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És a nossa Fé!

Sem ponta por onde se lhe pegue

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1. Em 25 de Janeiro (há cinco longas semanas) aqui escrevi sobre a inaceitável actuação da comunicação da direcção do Sporting. Nesses dias a imprensa aventara algo sobre a utilização pelo clube de médicos da clínica de que Varandas é proprietário e também noticiara que membros da direcção anunciavam a saída de Jorge Silas, provavelmente ainda durante esta época. Pois a direcção do clube entendeu necessário exarar um comunicado sobre a primeira questão mas ficou em total silêncio sobre a segunda. Assim mostrando a hierarquia de importâncias relativas dos assuntos relacionados com a vida do Sporting: a colaboração (eticamente inatacável, ao que julgo saber) de médicos externos ao departamento médico do clube era assunto relevante. Mas o destino da equipa técnica do futebol (mola económica e moral do clube) e a sua imagem diante dos jogadores e da massa adepta era coisa de somenos. Com os custos (desportivos e económicos) que essa instabilidade no plantel poderia implicar, ainda por cima face a uma eliminatória europeia que se aproximava.

Ontem, as tais 5 semanas passadas, em dia de jogo para o campeonato, no qual o Sporting discute o periclitante apuramento para as próximas competições europeias, rebentam as notícias de que Jorge Silas seria substituído hoje mesmo. O clube nada disse. O Sporting tem uma televisão, um jornal com portal digital, e um sector profissional de comunicação (decerto que bem remunerado). Tem uma direcção, da  qual consta um presidente até palavroso. Tem um director profissional de futebol (nada palavroso). E toda essa mole de gente se calou. Tal como se havia calado anteriormente, depois do plantio das notícias do afastamento de Silas.

No final do jogo de Famalicão, foi o treinador Jorge Silas - que deu, nestes últimos tempos, uma enorme e vibrante lição de ética profissional e de sportinguismo - que nos informou, à massa associativa e ao Universo Sporting (bem como àquele acrónimo que coordena o mercado de acções da SAD, o que só por si é algo verdadeiramente inacreditável em termos de competência e de credibilidade institucional), que estava de saída do clube. E também foi ele que nos informou (bem como ao mercado de acções da SAD, repito-o) de quem o substituiria. Silas foi de uma extraordinária elegância - explicitamente salvaguardou o presidente Varandas e o director Viana, saudou e louvou o seu sucessor Amorim. E já havia dito que nada exigiria do clube. Vénia. Mas essa excelsa postura de Jorge Silas não nos pode fazer esquecer a desajustada atitude da direcção do clube: falta de ética associativa, com desrespeito total pelos funcionários e pelos associados e adeptos; falta de tino desportivo, reforçando a instabilidade lesiva dos resultados da equipa; e uma total irresponsabilidade económica.

Friso isto, a direcção deixou esta instabilidade interna germinar durante mais de um mês. E deixou-a culminar deste modo. O silêncio (envergonhado? estuporado?), a sonsice, da direcção presidida por Varandas em todo este processo é simplesmente inaceitável. Não tem ponta por onde se lhe pegue.

2. Ontem de madrugada, neste meu "À bolina", tentei louvar esta direcção, no sentido de consagrar a necessidade das poupanças. Tão alardeada por Varandas, tão demonstrada no depuramento do plantel que vem sendo realizado no último ano. Pois, por mais que custe, se não há dinheiro - e se não o há é porque várias direcções anteriores alienaram, de modo muito duvidoso, o enorme património do clube e se endividaram de modo irresponsável - não pode haver despesas sumptuosas, e aquisições inflaccionadas. Essa é a realidade do clube, bem mais importante do que um ou outro título. Pois neste mesmo dia, em total contra-ciclo com o que vem fazendo até agora, Varandas contrata por um preço milionário o neófito Amorim - ao que me diz o leitor/comentador Luís Ferreira, trata-se da terceira transferência de treinador mais cara de sempre no futebol mundial (atrás de André Villas-Boas - do FC Porto para o Chelsea - e de Brendan Rogers - do Celtic para o Leicester).

