Rescaldo do jogo de ontem
Gostei
De outra vitória leonina. Desta vez aconteceu em Moreira de Cónegos: 0-2. No mesmo estádio onde o Benfica tropeçou (0-0) há dois meses. Respeitámos o adversário, mas impusemos o nosso ritmo, dominando em absoluto. Antes do minuto 25 já tínhamos fixado o resultado, com golos de Morita (3') e Pedro Gonçalves (23'). Depois foi tempo de gerir este domínio traduzido em números, já a pensar na recepção ao Young Boys, para a Liga Europa, na próxima quinta-feira. Mas estivemos sempre mais perto do 0-3 do que o Moreirense de marcar.
De Trincão. Desta vez não a meteu no fundo das redes, mas esteve envolvido nos nossos dois golos. No primeiro, ao cobrar de forma exímia o canto que nos pôs em vantagem mal estavam concluídos 120 segundos de jogo. No segundo, é inegável protagonista - em dois momentos - do excelente lance colectivo do Sporting, de longe o melhor do desafio, que culmina na assistência dele para Pedro Gonçalves concretizar. Além dos golos que já marcou (facturou nos cinco jogos anteriores a este), soma quatro assistências no campeonato. Melhor em campo.
De Pedro Gonçalves. Devolvido à linha dianteira, com proveito para a equipa, pelo segundo desafio consecutivo. Não desperdiçou tempo nem oportunidade: marcou o seu 13.º golo da temporada, igualando Paulinho na lista dos nossos artilheiros. Só Gyökeres está à frente dele. Falhou por muito pouco o 3-0 num remate em que a bola foi caprichosamente embater no poste (47'). Está em grande forma, tanto física como anímica. Esteve igualmente muito bem, nas declarações prestadas no fim do jogo, quando apresentou condolências ao jovem João Neves, do Benfica, que acaba de perder a mãe: exemplo de desportivismo e de civilidade no futebol ainda mais de enaltecer por ser raro nos dias que vão correndo.
De Morten. Nota-se cada vez mais: é mesmo o pêndulo da equipa. Fechou o corredor central, em parceria perfeita com Morita, forçando assim o Moreirense a encarreirar jogo ofensivo pelas faixas laterais, onde Nuno Santos e (esquerda) e Geny (direita) foram praticamente intransponíveis. Com forte sentido posicional e excelente visão de jogo, o dinamarquês tornou-se elemento imprescindível do onze titular leonino - não apenas na recuperação mas igualmente na construção. Desta vez jogou ligeiramente mais adiantado no terreno e a equipa não perdeu com isso, antes pelo contrário. Teve intervenção no início do segundo golo, com excelente passe de calcanhar, vencendo o duelo com dois adversários que o cercavam.
De continuarmos a demonstrar excelente produção ofensiva. Marcámos pelo menos dois golos em cada um dos últimos dez jogos do campeonato. Lideramos com enorme vantagem a lista das equipas mais goleadoras, já com 60 concretizados - mais oito do que o Benfica, que surge em segundo. Marcámos em todas as rondas da prova, sem falhar uma.
De termos mantido as nossas redes intactas. Quarto desafio consecutivo para competições internas sem sofrermos golos, após os encontros em Leiria (3-0) para a Taça de Portugal, contra o Casa Pia em Alvalade (8-0) e contra o Braga, igualmente no nosso estádio (5-0). Balanço destas três partidas em números: 18 marcados, nenhum sofrido.
Da grande dinâmica colectiva. Entrámos com a atitude certa, pressionando muito em cima da baliza adversária e procurando resolver a contenda logo na fase inicial - desígnio estratégico concretizado, sem dar oportunidades aos de Moreira de Cónegos para reagirem, reagrupando-se no terreno. Na primeira parte, em quatro oportunidades, concretizámos duas. O 2-0 que se registava ao intervalo deu-nos muita tranquilidade para temporizar o jogo, pausar a construção e impor o ritmo da partida, de acordo com os nossos interesses. A vitória acabou por ser muito mais tranquila do que quase todos os comentadores previam e do que os adeptos mais ansiosos receavam.
Do forte apoio nas bancadas. Mais de cinco mil espectadores no estádio do Moreirense - segunda melhor casa da temporada, até ao momento. Destes, muitos eram adeptos do Sporting. Que incentivaram a equipa do princípio ao fim com os seus cânticos. Pormenor a destacar: viam-se várias bandeiras da Suécia. Gyökeres merece, embora desta vez não tenha marcado.
Do árbitro. Nem parecia ele. Mas desta vez Fábio Veríssimo fez bom trabalho. Só um amarelo exibido (a Nuno Santos), critério largo, arbitragem à inglesa - tal como já havia sido a do Sporting-Braga, apitada por António Nobre na jornada anterior. Diferença enorme em relação às habituais exibições de Veríssimo, que costuma protagonizar festivais de apito, interrompendo incessantemente as partidas para assinalar todo o tipo de faltas e faltinhas, reais ou imaginárias.
De continuarmos lá em cima. Agora com 55 pontos, igualamos o Benfica no comando, mas mantendo um jogo a menos. E somos a única equipa deste campeonato que ainda não perdeu um só ponto em 2024.
Não gostei
Do Moreirense. Equipa sem chama, incapaz de um remate perigoso, rendida à marcação, subjugada pelo Sporting e com dois centrais tão obcecados em secar Gyökeres que se esqueciam de reparar nos outros. A gente agradeceu.
Que tivéssemos jogado quase a passo em largos períodos da segunda parte. Sabia a pouco, como espectáculo, mas certamente nenhum adepto leonino levou a mal: esta foi uma jornada entalada entre duas partidas europeias, ambas com o líder destacado do campeonato suíço. Há que poupar forças e dosear energias nesta fase em que jogamos de três em três dias. O campeonato é a meta principal, mas a nossa participação na Liga Europa não pode ser menosprezada.
De ver o Sporting jogar de preto. Este equipamento alternativo parece imitar o principal da Académica de Coimbra. Mas proporcionou um bom título à crónica do jogo feita pelo SAPO Desporto: «Leão vestiu-se de preto, mas voltou a jogar a cores». Aprecio títulos criativos e chamativos, como este.