Sérgio e Chico
A forma como vemos, como interpretamos os acontecimentos está muito ligada à nossa experiência pessoal, com as leituras que fazemos, também, mas há coisas que não se aprendem nos livros, só fazendo, errando, corrigindo, tentando de novo, conseguimos melhorar.
Já Camões falava do "saber de experiência feito".
Há quase um ano eu não fazia ideia naquilo que me ia meter, neste ano fiquei muito mais desperto para as questões relacionadas com a parentalidade, como é a relação pai/filho em 2021? será igual à relação pai/filho entre Sérgio e Chico Buarque? Será igual à relação pai/filho entre Sérgio e Chico Conceição?
Era, precisamente, esta última que queria analisar.
Quem acompanhou a carreira de Francisco Conceição no Sporting lembra-se de um miúdo "sempre-em-pé" com a técnica que lhe reconhecemos mas com uma grande capacidade de utilizar o corpo franzino e a velocidade em seu proveito. O Francisco Conceição do Sporting era um miúdo que cruzava e rematava bem, incluindo remates de fora da área. Agora faz da área uma piscina.
O que aconteceu? Ou como diria Luís Filipe Vieira, o que passou-se?
Cada clube tem a sua mística.
A do Sporting é vencer de forma honrada, a do Porto é "vencer à Porto" os fins justificam os meios. Para um adepto do Porto é legítimo tentar ludibriar um árbitro e se o juiz não se deixa enganar a culpa é dele. Um árbitro quando vai apitar jogos do Porto não pode ser isento, nem idóneo tem de ser "normal", ser normal implica beneficiar o Porto.
O que pensará Chico sobre o futebol que o pai lhe pede para jogar?
A palavra mais utilizada por Sérgio deve ser a palavra cair; "vais lá para dentro cais em cima deles, cais mesmo, carrega, procura os pés deles, os braços, o que for e depois cais com força e grita como se estivesses a morrer".
Fica a reflexão; qual o pai que quer ver o filho cair, que o manda cair? qual o pai que ver o filho gritar, que o manda gritar?
Deverá um pai ser exemplo para o filho?
Gesticular, insultar, tentar agredir, ser expulso, será um bom exemplo?