Somamos e seguimos, já de olhos no título
Chaves, 0 - Sporting, 3
Pedro Gonçalves, Trincão e Nuno Santos: três jogadores em foco no desafio transmontano
Foto Pedro Sarmento Costa / Lusa
Alguns não acreditavam. Os mesmos de sempre. Mas conseguimos. O Sporting entra na segunda volta deste campeonato como líder isolado. Lá em cima, no primeiro posto, passe a redundância. Com 43 pontos. Apenas menos dois do que os conquistados nesta mesma fase na gloriosa época de 2020/2021, já sob o comando de Rúben Amorim, em que nos sagrámos campeões. Só menos um do que os obtidos, também concluída a primeira volta, na Liga 2015/2016, quando o treinador era Jorge Jesus.
No cômputo geral, é a quarta melhor temporada do Sporting, à primeira volta, desde que cada triunfo passou a valer três pontos, em 1995/1996.
Amorim tem motivos redobrados para se sentir satisfeito. Anteontem, nesta vitória em Chaves por 3-0, ultrapassou outra marca como técnico leonino: ninguém antes dele conseguiu somar 14 triunfos na primeira volta em mais de duas épocas ao leme da equipa. Superando um recorde já muito antigo de Cândido Oliveira alcançado em 1948 e 1949.
Os números da temporada em curso ilustram bem a competência do treinador: 28 jogos já realizados esta época, com o Sporting a sair vencedor em 22. Houve ainda três empates e três derrotas, com 78,5% de percentagem global de vitórias.
E vão seis partidas consecutivas sempre a vencer, para quatro competições diferentes. Anteontem, na tarde-noite invernosa em Chaves, só tardou o primeiro golo, ocorrido aos 44'. Aconteceu de bola parada, por Paulinho, na sequência de um canto bem convertido por Trincão. Assim chegou o intervalo: este 1-0 sabia a pouco. Até porque não haviam faltado oportunidades: por Gyökeres e Esgaio aos 11', novamente pelo sueco aos 12' e - a mais clamorosa perda - por Pedro Gonçalves, só com o guarda-redes Hugo Souza pela frente, aos 27'.
Mas o transmontano - que nasceu para o futebol em Chaves - redimiu-se com enorme exibição nesta partida em que foi o melhor em campo. Bola a rasar o poste aos 20', remate que o guardião desviou in extremis para a barra aos 76' e golo, fechando a contagem, aos 56'. Naquele seu jeito peculiar de parecer produzir passes à baliza levando a bola com efeitos a anichar-se nas redes. Não festejou, por respeito aos patrícios transmontanos.
Ao ser substituído (79'), foi ovacionado por todo o estádio, onde havia 5.690 espectadores. Palmas bem merecidas.
Quem também mereceu aplausos foi Francisco Trincão. Muito em jogo sobretudo na ponta direita, substituindo no onze o engripado Edwards, fez jus à convocatória com uma das melhores exibições da temporada. Foi ele a marcar o canto para Paulinho facturar antes do intervalo. Foi também ele a marcar o segundo, o mais belo golo deste encontro, num remate indefensável, muito bem colocado, que desenhou um arco antes de chegar às redes, aos 52'. Assim aqueceu a fria noite flaviense.
Nesta partida iniciada sem cinco titulares (Diomande, Morita e Geny estão ao serviço das respectivas selecções e Coates só fez a segunda parte, além do convalescente Edwards, que assistiu ao desempenho dos colegas bem agasalhado no banco de suplentes) ficou comprovado que temos soluções de recurso para diversas posições. Quando ainda decorre o mercado de Inverno que talvez proporcione um ou dois reforços ao treinador.
Para já, Amorim vai sorrindo. E nós com ele.
Breve análise dos jogadores:
Adán - O seu maior combate em Chaves foi contra o frio. Sem uma defesa digna desse nome numa partida em que a equipa adversária não fez um único remate enquadrado.
Eduardo Quaresma - Cumpriu durante toda a primeira parte, neste terceiro jogo a titular: acertou 42 dos 44 passes. Cedeu lugar a Coates para evitar más surpresas no jogo aéreo.
Gonçalo Inácio - Enquanto o capitão esteve ausente, foi ele a comandar a defesa. Com brilho e distinção: destacou-se como maior recuperador leonino, exímio na precisão do passe.
Matheus Reis - Completou o trio de centrais, sem problema no controlo do seu sector. Lá na frente, podia ter feito melhor aos 43': em vez de remate, saiu-lhe passe ao guarda-redes.
Esgaio - Regular, previsível, sem inventar nem atrapalhar. Podia ter marcado numa recarga aos 11'. Nem sempre lhe saiu bem o duelo com Sanca, o extremo adversário. Mas cumpriu.
Morten - Voltou a destacar-se como pêndulo da equipa, assegurando o controlo total do corredor central junto à linha divisória. Cada vez mais útil nas recuperações de bola.
Pedro Gonçalves - Regressou ao meio-campo, sem tirar os olhos da baliza. Marcou o terceiro, aos 56': o seu décimo golo da temporada. Terceiro jogo seguido a facturar. Melhor em campo.
Nuno Santos - Grande exibição, sempre ligado à corrente. Foi o grande minuciador do ataque com os seus cruzamentos da esquerda. Um deles gerou o nosso segundo golo.
Trincão - Uma das melhores partidas do minhoto nesta temporada. Cobra o canto de que nasceu o golo inaugural e marca o segundo, aos 52'. Protagonizou numerosos desequilíbrios.
Paulinho - Saiu também de Chaves com merecidos elogios. Por ter regressado aos golos. Abriu o marcador aos 44': o mais dificil estava feito. Três jogos fora seguidos sempre a marcar.
Gyökeres - Tentou muito, sem conseguir. Stefen Vitória fez-lhe marcação cerrada. Rondou o golo (11', 12', 78'), sempre em movimento acelerado, mas os heróis acabaram por ser outros.
Coates - Regressado após lesão, actuou só na segunda parte - por troca com Quaresma. Lento, ainda longe da melhor forma. Viu cartão amarelo aos 71'.
Daniel Bragança - Substituiu Pedro Gonçalves aos 79'. Cumpriu no essencial, ligando o meio-campo ao ataque. O péssimo relvado não favoreceu o seu requinte técnico.
Neto - Substituiu Esgaio aos 85'. Tempo suficiente para reforçar a tranquilidade no nosso reduto defensivo, quando as más condições do terreno impunham máxima cautela para evitar lesões.
Dário - Rendeu Matheus Reis aos 85'. Actuou como ala direito, com a missão prioritária de contribuir para fechar aquele corredor. Ganhou mais uns minutos de experiência.