Rescaldo do jogo de ontem
Geny muito cumprimentado pelos colegas após marcar o seu primeiro golo no campeonato
Foto: José Coelho / Lusa
Gostei
Do nosso triunfo num dos estádios mais difíceis. Fomos ao Bessa derrotar a turma axadrezada por 2-0 (um golo em cada parte do desafio). Vitória sem discussão numa partida emotiva, quase sem tempos mortos, com futebol de qualidade. Perante um adversário que já venceu o Benfica nesta Liga 2023/2024 e no mesmo estádio onde há um ano fomos derrotados (1-2). Comprovando assim, para quem ainda tivesse dúvidas, que estamos francamente melhor do que na época anterior. Cada vez mais embalados para o título.
De Pedro Gonçalves. Respondeu da melhor maneira, em campo, à infeliz e deselegante frase do seleccionador Roberto Martínez, que o acusou numa entrevista de ser um jogador «com azar». Rúben Amorim esteve bem, na conferência de imprensa de domingo, ao não alimentar lamúrias: limitou-se a incentivar o jogador a «melhorar, marcar golos, assistir e correr muito». Pedro assim fez: exibição de qualidade frente ao Boavista, culminando no nosso segundo golo, marcado com nota artística, de calcanhar, com assistência de Esgaio (85'). Imediatamente antes, no chão, tinha rematado ao poste. E logo aos 6' quase marcou, de livre directo - proporcionando grande defesa ao guarda-redes João Gonçalves. Demonstrou a atitude certa. E mantém uma contabilidade elevada: 61 golos em 106 jogos de verde e branco. Melhor em campo.
De Geny. Lançado como titular, correspondeu à confiança que nele depositou o treinador. Amorim facilitou-lhe a tarefa, mantendo-o com extremo direito, só com missão ofensiva, num desenho mais próximo do 4-3-3 (com Matheus Reis mais recuado) do que do habitual 3-4-3 - o que parece ter confundido Petit, treinador do Boavista. O jovem moçambicano pressionou e fixou os defensores adversários, baralhando marcações e abrindo espaços lá na frente. Sai deste jogo com boa nota, sobretudo pelo belo golo que marcou, aos 37', aproveitando um excelente cruzamento de Matheus a quase toda a largura do terreno. Foi a sua estreia como artilheiro no campeonato. Não custa vaticinar que terá sido o primeiro de muitos.
De Morten. Talvez a sua melhor exibição desde que chegou ao Sporting. Está mais solto, mais seguro, com maior precisão de passe, sempre de frente para o jogo. Fez boa parceria com Morita: completam-se bem no centro do relvado. Com o japonês tendo como missão central a distribuição de jogo e o internacional dinamarquês actuando sobretudo como médio de contenção. Ganhou a maioria dos duelos contra uma das equipas mais combativas do nosso campeonato. O segundo golo nasce de uma recuperação dele. Só foi pena aquele cartão amarelo tão desnecessário, por falta cometida aos 90'+7, no penúltimo minuto da partida.
Da nossa organização defensiva. Teve dois elencos, ambos resultaram. Primeiro com o habitual trio Diomande-Coates-Gonçalo Inácio: inabalável. Depois, com a saída de Coates aos 69', o jovem marfinense passou a central ao meio e St. Juste colocou-se à direita. Desempenho recompensado: a nossa baliza ficou incólume (Adán só fez uma defesa difícil, aos 83') no primeiro jogo desta Liga em que o Boavista permaneceu em branco. Temos de momento a segunda defesa menos batida do campeonato - sete golos, só mais um do que o FCP.
Da homenagem a Bas Dost ao minuto 28. Os adeptos leoninos, que compareceram em força no Bessa, prestaram um comovente tributo ao craque holandês neste momento da partida, em alusão ao número que ele usava no Sporting. Bas caiu, inanimado, num jogo da Liga holandesa disputado no domingo. Ainda hospitalizado, aguardando veredicto médico, já agradeceu os justos aplausos e o familiar cântico que lhe foram dedicados.
Da arbitragem de Nuno Almeida. Sereno e competente. Não atrapalhou, deixou jogar. Oxalá todos fossem assim.
De termos conquistado 25 pontos em 27 possíveis. Mais nove do que na mesma fase do campeonato anterior. Eficácia sem margem para dúvida. Marcámos até agora em todos os jogos. Aliás estamos há 17 jornadas seguidas a marcar.
De termos cumprido outro jogo sem perder na Liga. Se somarmos as 14 rondas finais do campeonato anterior às nove decorridas deste, são já 23 desafios seguidos sem conhecermos o amargo sabor da derrota na prova máxima do futebol português. Venham mais assim.
De ver o Sporting cada vez mais líder. Comandamos o campeonato. Mantemo-nos no topo há quatro rondas consecutivas. Somos a única equipa que ainda não sofreu qualquer derrota. Ampliámos a vantagem, estando agora ainda mais isolados no posto de comando. Beneficiando do empate do Benfica com o Casa Pia na Luz. Seguimos com mais três pontos do que os encarnados e a turma portuense, mais seis do que o V. Guimarães e já com mais oito do que o Braga. Para desgosto de uma minúscula falange de adeptos que anseia por desaires da equipa e tem como lema "quanto pior, melhor". Não acertam uma - nem sequer nisto.
Não gostei
De alguns golos desperdiçados. Desta vez a "fava" calhou a quatro: Gyökeres, estranhamente muito apagado, falhando emenda à boca da baliza (11'); Pedro Gonçalves, isolado por Edwards com um passe picado de excelente execução técnica (31'); Edwards, também só com o guarda-redes pela frente (53'); e Paulinho, incapaz de a meter lá dentro com Nuno Santos a servi-lo de bandeja (90'+2).
Do calafrio aos 77'. Quando o Boavista conseguiu introduzir a bola nas nossas redes. Os adeptos da casa festejaram, mas em vão. O golo acabou anulado pelo VAR: havia deslocação de 27 cm.
De Trincão. Foi o último a entrar - só aos 86', substituindo Geny. Já com o Boavista acusando evidente desgaste fisico. Mesmo assim, falhou o drible nas duas vezes em que teve a bola nos pés. Atravessa um período de baixo rendimento já excessivamente prolongado.
Do péssimo estado do terreno. Chamar àquilo "relvado" é um insulto a qualquer relvado. Cada vez que alguém dava um pontapé na bola, saltava um tufo de ervas do lamaçal do Bessa.
Das tochas lançadas pelas claques. A Juve Leo e o Directivo XXI não têm emenda: obrigam o Sporting a pagar multas atrás de multas em todas as jornadas. Ontem forçaram a interrupção do Boavista-Sporting por vários minutos após arremessarem vários engenhos pirotécnicos... contra a nossa própria baliza, perturbando Adán. E contribuindo para lesar o nosso clube. São mesmo letais ao Sporting.