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És a nossa Fé!

Sporting Clube de Vichy

Texto de Joaquim Vicêncio e Paulo Correia

Quando há praticamente oito décadas foi assinado o fatídico armistício, depois da invasão da França pela Alemanha nazi, que terminou com uma parada militar em plenos Campos Elíseos, o acordo previa a criação no sul de França daquilo a que se chamou de “Estado Fantoche”. Este tinha sede em Vichy, e era liderado pelo General Pétain. Estávamos perante uma novidade estrutural. Transpondo para o plano da vida interna do nosso clube, desafiamos o leitor a fazer uso da expressão para criar uma analogia com o futebol português e o estado em que se encontra o Sporting Clube de Vichy... perdoem-nos, o Sporting Clube de Portugal.

No primeiro caso, organizado através de afinidades da mais variada índole, este é constituído por estruturas que, por norma, dizem-se independentes, mas que assumem posições que as vinculam a interesses tantas vezes a raiar a opacidade. Tal seria já de si deprimente, não fosse o caso de estarmos perante uma novidade: a inclusão do Sporting Clube de Portugal no lote de clubes cuja estratégia e pensamento para o futebol português é acéfala. Pior, rege-se pelo ondular entre as boas relações que os seus dirigentes, para infelicidade de quem pugna por um clube com uma reputação acima de qualquer dúvida, pretendem reatar ou fortalecer com quem tem levado os níveis éticos da modalidade para um grau catastrófico.

As últimas semanas trouxeram à liça mais uma demonstração da total dependência do Sporting Clube de Portugal face a interesses terceiros, e que em nada dignificam a modalidade. A disputa de poder, mais uma, no interior da Liga Portugal mereceria uma reação forte. Colocar o dedo na ferida, um bater de punho na mesa. Mas os punhos de renda de quem governa um clube com 114 anos e mais de 3 milhões de adeptos não lhes permite, como sabemos há muito tempo, sequer o esforço mental de tentar abandonar a órbita de mais um dos muitos coveiros do futebol português.

Apenas a última de tantas e tantas demonstrações de falta de alma e sentimento verde-e-branco! Basicamente, estamos a assumir a nossa posição de clube fantoche.

Triste clube que se permite, mais uma vez, ter à frente dos seus destinos quem não se preocupa em encontrar soluções que visem ultrapassar as dificuldades (conjunturais ou não), antes preferindo comunicar, constantemente, em canais amigos (?) os dramas da pesada herança. E, não vá alguém ter dúvidas do destino previamente definido, aqui e ali, cada vez mais desprovidos de falta de pudor, surgem os arautos da venda da SAD. Até já se discorre sobre exemplos tão extraordinários como o Wolverhampton (oh! Ironia) para justificar tamanho desiderato. Não se preocupem, caros amigos, a memória não é curta, também conhecemos o destino do Málaga, do Rangers ou do Parma. E nem precisamos de ir muito longe, por certo que Beira Mar, ou Belenenses, vos diz algo.

Triste sina de viver em constante convulsão interna, o famoso dividir para reinar. Os exemplos são tantos que nem um encarte especial do jornal do clube teria espaço suficiente para enumerá-los. Mas deixamos uns poucos à consideração do caro leitor, desde as claques como origem de todo o mal, aos adeptos a quem se exige que retirem o calçado antes de entrar no estádio, sem esquecer o desplante de considerar o Sporting Clube de Portugal um simples ponto de passagem para um grande da Europa; o Valência, talvez, eventualmente o Mónaco ou, hélas, o tão famoso Wolverhampton.

Temos no nosso seio demasiados interesses. Interesses que fogem ao critério de quem sofre, vibra e sonha com muito mais para um clube que, ainda que em constante confronto autofágico, tem todas as condições para se assumir como a verdadeira potência desportiva. Tal como acontece até nos Estados Fantoche, as populações inevitavelmente têm um assomo de dignidade e vontade de serem livres, acreditamos que, um dia, ousaremos lutar juntos pelo Sporting Clube de Portugal.

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