Venceu o Benfica. Com justiça e, convém dizer o óbvio, como era esperado.
Pessoalmente até temia um desnível como este. Como o Sporting é um “grande” não entra em finais com a predisposição dos clubes pequenos, em que os jogadores dão 20% ou 30% a mais em busca de fazer História e de serem vistos pelos olheiros certos.
A época desportiva é do Benfica. Um dos pontos interessantes (digamos assim) é verificar quantas vezes vão perder, empatar ou até sofrer golos, tal é a sua superioridade individual, coletiva, técnica e física.
Ou seja, embora possa dar jeito para descarregar alguma frustração, Keizer ou Varandas não são culpados de nada. Não foi Keizer que tentou driblar na área, mas sim Matthieu (grande jogador), nem foi Keizer quem disse a Thierry (grande personalidade e bom jogo) que se atrasasse no lance do primeiro golo.
Se trocássemos Vieira ou Lage para o SCP, acho que tudo ficaria mais ou menos na mesma.
Também não foi por falta de macumba de Keizer ou de Varandas que os presentes do lateral do Benfica no primeiro tempo não deram golo. Por vezes o futebol (ou a vida) é assim: o nosso Thierry demonstrou muito mais que Nuno Tavares, mas quem levou a taça, os encómios e a moral foi o benfiquista.
Claro que Lage demonstrou ser mais sagaz que Keizer na segunda parte e Rafa e Pizzi (que não só jogam juntos há 150 anos como beneficiam de um curioso silêncio mediático) meteram o turbo. Mas é por estas e por outras que o Benfica está melhor, francamente melhor, que o Sporting.
A questão física do futebol é para mim um mistério. Como é que equipas que até viajaram para a América, jogaram com equipas europeias decentes, etc, têm mais cinco ou seis pulmões que outras, escapa-me por completo.
Embora compreenda o estilo de Varandas – que fala para a costela irracional do adepto, fingindo que fala para o seu cérebro – não tenho a certeza que seja o modo mais eficaz de encurtar o enorme abismo entre SCP e SLB.
Se bem conheço a cabeça dos holandeses (e até conheço um pouco) eles não creem em salvadores ou homens providenciais, mas sim em sistemático hardwork. Achar que Bruno Fernandes funcionará por osmose e transformará a equipa numa espécie de super equipa de onze Brunos é tolo, mas dá a ideia que todos (exceto o treinador holandês) têm fezada numa coisa dessas. Note-se que o Sporting não vence em jogo jogado há mesmo muito tempo e muitos jogos (perdemos no Porto, empatámos na final Taça, a pré-época foi o que foi, ontem foi o que foi).
Temos todos os motivos para um certo otimismo. Fazer uma época com bom futebol, potenciar jovens, bravos e valiosos jogadores, ir longe na Europa League e tentar ganhar as taças (que no ano passado, não o esqueçamos, nos caíram mais ou menos do céu, porque ganhar em penáltis não é bem a mesma coisa que ganhar lá dentro).
23 comentários
Ricardo 05.08.2019
A verdade é que somos inferiores a todos os niveis, tatico, tecnico e fisico. Faltam 3 o 4 jogadores de qualidade para ajudar os outros a sobressairem, só com Bruno não dá.
O seu terceiro ponto está muito longe de ser óbvio. A época é do Benfica??? Quem lho disse? O Sporting não pode melhorar e não há mais nenhuma equipa que possa fazer frente ao Benfica? Eu acho que há. Esta época não é mesmo do Benfica! É verdade que digo isto com a mesma certeza que você tem ao dizer o contrário. É uma mistura de certeza, vontade e fé.
é do Benfica no sentido de ponto de partida. Ou seja, diria, sem provocação, que com tantos mais meios, do dinheiro à estabilidade, passando pelas connections, o Benfica tem obrigação de ganhar o campeonato.
Pedro, Estou um pouco nessa onda como tive a oportunidade de explicar, mas referindo-me apenas ao ponto 8 alguma coisa se passa duma forma ou de outra. Vitaminas para uns ou relaxe para outros ? SL
Sem vestígio de ironia, gostava mesmo de saber porque City ou Liverpool jogam 90 minutos a 200 km/h e o Sporting estoira ao fim de 60 minutos. Sobre o Benfica, já no ano passado eles dizimavam os adversários da última meia hora de jogo muito pela questão física, da chamada intensidade. Gostava de saber a resposta
Os 60 mnts são bondade sua, ontem foram 45mnts. Bas Dost nem isso. Eu também gostava de saber a resposta. Ainda mais quando temos um preparador físico promovido de fisioterapeuta e um (gabado) gabinete especializado em alta performance. Um mistério… SL
Simples. O Sporting rebenta pq nao tem processos colectivos. Correm desalmadamente para tapar buracos ate....rebentar, usualmente no inicio da 2 parte.
