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És a nossa Fé!

Soma e segue: nona vitória em dez jogos

Sporting, 3 - Estrela da Amadora, 2

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Edwards foi o herói da noite em Alvalade: marcou um, assistiu noutro e deu espectáculo

Foto: José Sena Goulão / Lusa

 

De repente, parecia que Lionel Messi tinha entrado em campo. Ou que Diego Maradona havia ressuscitado. 

Momento de magia futebolística no Estádio José Alvalade, ao minuto 71 do Sporting-Estrela da Amadora, na noite de anteontem. Protagonizado por um inglês, não por um argentino: foi Marcus Edwards a pegar na "gorducha" no meio-campo da equipa adversária, conduzindo-a da linha para o centro em progressão acelerada e depois entrou na grande área sem afrouxar o ritmo em busca do ângulo perfeito para fuzilar a baliza com o seu pé esquerdo.

Driblou um, dois, três, quatro - até ter só pela frente o guarda-redes António Filipe, impotente para travar o remate.

Os mais de 38 mil que assistiam ao  jogo no estádio nem queriam acreditar: foi um dos mais belos golos já marcados por algum jogador de Leão ao peito. Puro futebol-espectáculo. Com a vantagem acrescida, neste caso, de ter contribuído para reverter um resultado que nos estava a ser desfavorável. 

Não satisfeito com isso, Edwards, ainda protagonizou outro lance de génio, aos 79', num cruzamento teleguiado para a cabeça de Paulinho. Era o nosso terceiro golo, que fixou o resultado. Pondo fim a alguma atmosfera de nervosismo que pairava no estádio desde que o Estrela da Amadora, virando o 1-0 registado ao intervalo, marcou dois golos de rajada (50' e 52'). 

 

Como os números indiciam, foi um desafio emocionante, aberto, muito disputado. Nem a chuva outonal que foi caindo esfriou a vontade das duas equipas em conquistar pontos. Mérito que não pode ser negado ao Estrela, que na época anterior andava no segundo escalão do futebol português e é orientado por um treinador muito competente, Sérgio Vieira.

Durante quase todo o primeiro tempo, dando prioridade absoluta à manobra defensiva, a turma adversária fechou bem os nossos corredores atacantes, bloqueando linhas de passe. Até que Gyökeres tirou um coelho da cartola: num lance de insistência, levou a bola à meia esquerda, quase junto da linha final, para cruzar recuado vendo Daniel Bragança subitamente livre de marcação. O nosso médio criativo não perdoou: usou da melhor maneira o pé esquerdo para se estrear como artilheiro neste campeonato.

Corria o minuto 33. O que fez o onze da Amadora abrir o jogo, alterando a dinâmica.

Na segunda parte, depois do susto provocado por dois golos consentidos quase de rajada, foi a vez de o Sporting se modificar. Aí funcionou na perfeição o dedo de Rúben Amorim. Sempre para dar mais tracção à frente ao onze leonino. Que avançou todas as linhas e chegou a atacar com quatro: Gyökeres, Edwards, Paulinho e Trincão - estes dois saltaram do banco para ajudar na reviravolta. Por algum motivo somos já a segunda equipa mais goleadora: só o Braga marcou mais.

 

Muita gente se terá enervado ao longo desta partida. Por mim, não me importo de sofrer dois golos desde que marquemos pelo menos três. Foi o que aconteceu frente ao Estrela. E podiam ter sido seis sem favor algum. Consumando-se um facto digno de registo muito especial: somos a única equipa invicta na Liga 2023/2024.

Balanço até ao momento: dez jogos, nove vitórias, 28 pontos conquistados. Mais nove do que à 10.ª jornada da época anterior.

Lideramos pela quinta ronda consecutiva, agora mais isolados e mais firmes no comando. Temos equipa para ganhar o campeonato, sem a menor dúvida.

Até já levamos dois pontos a mais do que tínhamos na mesma fase em 2020/2021 - época de excelente memória.

Além disso desde 1976/1977 que não tínhamos tantos pontos de avanço face ao segundo na décima jornada. E vamos com seis pontos acima do terceiro - o FCP dos "fabulosos reforços" David Carmo e Fran Navarro.

Para ir celebrando? Claro que sim. 

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Sofreu dois golos, mas sem responsabilidade em nenhum deles - desde logo o primeiro, de penálti. Saiu muito bem dos postes aos 33', impedindo Leo Jabá de marcar.

Diomande - Continua a ser um pilar defensivo. Quer alinhando mais à direita, como começou neste jogo, quer mais ao meio, quando Coates saiu. Cumpriu com nota muito elevada.

Coates - Noite infeliz do capitão uruguaio. É ele a provocar o penálti, metendo a mão na bola aos 49', é ele também a ser batido em velocidade no lance do segundo. Saiu aos 59'.

Matheus Reis - Desempenho adequado ao padrão habitual. Regular, certinho, mas sem rasgos. Rende menos a central do que a lateral, mas desta vez foi Nuno Santos a ocupar a ala.

Esgaio - Com Geny ausente por lesão, coube-lhe actuar como lateral direito. Muito contido, sem arriscar um drible, dos pés dele partiram raros cruzamentos com eficácia. Saiu aos 59'.

Daniel Bragança - Rendendo o ausente Morita, teve o melhor desempenho da temporada. Coroado aos 33' com um golo de  belo efeito - o seu golo de estreia no campeonato. Saiu aos 64'.

Morten - Cada vez mais seguro e mais influente. Muito útil na recuperação e na distribuição, tentou também o remate de meia-distância. Quase marcou numa recarga a 3m da baliza (58').

Nuno Santos - No seu  jogo 150 de Leão ao peito, foi tendo mais vontade do que engenho. Mas fez enfim um cruzamento perfeito, aos 90', quando apontou à cabeça de Trincão.

Edwards - Criou-se o mito de que trabalha pouco para o colectivo. Não é verdade: fez nove passes para finalização. Assistiu Paulinho no golo. E marcou ele próprio - uma obra-de-arte.

Pedro Gonçalves - O mais errante dos nossos jogadores, como de costume, movimentou-se muito entre linhas. Quase marcou aos 82: o guarda-redes negou-lhe o golo num voo espectacular.

Gyökeres - Desta vez foi menos violinista do que carregador de piano. Sem vedetismos. Este seu trabalho como operário da equipa resultou numa exemplar assistência para o primeiro golo.

St. Juste - Substituiu Matheus Reis aos 59' e ocupou o seu lugar como central à direita. Vai recuperando das sequelas da lesão que o afectou. Seguro, sólido e útil nos passes verticais.

Gonçalo Inácio - Amorim deixou-o fora do onze inicial por vir aí o clássico na Luz e ele estar tapado com amarelos. Mas rendeu Coates aos 59' - e cumpriu com brilhantismo esta missão.

Paulinho - Saiu Daniel, entrou ele. Para marcar também, ouvindo o seu cântico de louvor em Alvalade. Merece ainda boa nota pelo que trabalhou lá na frente, com bola e sem bola. 

Trincão - Rendeu Esgaio aos 59'. Anda cheio de vontade de voltar aos golos. Esteve a milímetros de o conseguir, de cabeça: o guarda-redes, por instinto, quase a tirou de dentro da baliza.

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