Selecção não rima com meritocracia
Em agosto de 2019, afirmava o nosso seleccionador, de forma categórica, que indiscutíveis na Selecção só o Cristiano Ronaldo.
Torna-se, por isso, difícil de compreender como é que o William Carvalho, após uma época sem ser opção no modesto Bétis, entra de caras no onze titular, por contraponto, por exemplo, com João Palhinha, que fez uma época altíssima no Sporting, ou até mesmo Renato Sanches, que até já pedia a titularidade no jogo anterior.
Fernando Santos é culpado, mas tem atenuantes. Na verdade, o engenheiro segue apenas o diapasão de outros seleccionadores que lhe precederam no cargo.
Quem não se recorda da maldade de António Oliveira, no Mundial de 2002, em que fez toda a fase de qualificação com Ricardo na baliza, que esteve sempre em grande nível, uma vez que Vítor Baía estivera lesionado praticamente a época inteira, e em pleno Mundial dá a titularidade de caras a Baía, que nada tinha feito para a merecer? Ou então, o que dizer de Luís Filipe Scolari, que começou o Euro deixando um super-Deco no banco, para dar a titularidade a um consagrado, mas em má forma, Rui Costa?
A verdade é que na selecção portuguesa, muitas vezes, os onze titulares não são os que estão em melhor forma. Salta à vista de qualquer adepto, menos do seleccionador, que ainda por cima tem sempre mais tempo livre do que ocupado. É, pois, uma pena que selecção não rime com meritocracia.