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És a nossa Fé!

Rumo ao futuro

Poucas dúvidas existirão que João Pereira foi um erro de casting tremendo de Frederico Varandas.

Não estando em causa a pessoa do nosso ex-jogador e treinador das equipas secundárias, a verdade é que num par de semanas conseguiu desbaratar uma parte substancial da herança de Rúben Amorim, nomeadamente a comunicação clara e assertiva, o modelo de jogo e o espírito de equipa.

De Amorim ficou o 3-4-3 e pouco mais. Mas o sistema táctico, sendo a base de trabalho duma equipa e da constituição do plantel, só por si não define a forma de jogar, ou seja o modelo de jogo, da equipa. Como se encolhe e organiza para defender, como se alarga e que recursos usa para atacar. E que ritmos utiliza nos diferentes momentos do jogo.

Não sei quantos jogos do Sporting de Amorim vi ao vivo em Alvalade e fora dele, tivemos o Covid pelo meio. Trinta por cento ou 40% talvez, não consigo dizer, se juntar a TV foram 99% (um não vi na altura e recuso-me a ver).

Acompanhei a evolução do modelo de jogo, o futebol de transições que nos deu o primeiro título, a "pinheirada" no Dragão que nos roubou o segundo, o malfadado ataque móvel do 4.º lugar,  o upgrade físico que nos deu o segundo título, e a máquina oleada desta primeira metade da temporada que culminou no 4-1 ao Man.City e nos 4-2 ao Sp.Braga para uma saída em ombros do criador.

 

Fiquei estarrecido quando João Pereira, que integrou o plantel no ano do primeiro título, veio dizer na conferencia de imprensa que antecedeu o jogo com o Moreirense que:  "Isso das ideias do outro treinador é difícil. Se tentar fazer isso, apesar do sistema ser parecido, não sei exactamente em que se baseava. Então, vou imitar uma coisa que não sei replicar, trabalhar?"

Até eu, que não joguei na equipa de Amorim, não tendo nível 4, nem 3, nem nenhum de treinador, fui percebendo muito bem as ideias dele e em que se baseava. Baseava-se na ocupação integral do terreno, na procura de espaços livres, na imprevisibilidade para o adversário, no saber onde perder a bola, no controlo do jogo.

Tudo aquilo que não vimos com João Pereira nestes dois jogos. Vimos uma ocupação do terreno deficiente, com uma molhada de jogadores na zona central, insistência em tabelinhas, uma lentidão a toda à prova, perdas de bola na zona central que originavam contra-ataques perigosos que conduziam a faltas que davam livres, cortes para fora e para canto e a cartões. 

A própria gestão do plantel faz pouco sentido. Contra o Arsenal um lado esquerdo "ofensivo" Maxi-Edwards que foi facilmente ultrapassado, tendo Quenda do outro lado, contra o Moreirense um lado esquerdo "defensivo" Matheus Pereira-Daniel Bragança tendo Catamo do outro lado, que foi inoperante em termos ofensivos, e que ainda por cima lançou um dos três médios do plantel para o estaleiro. 

 

Foi o que foi, mas importa agora olhar para o futuro e não deixar ir a criança com a água do banho.

Foram muitos anos sem ganhar nada de substancial no Sporting, com cada novo treinador a trazer o seu sistema táctico e o seu modelo de jogo (com o Jorge Jesus até veio o Octávio Machado...), a contratarem-se ou promoverem-se jogadores que serviam para um e eram prontamente descartados pelo seguinte. Na formação o importante era ganhar qualquer coisa no momento, não interessava que futuro os jovens iriam ter no Sporting.

Depois de várias épocas a apostar no modelo de formação centrado no jogador, finalmente o Sporting colocou as equipas principais (A, B e C/Sub23) a jogar no mesmo sistema táctico, de forma a permitir o treino em jogo dos mais novos nos conceitos e rotinas da equipa A.

A campanha na Youth League deste ano, onde seguimos em 2.º lugar, está a demonstrar a validade do conceito. Com 17 anos, Quenda e João Simões já pertencem ao plantel A, outros estão a caminho. Mesmo aprendendo a perder na complicada Liga 3, como aconteceu ontem na Tapadinha (0-3 com o Atlético).

Então existe aqui todo um trabalho bem feito, ao qual ainda tenho de juntar o scouting que descobriu Diomande, Gyokeres, Hjulmand, Debast e Harder, que demorou muito tempo a fazer e que não pode cair com a saída da estrutura de comando do futebol sénior, Viana, Amorim e respectiva equipa técnica.

Passarmos agora do "incapaz de perceber" João Pereira para alguém que percebe bem mas vem apostado em construir outra coisa qualquer à maneira dele destruindo o "edifício" existente não é solução.

 

A solução é vir alguém capaz de fazer evoluir o mesmo, e de fazer acreditar jogadores, sócios e adeptos numa nova fase de vitórias e sucessos. Fazendo crescer mais ainda o valor do plantel no ranking do TM.

Se Abel Ferreira é homem para isso não sei dizer. A corrida a pontapé que lhe fez o Bruno de Carvalho envinagrou-o no que respeita ao Sporting demasiado tempo.

Se haverá um treinador estrangeiro disponível tipo Boloni, inteligente, exigente, bom comunicador, com um estilo de liderança suave e agregadora? Também não sei. 

De qualquer forma, não será amanhã que alguém virá, e os jogadores não podem ficar ainda mais abandonados do que já estão, pelo que até lá não podemos embarcar no "napalm" mediático que letais, lampiões e morcões lançam sobre o nosso clube.

Apoiar a equipa, aplaudir os jogadores que correram, lutaram e sofreram para ultrapassar uma situação que não criaram, desejar a vitória em Brugges e em Alvalade a seguir, porque só assim se ganha a tranquilidade necessária para o passo seguinte, rumo ao futuro.

SL

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