Sem amanhã
Bruno de Carvalho cortou a última amarra que o liga à realidade. Ao longo de uma penosa e pungente divagação balançou entre o "orgulhosamente só" e a paranóia de um MacBeth. Em resposta uma pergunta resumiu tudo: "Portugal aproveitou para tentar destruir o seu enfant terrible." Vá lá não ter dito "o mundo"...
Como ele é o Sporting e o Sporting é ele, quem não está com ele está contra o Sporting. Assim, por um lado vitimiza-se e suplica por compaixão revelando sem qualquer decoro ou pudor factos da sua vida pessoal que devia resguardar. Por outro lado só vê à sua volta hipócritas, mentirosos e traidores.
De voz embargada jura que os jogadores são a "família que escolheu", para logo a seguir afirmar que o acto "hediondo" de terça em boa verdade "saiu dos próprios jogadores". Portanto "não venham falar de rescisões" já que ele até "podia levantar processos disciplinares." Percebe-se a sua estupefacção por os jogadores não o verem como a um pai severo, mas caridoso e protector.
No fundo ele sabe que está isolado, se não iria amanhã ao Jamor gozar um banho de multidão sportinguista - se esta não é a sua gente, quem será?