Um, dó, li, tá
Vou; Não vou. Vou; Não vou. Vou; Não vou...
O Gelson apareceu por aqui a pedir. Vamos ver...
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Vou; Não vou. Vou; Não vou. Vou; Não vou...
O Gelson apareceu por aqui a pedir. Vamos ver...
Já lá vão muitos anos, trabalhei na indústria naval.
A caldeira é um dos muitos mecanismos que fazem funcionar um navio. Através do aquecimento da água a temperaturas sobre-elevadas, transforma-a em vapor e produz parte da energia necessária ao seu funcionamento.
Para prevenir acidentes, há neste equipamento várias válvulas de segurança, que têm por missão "abrir" automaticamente quando a pressão do vapor é demasiada. Em nossas casas há algo semelhante: O "pipo" da panela de pressão, que vai rodando e deixando libertar o vapor/pressão em excesso.
Ora, vamos lá ao Sporting e a nós, sócios e adeptos:
Aquela exibição miserável e o resultado negativo contra Os Belenenses, fez "abrir" a válvula que grande parte de nós já tinha no limite desde final de Dezembro. Ou seja, saltou-nos o "pipo", tal a pressão que vínhamos acumulando.
Quero eu dizer que não foi este jogo a causa desta agitação toda, antes foi neste jogo que a paciência atingiu o seu limite. Tivesse este jogo sido em Setembro/Outubro e nada disto a que se está a assistir agora, aconteceria.
E aconteceu neste jogo, porque este jogo era especial, era, mais que nenhum, um jogo das famílias, das mães, das mulheres, das crianças. E nós, que lá vamos religiosamente, ao longo de muitos anos fomos criando forma de ir aliviando a pressão de forma regular permitindo que o navio fosse(vá) navegando. Ainda que a maior parte das vezes fosse uma navegação à deriva e não chegando quase nunca a bom porto. Grande parte de nós temos já uma couraça de tal forma rija, que não seria este resultado e exibição que nos faria reagir de forma muito diferente da habitual: Abrir um pouco, deixar sair um quilo ou dois de pressão, e manter o navio, na esperança de que amainasse a tempestade.
O que nos fez saltar o "pipo" foi naquele dia estarem connosco aqueles que mais amamos e a quem não queremos ver sofrer.
Lá em baixo estiveram catorze em campo e mais alguns na casota dos suplentes, que para além de brincarem com os sentimentos dos nossos mais chegados, nos deixaram mal perante aqueles a quem queríamos mostrar o nosso outro (grande) amor. E o nosso grande amor falhou-nos quando era importante que brilhasse.
E foi por isto que a pressão desta vez foi libertada de forma tão brusca. De tal forma que houve muito boa gente que saiu queimada, e alguns com a pele empolada, desta "brincadeira".
Agora, eu acho que até se atingir o ponto de ebulição novamente, vai ser muito complicado.
A caldeira resfriou. Esperemos que não de forma irreversível deixando o navio à deriva.
Está nas mãos do comandante traçar o rumo, com o mesmo ou com outro engenheiro de máquinas.
Para mim pode ser com o mesmo, desde que de uma vez por todas se atinja a tão desejada velocidade de cruzeiro.
Alvalade vazio a 21 de Maio de 2017.
Segundo Jorge Jesus, muitos jogadores do Sporting "estavam fatigados". Sim, a sequência de jogos nas competições europeias tem sido frenética. Se a isso juntarmos os compromissos na Taça de Portugal e na Taça da Liga, é de dar cabo de qualquer um. Eis o Sporting desta época: um golo sofrido estupidamente, sempre, sempre, sempre, sempre da mesma maneira (a sério, ó Jesus, é que já chateia), momentos espectaculares, de que resultaram dois golitos, uma das partes a descansar e o coração do pobre sportinguista à espera do próximo chouriço ou da próxima bola cruzada para o meio da área, com a defesa e o guarda-redes a olharem, e o Arouca a empatar. Uma coisa é verdade: nunca falta emoção ao jogos do Sporting. Ainda havemos de estar a ganhar por 4-0 e o Feirense vir a empatar.
Diz que é difícil motivar para manter o terceiro lugar. Eu sugiro que se vão catar. É verdade que seria preciso muito para chegar ao primeiro lugar. Mas, para citar o Antigo Testamento, "shit happens". Enquanto for matematicamente possível, não se desiste. Até porque a matemática melhorou bastante nas últimas semanas. Shit happens, e se acontecer, convém estar pronto para aproveitar. Se no fim não der, não deu. Mas que não seja porque se decidiu adormecer a jogar contra não-sei-quem.
Bem, não é assim que os rivais vão estremecer. Bardamerda para quem?
