Sofremos ontem a segunda humilhação frente ao Benfica em seis meses. No início de Fevereiro, fomos derrotados em Alvalade por 2-4 para o campeonato. Eu estava lá e senti-me envergonhado, como tantos outros adeptos.
Ontem foi ainda pior: saímos do estádio do Algarve goleados por 0-5 - resultado inédito, para nós, num clássico disputado em campo neutro e 33 anos após o último desfecho por esta marca, numa partida desenrolada na Luz. Como equipa pequena, temerosa, inofensiva, irrelevante, adoptando um esquema táctico que não fora testado e um índice de aproveitamento ofensivo miserável, em comparação com o SLB. Num jogo em que podíamos ter sofrido mais dois ou três. Coroando uma desastrosa pré-temporada - a pior de que me lembro desde sempre, sem uma vitória sequer para amostra em seis jogos, com sucessivos (e inaceitáveis) colapsos defensivos e uma chocante apatia da equipa técnica, incapaz de reagir ao infortúnio. Aqueles que desvalorizam as pré-temporadas deviam ter estado atentos logo aos primeiros sinais negativos - quando fomos derrotados por uma equipa amadora, da terceira divisão suíça.
Para mim, com este treinador, esta segunda humilhação seria a última. Por muito menos Frederico Varandas correu com José Peseiro em Outubro do ano passado.
P. S. -- Dezasseis golos sofridos nos mais recentes sete jogos.
Escreveu “Para mim, com este treinador, esta segunda humilhação seria a última”. Fiquei confundido com o “Para mim”, pensei que estivesse a dar a sua opinião. Haja cabeça fria, mas com o calendário exigente que temos é um facto que convém começar ganhar.
Vou-lhe dar vários motivos para que seja abreviada a ligação de Keizer ao Sporting:
- Pré-época desastrosa (16 golos sofridos nos sete jogos mais recentes, nenhuma vitória); - Incapacidade de integrar os reforços na equipa-base; - Segunda humilhação sofrida em seis meses frente ao nosso mais histórico rival (2-4; 0-5) - Derrota clamorosa no primeiro troféu da temporada; - Incapacidade de apostar nos jogadores da formação leonina (Thierry foi excepção, apenas devido a lesões simultâneas de Rosier e Ristovski, somadas ao regresso tardio de Bruno Gaspar). - Aplicação do critério utilizado na época anterior por Varandas no despedimento de Peseiro (maus resultados conjugados com más exibições e crescente descontentamento dos sócios, faltando neste caso apenas os lencinhos brancos a esvoaçarem nas bancadas).
Em minha opinião isso não é solução, nem é o melhor para o nosso clube neste momento. Mas os jogos com Marítimo (fora), Braga (casa) e Portimonense (fora), para além de serem difíceis, tornaram-se mais um teste a Keizer.
Você tem uma tolerância maior que a minha, caro Luís Ferreira. Se começarmos o campeonato sem vitória no Funchal, após esta vergonhosa capitulação perante o Benfica, o técnico holandês deve ser recambiado. Esteve aliás para suceder, em Fevereiro, naquela semana em que sofremos duas derrotas frente ao SLB. Keizer só foi salvo pela vitória seguinte, em casa, frente ao Braga. Eu já cruzei a linha. Considero que quanto mais cedo a substituição do treinador ocorrer, melhor. Varandas não deve esperar pelos lenços brancos.
(Depois de uma noite muito mal dormida) Keizer tem as virtudes e os defeitos que foram visíveis na época passada. Se era para sair que saísse após a final da Taça de Portugal. Com os seus defeitos, é o treinador mais titulado do Sporting desde Paulo Bento (considerando, obviamente, que a Taça de Portugal de 2019 vale mais que a Supertaça de 2015). Tem as suas qualidades. Pode sair, como sempre no Sporting, se crescer uma onda de contestação que leve a que fique numa posição insustentável. Algo que o Pedro sempre aqui criticou (e bem), daí a minha pergunta de espanto de ontem. No fundo somos ainda o clube que despediu um treinador campeão (Inácio) por ter perdido 3-0 com o Benfica e não quisemos o treinador vencedor (Mourinho) porque tinha festejado os golos de forma demasiado exuberante. Tudo reações a quente, sem sentido. Acredito que vamos ganhar esses 3 jogos. Espero que sim. Também porque há uma AG em setembro para aprovar o R&C e quero calma no clube. Isto não invalida que a nossa política de contratações esta época não seja questionável (é) e que Keizer, sendo o treinador, não seja o principal responsável pela derrota de ontem. Ainda que não seja fácil identificar os erros, se até estivemos bem até ao 2-0. E também houve erros individuais de quem não costuma falhar (Mathieu, no 2o golo; e Renan, mal posicionado, no 1o e 3o), e Bruno a falhar 3 oportunidades na 1a parte.
Despedir um treinador que acabou de conquistar a Taça de Portugal foi o que Bruno de Carvalho fez ao correr com Marco Silva.
Recordo, no entanto, que quem fixou o actual critério foi o próprio Frederico Varandas ao despedir José Peseiro quando a equipa se encontrava a dois pontos do primeiro lugar no campeonato já depois de ter jogado em Braga e na Luz. Com Peseiro, empatámos na Luz. Com Keizer, cinco meses depois, perdemos.
