Só bolas para a bancada
No editorial da edição de hoje do diário A Bola, José Manuel Delgado - bem ao seu estilo - tenta defender o indefensável: salvar a face do Benfica enquanto procura amesquinhar o Sporting. Qualificando de "época positiva", assim quase em jeito de comiseração, este simples facto de estarmos a liderar o campeonato isolados à oitava jornada.
Escreve o inefável director-adjunto do jornal da Travessa da Queimada que "tirando os dois jogos com o Benfica desta época", os resultados desportivos do nosso clube "não são deslumbrantes". Até porque - salienta o plumitivo - o Sporting ainda não defrontou o FCP e o Braga.
Eu poderia escrever, na mesma lógica, que "tirando os editoriais de José Manuel Delgado", os editoriais d' A Bola quase parecem modelos de isenção. Mas não vou por aí. Limito-me a anotar, divertido, os esforços quase titânicos do ex-guarda-redes suplente do Benfica para dourar a pílula, exprimindo em jeito de interrogação o desejo de que o seu clube do coração consiga superar enfim de forma positiva a terceira prova em três meses frente às nossas cores: "Será à terceira, em Alvalade, para a Taça?"
No fundo é a mesma lógica que levou o mesmíssimo jornal a transformar em parangonas, a três dias do dérbi, uma derrota do SLB na Turquia quase numa vitória: "Magia de Gaitán a abrir não impediu que os três pontos ficassem em Istambul." Um requintado exemplo na arte de titular. Ou no dia seguinte, também na primeira página, a imprimir este título que era quase palavra de ordem: "Domingo é para ganhar!" Com exclamação e tudo. Ou ainda, na véspera do confronto entre os velhos rivais, a destacar isto igualmente na capa: "Técnico [Jorge Jesus] perdeu sempre na Luz como visitante."
Sem uma palavra a incomodar Vitória, sem um vocábulo a beliscar Vieira, Delgado conclui o editorial com esta pérola que soa a suspiro: "Em suma, quis o destino que Jesus fosse buscar aos jogos com o Benfica aquilo de que mais precisava..." Não é mérito, não é esforço, não é trabalho, não é determinação: foi o destino que assim quis.
Concluindo: eis o equivalente em texto àquela charutada de Mitroglu para a bancada na Supertaça que o Sporting conquistou ao Benfica. Espero sinceramente por novas "análises" deste género dadas à estampa na "Bíblia" da Queimada. Para que os nossos sorrisos se alarguem ainda mais.