Já na crónica "Dentro da Área", o Director define a principal competição velocipédica nacional como "Volta azul a Portugal", considerando-a um tédio e dotada de um "colossal desequilibrio competitivo". Deseja ainda que, no futuro, consiga "recuperar a paixão" que já teve em Portugal, ignorando assim os magotes de gente que vemos, pelas imagens da RTP, diariamente acompanhar a Volta. Será que todo o equilibrio, toda a expectativa, todo o entusiasmo e toda a paixão só serão recuperados quando houver Benfica na estrada? Há ainda duas questões que importa reter: por um lado, ao resumir a prova desta forma, está a retirar mérito ao(s) provável(eis) vencedor(es), a W52 FC Porto, o que não me parece correcto; por outro lado, e escrevo por honestidade intelectual antes da etapa decisiva da Torre, há ainda um ciclista do Sporting-Tavira (e outro do Hospital de Loulé, em segundo, actualmente) em condições de ganhar a Volta (está em terceiro lugar, a apenas 19 segundos do líder), o que a concretizar-se retiraria qualquer credibilidade a tão definitiva quão prematura peça jornalistica.

Enfim, para terminar, queria deixar o meu desejo de que A Bola, um dia, venha de novo a ser merecedora do seu grandioso legado.

Ética - O Vídeo Árbitro e a realização televisiva

O tema não é novo, mas assume contornos mais relevantes a partir do momento em que existe o VAR: os responsáveis pelas organizações dos campeonatos permitem que um dos intervenientes nas competições nacionais (Benfica) transmita e realize (através da Btv) os jogos dessa referida equipa em casa.

Não me parece uma Boa Prática e não vejo exemplo semelhante na Premier League, na Ligue 1, na Bundesliga, na Série A ou na La Liga. 

Não ponho em causa a seriedade de quem realiza as transmissões, apenas acho que deveriam ser operadores independentes dos clubes a transmitir os jogos. À mulher de César...

Vem este arrozoado a propósito da transmissão da Btv, de ontem, do Benfica-Braga: houve dois golos anulados à equipa bracarense. No primeiro - indiscutível fora de jogo - a realização mostra um "frame" em que a bola já saiu ligeiramente do pé do jogador Jefferson (que efectuou o cruzamento) e se vê Hassan adiantado. Acredito que o avançado bracarense estaria, de todo o modo, deslocado, mas o "frame" não foi perfeito e deveria ter sido. No segundo lance de anulação de golo, é mostrada uma primeira imagem onde não aparece um jogador do Benfica no lado direito que, acredito, estaria a pôr em jogo o jogador do Braga que marca o golo. Só mais tarde aparece um plano mais aberto onde se vê o jogador benfiquista, no lado direito do ecrã, a pôr, eventualmente, em jogo o dianteiro bracarense. E digo "eventualmente" porque a realização não coloca a célebre linha de fora-de-jogo para dissipar dúvidas.

Importa ainda referir que, quando mostrado o plano completo do 2º lance, nem uma palavra se ouviu por parte do(s) comentador(es) de serviço da Btv. 

Ao ser permitido que um operador ligado a um clube transmita os jogos (o pecado original, na minha perspectiva), obviamente o escrutínio aumenta. Por isso, a realização deveria ter maior atenção a estes pequenos/grandes aspectos, na salvaguarda da integridade das competições. Por outro lado, também seria interessante perceber que imagens e que meios tem o Vídeo-árbitro disponíveis para além do que é apresentado na TV. Seria benéfico este trazer a público quais as razões que levaram à anulação do tal segundo lance, inclusivé mostrando o "frame" que a BenficaTV não apresentou, com o jogador benfiquista à direita e a linha de fora-de-jogo. A bem da transparência e da Verdade Desportiva.

 Atenção, com esta reflexão não quero pôr em causa o mérito da vitória do Benfica. Ganhou (e ganhou bem) e com uma intensidade que nós (ainda) não temos.

 

Ética - O Sucesso

Na antecâmara do início das competições profissionais em Portugal e a propósito do clima tenso que se vive no nosso futebol, importa reflectir no seguinte: sucesso é muito mais do que simplesmente vencer, é também a forma como o procuramos. A forma como ESCOLHEMOS procurar o sucesso, define-nos.

O "Wunderteam" austríaco de Mathias Sindelar, dos anos 30, a Hungria, de Kocsis, Hidegkuti e Puskas, da década de 50, a Holanda, de Crujff, Rep e Neeskens, de 74, ou o Brasil, de Zico, Sócrates e Falcão, de 82, nada ganharam mas entraram no coração das pessoas.

Racionalmente, olhando para as estatísticas, essas equipas não foram campeãs, mas granjearam o amor de quem as viu, ouviu ou leu, pela forma como procuravam vencer, com respeito pelos espectadores, oferecendo-lhes um belo espectáculo, sempre com "fair-play". Alguns dirão que eram românticos, que nada ganharam, como se ganhar fosse a única coisa importante na vida. E o que deram a todos os que gostam de um jogo bem pensado e bem jogado, os adeptos que trouxeram para o desporto-Rei? Claro que quem vence escreve a história a números, mas futebol não é matemática, muito menos estatística, é alma, é coração, é emoção e, por isso, escolhamos nós, sportinguistas, a forma como queremos ganhar e não nos afastemos NUNCA desse caminho. A cultura desta modalidade está totalmente inquinada, mas quem entra (ou entrar) por outros caminhos pode conseguir alienar as "massas" durante algum tempo, mas bem dentro de si sentirá o vazio profundo.

Vem aí uma nova época e com ela uma nova Era, a Era do Vídeo-Árbitro - que adicionará transparência ao jogo - e, espera-se, a Era da uniformidade disciplinar, da publicação dos relatórios tanto dos árbitros como dos delegados da Liga.

Procuremos então dar tudo dentro de nós, com esforço, dedicação e devoção para conseguirmos vencer nos nossos termos: com honradez, respeito e integridade. E assim, atingirmos a glória e provarmos ao mundo a veracidade da repetida afirmação de que somos um clube diferente.

Quando uma equipa fica para a história com o epíteto de 5 violinos, não é só porque ganhou muitos títulos. Afinal, os "Fab 5" só jogaram 3 anos juntos, embora aproveitando para arrecadar 3 campeonatos nacionais. O que criou a lenda foi a música que saía daqueles jogadores, o perfume do seu futebol, a afinação daquela máquina de jogar à bola. O braço partido com que Azevedo, mítico guarda-redes, regressa a campo (na época não eram permitidas substituições), tudo defende e permite-nos vencer fora o Benfica; ou quando Peyroteo, em 48, última jornada do campeonato, o Sporting a precisar de vencer por 3 golos no campo do rival - campeonato que ficou conhecido como o do pirolito - e o melhor ponta-de-lança de sempre a marcar os 4 golos da vitória (4-1), depois de não ter dormido de noite, cheio de febre. Isto sim, é o Sporting!

Não queremos vitórias a qualquer preço. Não queremos cartilhas, nem episódios de violência. O contrário é que nos deveria fazer corar de vergonha e deslustraria o nosso ADN centenário feito de vitórias assentes nas nossas escolhas.

VIVA o SPORTING e viva o futebol naquilo que tem de mais puro, a bola, a relva e as bancadas cheias, e de mais belo, os jogadores! 

 

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