Seguir em frente, seis anos depois
Isto começou assim. No final de 2011, dois amigos - o Francisco e o João - desafiaram-me a fundar um blogue de apoio ao Sporting e de intervenção quotidiana na vida leonina. Foram eles a organizar a logística fundamental, incluindo o registo do domínio (com o endereço Sporting, muito difícil de obter) e o grafismo, que sempre se destacou pela sua qualidade, contrariando uma tendência dominante. Foram também eles a recrutar grande parte da equipa fundadora, incluindo pessoas que não cheguei a conhecer.
O blogue arrancou a 1 de Janeiro de 2012 - mal imaginávamos que seria o período mais triste e desolador da história centenária do nosso clube - e produziu de imediato grande impacto, traduzido nas audiências: em poucas horas já tínhamos mais de duzentos leitores. O saudoso Pedro Rolo Duarte, benfiquista, logo o destacou na Antena 1 como blogue da semana, cumprimentando a sua "equipa de luxo".
Acontece que aqueles meus companheiros, por motivos pessoais ou profissionais, acabariam por desligar-se em boa parte do projecto. E daí a uns tantos meses fiquei eu com o bebé nos braços - logo eu, que tinha sido o mais distraído e displicente elemento do trio fundador. Por compreensível falta de motivação, alguns dos parceiros de escrita inicial deixaram de comparecer. Um belo dia, portanto, confrontei-me com o dilema: ou me assumia como timoneiro do barco ou o naufrágio era inevitável. Na pior fase da vida do Sporting.
Era um falso dilema: só havia mesmo de seguir em frente. E assim foi. O blogue foi crescendo e ganhando influência e expandindo o seu plantel a pessoas de várias tendências religiosas, estéticas e políticas, irmanadas pelo comum amor ao nosso grande clube. Recebendo os contributos até de leitores que passaram para o lado de cá, tornando-se autores.
Houve, como sempre sucede nestes processos, alguns acidentes de percurso - relacionados, nomeadamente, com "contratações falhadas". São inevitáveis. E acontecem mesmo nas mais sólidas e prestigiadas agremiações. O essencial é que os erros sejam corrigidos e a rota alterada em função dos interesses superiores do projecto, que estão sempre acima da soma dos seus membros ocasionais.
Neste momento em que És a Nossa Fé entra no sétimo ano de existência, saúdo aqueles que aqui foram pioneiros comigo.
Saúdo desde logo o Francisco Almeida Leite, que se mantém como discretíssimo autor, e o João Vilallobos, que entendeu sair mas a quem já desafiei para regressar a esta casa que nunca deixou de ser dele.
Saúdo a Ana Torres Pereira e o André Peixe e o David Dinis e o João Gomes de Almeida e o João Severino e o Leonardo Ralha e o Adelino Cunha e o António Figueira e o Francisco Mota Ferreira e o Paulo Ferreira e o José Manuel Barroso e o Vasco Barreto e o Tomás Vasques - convicto de que, mesmo estando longe, não deixam de estar perto.
E, naturalmente, saúdo também a Alda Telles e a Zélia Parreira e a Marta Spínola e o João Caetano Dias e o Rui Rocha e o Bernardo Pires de Lima e o João Távora e o José Pimentel Teixeira e o José Navarro de Andrade e o Filipe Moura, que por cá continuam.
Outros, muitos outros, se seguiram.
Outros, muitos outros, vieram e estão.
Entramos num novo ano. Somando sempre, agregando cada vez mais. Felizmente há uma grande diferença entre o Sporting de 2012 e o Sporting de 2018. Para a frente é que é o caminho.