Rescaldo do jogo de ontem
Gostei
Do empate alcançado no Porto. Fomos ao Dragão empatar 2-2 (no mesmo estádio onde o Benfica foi goleado a 3 de Março por 5-0) e demos outro passo firme na conquista do título. Confirmando a nossa superioridade nos clássicos disputados esta época: vencemos dois (triunfos inequívocos sobre Benfica e FCP em casa), empatámos um (o de ontem, testemunhado ao vivo por 45.230 espectadores) e perdemos outro, tangencialmente, no estádio da Luz mesmo ao cair do pano quando jogávamos havia cerca de 40 minutos com um a menos. Esta superioridade confirma a minha tese de que os títulos conquistam-se nos chamados "jogos grandes". A propósito: há oito anos que não ganhávamos quatro pontos à turma portista na Liga.
De Gyökeres. Voltou a fazer a diferença - e de que maneira. Foi ele a marcar os nossos dois golos, um com o pé e outro de cabeça, ambos absolutamente decisivos para virar o resultado negativo que se registava ao minuto 87. Afastado do onze titular por estar condicionado no plano físico, mudou totalmente a equipa assim que foi lançado, na segunda parte. Devemos-lhe este ponto que trouxemos do Porto. Vamos dever-lhe, mais do que a qualquer outro jogador, a conquista do campeonato - onde já tem 26 golos no seu registo. Melhor em campo, claro.
Da reviravolta. Muitos adeptos do Sporting já tinham desligado os olhos das imagens televisivas ou apagado o som radiofónico. Outros, ainda mais pessimistas, anteviam uma derrota por 0-3, vaticinando que os portistas ainda apontariam mais um. Fizeram mal. Marcámos dois golos de rajada, em pouco mais de um minuto, aos 87' e aos 88'. Da forma mais simples e eficaz, aproveitando duas das três oportunidades que tivemos nesta partida. No primeiro, Nuno Santos centrou da esquerda. No segundo, Edwards centrou da direita, já na grande área - e de pé direito. Para o craque sueco dar o melhor caminho à bola. Como se fosse a coisa mais fácil deste mundo. Na oportunidade anterior, Morita poderia ter marcado, aos 65'. Não tivemos outra. Mas foi quanto bastou para o empate.
Das substituições. Grande argúcia de Rúben Amorim, que operou a reviravolta a partir do banco: todas as trocas mudaram a equipa para melhor, empurrando a equipa anfitriã para o seu reduto defensivo. E conferindo agilidade, velocidade, maturidade e qualidade ao Sporting. Após o intervalo, Gyökeres rendeu Daniel Bragança. Aos 50', St. Juste deu lugar a Eduardo Quaresma. Aos 61', dupla substituição: Diomande e Paulinho saíram para a entrada de Morita e Nuno Santos. Aos 86', Pedro Gonçalves trocou com Edwards. Todas resultaram. Os golos foram construídos por três destes que saltaram do banco.
De estarmos há 18 jogos sem perder na Liga. Marca extraordinária: a nossa última derrota aconteceu na já distante jornada 13, disputada em Guimarães, a 9 de Dezembro. Há quase cinco meses.
De já termos marcado 133 golos em 2023/2024. Destes, 89 foram nas 31 jornadas da Liga até agora disputadas. Há precisamente meio século, desde a época 1973/1974, que não fazíamos tantos golos num campeonato.
Dos 81 pontos já conquistados. A três jornadas do fim, o Benfica tem menos cinco - e com desvantagem comparativa num suposto caso de igualdade pontual, pois estamos muito melhor no decisivo critério da maior diferença entre o número dos golos marcados e o número de golos sofridos. Basta-nos, portanto, uma vitória e um empate para sermos campeões. Alguém duvida?
Da despedida de Pinto da Costa da poltrona presidencial. Último jogo visto pelo vetusto dirigente do cadeirão de comando lá do estádio. Irá abandoná-lo em definitivo, dentro de dias, por vontade soberana dos sócios. Já vai tarde.
Não gostei
Da primeira parte. Demasiados erros cometidos, não apenas no plano colectivo mas sobretudo a nível individual. Com um golo sofrido muito cedo, logo aos 7', e outro aos 41'. Talvez os nossos piores 45 minutos iniciais deste campeonato. O 2-0 ao intervalo premiava a superioridade portista perante um onze leonino desfalcado de Gyökeres: a estrela da equipa só entrou no segundo tempo.
De Israel. Inacreditável fífia no primeiro golo, entregando a bola em má reposição com o pé. Francisco Conceição interceptou-a sem problema e a passou-a de imediato a Pepê, que a entregou a Evanilson. O FCP agradeceu o brinde.
De Gonçalo Inácio. Com Matheus Reis ainda lesionado, Rúben Amorim apostou nele como ala esquerdo, confiando-lhe a missão (quase inédita) de subir no corredor. Não resultou: incapaz de centrar com qualidade, os passes longos também não lhe saíram bem. Passividade total no lance do segundo golo, deixando Francisco Conceição movimentar-se à vontade no seu sector.
De Diomande. Exibição muito irregular do internacional marfinense. Errou vários passes, pareceu intranquilo e com falta de confiança como central na meia esquerda. Aos 28', teve um deslize quase caricato, em zona defensiva, falhando uma recepção de bola - o que poderia ter proporcionado golo ao FCP. Substituído aos 61', não se notou a sua falta.
De St. Juste. Amarelado desde os 45'+2, por falta sem bola absolutamente desnecessária, protagonizou lance imprudente, com pisão a Galeno, logo a abrir a segunda parte. Nuno Almeida, com critério largo, foi amigo: o holandês podia ter visto ali o segundo amarelo e consequente expulsão. Amorim percebeu o risco que corria e tratou de o substituir de imediato.
Da expulsão de Edwards. É verdade que o inglês fez uma assistência para golo, mas logo a seguir envolveu-se em empurrões e encosto de testas com Galeno, vendo o vermelho ao minuto 90'. Mal tinha começado a suar a camisola. O árbitro aqui errou: faltou expulsar também o jogador portista.