Rescaldo do jogo de ontem
Gyökeres: nove golos em dez jogos que disputou até agora no campeonato. Ontem, mais dois
Foto: Miguel A. Lopes / EPA
Gostei
De Gyökeres. Melhor em campo, outra vez. Começa a tornar-se repetitivo: voltou a ser ele o dínamo, a criar desequilíbrios, a empurrar os colegas para a frente, a acreditar que a reviravolta era não só possível mas desejável, e havia que consegui-la tão cedo quanto possível. Assim fez: em quatro minutos (52' e 56') marcou dois golos, fixou o resultado em 3-1, valeu-nos os três pontos neste embate em Alvalade contra o Gil Vicente. E ainda marcou mais dois (9' e 67'), que não valeram por estar ligeiramente deslocado. Em dez jogos do campeonato, já tem nove golos na sua conta pessoal, além de cinco assistências. Um dos melhores pontas-de-lança que até hoje passaram por Alvalade.
De Edwards. Voltou a fazer a diferença, com a sua qualidade na condução de bola, infiltrando-se na grande área sempre com perigo, como aconteceu aos 16'. Desta vez não marcou, mas deu a marcar: passe para possíveis golos de Gyökeres (aos 9', anulado por fora-de-jogo) e Pedro Gonçalves (45'+2, falhou por pouco na finalização). Esteve ele próprio prestes a marcar, aos 49', levando o guarda-redes gilista a fazer a defesa da noite, em voo.
De Morten. Excelente nas recuperações, aos 63' e 85': vai refinando a qualidade exibicional de jogo para jogo. Também na precisão do passe vertical: distinguiu-se ao assistir Gyökeres no segundo golo. Melhora também, a olhos vistos, na condição física: desta vez aguentou os 90 minutos sem acusar cansaço. Um dos elementos imprescindíveis do onze titular.
Das substituições ao intervalo. Rúben Amorim nem hesitou: havia que acelerar e melhorar o jogo. Esgaio, já amarelado, deu lugar a Geny, que trouxe mais acutilância à ala direita. Gonçalo Inácio, talvez o nosso pior em campo, foi tomar duche mais cedo, entrando St. Juste para central - e passando Diomande da direita para a esquerda. Nuno Santos (que aos 43' até fez o remate do primeiro golo, que por capricho da sorte Pedro Tiba desviou para as redes gilistas) cedeu lugar a Matheus Reis, mais regular no processo defensivo, para compensar o adiantamento do moçambicano no flanco oposto. Resultou. A equipa foi muito superior no segundo tempo
Do 344.º jogo de Coates entre nós. O capitão uruguaio foi distinguido de modo especial pelo facto de se ter tornado no estrangeiro que até hoje mais vezes envergou a verde-e-branca. Toda a equipa jogou desta vez com a sua assinatura estampada nas camisolas. Bonita homenagem a um dos nossos melhores centrais de todos os tempos. Ele bem merece.
Do regresso de Eduardo Quaresma. Rendeu St. Juste como central à direita. Muito concentrado, cumpriu a missão que lhe estava destinada, nomeadamente na cobertura a Fujimoto, um dos mais perigosos da turma de Barcelos. Bom desarme aos 70'. Bom corte aos 80'. Foi apenas o seu terceiro jogo oficial da temporada. Merece mais.
De vencer. Sexto triunfo consecutivo em casa nesta Liga 2023/2024: continuamos imbatíveis em Alvalade. E quarto desafio, nestas 12 jornadas, em que chegamos à vitória depois de termos estado a perder - excelente sintoma de tenacidade e robustez psicológica.
De ver o Sporting isolado no comando do campeonato. Recuperámos a liderança, aproveitando o empate do Benfica em Moreira de Cónegos. Seguimos com 31 pontos à 12.ª jornada - mais dois do que os encarnados e três do que os portistas. Somos claramente a melhor equipa em competição, quando entrámos já no segundo terço da prova: apenas cinco pontos perdidos até agora.
Não gostei
De sofrer um golo aos 34'. Aconteceu na primeira vez em que o Gil Vicente chegou perto da nossa baliza: a defesa leonina voltou a tremer em lance de bola parada. Com Adán, uma vez mais, a surgir algo hesitante na fotografia: podia ter feito melhor entre os postes. Mas reagimos bem à desvantagem: fomos para cima deles e marcámos dez minutos depois. Ao intervalo, 1-1. Antevia-se uma segunda parte largamente dominadora para o Sporting. E assim foi.
De Gonçalo Inácio. Voltou a ter um lapso que afectou a equipa: abordou com displicência um lance na nossa meia esquerda defensiva, acabando por fazer uma falta desnecessária. Desse livre resultou o golo solitário do Gil Vicente. Ia-nos custando cara, a desconcentração do central canhoto. Fez bem o treinador em substituí-lo ao intervalo. Uma forma de lhe mostrar que tem obrigação de fazer muito melhor.
Da primeira parte. Chegámos ao fim do primeiro tempo sem conseguirmos, em estrito rigor, um único remate enquadrado. O domínio territorial e a chamada "posse de bola" não se reflectiram em produção ofensiva de qualidade. E até o golo que nos sorriu só se tornou possível porque a bola tabelou num defesa. Na etapa complementar, o nosso desempenho foi muito superior: oito remates e dois golos.
Do cartão exibido a Coates. Amarelado aos 75', o nosso capitão vai ficar fora do desafio de sábado em Guimarães: foi o quinto amarelo que recebeu até agora. Esta é a parte má. A parte boa é que limpa os cartões para poder ser titular na partida seguinte: o clássico contra o FC Porto, a disputar em Alvalade.
Da lesão de St. Juste. Mais uma: desta vez foi uma entorse. Entrou ao minuto 46, só esteve cerca de 20 minutos em campo. Acabou por ceder lugar a Eduardo Quaresma, aos 67', saindo a coxear. Quanto tempo ficará agora afastado dos relvados?
Do horário tardio. Este Sporting-Gil Vicente terminou quase às 22.30, em véspera de dia laboral. Nada de novo, como sabemos. Mesmo assim, havia 33.712 espectadores a assistir ao vivo ao jogo nesta noite fria - mais de Inverno do que de Outono. Sinal inequívoco de que a militância leonina não abranda. Agora, com a nossa equipa de novo no comando, a nação leonina vai redobrar de entusiasmo, faça chuva ou faça sol.