Selecção Nacional – Que Futuro?
Falar sobre a má prestação da selecção portuguesa neste Mundial vai ser o tema principal nos cafés, transportes ou emprego, ocupando muitos dias, quiçá semanas. Virão outrossim a terreiro todo o tipo de comentadores (eu incluído!) munidos de certezas e nenhumas dúvidas (eu não incluído!) sobre o (mau) percurso dos nossos “Conquistadores” em terras brasileiras.
Normalmente gosto de pensar que há sempre uma razão para aquilo que nos acontece. Talvez seja a minha opção religiosa que me leva a pensar assim. Ou talvez não!
Observando bem as exibições da selecção portuguesa neste Mundial, direi que não jogámos de forma muito diferente daquela que foi a campanha de apuramento para o Brasil. Exibições paupérrimas deixaram os portugueses à beira de um ataque de nervos. E não fosse Cristiano Ronaldo estar num dia perfeito e hoje não estaria também aqui a esmiuçar este passado recente, dos nossos jogadores.
Lembro-me como era a nossa selecção vai para 30/40 anos. Cada jogo que fazíamos com equipas supostamente mais fortes era uma final. E quando ganhávamos era uma verdadeira festa. Depois vieram os mundiais de sub-20 e sub-21 de Riad e Lisboa respectivamente, onde Portugal foi em ambas justo vencedor. A partir desta altura pensou-se que tudo estaria mudado no nosso futebol. A “geração de oiro” habituou (mal) os portugueses a ganharem jogos, todavia sem que essas vitórias se traduzissem em qualquer título sénior. Basta recordarmos o Euro2004…
Mas foi esta espécie de soberba que atirou Portugal para o rol das equipas que-nem-necessitam-jogar-para-ganhar. Este terá sido o primeiro grande erro dos jogadores, treinadores e acima de todos eles os dirigentes federativos. Assim que a tal geração de Figo, Rui Costa e João Pinto deixou de jogar, a qualidade da nossa selecção caiu vertiginosamente até assentar agora num nível quase sofrível, do qual vai ter alguma dificuldade em sair. E nem mesmo Ronaldo conseguirá inverter esta queda a que a nossa selecção está condenada.
Em Setembro inicia-se nova campanha. Desta vez é o apuramento para o Europeu de 2016 em França. O grupo de Portugal até nem é muito mau, todavia tendo em consideração o que se passou recentemente no apuramento para o Mundial, tudo pode acontecer.
Por isso, e à distância de alguns meses, urge redefinir vontades, desejos e apostas. Há essencialmente que renovar. Não só os jogadores obviamente mas prioritariamente as mentalidades de todos quantos trabalham no mundo do futebol. A começar pelo dirigismo desportivo que como é notório raia a mediocridade.
Sem esta profunda alteração de visão estratégica e não só, as futuras selecções portuguesas arriscam-se a uma longuíssima travessia do deserto. Gostaria que não!
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