Aquilo que você aponta como erros individuais são sobretudo erros de posicionamento ditados pela táctica que o técnico improvisou para o jogo de ontem. Uma táctica que fez sobrepovoar a linha defensiva num esquema que não foi testado num só minuto da pré-época, desguarnecendo as linhas dianteiras, tanto mais que Idrissa funcionou na prática como um sexto defesa muito mais do que como construtor de lances ofensivos. Dost nunca apanhou bolas lá à frente e Bruno andou demasiado colado à linha do lado esquerdo. Tudo isto são falhas imputáveis mais ao treinador do que aos jogadores. Cereja em cima do bolo: mandar entrar Diaby, sem ritmo, pesadão, sem capacidade de conduzir a equipa - como se fosse a última Coca Cola no deserto, quando precisávamos de alguém que virasse o jogo. Enquanto Plata nem foi convocado.
Este Sporting precisa de alguém como Paulo Bento ou Leonardo Jardim (ou Bruno Lage). Alguém disposto e disponível para reconstruir uma equipa de raiz, com base na formação, moldando os jovens aos objectivos da equipa. Contratar "craques" estrangeiros caros e sem préstimo - Rosier, Vietto, Borja, Diaby - é mais do mesmo. Demonstração prática de que no Sporting nunca ninguém aprende com os erros cometidos no passado.
Não vou voltar a discutir a questão do despedimento de Peseiro. Quanto ao jogo, tentar fazer um túnel a um adversário à saída da área é um erro de principiante (ai se fosse o Ilori), com 2, 3 ou 4 centrais, e a verdade é que o Benfica teve ontem um guarda-redes que foi decisivo e nós não. Não gostei quando soube qual o 11 do Sporting, mas ao fim da 1a parte estava convencido de que tinha sido boa opção. Quanto à questão do Diaby, pode não se perceber, mas provavelmente treina mais e melhor que os mais jovens e é difícil argumentar que entrar Diaby, Camacho ou Plata após o 3-0 teria uma grande influência. Qualquer que seja o treinador do Sporting será sempre contestado, haverá sempre quem não goste. Se é uma questão de perfil e de política de contratações, as críticas principais devem ser dirigidas ao presidente, que foi ele que escolheu Keizer e que é o principal responsável pelo futebol. Haja calma. Questione-se e critique-se, mas não se pode pôr tudo em causa por uma derrota, por muito dura, humilhante e traumatizante que tenha sido.
Acreditar piamente que o Diaby, esse colosso, "treina mais e melhor" do que os colegas que não jogam, após meses a fio em que o maliano demonstra não ter categoria para integrar a equipa do Sporting, equivale a defender que em vez do Mathieu, por ter feito esse disparate, deveria ter jogado o Ilori - o que, de resto, parece implícito das suas palavras. Para espanto meu.
Eu não contesto tudo. Limito-me a contestar o técnico holandês. Tal como contestei a contratação dele - como se não houvesse técnicos portugueses competentes - e como contesto o facto de quase um ano depois continuar sem dizer uma palavra na nossa língua e assistir aos jogos de mãos nos bolsos.
Este medroso treinador ontem "montou a equipa" contra o Benfica - cheio de miúdos da formação, um dos quais em estreia, de pé trocado, pela ausência do lateral titular desse flanco - como se o Sporting fosse o Paços de Ferreira a jogar na Luz. O resultado ficou à vista: fomos derrotados como se o Sporting fosse o Lourinhanense.
Ao contrário de Frederico Varandas, que nunca esteve tão infelizem exprimir-se como ontem, eu estou "chateado" e preocupado. Muito preocupado. Desde logo por ver o presidente do Sporting recorrer ao restrito vocabulário do seu antecessor, utilizando uma palavra que nunca devia ter usado - neste momento concreto - na comunicação em discurso directo, esquecendo as conotações profundamente negativas dessa palavra. Depois, porque ele deve ser o único sportinguista que não está preocupado, o que o põe de passo trocado com a massa adepta.
Se o Sporting 2019/2020 já é assim com Bruno Fernandes, imagino como será sem ele. Sobretudo não tendo havido plano B, como todos vimos na pré-época. Por isso estou preocupado também.
Em relação às minhas palavras sobre Diaby e, sobretudo, Mathieu está a deduzir mal, ou eu não me expliquei bem. Temos razões para estar preocupados. Mas despedir Keizer nesta altura não faz qualquer sentido.
Faz mais sentido despedir agora o técnico holandês do que fez o despedimento de Peseiro em Outubro do ano passado quando seguíamos a dois pontos do primeiro no campeonato, dependendo só de nós próprios, já depois de termos ido jogar a Braga e à Luz, e permanecíamos em todas as competições - incluindo na frente europeia. Recordo que o padrão foi estabelecido já por este presidente do Sporting. Com uma agravante: ter corrido com Peseiro mal surgiram lenços brancos nas bancadas. Como escrevi na altura, isso iria traçar uma espécie de guião para comportamentos futuros, incentivando os adeptos a proceder da mesma forma em circunstâncias similares ou ainda mais adversas para os técnicos. O que fará agora Frederico Varandas quando regressarem os lenços brancos a Alvalade exigindo a saída de Keizer?
Se surgir muita contestação a Keizer (e eu espero que os próximos jogos corram bem e isso não aconteça), é claro que acabará por sair. Tal como Rui Vitória no Benfica o ano passado, ou Paulo Fonseca e Lopetegui em anos recentes no FC Porto, ou Mourinho o ano passado no United. Calha a todos. Mas um falhanço de Keizer terá no Sporting possivelmente um impacto maior do que apenas uma mudança de treinador. Por mim, se Keizer ganhou o direito de merecer a confiança de ser o treinador do Sporting esta época, não é jogo de ontem que destrói isso. Mas obviamente tem direito a uma opinião diferente.