Rumo ao Mundial (6)
JOÃO MOUTINHO
Tem apenas 1,71m mas é um gigante no meio-campo: a selecção portuguesa não pode prescindir dele. Quando isso aconteceu - por decisão do seleccionador Carlos Queiroz, que entendeu deixá-lo de fora da lista dos convocados para o Mundial de 2010 - o resultado foi o que sabemos.
Quatro anos depois, permanece por decifrar esse enigma: por que motivo um jogador que teve uma participação decisiva na fase de qualificação para esse campeonato não chegou a embarcar para a África do Sul? O certo é que, a uma semana da final desse Mundial tão frustrante para nós, era anunciada a transferência de João Moutinho para o FC Porto por módicos 11 milhões de euros...
A irritação dos sportinguistas foi bem compreensível: o médio algarvio tinha sido uma das estrelas mais fulgurantes da nossa academia, jogava havia cinco épocas em Alvalade, era capitão da equipa desde 2008 e transferia-se para um dos nossos rivais directos. O então presidente leonino, José Eduardo Bettencourt, chegou a chamar-lhe "maçã podre" - frase de que mais tarde se arrependeu.
A verdade é que Moutinho, hoje com 27 anos e titular do Mónaco, é um elemento imprescindível da selecção. Como aliás se comprovou no Euro-2012: Paulo Bento, ao contrário de Queiroz, não o deixou em Lisboa. E fez muito bem: não há transportador de jogo como ele, estabelecendo a ligação entre a defesa e o ataque, colando como ninguém as diversas parcelas da equipa. Organizador nato, a sua capacidade de passe é notável, sobretudo em distâncias longas, devido a uma excepcional leitura de jogo. Lembremos, por exemplo, a sua soberba assistência para Cristiano Ronaldo no jogo contra a República Checa que nos colocou nas meias-finais do Euro.
Numa demonstração cabal de que em futebol não basta jogar bem com os pés: é fundamental saber utilizar também a cabeça.