Rumo ao Mundial (7)
JOÃO PEREIRA
Foi um dos actos mais inexplicáveis da anterior gestão do Sporting. Ainda hoje estou para saber por que motivo João Pereira - titular indiscutível do nosso clube, titular indiscutível da selecção - acabou por ser transferido apressadamente para o Valência a troco de 3,68 milhões de euros, em Maio de 2012, dez dias após ter sido confirmado na lista dos jogadores convocados para o Campeonato da Europa de futebol, onde prometia ser um elemento em destaque, e duas semanas antes do apito inicial do certame, a 8 de Junho.
Prometia e cumpriu: o lateral direito lisboeta alinhou em todos os jogos, incluindo a meia-final. O seu passe exímio para o primeiro golo de Cristiano Ronaldo, na nossa inesquecível vitória à Holanda, merece ser visto e revisto vezes sem conta nas academias de formação de jogadores. Por ser um exemplo de talento e classe.
O montante daquela enigmática transferência, deslocada no tempo e desenquadrada no espaço entre a Liga 2011/12 e a fase final de um Campeonato da Europa, não fazia sequer jus à valorização intramuros do combativo defesa, adquirido pelo Sporting ao Braga três épocas antes, por 3 milhões de euros.
Isto diz muito sobre a forma como em tempos anteriores aos actuais se negociava em Alvalade...
João Pereira, hoje com 30 anos, continua imprescindível na selecção. Entrega-se ao jogo como poucos. Tem uma capacidade de luta muito acima da média. Faz da velocidade um poderoso instrumento de ataque. Integra-se de forma exemplar nos lances ofensivos, colado à faixa lateral. E com os anos foi aprimorando a qualidade dos cruzamentos - de preferência com o pé direito.
Tem-se destacado no Valência, como ainda agora se confirmou na meia-final da Liga Europa, perdida por uma unha negra contra o Sevilha num emocionante jogo em que João Pereira participou na construção do primeiro golo. Ninguém imagina os responsáveis do clube espanhol venderem-no agora, em fim de campeonato e a poucos dias do Mundial...