Revelação em Espanha
Leio que Domingos Duarte, antigo jogador do Sporting, foi eleito para a equipa revelação da I Liga espanhola. Saúdo o facto, dada a simpatia que voto aos jogadores formados no clube. E não venho contestar a sua transferência. Por vezes os jogadores jovens saem porque não se prevê a sua utilização ou por necessidades de tesouraria ou porque assim o exigem, ou pressionam. Julgo saber que Duarte saiu por decisão interna. Legítima e nada dolosa, ainda que a possamos resmungar. No entanto também é possível que se Duarte tivesse ficado no plantel não se tivesse desenvolvido tanto, "tapado" por uma consistente e experiente parelha de defesas-centrais titulares e por um suplente de excelente currículo.
Venho saudar o facto também por outra ideia. Abaixo fui lembrando que nem todos os jogadores da formação cabem no plantel sénior, algo defendido pelo treinador La Palice. Mas também esta prática de fazer dos clubes uma placa giratória de jogadores é economicamente catastrófica. É uma deriva que implica dispensar jogadores da formação que podendo não ser Ronaldos ou Figos caberiam perfeitamente nos plantéis, seriam mais baratos - independentemente das remunerações, pois não haveria comissões e licenças desportivas a pagar. E lembro dois jogadores que este ano foram notícia, Daniel Carriço e Wilson Eduardo, pois terminaram contratos de longa duração com as equipas para as quais se transferiram do Sporting. Sobre ambos correu o parecer colectivo de que "não eram jogadores para o Sporting". Carriço por razões de altura, perfeitamente estapafúrdias como o seu percurso posterior veio a demonstrar. Ambos são excelentes jogadores, muito melhores do que imensos contratados nos últimos anos. Teriam sido importantes para o clube. Isso poderá ser uma lição sobre como enquadrar estes novos jogadores. Não lhes exigir genialidade, titularidades absolutas. Mas perceber que, mesmo não tendo uma excepcional qualidade, será melhor integrá-los do que ir contratar fogos fátuos ...
Já agora, outro assunto: a trapalhada que acontece no Aves, que vem no seguimento do que se tem passado em vários outros clubes que independentizaram as suas "SAD"'s, mostra bem os riscos dessa suicidária opção. Também aqui o referi. Tenhamos muito cuidado com os defensores dessa opção, que nos vendem a ideia de que é o único caminho para o sucesso na bola. Alguns serão meros aldrabões, interesseiros na pilhagem do património espiritual do clube. Outros são bem-intencionados. Estes últimos são os piores, pois, como é consabido, são sempre agentes do demo.