Em primeiro lugar refiro aquilo de que não vejo ninguém falar: não há pinga de ética (do tal "sportinguismo" de que tantos fala[va]m) quando a um terço do final do campeonato se vai contratar o técnico do clube rival, com o qual se ombreia na luta pelo terceiro lugar. Esta manobra de Varandas (da qual o arguto Salvador se rirá, de bolsa cheia e sabedor da estrutura que tem em casa, que decerto entende suficiente para alcançar os objectivos que delineou) é uma vergonha, e será uma mácula indelével no historial moral do Sporting Clube de Portugal. Aliás, este tipo de manobras deveria ser proibida pelos organismos que gerem o futebol, tal como o são as contratações a destempo de jogadores.

Ou seja, esta contratação de Amorim é um total desatino, mostrando o desnorte, a falta de rumo de Varandas. E é um vergonha, mostrando o "atrevidismo" desta direcção. E, acima de tudo, a sua candura.

3. Este será o sexto treinador neste ano e meio de presidência, uma coisa patética. É nitidamente uma tentativa de "fuga para a frente", de através de um novo treinador que se afigura prometedor encontrar um novo ânimo a uma desnorteada condução dos assuntos do clube. E é um "tiro no escuro" - deixemo-nos de encantamentos, Amorim pode ser muito bom (e espero que seja) mas tem cerca de uma dezena de jogos de futebol sénior, comandou um plantel bem coerente, num clube muito bem estruturado, numa equipa preparada por outro treinador e que muito bem jogava sob este. E ganhou a um Sporting que é o que é, a um Benfica em crise, e alguns jogos in extremis. E ao  Porto, que falhou "penaltis". O que digo não faz dele um embuste, mas é surpreendente toda esta ânsia em contratá-lo, não me parece justificada. Mas, repito, a questão crucial não é o mérito (possível e desejável) de Amorim. É a pertinência de o contratar, com estes custos e com esta metodologia. 

4. Tenho escrito sobre a irresponsabilidade de Varandas. Resumi isso aqui, há um mês (2 de Fevereiro) explicitando que "foi a imprudência, a gulodice, a "fezada", que conduziu Varandas a este angustiante e apressado final da sua presidência.". Insisto nas datas dos postais pois o estertor desta direcção e o desatino do seu presidente, o seu culto das "fezadas", é notório e continuado. E nada aprende com o tempo. Não se trata de ser casmurro. Trata-se, pura e simplesmente, de inadequação ao posto, impreparação. E, fundamentalmente, de ininteligência. Entenda-se bem isto, Frederico Varandas não é um homem inteligente. E é isso que o torna incompetente. E, como é característico desse tipo de pessoas, está mal rodeado, pois só os inteligentes se sabem rodear. O que só incrementa a tal incompetência.

5. Urge uma onda verde, de repúdio por esta deriva. Sim, na imprensa. Por parte dos locutores sportinguistas, sejam ou não esses patéticos e patetas "paineleiros" (não é o momento de discutir a impertinência desse molde radialista de fazer televisão rasca e barata em Portugal, às custas da imbecilização do público). Mas acima de tudo urge que os apoiantes desta direcção dela se demarquem. Publica e sonoramente. 

E é necessário que os próprios membros da Direcção do clube digam "Alto!". A Direcção de um clube, de uma Associação Desportiva, é um órgão colegial, um conjunto de associados que se une para gerir os assuntos associativos - e sublinho para que se perceba bem do carácter da instituição, que não é uma igreja profética nem um partido carismático, ou seja não apela a um qualquer presidencialismo, mais ou menos iluminado (ou fundido, como no caso do Sporting actual). 

No tétrico ocaso da presidência anterior, face ao total desatino do  seu presidente, aqui neste blog, tal como tantos outros associados e adeptos, se exigiu com veemência aos membros da direcção que se demitissem para que o clube pudesse seguir, pelos trilhos estatutários, para um processo eleitoral e rever o seu rumo. É altura de exigir isso mesmo aos actuais membros da direcção. Pois o que se está a passar hoje no clube, um corolário de  verdadeiro delírio ou êxtase de candura, é um conglomerado de "más práticas". Se dolosas ou não já será ou outro assunto. Mas são lesivas do clube. E cumpre aos membros do colégio directivo terminá-las. E permitir ao clube que se reorganize.

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