Na alta competição tudo conta. Os jogadores do Benfica ate o jantar é entregue em casa e o sono é monitorizado.
Isso não é assim, os processos colectivos existem e são trabalhados nos treinos Um exemplo foi a brilhante jogada colectiva entre Wendell e Acuna que deu um passe para golo falhado por Luiz Phellyppe. Mas isso foi no primeiro tempo. Quando havia frescura nos pés e na cabeça. SL
Em relação ao ponto 8, a equipa foi-se abaixo das canetas assim que levou o 2º golo. O "ir abaixo" foi mais mental do que físico. E, convenhamos, a parte mental é ainda mais importante que a física, já que a 1ª manda e muito, na 2ª.
Tirando Coates e Acuña, todos os outros jogadores já estavam com a pré-época avançada em termos físicos, portanto não foi por aí.
Excelente análise, apesar de não ser agradável de ler, mas para quem ache que o resultado de ontem foi apenas um acidente de percurso ou um azar, recordo que foi a segunda goleada que levámos do slb em seis meses. SL Sá Pinto
Pedro Leio atentamente os seus textos e gosto do seu realismo. Mas também gosto da outra face da moeda, a imprevisibilidade. E parece que as duas vivem juntos no futebol especialmente o praticado dentro do campo. E também sei que sem realismo não é imprevisibilidade que se sustente. Dito isto: 1) É "realista" que o Sporting esteve melhor durante boa parte do jogo; É "realista" considerarmos que se uma das oportunidades tivesse sido concretizada a história seria outra (salvou o Benfica, o tal guarda-redes que nao serve para o projecto europeu; É "realista" reconhecer que os jogadores se empenharam apesar de nem sempre terem tido as opções melhores; É "realista" considerar que o Benfica foi mais objectivo e mais consequente e que tem uma equipe mais rotinada (Pizzi e Rafa pois claro). Mas também é "previsível" que a equipe se transtorne um pouco quando sofre um golo resultante de uma falha clamorosa de um dos seus melhores jogadores; é "imprevisível" tantas boas defesas e tantos falhanços à baliza; É, essencialmente, "imprevisível" que um jogador da categoria de Matieu fizesse um erro tão infantil num momento tão crucial do jogo;
Com alguma ironia tenho de dizer que, apesar de ser tão fraco na comunicação, era "imprevisível" que o presidente de um clube como o Sporting diga aos sócios para "nao estarem preocupados" depois de nove jogos sem vencer no tempo regulamentar e de um derrota do maior rival por 5 a 0 (Colocou-se ao nível do "é chato"). Concordo que Keyser terá feito o seu "hardwork" e que tenha até criado alguma "imprevisibilidade" no sistema em que entrou no jogo e que correu bem durante grande parte do tempo. Mas, sendo "realista", e apesar da seriedade, elevação e trabalho duro que parece ser seu apanágio, não devemos perguntar se ele é o treinador adequado para o Sporting. E se Frederico Varandas, também "realisticamente" tentando erguer o clube das cinzas, tem a comunicação adequada para o Sporting. É que apesar da boa vontade, tem de haver competência para se ganhar dentro e fora das 4 linhas especialmente num mar que, "realisticamente", anda bastante afectado e infectado. Há uma coisa que lhe posso garantir: Mesmo sendo "realista" reconhecer que o Benfica tem melhor equipe, o resultado foi imprevisível. E lhe garanto que o meu mau humor pela derrota não tem nada de imprevisível. O que não é mesmo nem "realista" nem "previsível" é que me digam para eu estar descansado...
Os seus pontos 7 e 8 tocam na ferida e foram respondidos em Maio de 2012, no ponto 9 de um comunicado do FCP que começa com "burros não são os que acreditam na mudança..." Mas, então como agora, toda a gente assobiou para o lado, a vida é bela e vale tudo desde que seja o beifica a ganhar. E este é apenas um dos inúmeros instrumentos de falsificação de resultados utilizado pelos padres.
No dia seguinte à eliminação do polvo da taça de Portugal, ao almoço, ao visionar as imagens da "agitação" do rafa no final da partida, um familiar meu exclamou: "dão produto aos putos e, depois, não os conseguem controlar". O puto, ontem, estava com o "gás" todo! Aquele que lhe faltou em Frankfurt...