SAD leonina: ceder ou não ceder?
Aos poucos, a ideia vai fazendo caminho. Já com defensores assumidos na mais destacada opinião leonina. E se a SAD do Sporting, perante as crescentes dificuldades de financiamento e de captação de receitas, se abrisse a capitais externos que suplantassem a actual maioria reservada ao próprio clube, blindada nos estatutos?
Entre os arautos dessa ideia, destacam-se nomeadamente os ex-dirigentes Tomás Froes e Carlos Barbosa da Cruz. O primeiro, em opinião ontem impressa no Record, retoma o assunto, nestes termos: «Defendo uma estratégia de venda qualificada a investidores nacionais com paixão sportinguista», garantindo haver «muitos empresários» portugueses - adeptos do Sporting - receptivos à ideia. Na sua perspectiva, só assim se conseguirá «fechar a porta a um qualquer especulador que aparecerá quando o clube não for capaz de aguentar o que aí vem.»
Henrique Monteiro, que integrou a Comissão de Fiscalização do Sporting no interregno que antecedeu o processo eleitoral de 2018, também já deixou claro, em artigo publicado no passado dia 14 n'A Bola: «A venda da maioria da SAD é coisa que parece ser obra do diabo para muitos sócios, mas o tempo ditará ser inelutável.»
A necessidade de implantar um modelo de gestão profissional com músculo financeiro num momento em que muitos clubes de futebol na Europa vêem a sua existência posta em causa devido à brutal queda de receitas por consequência da pandemia é invocada com insistência pelos defensores da mudança do actual modelo da Sociedade Anónima Desportiva do Sporting. Numa altura em que já circula a notícia de que o campeonato nacional de futebol deve perder o apoio financeiro da NOS, por aparente desinteresse deste patrocinador.
«A crise financeira, se não for travada, transforma-se na maior crise desportiva e social que alguma vez conhecemos. Se nas SAD de maior dimensão o problema afecta o presente e o futuro, nos mais pequenos pode significar o fim da linha. Se não forem criadas soluções rapidamente, tornar-se-ão moribundas e à mercê de qualquer predador mais ou menos escrupuloso», observou Nuno Correia da Silva - administrador não-executivo da SAD leonina, em representação da Holdimo - em texto publicado na edição de 1 de Maio do Record.
Este tema, estranhamente, esteve ausente da longa entrevista concedida anteontem pelo presidente do Sporting ao canal 11. Omissão difícil de entender, até porque tem suscitado opiniões muito acaloradas entre os adeptos leoninos.
Chegou a altura de apelar à participação dos nossos leitores, desafiando-vos a pronunciarem-se sobre esta questão. Deve ou não a maioria das acções da SAD passar a ser detida por investidores externos ao Clube, o que implicaria a revisão dos estatutos do Sporting?