Jorge Jesus já era assim no Benfica: um bocado irritante nas suas declarações, umas vezes para os adeptos adversários, outras para os adeptos do próprio clube. Ontem foi o segundo caso, quando se lembrou de dizer que João Palhinha não seguiu o "guião certo" e que, com jogadores da formação, se estava "dar um passo atrás para dar dois à frente". No entanto, chegados aqui, perguntamo-nos se não é o seu guião que está errado. Como bem nota aqui o Cherba e aqui o Bernardo Ribeiro transcrito pelo Álamo, o jogo de ontem foi mais um episódio do guião desta época nos encontros com os grandes: boa parte do jogo destruído por uma espécie de sonambulismo, golos de caracacá, controlo inútil da bola, incapacidade para marcar golos, ficar à mercê de decisões duvidosas (ou erradas) dos árbitros (e ontem até podemos ter sido beneficiados por uma, quando Zeegalar foi poupado à expulsão). Não pode ser só azar ou "culpa do Palhinha" ou "culpa do Casillas" ou "culpa do Jorge Sousa". Dá a impressão de que toda a gente já sabe como ganhar ao Sporting de Jorge Jesus: é tornar a sua posse de bola redundante e depois aproveitar o espaço enorme entre a defesa e o guarda-redes ou a aselhice a defender bolas paradas para meter umas lá dentro. Com ou sem Palhinha, com ou sem Casillas, contra o Porto, o Benfica ou o Real Madrid. Jorge Jesus gosta de dizer muitas vezes que certos jogadores ainda não aprenderam a jogar como ele quer. Talvez valha a pena perguntar se não é ele que tem de aprender a jogar de outra maneira.
Terá a crise que afastou o Sporting da Europa, da Taça de Portugal e da Taça da Liga sido providencial? Talvez. Por muito que gostemos de falar das arbitragens (infelizmente, de forma justificada imensas vezes), houve demasiadas culpas próprias no cartório: a incapacidade para segurar os jogos com o Real Madrid, a ineficácia contra o Borussia Dortmund, a incapacidade para ganhar ao Legia Varsóvia, os desastres de Vila do Conde, de Guimarães, de Chaves e as tremideiras sistemáticas contra todo o género de equipas (como o Feirense ou o Paços de Ferreira) provam-no.
Mas será que a semi-catástrofe em que esta época se tornou por causa de tudo isto pode vir a ter resultados positivos? Esperemos que sim. A crise terá mostrado a Bruno de Carvalho e a Jorge Jesus (dois indivíduos de ego bastante inchado) que os seus inegáveis talentos e a sua simples vontade não bastam. Depois de uma época de ajustamento que acabou no quase-campeonato, eles deviam achar que este ano o sucesso viria praticamente por si. Seguiu-se um certo desleixo profissional ou facilitismo, que redundou no camião de coxos que desembarcou em Alvalade. E também naquilo que parece ter sido a aproximação displicente a alguns jogos.
A crise terá servido para alguma coisa se Bruno de Carvalho e Jorge Jesus ficarem, como se diz agora, mais "smart". No caso do presidente, duas coisas vêm logo ao pensamento: controlar o desbragamento comunicacional e as atitudes intempestivas. O barulho teve o seu tempo há uns anos, quando o Sporting precisou de voltar a entrar na "corrida a três". Mas agora é preciso ser mais cirúrgico. No caso do treinador, vem ao pensamento a farronca que, quando os resultados não correspondem, é seguida por uma espécie de depressão e desleixo - a impressão que faz ver tantos jogos que parecem mal preparados... O presidente também não deve dar carta branca ao treinador para fazer tudo: lá está o camião de coxos. Se não deve ser ele a interferir na equipa técnica, deve haver uma equipa técnica (ou uma assessoria à equipa técnica) capaz de fazer escolhas mais criteriosas do que aquelas que o treinador mostrou ser capaz de fazer.
O tempo é de concentração e frieza, apelando às melhores qualidades dos dois líderes do Sporting. Espero que isso se comece a ver já no jogo com o Porto.
Porque é que nunca estou descansado quando o Sporting de Jorge Jesus está a ganhar por 3-0? Talvez venha a descobrir no dia em que deixar de estar descansado pelo facto de o Sporting de Jorge Jesus estar a ganhar por 4-0.
Este ano lutamos para ficar em 7º.
1) Não há como o lampião para ser ridículo: quando ganham com óbvio gamanço, são uns gandas machos e mandam os outros "jogar é à bola". Quando perdem ou empatam jogos, mesmo que as arbitragens não tenham qualquer influência no resultado, choram ao gamanço que nem madalenas. Graças a Deus não nasci lampião.
2) O Sporting apresenta um futebol preocupantemente ridículo. Já acreditei mais do que agora que, algures durante esta época, as coisas mudariam. Repare-se: empatámos e não andamos a queixar-nos dos árbitros.
