Será sensato terminar a época?
A decisão de retomar à pressa as competições de futebol, agendando o regresso para a última semana de Maio, apenas se percebe pela necessidade dos clubes receberem as verbas contratualizadas com os operadores televisivos pelos direitos de transmissão televisiva, mas coloca mais problemas e dificuldades que certezas, senão vejamos:
- Vários jogadores terminam contrato a 30 de Junho. O prazo até pode ser prorrogado por decisão FIFA, mas sabemos que vários atletas têm salários em atraso. Será legítimo obrigá-los a jogar? E se não jogarem, não estaremos a desvirtuar a competição? E caso alguém se lesione gravemente? Imaginemos que Trincão do S.C.Braga por exemplo se lesiona para lá de 30 de Junho, irá o F.C.Barcelona pagar a verba acordada pela transferência? Ou João Palhinha por exemplo, que estaria a jogar para lá do período de empréstimo acordado, como seria o Sporting C.P. ressarcido caso não tenha o atleta à disposição para o início da próxima época? Utilizei o SCB como exemplo, nada contra o clube e atletas mencionados a quem desejo as maiores felicidades.
- Discute-se se os jogos devem ser transmitidos em sinal aberto ou fechado. Estarão os detentores dos direitos disponíveis para ceder os mesmos, o que implica perda de receita e ainda assim pagar? Ou vai ser considerado serviço público pelo governo e uma vez mais o dinheiro dos portugueses é desrespeitado, chegando-se a RTP à frente?
- Outra questão em discussão é que estádios serão utilizados para disputar os jogos que faltam. Qualquer solução diferente da utilização dos estádios dos clubes coloca em causa a verdade desportiva. Bem sei que falamos do futebol português, onde tal não é historicamente o mais importante, mas convém apesar de tudo não abusar.
- As duas equipas insulares, Marítimo e Santa Clara, têm tanto direito de jogar em casa como as outras, o que implica deslocações aéreas entre continente e ilhas. Pelo menos a TAP, ao que se sabe, irá continuar a realizar voos regulares e existe sempre a hipótese de recurso a voos privados. Pensam subjugar os direitos destes clubes ao interesse dos outros? É que pode acabar por influenciar a classificação, várias equipas jogaram e perderam pontos naqueles campos.
- O plano aponta para terminar a época em Julho e começar a próxima em Setembro. Não se podem alongar porque existem Europeu de selecções, competições europeias e jogos de apuramento para o Mundial 2022. Não seria preferível dar a actual época por terminada, antecipar o início da próxima e ganhar margem de manobra para gerir eventuais dificuldades que possam surgir? Por exemplo uma eventual nova vaga de covid19.
- Bem sei que todos os atletas estão testados, até podem entrar em estágio durante o período da competição, mas que farão as entidades responsáveis caso um atleta teste positivo? Mandam toda a equipa para quarentena? Isso implica alterações no calendário e prazo para concluir a competição. Isolam apenas o que testou positivo?
- Falta um parecer da DGS, que será fortemente pressionada pela estrutura do futebol para permitir o regresso da competição. Ou percebermos o que acontecerá nas quatro principais ligas europeias, Inglaterra, Espanha, Alemanha e Itália, bem como a decisão da UEFA sobre o que resta das competições europeias desta época. Porque apesar de não termos já clubes envolvidos, existem implicações para Portugal, que terá clubes envolvidos nas pré-eliminatórias da próxima época e terá que competir em pé de igualdade.
- A meu ver, seria preferível seguir o exemplo das modalidades de pavilhão, não haver campeão e utilizar a classificação actual para efeitos de qualificação para as provas europeias, subidas e descidas.