Sporting-Feirense
Abaixo já o Pedro Azevedo bem elaborou sobre a feira da farra que aconteceu ontem em Alvalade. E o Pedro Correia fez o seu rescaldo do jogo. Não tenho muito mais a dizer a não ser realçar dois dados positivos que eles não sublinharam: "gostei muito" do guarda-redes forasteiro, homem de grande elasticidade que lhe permitiu um punhado de belíssimas defesas e também de apurado sentido ético, demonstrado naquela borra na pintura, ao embaraçar-se no lance do primeiro golo: o resultado era injusto, reconheceu o facto e terá entendido salvaguardar a justeza no resultado; Doumbia marcou um belo golo, em lance onde se mostrou codicioso, com fulgurante rapidez, adequada técnica (aquela finta em corrida) e faro da baliza (um bom remate bem colocado). Julgo que se estreou, finalmente, a marcar no campeonato (tal com Montero). Mostrando-se assim bom e útil avançado, serenando os ânimos algo desanimados dos adeptos saudosos do holandês titular.
E um algo associável: este fim-de-semana Portugal, já detentor (como tão bem sabemos e fruímos) do título europeu de futebol sénior ganhou o europeu de futebol de salão. E antes ganhara o penúltimo campeonato do mundo de futebol de praia. São feitos desportivos mais-do-que-assinaláveis. As selecções portuguesas de futebol - antes as júniores, agora também as seniores - são excepcionais. Está de parabéns a federação pela sua capacidade organizativa. Capaz assim de potenciar o pessoal disponível, formado em clubes: de Ronaldo e Ricardinho até Madjer, aos excepcionais, excelentes, medianos competentes jogadores que por esse mundo vão constituindo carreiras dignas. Chegando a internacionais em Chipre e na Grécia, como Zeca, a ídolos na Turquia como Quaresma ou na Rússia como Danny, a referências na Inglaterra como Fonte ou Cédric, e etc. para não ser cansativo. E os treinadores, como mostra Jesualdo na sua reforma arábica treinando Xavi Hernandez, talvez o maior jogador da sua geração e porventura o futuro grande treinador do Barça. E Paulo Sousa e Pacheco (não esse, mas o outro) na China, mais o Vilas-Boas que se veio embora e o Vítor Pereira que o substituiu, que aquela "árvore das patacas" parece não ter fim. Ou Jardim brilhando na França, como tanto tem brilhado. E Marco Silva, por estes dias, anunciado como "the next big thing" neste talvez de substituir o histriónico Conte no Chelsea (este mais ou menos chamou estúpido ao Abramovich, está visto que sai). E a coqueluche Carvalhal, a encantar o País de Gales, içando o Swansea a golpes de táctica e de pastéis de nata. Para além do para sempre "special one", ainda que cada vez mais sisudo, mesmo desencantado a fazer o melhor campeonato do MU desde há anos. E etc. para não ser ainda mais cansativo. E os clubes também, que li há dias, aquando do fim do "mercado de inverno", que no último ano Portugal foi, e de muito longe, o país que mais lucrou com as transferências de jogadores, o que lhes junta também uma mão-cheia de mais ou menos gabirús empresários da bola, que muito sabem da dessa poda de sacar taco aos clubes estrangeiros. Em suma, clubes a valorizarem passes desportivos e a lucrarem neste mercado mundial sobreaquecido. Imensos jogadores a brilharem ou cumprirem, por cá e alhures. Um país de treinadores de futebol, como antes terá sido de poetas, tantos migrando, alguns com enorme notoriedade.
Dito tudo isto, como é possível que num futebol que produz tantos praticantes, treinadores, dirigentes, de clubes e de federação, e ainda os tais "amariolados" empresários, que conseguem tamanhos sucessos, individuais e colectivos, como é possível, dizia eu, que ainda nos apareçam incompetentes como os árbitros (de campo e de cabine, dita video) de ontem, neste Sporting-Feirense? Quando acabará este corporativismo arbitral, quando se quebrará isto? Pois é óbvio, acusações de malandragem à parte, que num futebol de excelência como o é o português, os árbitros são, e de longe, o sector tecnicamente mais fraco. O que se passou ontem foi pungente. Nem o árbitro de campo está preparado para esta actividade de futebol profissional, saltitão nervosinho e incoerente nos métodos (ora vê as imagens ora não vê, que palhaçada ...) que é. Nem o tipo da cabine sabe as regras. É inaceitável. E é melhor fazer finca-pé nisto quando se ganha, que é para não se dizer que as críticas vêm da azia da derrota. Os gajos são maus. Mesmo. E o resto do futebol português, mesmo com todas as suas mazelas e tropelias, não merece tanta incompetência.