3) Ridícula a relação de Jorge Jesus com Bas Dost. Bas Dost é a única coisa muito boa deste Sporting, juntamente com Gelson. Por isso, vai em primeiro no que lhe compete: é o melhor marcador do campeonato. Pudesse a equipa dizer o mesmo. Mandar o bitaite numa conferência de imprensa de que o Sporting não pode depender de Bas Dost é assim a modos que convidá-lo a não marcar golos. Como ele teve o desplante de marcar dois ontem, Jesus foi obrigado a impedi-lo fisicamente, tirando-o do campo (e mantendo André, que voltou a ter um falhanço ridículo, sozinho em frente ao guarda-redes). Quando precisou dele para tentar marcar o terceiro golo, já lá não estava. Ridículo.
Lá terminou da melhor maneira possível o ciclo terrível iniciado em Varsóvia: cinco jogos difíceis em mais ou menos duas semanas. Até ontem, correu quase tudo mal. Sim, já sei: o Jorge Sousa, mais os dois penáltis contra o Braga e um contra o Belenenses... Mas continuo a achar que todo este ciclo foi muito mal gerido: sempre com os mesmos jogadores, entrou-se a poupar em Varsóvia para se acabar arrasado no Restelo. Ah, não havia outros. Pois não. Então não foi só este ciclo a ser mal gerido, foi todo o início da época. Não interessa. Agora já passou. Agora há tempo para concentrar nas competições nacionais, sem distracções e com um calendário razoável. Dá para pôr a equipa a jogar aquilo que já mostrou saber jogar e, passo a passo, chegar lá acima. Mas para isso é preciso muita frieza, abandonando os delírios a que o nosso treinador e o nosso presidente, por excelentes que sejam, por vezes se entregam.
Quatro jogos decisivos (uns mais do que outros) separados entre si por três-quatro dias e apenas com os mesmos 13 ou 14 jogadores tinha que dar nisto: a 90% em Varsóvia, a 80% na Luz, a 70% em Setúbal e a 60% hoje. Junte-se a isto os inacreditáveis fracassos de Vila do Conde e de Guimarães e temos a história de uma época. Para o ano pede-se profissionalismo no planeamento da temporada, s.f.f.
É verdade que o Benfica é uma equipa doutro campeonato, uma espécie de campeonato paralelo onde se pode jogar à bola com a mão, não há penáltis contra e existem imensas equipas amigas que gostam de ver uns rapazes de vermelho a passear com a bola nos pés (e nas mãos também). Mas há mais qualquer coisa que tem que ver connosco e que os jogos da semana passada revelaram.
Repare-se: para todos os efeitos, o Sporting jogou com menos dois dias de intervalo do que o Benfica (o dia do jogo propriamente dito mais uma viagem à noite que terminou só na madrugada do dia seguinte, inutilizando este também para descanso ou treino). Mesmo assim e mesmo descontando os números circenses de Pizzi & Cª, devidamente abrilhantados pelo árbitro, o Sporting merecia ter saído do estádio da Luz com outro resultado: pelo menos o empate. Ora, eu pergunto-me o que não teria sido se os nossos jogadores tivessem chegado ao jogo mais frescos. Não é seguro que ganhássemos, mas a avaliar pelo que se viu, as probabilidades eram muito maiores.
Se os nossos jogadores não chegaram mais frescos ao jogo foi porque não há alternativas que permitam uma rotação eficaz de alguns deles. O jogo em Varsóvia era para ter sido jogado com uma mistura de titulares e de segundas linhas à espera de um lugar na equipa A. Em vez disso, foi jogado maioritariamente por titulares, com um ou outro reforço, sob indicação expressa do treinador de que era para jogar "a 90%". Resultado, jogámos a 90% em Varsóvia e a 90% ou menos na Luz (porque apesar de tudo jogar a 90% também cansa) e perdemos das duas vezes contra equipas perfeitamente ao alcance.
Isto só acontece porque a equipa técnica e a direcção arranjaram um amontoado de coxos que não dão qualquer garantia (Elias, Markovic, Alan Ruiz, André, Petrovic...). E assim é preciso pôr sempre os mesmos a jogar e eles não não chegam para todas. Isto dá mesmo que pensar, quando nos lembramos que andaram a ser espalhados de empréstimo por aí jogadores da formação que, de certeza, pior não fariam: Mané, Podence, Iuri, Palhinha, Gauld... Lembra o ano de 2013, quando fomos salvos de uma vergonha ainda maior a partir do instante em que o Jesualdo se lembrou de empandeirar os cromos que tinham custado milhões e pôs os miúdos da equipa B a jogar. Agora pergunto: com o Setúbal temos de jogar outra vez com os mesmos, já que a seguir vem o Braga? Ora aqui está aquilo a que se deve chamar uma época mal planeada.
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